A volta para Forest Lake foi em silêncio brutal. Dentro do carro com uma expressão séria, Luke dirigia. Jessie que recuperava do choro, olhava fixamente para o braço do amigo que sangrava, pelo corte feito por Marcus.

Jessie tentou mexer para ajudar, mas o rapaz não deixou, mas levou uma bronca, o corte mesmo não sendo profundo poderia acontecer mil coisas para o pior. Então, na saída de Stacy City, Luke parou num posto de gasolina, aproveitou para abastecer e irem na loja de conveniências. Lá a texana, comprou algumas coisas para limpar e enfaixar o braço do amigo.

Ele por sinal comprou água e dois sanduíches, a amiga não tinha comido nada, e ele sabia disso. Já mais calmo, ele voltou para o carro e junto dela, partiram para Forest Lake.

Se aproximando da curva do Diabo, subindo a enorme estrada, a cidade deles ficavam 400 metros de altitude acima do nível do mar, pouca diferença é verdade. Olhando o enorme mar ao lado do desfiladeiro que tinha na curva, era possível ver o sol nascendo, lentamente.

Jessie para quebrar o silêncio procurou no porta-luvas uma fita para colocar para tocar, achou uma sem nome e colocou.

— Tem música aqui? - Jessie perguntava.
— Ei, tira! - Luke fazia a curva, não tinha como tirar a mão do volante para tirar a fita do toca fitas.
— Por qual motivo? - Jessie se assustou mas ria.

Música

A música tocava, era um homem latino que cantava, com sotaque de algum lugar da América do sul. A música se dividia em partes em inglês e em espanhol. Era uma música de amor, uma história de amor, uma declaração.

Jessie ouvia lentamente, enquanto olhava para o sol nascer, logo a imagem de Evelyn a beijando veio em sua cabeça ela sorriu, ela estava apaixonada.

A música foi tocando e ela então acordou do seu transe, a curiosidade que era uma das principais caracteristicas da texana, tomou conta dela por completo. Primeiro lembrou que Luke não queria que ele ouvisse a fita, depois percebeu que a letra da música era uma história, mas certamente não era seu amigo cantando.

— Que música que é essa? Quem canta?

O silêncio tomou conta, eles iam entrando na cidade de Forest Lake, o motorista do Impala não queria falar, mas Jessie insistiu, ele então desligou a o toca fitas.

— É de um amigo.
— Amigo? - Jessie levantou uma sobrancelha. Seria alguém de Los Angeles?
— Sim. Ele se chama Miguel Diaz, é um costa-riquenho. É um cara que conserta meu carro quando ele tem problema.
— Ah, achei que era alguém de Los Angeles. Pois não sabia que tinha amigOs aqui. - Jessie fixava os olhos no amigo que estava com braço enfaixado.
— É, ele mexe no meu carro. A música ele gravou, tem sonho de ser um cantor, um rapper, essas coisas.
— A música é linda. Ele deve está bem apaixonado.
— Eu estou. - Luke abriu leve sorriso, parece que algo, ou alguém veio a sua mente.
— Não entendi. - Jessie realmente não entendeu.
— Ele semana passada foi limpar meu carro, achou uma folha, era a letra dessa música... Eu escrevi pensando na Taylor. Ele então gravou sem me dizer nada.
— Nossa, Luke! Eu não sabia que escrevia! - Jessie parecia empolgada e surpresa. Era mais um dos segredos de Luke. - Eu adorei.
— Não se empolgue, foram apenas palavras num papel, ele que transformou nessa melodia.
— Mesmo assim, isso mostra que você tá apaixonado! - Luke apenas sorriu.

≈

Domingo passou, o dia foi chuvoso, o californiano passou o dia dormindo em seu quarto. Isso fez Taylor se preocupar, retirou o telefone do gancho umas dez vezes ao longo do dia, mas não teve coragem de ligar para o futuro namorado.

Mas ao fim do dia, ligou para Jessie, precisava saber como tinha sido o show. A Texana não mediu palavras e contou tudo, menos, de Evelyn. Essa, ela apenas citou que conheceu uma pessoa e que ficou com ela, na escola, no dia seguinte ela contaria tudo e com mais detalhes.

No fim, revelou a briga de Marcus e Luke. Taylor quase chorou no telefone ao imaginar seu amado Luke sendo atacado por uma faca, no fim, se aliviou e até gostou quando a amiga contou os detalhes, quando Luke bateu bastante em Marcus, mas, Chloe interrompeu.

≈

Segunda-feira, aula de sociologia, Luke estava dormindo debruçado na sua carteira. Taylor voltava do banheiro, espiou pela janela da porta e viu seu amado, ela abriu um sorriso, estava com saudade.

Uma hora e meia depois, já no intervalo, Jessie e Taylor dividiam um pacote de salgadinho. Elas estavam na biblioteca, em pé. Quando Taylor sente um abraço por trás, ela inconfundível o perfume que entrou pela suas narinas. Era Luke.

— Eiii - Taylor ria.
— Oi! - Luke a soltava.
— Oi Lucky. - Dizia Jessie enquanto ganhava um abraço e um beijo em suas bochechas.
— Estão bem? - Luke já pulava e sentava-se numa mesa.
— Como você está? Seu braço, melhorou? - Dizia Taylor preocupada.

Luke não respondeu, apenas olhou para Jessie, a mesma apenas balançou a cabeça, era um sinal de que havia contado tudo para a garota.

— Sim, melhor. - Luke respondeu e abriu um sorriso.
— Ah, que bom! - Dizia Taylor enquanto se aproximava e abraçava-o.

Era uma atitude diferente da nerd, Jessie tentou recordar em algum outro momento, mas não se lembrou em quando viu Taylor tomando uma simples atitude de abraçar Luke.

Ficaram abraçados pela próxima hora, Luke atrás da garota, sentado na mesa, com os braços envolta do tronco da futura namorado, afinal, o frio ajudava. Jessie que pensou que se sentiria deslocada, na verdade gostava de estar com eles, mesmo eles abraçados e de vez em quando alguns beijos. Esses, eram os primeiros que Jessie presenciava, mesmo sabendo que eles ficavam sempre quando o amigo a deixava em casa para depois deixar Taylor.

Quando saíram da biblioteca para voltarem a sala de aula. O trio dos descolados viram Chloe, Marcus e o resto de seus amigos juntos. Marcus estava de óculos escuros mesmo num dia nublado, obviamente tentando esconder o olho roxo, também era possível ver - mesmo de longe - que ele estava com alguns curativos.

A rockeira olhou para o trio mas não falou e nem fez nada. Apenas continuou de mãos dadas com seu quase namorado. No fim, todos foram para suas salas de aula.

Demorou cerca de duas horas para a aula acabar e o relógio apontar três da tarde. Quando todos os quase seiscentos alunos foram dispensados, o sol estava bem no alto e começava a fazer calor.

O trio dos descolados se encontraram no estacionamento, Luke levaria elas em casa. Jessie no banco de trás, Taylor ao lado do motorista. Foram conversando, falando sobre o assunto da semana: O Baile de inverno.

Com o fim das provas, os alunos já começavam a organizar o primeiro dos dois bailes que terão no ano letivo. O primeiro, chamado de baile de inverno, acontece uma semana antes do natal. Um baile com temáticas natalinas e inverno. O outro, acontece em Maio, após o fim das aulas, para comemorar o fim do ano letivo e a formatura. Onde são coroados rei e rainha do baile.

O curioso que nenhum dos três tinham ido em algum baile. Mesmo a veterana Jessie, não quis ir nos anos anteriores, mas esse, ela mesma disse que iria, pelo fato de ser o último. Taylor, sem graça, disse que não queria ir, mas mudou de ideia quando Luke disse que ela ia sim, aquilo foi um convite? Foi o que se perguntou.

Música da cena

Após deixarem Jessie em casa, Luke seguiu para a casa de Taylor, quando estacionou, ele desligou o carro e olhou para a menina, que não era tão tímida como antes. Ele cuidadosamente acariciou o rosto dela, que sorriu fechando os olhos, o californiano a beijou, bem devagar sem pressa. Com a ponta dos dedos acariciava cada centímetro de seu rosto.

Após o longo de beijo de alguns minutos, eles se olharam e sorriram. Taylor o abraçou e apertou, ainda estava com saudades. Ele correspondeu mexendo no cabelo da menina.

— Quer ir ao baile comigo? - Ele perguntou.
— Que?? - Ela ficou sem graça. - Claro!
— Adoraria dançar com você. - Ele segurou a mão de Taylor.
— Eu não sei dançar. mas com você eu topo qualquer coisa.
— Até por quê, temos que aproveitar o baile, já que natal e ano novo você estará viajando. - Seu olhar mudou, estava triste.
— Eu não queria ir, você sabe. - Dizia Taylor. - Mas minha mãe sempre passa na casa da minha avó. Então, iremos viajar até lá por duas semanas. Me desculpe!
— Ei, tá tudo bem, só são duas semanas. - Luke fazia sorriso forçado, e ela percebia quando não eram sinceros seus sorrisos.
— Fiquei um dia sem você e estava enlouquecendo.

Antes, nunca passaria pela cabeça de Taylor que falaria esse tipo de coisa para alguém, sempre foi fechada com seus sentimentos. A perda do Pai há poucos anos foi o estopim para a garota se fechar em seu mundo particular, seu refúgio eram seus livros.

Mas agora, tendo Luke e Jessie, as coisas mudaram, ela não ligava de falar o que sentia, não tinha medo, pelo contrário, dava confiança. E Luke a entendia perfeitamente.

— Eu senti sua falta assim que chegamos no show, queria tanto você lá.
— Jessie me contou que show foi ótimo, até que fiquei com vontade de ir, só por vocês. - Ela ria. Não gostava muito de sair.
— Em um próximo show de alguma banda legal, nós iremos. Você e eu. - Luke falava enquanto apertava as bochechas de Taylor, a forçando a fazer um biquinho.

Ele adorava aquilo, achava ela a garota mais fofa e linda do mundo. Ele estava completamente apaixonado, e não conseguindo mais conter esse sentimento, foi quando ele a olhou no fundo dos olhos.

— Você quer namorar comigo?

≈

Música da cena

Jessie entrava no carro. Seu filho no banco de trás, sonolento, ajeitava o cinto e dormiria em poucos minutos. Evelyn dirigia, estavam deixando Forest Lake no fim da noite. Logo, na entrada da cidade, tinha o cemitério. A ruiva diminuiu um pouco e então olhou para sua esposa.

— Lembrei que uma amiga sua também morreu, não vai visita-la?
— Não, ela não está enterrada aqui.
— Mas... - Evelyn ficou sem dizer nada por alguns segundos. - Ela não morreu aqui, em Forest Lake?
— Sim, mas ela foi cremada. Os irmãos que estavam em turnê, a "enterraram" em Chicago, onde eles estavam morando.
— Uma pena... tão jovem e morrer dessa maneira. - Evelyn voltava a acelerar.
— É... apesar de eu não concordar nunca com o que ela fez, mas no fundo eu a entendia, o que ela passou... não sei se eu aguentaria. - Jessie abaixou a cabeça. Evelyn segurou sua mão.
— Eu vou te proteger, amor.
— Eu sei, obrigada! - Jessie levantava a mão de sua mulher e beijava a ponta dos dedos.
— Agora entendo o motivo de você só vir aqui uma vez no ano, apenas para visitar sua família. Pois é difícil, tantas lembranças, a maioria carregada de dor.
— Eu tenho muitas lembranças boas, principalmente no meu último ano escolar. Luke e Taylor... esses dois eram tudo para mim. E Chloe, mesmo não sendo tão próxima a mim, eu sofri muito pelo o que ela passou.
— Eu entendo, mesmo não sendo próximas, saber as coisas que um conhecido passou, é complicado.
— Sim... como disse, mesmo não concordando, eu entendo o por quê Chloe Foster se suicidou.