“Ah,Edward,por favor...Você não precisava de tal ação.”Carlisle disse,tentando estancar o sangue que jorrava do nariz quebrado de Nicolai.

Edward bufou,enquanto abri e fechava uma revista em suas mãos.O cheiro daquele sangue delicioso de Nicolai impregnava o ar e me sentia tonta.Não somente pelo fato do sangue estar confundindo meu cérebro,mas também que tudo tinha acontecido tão rápido que nem deu para eu assimilar.

Lembro-me que eu pensava em como ia ser engraçado Edward ciumento por causa do mala que estava ao meu lado.Em menos de meio segundo a expressão chocada de Edward se transformou em algo colérico e seu punho acertou bem a cartilagem fraca do mala.

Lógico que meu choque foi maior do que a pergunta que martelava na minha cabeça,que foi respondida por um breve ‘lógico’ mental.

Lógico que Edward acertou Nicolai.Ele lê mentes,por favor.E Nicolai estava despreparado.

Lógico que eles não entraram em uma luta por vida ou morte e meu coração.O choque do nariz quebrado e o sangue que escorria sem parar fez Nicolai cair no chão e ficar em posição fetal,falando mais palavrão que um marinheiro.

“Ele quebou meu naiz,borra!”Nicolai reclamou,tentando manter as mãos longe do lugar onde Carlisle trabalhava.

“Eu devia ter te quebrado todo!Moleque,fica se aproveitando da mulher dos outros...”Edward reclamou,ainda folheando a revista em suas mãos.

“Edward,francamente,você não precisava de tal reação.”pontuei,aconchegando minha filha agora adormecida nos braços de Rosalie.Não me preocupei em garantir a subida tranqüila até o quarto dela.Eu sabia que ela estava em boas mãos.

“Amanda...”Edward bafejou,a voz dura,como se esperasse que eu fosse aturar ele mais tarde hoje,reclamando sobre a pouca responsabilidade que eu tenho em relação à minha vida e blá-blá-blá.

“Amanda o caramba,EDWARD!Você não pode ficar achando que é só você me xingar que eu vou te seguir obediente.Eu sou um ser humano,não um cachorro.”

O silencio na casa foi constrangedor,afinal,todos estavam ali.Soltei o ar com força,esperando a atitude de Edward em relação a tudo que eu tinha dito.Mas ele só disse:

“Amanda...Você não é um ser humano,sabe?”

Bati os pés no chão,como a adolescente que eu era e gritei.

“Arghhh!”

Lógico que eu tinha que fugir.Como sempre.Eu tinha algum problema em relação a encarar meus problemas de frente.Sério.Ridículo.

Ok,mas isso não importa agora.O que importa que eu estava correndo o mais rápido que eu podia e nada,nem ninguém ia me impedir de correr.

As arvores se abriam em minha frente como uma cortina negra na noite,seus barulhos ecoando no silencio brusco formado em meus ouvidos enquanto eu corria.O silencio foi quebrado por Edward:

“Amanda,por favor,me escute!”

Podia escutar seus passos atrás de mim,se apressando o máximo que podia.Mas ele não era rápido o suficiente para me alcançar.Escutei seus passos vacilando,parando gradativamente,enquanto eu me embrenhava nas arvores.

Os galhos eram derrubados de maneira violenta,meus pés afundavam na terra quente e minha voz saia em um grito contido de raiva.Meu corpo se curvava para a frente,meus dentes penetravam na carne dos meus lábios.Meus pés vacilaram,diminuindo o ritmo quando vi o grande precipício à minha frente.

Parei e fiquei olhando para as águas revoltas em baixo,analisando o céu que ainda estava escuro e estrelado.Podia escutar só a minha voz reclamona e o barulho das ondas.

Assentei com os pés para fora do abismo,sentindo o vento me fustigar.Minhas mãos estavam apertando a grama com força,revirando a terra com as unhas.Joguei meu corpo para trás batendo com força no chão e fechei os olhos.

Caramba!O Edward não pode achar que eu vou obedecer ele mesmo quando ele faz coisas ridículas!Ele acha que eu vou concordar com tudo que ele faz só porque eu o amo?

Podre.

Quer dizer,não podre o fato de ama-lo com todas as forças do meu ser.Isso é o que me faz viver,sabe? Mas é podre o fato dele ousar DUVIDAR do meu amor.

Porque é isso que ele está sentindo.Dúvida.O que é ridículo para mim,mas para ele...Ele tem motivos para ficar assim.Depois que eu fui transformada eu virei uma gata sexy e tal.Mas eu o amava bem antes disso.Eu o amo por ser o que ele é e não porque no momento eu tinha ele.

Na verdade eu tinha SORTE de ter só ele.O Edward é maravilhoso,tanto por dentro  e por fora.

Não deve ser por causa da minha beleza forjada,então.

Ah,Nicolai.

É obvio.Como eu não fui perceber isso?Não o fato de eu ter beijado Nicolai (ele deve ter visto minha quase recusa nos pensamentos pouco contidos do meu novo coleguinha).Mas o fato de Nicolai ser o que eu sou:

Um vampiro transmorfo.

Ele deve ter achado que eu trocaria ele pelo debimental só porque tínhamos presas iguais e uma tendência a sangue humano fresco.

Francamente...

Edward dever ser um idiota!

Sorri levemente,me abraçando e apertando mais os olhos.O barulho das ondas era alto,junto como leve rufar do vento.Os cheiros eram encantadores  e me deixavam meio tonta.Estranho....

Eu não ficava tonta desde que estava grávida da Rose.

Abri os olhos assustada.Não.Eu não posso estar grávida de novo...quer dizer,caramba!Mais um pra prole!

Joguei a cabeça com força contra a terra,fazendo um buraco.

Era só o que me faltava.

Esperei escutar a manada de bichos que sairia correndo por causa do barulho originado pela minha cabeça.

Nada.

Estranho.

Levantei,olhando em volta,meus ouvidos atentos.Normalmente eu escutava os ganidos baixos e pios de animais.Mas agora não havia nada.Nem um único som vivo.

Meu coração batia m um ritmo incontrolável,minhas mãos estavam suadas e eu sabia que nada de bom sairia daquele silencio fúnebre.Só havia uma coisa que eu podia fazer:

Correr.

Meus pés começaram uma corrida furiosa,saltando entre as raízes proeminentes das árvores.Me lancei no escuro,orientada pelos meus ouvidos que não detectavam nenhum som,ainda.

Foi quando um bater de asas se irrompeu em minha escuta,o gralhado se transformando em uma risada histérica.Podia ver casa através das folhagens.O alívio tomou meu corpo.

Porém,aquilo se aproximava.

“Edward!!!Edward!!!”gritei com força,quase estourando meus ouvidos sensíveis.Pude escutar a movimentação repentina de dentro da casa.Mas antes que eu pudesse colocar meus pés no gramado,uma mão prendeu meus cabelos,me puxando de encontro a si.

Uma mulher de olhos enormes amendoados me olhava com um meio sorriso na pele negra.Seus cabelos caiam em cachos pelas costas,alcançando o chão.Ao seu lado uma coruja branca e um falcão dourado se transformaram em duas mulheres,uma de pele pálida e longos cabelos dourados ondulados,grandes como a da mulher que em erguia pelos cabelos,e de uma mulher de pele dourada de longos cabelos castanhos.

“Ai Deus!!”exclamei,chutando em vão as figuras,que pareciam não sentir nada.Minha respiração era entrecortada  meu coração pulava pela minha boca.

Então eu escutei.Escutei as patas pesadas no chão e o rosnar alto.Minha guarda estava a caminho.

Fui jogada com força contra uma arvore,o carvalho estremecendo com meu peso.Respirei rapidamente,revirando os olhos em minha volta,distinguindo vultos negros.Minha respiração vacilou e escuridão me levou.