“Francamente,Edward,não foi nada!”escutei uma voz apavorada em meus ouvidos.

“Nada do que poderia ter acontecido.”Edward,sua voz linda e suave vociferou.Gelo percorreu minha espinha.

Podia sentir o cheiro de arvores,terra fresca e molhada,o barulho dos seres em minha volta.Era tudo tão tranqüilo,tão calmo que a voz de Edward se tornava mais sinistra.

“Você não pertence ao meu mundo!”a bela voz de Edward exclamou e pude ver a densidade das arvores em meus olhos,pintando a cena de um verde triste.A imagem que se desenrolava em meus olhos era sinistra e um tanto quanto estranha.

“Meu lugar é com você!”uma garota nova,de uns 18 anos falou,suas sobrancelhas se erguendo em relação a como meu marido era ríspido.Queria poder brigar com ele,falar para ele não tratar a garota assim,mas algo no olhar da menina me mostrava para continuar quieta.

“Não quero que você venha!”Edward exclamou,seus olhos cor de cobre assumindo uma expressão quase colérica,me fazendo tremer.A garota,linda de feições claras,se encolheu,fechando os olhos com pesar.

“Você não me quer.”a garota falou,seus olhos cor de chocolate,estranhamente parecidos com os meus,se fechando e abrindo lentamente.

“Não.”Edward pontuou,parado,rígido entre mim e a garota quebrada.

O silencio é tenso entre eles,os olhos da menina varrendo o chão em seus pés,suas mãos mexendo sem parar nos longos fios do seus cabelo castanho avermelhado.Eu sabia quem era ela,só não conseguia lembrar...

Edward se aproximou dela,seus olhos baixo,tocando de leve a pele exposta e lívida da bochecha da garota.Seus lábios tocaram suavemente sua testa.

“Eu prometo,será como se eu nunca tivesse existido.”ele se afastou,largando a menina no  meio da floresta,fechando os olhos  lentamente.Podia sentir dele a dor quase interrupta,insuportável e estranha que emanava dele.Era como se ele estivesse morrendo. “Adeus,Bella.”

Meus olhos encontraram a claridade de mais um dia.Eu podia sentir o colchão da cama atrás de mim,o peso das cobertas em minha pele e faces me observando.Em meus braços,Rosemarie dormia calmamente.Abri os olhos mais algumas vezes,me acostumando com toda aquela luz alaranjada de começo do dia e pude falar:

“Meu Deus,vocês não tem vida não?”

A risada aflita que veio de Edward mostrou um certo alívio.Suspirei aliviada,me levantando delicadamente para não acordar Rose.

“Hum...galera?Eu sei que vocês estão se divertindo aí,mas eu tenho aula agora.”falei,saindo da cama alta,indo em direção ao armário.Escutei algumas palavras de melhoras e então não havia mais ninguém no quarto.

Coloquei a calça jeans e a blusa dependurada em um cabide de qualquer jeito.Escutei a porta rangendo baixinho,passos sendo acompanhados.Mãos me envolveram,me colocando em seus braços fortes.Sorri,revirando os olhos.

“Edward,eu tenho aula!”reclamei,torcendo para ele insistir para eu não ir na aula.

Por favor,insiste.Por favor.

“Eu sei,mas eu queria ficar mais um pouquinho com você.”ele falou,suas sobrancelhas juntas em preocupação.

“Bem que eu poderia perder o primeiro horário,ou o segundo,ou o terceiro...”comecei a fazer manha,pensando em como ia ser bom não ir na aula hoje.

“Você vai.Não adianta insistir.Que exemplo você quer dar para a nossa filha?”Edward brincou,me colocando no chão e fechando os últimos botões da minha blusa.

“Edward,ela tem 1 ano.”revirei os olhos,catando os cadernos jogados pelo quarto.

“De qualquer maneira,eu irei te levar.”ele falou,trazendo um caderno que estava embaixo da cama.

“Não precisa,babe.Eu gosto de usar meu novo brinquedinho.”disse,alisando as chaves do meu belo e negro e novo jaguar.A chave brilhava em minha mão,clamando para eu levá-lo para dar uma volta.

“Não senhora,iremos no meu Volvo.”ele falou,erguendo sua também nova chave.

Suspirei cansada e passei as mãos no meu cabelo opaco e sem vida.Para uma vampira transmorfa,que fique bem claro.Edward percebeu logo.

“Há quanto tempo você não se alimenta,Amanda?”ele perguntou verificando minha pulsação.

“Faz pouco tempo,Dr.Eu-tenho-um-diploma-mas-não-gosto-de-usá-lo.” Reclamei com um sorrisinho.

“Há quanto tempo,Amanda?”ele perguntou,usando aquele tom chato.

“Um...ou dois...meses.”murmurei,correndo em direção à porta.Tentei correr o mais rápido que eu podia,mas era inútil.Ele estava mais rápido do que eu.

“Você precisa se alimentar.Se você não sobreviver,nossa filha não vai sobreviver.Seu sangue não irá sustentá-la.”Edward falou,apertando meu braço levemente,me fazendo corar.

“Sinto muito,eu...estava preocupada demais...feliz demais...para me dar conta da alimentação.”falei,fechando a cara por ter esquecido tal fato.

“Você vai se alimentar hoje mocinha e não quero ouvir um ‘mas’.Deixarei seu carro em frente a escola depois da aula e espero que vá para Port Angeles.Lá está tendo um show de rock e...bem...comida garantida.”ele falou,juntando os ombros.

Suspirei,jogando a mochila nos ombros e tentando roubar a chave do Volvo da mãos frias de Edward.Ele me olhou com olhos pidões,meio tristes.

“Compre meu ingresso.”sorri,tentando fingir entusiasmo pela caçada.

Edward balançou a cabeça,ajeitando a criança adormecida nos braços,me levando para o carro estacionado na frente da nossa linda e humilde cabana.Tentei manter meu espírito animado com a caçada de hoje à noite,mas era algo difícil,considerando que algo sempre dava errado.

Eu sempre me envolvia com a comida.

“Tudo bem?”Edward perguntou,logo depois de deixar Rose na casa dos meus sogros.Eu batucava no ritmo da musica,tentando retirar a imagem da ultima caçada da cabeça.

“Estou.”respondi,suspirando pesadamente e sorrindo.Me sentia velha e desgastada,o peso de vinte anos a mais sobrepondo no meu corpo.Era tão estranho tudo o que tinha acontecido na minha vida.

Dezoito anos,casada e com uma filha de 1 ano.Era uma vida cortada no meio.

“Você parece cansada.”ele pontuou,juntando as grossas sobrancelhas.

“Eu não tenho mais dezesseis anos,Edward,Sou uma senhora agora.Uma senhora respeitável com uma família e uma criança para educar.Dezoito anos,não se esqueça.”respondi,revirando os olhos.

“É mesmo.Velha.”ele disse,rindo.

Olhei enviesado para ele,bufando.

“Velha?Ok,Sr-nasci-em-1901.Quem é a velha agora?”levantei uma sobrancelha em desafio. “Decrépito.”

Ele parou,ainda sorrindo para mim.Suas mãos acariciaram minha bochecha.

“Senti saudade disso.”

Bufei,revirando os olhos.

“Do que?De ser chamado de velho?Eu tenho muito sinônimos.Idoso,múmia paralítica,decrépito,dinossauro,ancião,ultrapassado,antigo,antiquado,museu,absoleto,coroa. Perái que eu vou pegar o dicionário.”

Ele deu uma gargalhada,focando seus olhos em mim.Eu não ficaria preocupada.Ele tem ótimos reflexos.E eu não morreria de qualquer maneira.

“Da ironia.Senti falta da ironia.Você esteve muito séria no ultimo ano.”ele falou,passando sua mãos em meus cabelos caídos no ombro.

“Temos que crescer,Edward.Eu não posso ter a mentalidade de uma garotinha de dezesseis anos para sempre.”respondi voltando a ficar séria.

Edward suspirou,colocando sua mão de volta no volante,manobrando lentamente para me deixar em frente ao tumultuado colégio.Vi minha melhor amiga,Aleezah acenando para mim,do lado do namorado,Tom.

Olhei para Edward,que parecia triste.Fechei meus olhos,suspirando com força.Pensei em meu orgulho e quase abri a porta do acrro,sem me despedir.Mas meu coração não agüentou.

Joguei meus braços em volta de Edward,juntando nossos lábios com uma ferocidade desvairada.Ele se rendeu comum gemido,suas mãos descendo pelos meus quadris,me apertando contra si.

“Eu te amo,ok?Não se esqueça.”murmurei sem ar.

“Eu te amo.Sempre.Até o fim da eternidade.”ele tentou falar,sua voz entrecortada.

“A eternidade não tem fim,Edward.”revirei os olhos,tentando arranjar meu bom humor de um ano atrás.

“Exatamente.”ele sorriu,aquele sorriso torto maravilhoso.

“Até.”murmurei,saindo do carro com um pulo e cobrindo meus olhos com o meu Ray-ban.

Ele me mandou um beijo e meio segundo depois já partia em uma velocidade alucinante.Andei até meu amigos,que me esperavam ansiosos.

Não é necessário lembrar que eles eram meus únicos amigos,depois de um incidente e uma pequena fofoca criada por Adolpha Brock,Ace Mitchel e Poppy Yates.Eu quebrei o nariz de Adolpha e tirei dois dentes dela há dois anos.E...bem...eu dei uma provadinha do sangue de Ace.

Mas eu não quero lembrar disso.

“Ei!Cade seu brinquedinho?”Tom falou,parecendo ofendido pela simples descoberta que eu não apareci com meu novo Jaguar XJ,diretamente da Europa.

“Edward quis me trazer hoje,mas ele irá deixar um carro aqui depois da aula.”respondi,passando a mão nos cabelos.

“Cara,ele trocou decarro,não foi?”Tom perguntou  e antes que eu pudesse afirmar algo,ele solta: “Viado!”

Levantei uma sobrancelha,claramente ofendida pelo comentário.

“Desculpe-me.Ele é obviamente um cara normal.Bem...vocês tem uma filha...”ele murmurou,as palavras saindo aos tropeções.

“Tudo bem,Tom.Eu sei que meu marido é homem.”respondi,mordendo os lábios.

Tom me empurrou com os ombros,fazendo um sotaque britânico fuleiro.

“Safadinha.”

Aleezah revirou os olhos para o namorado,fingindo ignorar o comentário dele sobre minha vida sexual.Por esses e outros motivos,Tom e Emmet se davam tão bem.

“E como está Rosemarie?”Aleezah prguntou,tentando mudar de assunto.

“Bem,muito bem.Começou a andar ontem!”exclamei,recebendo os parabéns deles.

O sinal tocou alto,acabando com a conversa entre mim e meus amigos.Eles deram um adeus rápido,cada um indo em uma direção contrária.Olhei para frente e me envolvi na quantidade excessiva de papel brilhante me lembrando do baile de formatura.Bati os pés de aflição,pensando em o que iriam fazer comigo naquele baile.

Porque,você sabe...eu sou a fracassada do colegio.

Entrei na sala de aula,olhando para o Sr.Franklin fixamente,retirando todo o ruído da sala em minha volta,retirando toda a movimentação que existia perto de mim.

Agora só escutava meu coração e a parede amarela desbotada da sala de aula.

Esse era o meu refúgio feliz.Até o ultimo dia de aula.

Ou até o último horário.

**************

“Graças a Deus a aula acabou!”exclamei,abrindo a porta do carro com um estrondo e esparramando os livros de biblioteca que tinha pegado.

“Nem me fale.Chegar em casa e dormir!”Aleezah exclamou,enquanto abri seu Corolla antigo verde esmeralda. “Vai pra onde agora?”

Apoiei minhas mãos no carro,enquanto retirava meu salto alto do porta-malas.Minhas mãos soltaram o rabo de cavalo,logo depois de apertarem o cinto sobre a calça boyfriend.Sorri sobre meus Wayferes e fechei o porta malas do meu lindo bebe.

“Vou para um show.Com Edward”completei para não parecer estranho.

“Rose não vai sentir falta de vocês?”Aleezah perguntou,abrindo a janela do carro para falar comigo,enquanto Tom tentava fazer o carro pegar.

“Não.”respondi,pulando no carro e pisando no acelerador,o motor rugindo como um leão.”Até mais,Alee.Tom.”

Sorri,vendo a baba escorrer pelo queixo do Tom,seus olhos fixos na minha belezinha que rugia como um jaguar.Seu velocímetro aumentava a partir que eu me afastava mais de Forks.A sensação e liberdade me afligia e eu podia sentir minha juventude voltar para dentro de mim.Me sentia nova,solteira e sem filhos.Me senti Amanda Black de novo,não Sra.Amanda Cullen.

Soltei uma gargalhada,acelerando mais e mais,o rugido parecendo musica em meus ouvidos hiperdesenvolvidos.Os olhares de todos eram para mim.E meu carro.Passei a marcha mais uma vez,o motor vibrando mais e mais conforme eu corria atrás da minha nova presa.

Obviamente tive que diminuir quando chegava mais perto de Port Angeles.Segui as placas em direção ao show de uma banda qualquer,Lifehouse eu acho.Estacionei há alguns quarteirões do complexo que tinha sido montado.Enfiei meus salto,procurando pelo ingresso dentro do porta luvas.Achei eles e um bilhete:

Tenha juízo.Te amo.

Edward

Saí do carro como uma rainha,atraindo a atenção de todos os homens que se mobilizavam na rua.Senti cheiros apetitosos,vindos de todas as partes,me mostrando um mesmo desejo:luxuria.Eu podia me ver em seus olhos,meu corpo coberto por um lençol,os raios de sol me tingindo de luz.Mas eu não brilhava para eles.

Foi aí que eu senti o cheiro mais delicioso,mais apetitoso da minha vida.Meus lábios se apertaram,minha boca se encheu de água,meus músculos se retesaram à procura da minha presa.Eu não conseguia ver o que ele pretendia por trás de seu cheiro.Só sentia aquela coisa mais fabulosa do mundo,como o chocolate mais delicioso do mundo,ou o filé mignon mais suculento.

Aquele seria minha presa.

Olhei em volta,vendo-o a poucos metros adiante de mim.Seus olhos azuis me olharam fixamente,seus lábios se transformando em um belo sorriso.

Ele me esperava.