Gargalhadas surgiam no gramado dos meus sogros,uma forte e alta,outra melodiosa,muito característica. Rose no meu colo levantou a cabecinha em direção aos sons, seus olhos verdes varrendo as arvores em nossa frente,apontando com o dedo gordinho a luz que iluminava as folhas dos carvalhos.Edward riu,como ele sempre ria quando a filha fazia algo engraçadinho.

Meus estomago se retorceu daquele jeito estranho.

Edward tirou um galho da minha frente educadamente,mostrando a visão da farra na casa branca. Um rapaz de cabelos negros compridos em uma trança lutava com um rapaz louro e esbelto. Estava intensa a luta,mas era óbvio que o rapaz moreno estava dando o seu melhor.As vezes era tudo tão rápido que eles ficavam confusos,um olhando para o outro sem saber o que fazer.

A risada melodiosa de Rose acabou com a luta,levando a atenção de todos no meu tesouro.Rose,por ser a única criança da casa,era tratada com amor e carinho por todos.Ainda mais por Marcus.

Marcus era um rapaz bonito.Devia ter sido transformado em vampiro por volta do 23 anos e tinha longos cabelos escuros,presos em uma trança.Seus músculos pálidos surgiam pela camisa pólo e seu sorriso era ofuscante.Mal podia acreditar que um dia ele tinha sido um Volturi ranzinza devido à morte da esposa.

Sim,o charmoso rapaz que vinha correndo em nossa direção é um Volturi,provavelmente um dos responsáveis pela morte dos meus pais. Mas agora,ele era o protetor do meu bem.

“Roza!”ele exclamou pegando Rosemarie nos braços.Ela gargalhava com vontade,seus olhos de pedra se tornando fendas. “Como dormiu?”

Rosemarie balbuciou algo,o que levou a mais uma onda de risos.Ele conversou com ela,mostrando algum outro presente que ele deve ter comprado para mimar minha filha.Seus olhos,agora dourados,devido à dieta dos Cullen vegetariana (digamos assim),deixou-o ainda mais simpático.

Seth estava assentado no degrau da varanda,seus músculos por baixo da blusa preta.Ele era lindo,com certeza.Cabelos negros,olhos amendoados,pele morena,sorriso ofuscante.Era também incrível saber que ele era um lobisomem.E mais ainda,que ele tinha sofrido um imprinting comigo,espécie de amor à primeira vista,só que infinitamente mais forte.

E sabe o que é mais legal?Eu diferente de toda mulher em sã consciência que aceitaria os mimos do seu imprinting resolvi me engraçar com o vampiro sedução e magoar o pequeno,tímido e maldoso coração de Seth.Ah,claro,antes eu tive que enganá-lo e fingir amá-lo loucamente,enquanto me embolava com o vampiro.

Eu sou muito legal.

“Oi Amanda.”ele falou,com aquela voz de derreter marshmallow.

“Olá,Seth.”respondi,meio envergonhada.Até hoje as coisas entre nós estavam meio tensas.Mas como ele mesmo dizia:’o que importa é o imprinted ser feliz’.

E ele tem provas suficientes de que eu sou a pessoa mais feliz da Terra.

“Faz tempos que a gente não se vê...”ele falou,sorrindo de leve.

“Cuidar de uma criança e ir na escola ao mesmo tempo não é algo que eu chame de fácil.”respondi,revirando os olhos.

“Ainda na escola?”ele perguntou,meio me caçoando por minha idade...tenra.

“Vovô,eu vou acabar o colegial daqui a pouco,ok?”caçoei.

“Se eu sou vovô,Edward é uma múmia,ok?”ele disse,levando gargalhadas de todos.

Edward, que conversava com meu sogro, se virou com uma expressão mortificada e brava. Edward parecia estar na flor dos seus 17 anos,mas eu sabia que ele tinha uns 120 anos.Já Seth,ele devia ter uns...sei lá...40 anos?Mas parecia ter minha idade.

Eu fui mordida aos dezesseis,conservando essa aparência saudável de sempre.Meu aniversário de dezoito se aproximava e junto com a data os ânimos de Alice aumentavam constantemente.Pobre de Jasper.

Jasper era o marido da hobbit animadinha que eu tinha o orgulho de chamar de cunhada.Ele era bonito (louro,feições perfeitas) mas um charme sinistro emanava dele.Se bem que o charme não funcionou para nada.Foi Alice que acabou conquistando Jaz.

“Múmia é o Carlisle,ok?”Edward disse,com o sorriso de lado perfeito dele nos lábios.

Carlisle deu um risinho.Para um vampiro,Carlisle (meu sogro) era inexplicavelmente calmo.Médico (eu sei,estranho) e dono de uma estrutura óssea magnífica,junto com um belo sorriso e uma voz cativante,Carlisle deve ser o homem mais desejado para brincar de médico e enfermeira pelas mulheres de Forks. Além de todos esses requisitos,ele era dotado de uma mente brilhante e um coração bondoso.Afinal,foi Carlisle que salvou Edward de sucumbir pela gripe espanhola,de Esme morrer por uma pequena queda de um penhasco,de Rosalie ter sido deixada para abutres na neve e foi ele que acolheu Alice,Jasper,eu e mais recentemente Marcus.

E ele também era um ótimo avô.

“Edward,querido,não fale assim de seu pai!”Esme,minha sogra,chamava a atenção dele.

“Desculpe,mãe...”Edward disse envergonhado.

“Esme,Edward não fez por mal...”Carlisle falou,sorrindo.Pelo olhar de Esme,ela não iria retirar o que acabou de alertar.

Esme era aquele tipo de mulher que você veria em propagandas dos anos 50.Seus cabelos cor de mel eram cuidadosamente cacheados,o rosto em forma de coração e os lábios perfeitos,junto com uma cinturinha fina e marcada por saias maravilhosas. Ela tinha a capacidade de amar todos,um coração de ouro.E também zelava por uma boa educação.Por isso,todo dia podia ouvir Esme e Marcus discutindo por causa dos mimos que ele dava à Rose.

“Bem,de qualquer maneira, daqui a pouco estarei me formando daquele manicômio...”falei,voltando o assunto com Seth.

“E você e Edward finalmente tirarão a Lua-de-Mel que merecem.”Rosalie disse,dando um beijo no topo da minha cabeça.

Rose era como uma mãe para mim.Linda,de cabelos louros e belas feições,era uma das mulheres mais belas que já tinha visto em minha vida.Ela me considerava sua filha e eu considerava ela minha mãe substituta.Foi por causa dela exatamente que dei o nome de Rosemarie à minha filha.

“Nem me fale.”respondi revirando os olhos.A minha noite de núpcias foi na nossa casa e algum tempo depois eu já estava grávida.

“Cuidado,Esme!Eles vão dar o maior prejuízo!Depois de tanta seca...”Emmet riu,enquanto tentava passar de nível no videogame.

Emmet era o marido de Rose.Adorava comentar a vida sexual (ou a falta dela) para Deus e o mundo e ele tinha um interesse peculiar na minha. Tirando isso,ele era meu pai ,praticamente, e eu o amava muito. Ele podia parecer assustador,com seus quase dois metros,músculos rijos e cara de mau,mas era só ele sorrir que as duas covinhas acentuadas em suas bochechas mostrava como ele era um ursão.Nosso ursão.

“Emmet,por favor!”Seth reclamou,parecendo enojado.Eu também ficaria assim se a pessoa que eu amasse estivesse...bem...dormindo com outra pessoa,que não eu.”Pare com isso.”

“Vem parar!”Emmet gritou,enquanto corria em uma velocidade alucinante.Em menos de dois segundos,Seth já estava atrás dele.

Todos riram.Menos eu.Estava absorta demais naquela dor estranha que eu tinha freqüentemente.Uma dor de perda,de tristeza,de saudade.As vezes uma dor de culpa.

Eu odiava admitir,mas eu era a culpada por tudo aquilo que estava acontecendo entre nós.

Mas...algo estava bem estranho.

Fiquei um tempo observando Rosemarie passar de braço em braço,sorrindo,gargalhando e me dando tchauzinho.Nos braços de Edward ele se parecia muito com ele.Os dois tinham a mesma expressão de maravilhados.O pai pelas descobertas da filha.A filha por tudo em sua volta.Eu podia imaginar Edward com seus olhos verdes,a respiração arfante de tanto correr e as bochechas coradas.Era um Edward humano,mas um Edward ainda meu.

Ele acenou para mim e Rose o imitou,chamando:

“Ma!”

Depois ela se virou para o pai e falou:

“Pa!”

Edward parecia derreter nas mãozinhas da pequena.

Ela se virou por um momento e voltei a ver a menina de cabelos ruivos e olhos cor de chocolate,recitando aquele poema.

“Amanda?”escutei a voz aflita de Edward partindo de algum lugar,não sei de onde.Eu ainda estava em choque para perceber.

A menina de olhos cor de chocolate,a ruiva, continuava me olhando,preocupada.Sua boquinha se mexia,perguntando alguma coisa à Edward,que corria em minha direção.Podia escutar suas palavras:

“O que ela tem,pai?”

Minha respiração ficou superficial,quase engasgada.Meus músculos estavam tensos e minha cabeça girava.Emoções tomavam conta de mim,tudo girando em minha volta.

Eu acho que vou vomitar...

Se não bastasse tudo aquilo,um barulho alto me chamou para uma realidade...estranha....

Cráááááááááá

Um enorme corvo me observava,seus olhos de contas com um ar diferente,quase humano.Seu bico e suas penas eram lustrosos e ele não para no galho onde estava parado,me observando.

“Amanda?”escutei Edward me chamando mais uma vez. Rosemarie estava no lugar da menina ruiva,com suas sobrancelhas unidas em confusão,suas mãozinhas agarrando a gola da camisa do pai.

Suspirei,aliviada por um momento,caminhando lentamente até minha pequena que erguia os braços para mim,gritando o meu nome.Ou o que ela achava que era o meu nome.

“Ma!Ma!Ma!”

Meus olhos no caminho vagaram para o corvo,mas não o encontrei.Procurei aflita entre as árvores e o encontrei alguns galhos abaixo,perto de Edward. O modo como ele olhava para a minha filha,suas contas no lugar dos olhos brilhando sinistramente,me fez correr em disparada.

“Edward!Vamos entrar?”perguntei,segurando Rose no colo.Meus olhos passavam para o corvo sinistro regularmente.

Os olhos de Edward foram até os meus,seguiram a trajetória aflita e viram o bico lustroso do corvo.Seus lábios crisparam-se,com uma curiosidade momentânea,para voltar a abrir e gritar por Rosalie.

Lógico que Rose apareceu voando.

“Rose,entre com todos para dentro da casa e só saia ao amanhecer,ok?”ele falou,me pedindo com os olhos para entregar Rose.

Rose foi ao colo da tia relutante,como se não esperasse ficar longe de mim por muito tempo.Rosalie acomodou  a sobrinha o melhor que pode no colo de pedra e voltou a perguntar com as feições aflitas.

“Vocês não vão entrar?”

Edward suspirou e pegou a minha.

“Eu tenho que falar com a Amanda em particular.”

Rosalie parecia assustada,mas não fez nenhuma pergunta.Só gritou por Emmet e chamou os outros,falando rápido e rasteiro,entrando na casa em um rompante.

Edward não esperou nem um segundo.Ele praticamente me carregou pelas arvores,me arrastando pelo caminho,tirando as arvores do caminho com uma violência quase feroz,entrando no caminho de pedras para a nossa cabana quase quebrando as roseiras que enfeitavam o caminho,quase destroçando a porta de entrada.

Eu só conseguia pensar em como eu estava ferrada.

Por que?

Eu não sei.E Acho que eu prefiro não saber.

Ele andou algumas vezes pelo quarto,sua expressão confusa,não brava.Ele parecia quase...triste.Sua mão mexiam inquietas.

“Edward...”comecei,mas fui interrompida.

“Eu vi com que você sonhou hoje.”ele parou.”Eu escutei você chorando.”

Pensei em falar algo..mas nada vinha.

Ele caminhou até mim,seus olhos se tornando desesperados.

“Por favor,nunca,NUNCA,pense em como minha vida teria sido com a sua mãe,ok?Não pense em como ela seria uma vampira,nem como minha filha seria,ou como eu ficaria.O que importa é que eu estou com você agora e eu AMO isso.”

“Eu Amo nossa filha,eu Amo a minha vida com você e eu te AMO! Isso não é suficiente,saber que nossa vida é perfeita juntos?Nós nascemos para ficar juntos e nenhum sonho louco da Alice vai fazer com que você crie minhocas na cabeça.”

Ele disse mesmo minhocas na cabeça?

“Não se esqueça que eu estarei junto com você,em qualquer hora,em qualquer lugar.Eu estarei com você e eu não vou te abandonar.Farei o possível e impossível para fazer com que você e Rosemarie fiquem seguras.Nunca duvide disso.Eu posso cair,mas vocês não.”

Revirei os olhos.

“Edward,não minta.Você sabe que se você se for,eu vou logo atrás.Você vai ter que me agüentar até na morte.”

Ele sorriu um pouco,mas ainda estava tenso.

“O que aconteceu,Edward?”perguntei,segurando suas mãos.

Ele se balançou nos calcanhares,mordiscando o lábio inferior.Ele apertou minhas mãos mais forte,me puxando mais para perto.

“É um mau pressentimento,só isso.”ele respondeu,abaixando-se para apoiar a minha testa na sua.

“Só isso.”concordei,juntando nossos lábios com uma força descontrolada,movida pela simples ausência de nossos lábios por algumas horas.

“Nunca se esqueça do que eu te falei,ok?Estamos juntos,não importa que minhoca tenha me minha cabeça.Você é o meu babe.”murmurei,sem ar,ao ser jogada na cama.

Seu corpo cobriu o meu,seus lábios beijando cada superfície do meu corpo que começava a ser descoberto.Seus lábios pararam em cima dos meus lábios,seus olhos se abrindo,me encarando com tamanho fogo e paixão que achei que ia me afogar.

“Então não se esqueça de mim.”

O gemido aflito que saiu dos meus lábios foi substituído pelo barulho rouco de nossa respiração.