Estava assentada em cima do capô do brilhante carro vermelho recém comprado.A bela fita preta que tinha colocado no teto rebaixado estava iluminada pelo pôr do sol que estava acabando em tons de rosa e violeta,que tinha saído das nuvens.Cruzei minhas pernas com cuidado,esperando a reação de Edward à minha chegada.

Mas ele não aparecia.Achei que quando ele escutasse o barulho ronronante da nova Ferrari recém saída de fabrica,a Ferrari Maximus,ele viria correndo para meus braços e falaria que não tinha mal eu ter me deixado levar pelo tesão do Nick.

Bem,ou pelo menos aconteceria isso,de acordo com meu bem bolado plano.Depois de aprontar um chilique básico por estar me atracando com Nick.

“AI MEU DEUS!”tinha gritado,logo após as mãos grandes de Nick envolverem meus seios cobertos ainda pelo sutiã.

Ele parecia genuinamente confuso,sua boca buscando a minha.Mas eu só consegui murmurar:

“O Edward vai me MATAR!Não!Ele vai me matar,me ressuscitar e me matar de novo!”

Nick,depois que descobriu o porque do meu chilique,suspirou.Ele parecia verdadeiramente irritado.

“Mandy,por Deus,não esquente essa sua linda cabecinha...Ele não vai se importar!”

“Do que você me chamou?”

Ele me olhou com olhos cansados.

“Mandy.”

Foi nessa hora que eu saí do MEU carro e corri em direção à Nova Iorque o mais rápido que um vampiro transmorfo podia.

Agora eu estava aqui,com meu presente e uma duvida que estava pregando fogo em minhas veias à muito tempo (precisamente a minha viagem pelo nordeste dos EUA,7 horas e 23 minutos):o Edward me perdoaria?

Bem...E se não me perdoasse?

O que eu faria?

E a minha filha?

O que eu faria com Rosemarie?Eu não ficaria longe dela de qualquer maneira.Ai dele se pensasse na possibilidade de tira-la de mim.Eu não vou arrastar o pé.

Edward não podia simplesmente falar:”ok,acha que você pode ir embora agora...”!Eu não consigo pensar em mim vivendo sem ele!Só de pensar tudo começa a girar e eu fico com falta de ar...Além de um aperto estranho no coração.

Uma voz na minha cabeça falava que ele não iria me abandonar.Isso foi uma fraqueza minha e se ele me amasse o suficiente,ele não me abandonaria.Ele até me daria apoio nessa situação.

Além do mais,ele vai adorar o presente que eu comprei para ele.

...

Na verdade acho que nem eu me perdoaria.Mesmo.Eu olharia para mim com nojo e arrumaria minhas coisas na hora.E me daria o maior sermão.

Eu sou uma idiota.

Onde Edward estaria?

A casa branca parecia vazia,uma única luz bruxuleante em um quarto.Saí de cima do capô do carro,deslizando com pequenos e silenciosos passos em direção à escadaria.Não ia fazer mal eu procurar pelo meu próprio marido,certo?

Quando eu estava no primeiro degrau da escada de mármore,escutei notas tristes ressoarem.Eram longas,tensas e profundas,tão dolorosas que confundiram minha mente.A musica saía de dentro da mata,como um choro.Senti meu peito se apertar de um jeito terrível,batendo frenético.

Era Edward.

Com certeza.

Corri afetada pela escada,pulando o capô do carro e correndo pela mata.Meus pés afundaram na terra,sujando completamente meus saltos Miu-Miu.Não me importei.Eu queria me desculpar logo e voltar aos braços do meu marido.

Isso se ele me aceitasse.

Abri a porta da cabana em um rompante,nem me dando ao trabalho de fechá-la.Corri em direção ao piano,onde Edward tamborilava as notas com uma expressão mortificada.Eu soltei o ar que tinha preso durante toda a trajetória em um rompante.Seus dedos bateram com força nas teclas,provocando um som tenso e desafinado.

“Edward...escute...”disse,meu coração aos pulos.

Ele se virou para mim,seus olhos dourados tristes.Ele deu um sorriso amargo.

“Amanda...”

Meu coração parou no peito,em uma batida errática.

“Vamos conversar Edward...Acredito que chegaremos em um acordo!”

Ele se levantou do banquinho,passando direto por mim.

“Vou ver como nossa filha está.Deixe a porta aberta quando for embora,por favor.”

Apressei-me e segurei seu braço antes que ele fosse embora.Ele gelou em meu toque e sua respiração artificial (tão necessária quanto a necessidade de uma bicicleta a um peixe) se apressou.

“Você está me expulsando da minha própria casa,Edward?”

Seus olhos voltaram para mim.

“Amanda,sem drama.As vezes você exagera demais.”

Olhei estupefata para ele,meus olhos molhados pelas lágrimas que estavam quase caindo.Mas elas não iriam cair.Não por mim,pelo menos.

“Você está expulsando sua própria esposa!Eu lutei por nós Edward!Eu guardei seu segredo,eu menti por você!EU MORRI POR VOCÊ!”

Nessa hora sua pele se tornou mais pálida do que antes,seus olhos se tornaram mais fixos do que antes.

“Nunca...diga...isso!”ele reclamou,sua voz tremida.

“Não, Edward.Eu vou falar.Porque foi isso que aconteceu.O coração que bate em mim é artificial,o sangue que está em mim não é o meu.EU MORRI PARA SER SUA PARA SEMPRE!Eu deixei de envelhecer,de amadurecer,de experimentar coisas novas,de sentir adrenalina no meu sangue,de sentir cada bombeada lenta do meu coração,de morrer gradativamente por VOCÊ!”uma única lagrima deslizou pela minha bochecha.

“Parece que você não deixou de sentir luxuria!”Edward gritou,afastando minha mão.

A onda de raiva cresceu em meu âmago,borbulhando como uma caldeira quente.E eu gritei:

“EU NÃO POSSO!Eu estou presa ao que eu sou!Meu ser não aceita eu não me aproveitar das minhas presas!POR QUE VOCE ACHA QUE EU NÃO ME ALIMENTAVA MAIS?Eu não queria te enganar!Eu não queria me sentir culpada !”

Ele olhou para mim com gelo nos olhos.

“Você se sente culpada agora?”ele perguntou. "Você sente pena de seu marido bobo que aceita o amante da esposa na sua própria casa?"

Ele socou a parede,seu punho afundando nos tijolos.

"EU NÃO QUERO MAIS TE VER!"ele berrou,suas mãos agarrando minha cintura,sua voz chorosa."Eu te amo tanto e você...e você...SAIA DAQUI!"

Soltei um soluço e corri para o quarto.Escutei seu corpo cair pesadamente no chão de madeira,mas não me preocupei.Senti minha cabeça rodar em circulos,meu corpo se tornar fraco e meus olhos se fecharem.Mas seria forte.Ou então só me enternaria em uma caverna e morreria por lá.Abri uma  mala e joguei todas minhas coisas,lingerie,maquiagem,livros,laptop,Ipod,carteira.

Em cima da cama deixei a foto nossa que tinha na carteira,quando ainda era humana.Nós nos olhavamos com a paixão de antes,com um amor soberbo.Olhei para meu dedo,onde brilhava minha aliança e anel de noivado.Meu dedos se fecharam neles hesitantes,apertando um pouco contra vontade.Tirei-os depois de algum tempo,agora chorando abertamente.lágrimas ecorregando pelo meu colo e minah voz choramingando quase histerica.

Saí do quarto com passos apressados,pulando o corpo imóvel de Edward no chão.Não me preocupei de despedir,ainda mais que eu não conseguia falar nada.Meu vestido estava machado das minhas lágrimas de sangue e eu não conseguia parar de chorar.Era como se meu coração tivesse sido arrancado do peito e jogado no bueiro.

Na verdade,a semelhança era muito parecida.Não escutava mais o rimbombar feliz do meu coração.Nem uma batidinha qualquer.Meu peito estava silencioso.

Então eu estava morta.

Joguei minhas coisas dentro do meu jaguar e corri as escadas da garagem dos Cullen,abrindo caminho pela casa vazia.Cheguei no quarto mal iluminado da casa,onde podia escutar a voz de Marcus.

Abri a porta em um rompante,fazendo Marcus se colocar em posição defensiva.No minuto em que ele me viu,sua expressão deixou de ser malvada para chocada,provavelmente por causa das lágrimas.

“Amanda?”ele questionou,enquanto eu caminhava longos passos até minha filha,que me absorvia aflita.

“Mamãe,Mamãe!”Rose exclamava,seus dedos estendidos para a trilha de sangue na minha bochecha.

“O que você vai fazer com ela Amanda?”Marcus perguntou nervoso.

“Estou indo embora e vou levar minha filha comigo.Sou maior de idade,estou me formando no Ensino Medio e tenho o direito.Estou indo embora.”

“Você não pode levar Rosemarie assim!E Edward?”Marcus perguntou,pegando minha filha nos braços.

“MAS EU SOU A MÃE!EU DEI A LUZ A ELA!”gritei,tentando pegá-la de volta.

“Amanda,NÃO!”ele falou. “Edward pode dar uma vida melhor à Roza.Eu sei disso.Então,deixei-a.Ela terá regalias e mimos que você não poderia dar a ela.E qualquer que for esse mal entendido com Edward vai ser momentâneo.”

Senti eu afundar mais e mais dentro de um buraco quando escutei as verdades contidas nas palavras de Marcus.Se Rose ficasse comigo,teríamos de viver precariamente.Poderia vender meu carro,mas não daria por muito tempo.Ainda mais se eu não arranjasse um trabalho.

Eu não podia fazer isso com ela.

Abracei Marcus com força e beijei as duas faces de Rose.Enquanto saía do quarto escutei Rose gritando por mim,desesperada.Quando descia as escadas e saltava no jaguar escutei sua voz chamando pelo pai.

Meu pé apertou o acelerador e saí voando da garagem dos Cullen,em direção à Seattle.Tudo estava escuro na minha frente, a noite já erguida entre as arvores altas e densas de Forks.Meu pensamento foi em Charlie e em Billy,que deviam estar agora assistindo ao jogo dos Knicks na casa de vovo Charlie.Mudei a direção para passar lá,limpando os olhos que continuavam saindo lágrimas.

O meu coração não tinha voltado a bater.Eu não conseguia ver a estrada na minha frente,as lágrimas tampando tudo.O farol não iluminava naquela noite tão escura,onde a lua nem aparecia.

Funguei algumas vezes,até recobrar um pouco da minha respiração e voltar a olhar para a luz pálida dos faróis sobre os asfalto.A sombra que se destacou sobre a luz me assustou,seus contornos curvados e seus olhos assustados.

Girei o volante,o carro rodando com força,fumaça subindo dos pneus até estancar.Saí do carro,os saltos ecoando sobre o chão,meus olhos buscando a figura que tinha interrompido meu caminho.

Mal iluminado pelos faróis do jaguar a figura continuava parada longe da minha visão.Sua cabeça se levantou,seus olhos de topázio me encarando com força.A sombra deu alguns passos em direção à luz,sua mãos pálida estendida para mim.Quando os cabelos arruivados foram iluminados pela luz,minhas pernas se moveram sozinhas ao seu encontro,meus braços estendidos em sua direção.

Me choquei violentamente contra Edward,minha cabeça se enterrando em seu peito.Estava petrificada com a idéia de te-lo perdido e agora...

“Seu coração não bate!”ele exclamou,pegando meu rosto com suas mãos frias. “Eu te matei!”

E como se ele tivesse comandado,meu coração começou a bater no ritmo alucinado e contente de sempre,como se fosse um pássaro.

Ele sorriu e antes que eu pudesse falar qualquer coisa ele juntou nossas bocas,seus braços jogando minhas pernas para cima,me pegando no colo e ele me acomodou no banco de trás do jaguar,seu corpo cobrindo o meu em êxtase.

*******

Nossos corpos ainda estavam juntos quando apoiei minha cabeça em seu peito nu.Era tão bom senti-lo perto de mim de novo,depois de tudo aquilo.Tinha sido uma briga curta,mas foi forte o suficiente para fazer meu coração parar.

“Eu vim correndo.Eu não queria te perder,no fundo.”Ele me disse,seus olhos buscando os meus.

“Sinto tanto Edward.”

“Eu também sinto.”ele suspirou,sua mão acariciando minhas costas. “Eu fui um idiota.”

“Nós fomos uns idiotas.”esclareci,suspirando pesadamente.

Sua mão ergueu o cabelo do meu pescoço,tirando o suor acumulado.Eu suava.Ele não.Um indicio que estava mais viva do que ele?  

“Eu nem acredito que iria te perder...”ele murmurou com a voz embargada.

“Eu te amo.”falei,beijando-o com vontade.

Mal acreditava que estávamos juntos de novo.Nossos corpos unidos mais  uma vez.

Era paixão.

Era ele.

Eu nunca abandonaria Edward.Não se quisesse escutar meu coração bater de novo,do jeito que batia agora.

Cheio de amor.

Por Edward eu morria.E morreria varia vezes.

“Eu te amo.”ele disse,enquanto nos amávamos mais uma vez.