“Vamos ver se você entendeu:você é o meu primo Hank do Minnesota e veio me visitar aqui em La Push,provavelmente para frequentar o terceiro ano do Ensino Medio.”eu falei.

 

Ele estava olhando distraidamente para a janela,observando as curvas de uma morena em um fusca batido.

 

“Você me escutou,Nicolai?”perguntei,batendo meus dedos impacientemente no painel do carro.

 

“Eu tenho que me chamar Hank?”ele perguntou,finalmente largando o olhar da bunda  da morena,que era na verdade,Alicia Rhodes da aula de Psicologia. “Por que não me chama de...Nick?”

 

“Por que você vai ser meu primo Hank.Você mora em Baxter e sua mãe é irmã do vô Charlie...Vamos chamá-la de Lucy Ann.” Parei um pouco,vendo se eu tinha esquecido alguma coisa. “Pronto?”

 

“Vamos lá,priminha!”disse Nicolai,saindo elegantemente do carro.

 

Podia ver todos os olhares diretamente para nós.Cada pequeno ser insignificante estava absorvendo toda a movimentação que nós fazíamos em nossa volta.Aleezah parecia mortificada,enquanto puxava o braço de Tom para mostrar o lindo homem do nosso lado.Até Adolpha,que estava ensaiando passos para o jogo de futebol nessa semana,largou os pompons e veio até nós,com uma estranha expressão no rosto.

 

“Parece que a loirinha gostou de mim!”Nick cantarolou,passando um braço coberto de couro em volta do meu pescoço,sussurrando. “Bem, pelo menos,alguém gostou...”

 

Dei um sorriso amarelo antes de parar com força,logo após Adolpha trombar em mim,seus olhos azuis arregalados para Nick.

 

“Oh,Amanda,você não vai me apresentar o seu amigo?”ele piscou os cilios cor de rato.

 

“Por que eu deveria?”falei,parecendo ofendida com a ideia de apresentar qualquer pessoa a Adolpha.

 

“Ora,priminha,não seja grossa com os outros,ainda mais uma moça tão bonita como esta.Nick,ao seu dispor,moça!”Nick falou,pegando a mão pálida de Adolpha e levando aos lábios.

 

Ela deu um risinho afetado,revirando os olhos em jubilo.Sua mãos esqueléticas apoiaram no peito de Nick e sua boca formulou uma frase completamente idiota:

 

“Almoço na mesa perto da fila para a salada...Se quiser,pode se sentar conosco...”

 

Mas graças a Deus,Nick cortou ela com uma frase mais sonora ainda,que me fez estampar um sorriso zombeteiro no rosto.

 

“Acredito que não.Sou novo por aqui e prefiro ficar ao lado da minha priminha querida!”ele disse,sua voz com um sotaque muito forte do Minnesota.

 

“Bravo,Maestro!”sussurrei,levando a ele dar uma gargalhadinha.

 

Chegamos até Aleezah,que continuava olhando para Nick fixamente,até que eu falei.

 

“Bem...Alee...esse é o meu primo Nick do Minnesota...”murmurei,vendo Nick estender a mão para cumprimentá-la.Os olhos de Alee se prenderam nos de Nick,que estavam sorridentes e ficaram meio turvos. “Alee?”perguntei,enquanto dava um chute em Nick.

 

Os olhos voltaram ao normal,se tornando um mel bonito.Suas bochechas ficaram rosadas e sua mão agarrou a de Tom afetadamente.Tom parecia confuso com o que tinha acontecido,como eu.

 

“Oh,sinto muito...Jurava te conhecer de algum lugar...”ela falou baixinho,corando mais e mais a cada palavra.

 

“Bem,mas Nick,você está meio atrasado para o ano letivo...quer dizer,daqui a pouco nós iremos formar.”Tom falou,mantendo o braço firme em volta de Aleezah.

 

“Eu sei...mas tive problemas suficientes na minha escola antiga.Agora eu só preciso das notas finais para completar o ano.”Nick mentiu com desenvoltura.

 

“Um encrenqueiro,certo?”Tom riu,apertando mais o braço em volta da minha amiga.

 

“Depende do que você classifica como ‘encrenqueiro’.”Nick disse,contendo um sorriso.Ele parecia ter mais pratica do que eu em mostrar suas presas afiadas.

 

“Resposta típica de um encrenqueiro.Já escolheu a faculdade que vai cursar?”

 

Meus olhos estavam fixos em Aleezah  que se revirava nos braços de Tom.Seus olhos vagavam pela pele morena do namorado e ela apertava os lábios com força.Seus olhos se reviravam e sua respiração estava apressada.Olhei para Nick,tentando ver o que estava acontecendo com a minha amiga.Foi aí que eu entendi tudo.

 

“Ai!Caramba,Amanda!Não precisava de uma cotovelada em cima de mim,se você não foi aceita em Harvard.”Nick me xingou,pouco após uma bela cotovelada em suas costelas,desviando sua atenção e seus olhos de Aleezah.

 

“Desculpe aí,mas EU fui aceita em Harvard também,esperto.”respondi o mais secamente possível.

 

“Harvard,sério?”Tom arregalou os olhos,mal notando a respiração desacelerada da namorada. “Rose não vai ficar muito sozinha?”

 

“Edward vai cuidar dela enquanto isso...”menti prontamente. “Irei visita-la o mais frequentemente que eu puder.”

 

Tom pareceu acreditar e se dirigiu com Aleezah para as salas,após se despedir entusiasmado de Nick,seu novo parceiro de futebol.

 

“Você é um babaca.”sussurrei enquanto me dirigia à sala do Sr.Jackson.

 

“O que eu fiz dessa vez?”ele falou entre os dentes,abrindo a porta para mim.

 

“Você hipnotizou a minha única amiga nesse colégio!”rosnei,jogando minhas coisas em uma carteira ao meu lado.

 

“Você sabia que hipnotizar vem do grego e quer dizer sono?”ele perguntou,assentando-se.

 

“Não importa.O que importa é que o Tom poderia ter descoberto que você tinha deixado minha melhor amiga assim e nunca mais eu falaria com ela!”resmunguei,abrindo o livro na pagina 298,onde estávamos vendo a ultima matéria da prova.

 

“Caramba,como se eles soubessem que você é uma vampira...”ele parou bruscamente,agarrando minha mão. “Você é uma espécie de pária social?”

 

Senti o sangue subir nas minhas bochechas coradas e minhas mãos tremerem.

 

“Não.”respondi com firmeza.

 

“Você acabou de falar que Aleezah era sua única amiga aqui.”

 

“Não disse nada disso.”Onde estava o Sr.Jackson?

 

“Disse sim,eu me lembro.Meu bem,você tem que socializar!”ele disse passando as mãos sobre meus ombros.A aliança pesou em meus dedos.

 

“Não me chame de ‘meu bem’!”

 

Harry Jacson abriu a porta naquele instante,revelando uma mente tempestuosa e estressada.Seus olhos sempre paravam em mim no inicio das aulas,onde ele normalmente divagava sobre meu casamento prematuro e minha gravidez igualmente precoce.Mas ele adorava Rose,desde que a viu no dia das mães,quando Edward apareceu com um buque de rosas negras e Rose no meio da aula de Governo dos EUA,sua aula.Sua mente estava normalmente pensando em como uma jovem tão bonita como eu (graças a um veneno básico de vampiro e genes transmorfos) foi se amarrar tão cedo.

 

Então ele viu Nick.Podia sentir em seu cheiro uma incógnita semelhante com a minha:uma beleza quase transcedental.Seus olhos tentaram se tornar mais focados,procurando semelhanças entre mim e Nick,então tive que falar:

 

“Sr.Jackson,esse é o meu primo Nick.Ele vai fazer as provas finais conosco.”respondi,prendendo o folego e esperando a reação dele.

 

“Mas isso é maravilhoso!Mais um aluno para nos fazer companhia.Como se chama,meu filho?”ele perguntou para Nick.

 

“Nicholas Masen.”ele falou com um sorrisinho no rosto.Usar o nome antigo do meu marido,Nicolai?Que baixo.

 

“Então,Nicholas...Você é de onde?”

 

Olhei para Nick no fundo dos seus olhos e vi um ar divertido.

 

“Baxter,Minnesota.”

 

E ele fez seu papel perfeitamente.Todos acreditaram que ele era meu primo de segundo grau,filho da minha tia Lucy Ann,vindo de Baxter,no Minnesota.Meu primo atlético,que participava do time de futebol americano e que tinha passado em praticamente todas as faculdades da Ivy League. Meu primo que já foi convidado sete vezes para o baile de formatura em menos de 5 horários.Treze se você contar o almoço.

 

Até minha professora de Psicologia,que deveria ter um conhecimento mais avançado sobre a psique humana acreditou em Nick.Caiu que nem um patinho.Sinto pena pela sra.Potts.Muita pena.

 

Estava saindo do horário de Educação Física,enraivecida e triste (como eu sempre ficava nas aulas de Educação Física)quando escutei Nick me gritando. Quase mandei ele ir para aquele lugar.Mas não...Sou muito boazinha para isso...

 

Olhei para trás e vi o grupo de líderes de torcida atrás dele.Ele estava usando a jaqueta do time de futebol,uma prova quase concreta que ele entrou para os ‘Wolf Liders’.Ele parecia feliz que nem um pinto no lixo e eu não estava impressionada em ver Adolpha Brock ao seu lado.

 

“Ei,Amanda!”ele gritou,descendo até mim aos saltinhos. “Entrei no time de futebol!”

 

Olhei secamente para a blusa que ele estendia na minha frente,tentando parecer critica.

 

“Você vai ficar só duas semanas nessa escola,Nick...”

 

“Eu sei,mas vai ter o ultimo campeonato interno e...bem...eles pediram para eu entrar!Não tinha como recusar,Amanda!”ele falou,seus olhos brilhando de emoção.Ou emoção ou era felicidade por ter Adolpha ao seu lado.

 

“Parabéns.”respondi,soltando o cabelo preso no rabo de cavalo e marchando em direção ao meu carro.

 

Pude escutá-lo murmurando desculpas e me seguindo até onde meu jaguar estava parado.Joguei minha mochila no porta malas e peguei meus saltos.

 

“Onde você vai?”ele perguntou,desviando a mão pouco antes de fechar o porta malas em cima dos seus dedos.

 

“Embora.Acabou a aula se você não sabe.”respondi,entrando no carro  e tentando fechar a porta.A mão firme de Nick impediu.

 

“Eu sei...mas...nós vamos ao ‘The Owl” comemorar a minha entrada no time.Eu ia ficar feliz se você fosse,sabe como é.Não é todo dia que você encontra alguém da sua espécie por aí.”seus olhos azul bebe se entristeceram.

 

“Eu passo.Não obrigada.”disse,tentando fechar a porta de novo,sem sucesso.

 

“Galera,estou indo para casa!Depois a gente se vê!”ele gritou para a multidão que o esperava,antes de largar minha porta e se acomodar ao meu lado,no banco de carona.

 

Resmunguei baixinho e pisei no acelerador.Sei que não devia dirigir com saltos,mas os meus reflexos são melhores que de muita gente por aí.

 

O silencio no carro ficou intenso enquanto manobrava o carro e saía de La Push.Era óbvio que Nick parecia insatisfeito de não ter ido ao ‘beba-até-cair” dos seus novos colegas de equipe.Mas pelo menos ele tinha cedido à tentação de ir.Bom rapaz!

 

Desviei a rota,indo em direção à Hoquiam.Os olhos de Nick se arregalaram e ele se virou para ver a placa que sumia.

 

“Hoquiam?”ele perguntou,sua voz linda meio esganiçada.

 

“Sim.”eu disse,desviando de um buraco na estrada.

 

“O que você vai fazer?”ele perguntou mais tenso.

 

“Te matar.”ri um pouquinho. “Eu tenho que me alimentar.Faz muito tempo que eu não me alimento e tenho que fazer isso frequentemente.”

 

“Eu sei disso.Eu sou um vampiro.”ele falou meio monótono. “Mas porque você procura humanos?”

 

“Por que...eles não fedem que nem animais?”

 

“Por que você não se alimenta do meu sangue?”

 

Eu desviei meus olhos da estrada por pouco tempo,olhando para ele,que falava serio.

 

“Por que...oras...por que...”

 

Eu não sabia.

 

Mesmo.

 

Enquanto eu estava muda,olhando fixamente para a estrada na minha frente,ele tomou a direção de mim e virou violentamente para a esquerda,fazendo com que estacionássemos entre duas sequoias enormes.Eu parei de acelerar em um instante e olhei para ele assustada.

 

“Por que?”ele perguntou.

 

Mas eu não consegui responder.

 

Não só por que eu não sabia,mas também por que ele tinha mordido sua mão e o cheiro de sangue infestou o carro.

 

Em um pedido mudo ele deixou minha boca tocar sua pele e lamber afoita o sangue que escorria pela palma.Suas mãos me guiaram até seu colo e sua boca procurou meu pescoço,beijando suavemente.

 

E eu era entorpecida pelas estranhas sensações de poder,luxuria,paixão e magoa.

 

O meu dedo anular estava mais e mais pesado por causa da linda e brilhante aliança que eu queria esconder agora,para nunca mais me lembrar,enquanto vibrava com todo aquele prazer.

 

Minha mente se desligou,para meu sossego,me envolvendo em luxuria.