Messed Up escrita por E R McKendrick


Capítulo 4
Atrasada e Dupla em Biologia


Notas iniciais do capítulo

IAÊ
Malz pela demora
Espero que gostem
Flw vlw



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É... Talvez não devesse ter ficado assistindo Doctor Who até três e quarenta da manhã. Só talvez.

Becca já havia espancado o despertador há muito tempo sem a consciência que tem que estar na escola em uns vinte minutos. Tate, seu irmão mais velho, chega ao quarto dela gritando para que acordasse imediatamente. Abre a persiana da janela enquanto ela resmunga alguns palavrões. Com dificuldade, consegue tirar o travesseiro de debaixo da cabeça da irmã e o usa como arma: ele já estava de terno, pronto para ir trabalhar, por isso opta por jogar o travesseiro na cara dela em vez de si mesmo.

– Becky, é a terceira vez no mês que papai te larga em casa! Quer carona ou não?

Essa manhã é uma daquelas em que ela se transforma numa ninja e fica pronta em dez minutos. Tate já está no carro buzinando enquanto ela tenta colocar a sapatilha preta ao mesmo tempo em que abre a geladeira para pegar um daqueles cappuccinos gelados prontos. Digamos que não deu muito certo.

Entra no banco de passageiro e arruma seu cabelo no espelho dali mesmo. Que outra opção tinha?

– O que foi dessa vez? Esqueceu que ainda não é final de semana? – Tate debocha.

– Alguém pode ter usado a conta da Netflix até quatro horas da manhã. – ironiza, dando de ombros. – Só um palpite.

– Larga essa vida, Bec.

– Nunca. – dá um gole no capuccino.

– Eu vou chegar praticamente atrasado no meu trabalho de novo por culpa sua.

– Ainda bem que você me ama o bastante pra não me deixar faltar aula.

Ele solta uma gargalha, lembrando das vezes que perdera aula pelo pai ter feito o mesmo com ele.

– Não sei nem se meu chefe vai acreditar em mim com essa história da irmã atrasa da de novo.

Sai do carro de Tate sem mal se despedir direito, quase tropeçando no asfalto (liso) da rua da frente da escola. Literalmente corre desajeitada e talvez rápido demais pelos corredores do colégio. Perde a conta das vezes que quase escorrega no chão encerado. Toda vez que quase cai, amaldiçoa as tias da limpeza por deixarem o piso tão escorregadio. Mas sempre se arrepende depois. Poxa, elas estão apenas fazendo o trabalho delas.

Quando finalmente chega à sala da aula de Biologia do Sr. Harris, um dos professores mais rigorosos, solta, involuntariamente, um palavrão ao ver que o "querido" professor já começara a aula. Harris nota a presença da aluna.

– Srta. Byrne, atrasada de novo. Por que não estou surpreso?

– Desculpe! Perdi a hora, ahn... – coça o pescoço, desviando o olhar – de novo.

– Só te deixo entrar dessa vez porque chegou antes do segundo sinal tocar.

– Muito obrigada, Sr. Harris. – ela entra na sala e se depara com todos sentados em dupla. Ela olha para o Sr. Harris novamente, meio perdida.

– Você pode sentar ali com o Sr. Fisher. – ele aponta com a cabeça para a última mesa na direita.

Becca murmura um "claro" e se senta ao lado do "Sr. Fisher", que, na verdade, é aquele delinquente metido a bandido de ontem e espera Harris passar as instruções da aula.

A turma está estudando o Reino Fungi, então em todas as mesas havia um microscópico e a mesma espécie de fungo em cada. Harris explica que iriam apenas fazer a atividade de fixação consultando o aparelho, enquanto entregava as folhas.

Assim que recebe a sua atividade, Becca lê a primeira questão e olha com atenção no microscópico. Enquanto escreve sua resposta, olha de relance para Collin, que morde o lábio, com o cenho franzido, parecendo estar tentando decifrar algum tipo de código. Rebecca termina de responder a terceira pergunta e nota que ele não havia começado a escrever nada.

– Você... quer alguma ajuda aí? – ela sugere.

Ele a encara, com um sorriso agradecido.

– Sim. Eu não faço ideia do que as questões pedem.

– Não é tão difícil se você souber a matéria.

– Eis o meu problema. – ele sorri sem graça.

Ela o explica uma versão bem mais breve e resumida da matéria e o diz para lhe perguntar suas dúvidas enquanto estivessem fazendo.

Becca se distrai o olhando de vez em quando. Percebe que os punhos dele estão machucados, nas juntas dos dedos, meio roxo e vermelho, também com um pouco de sangue seco cobrindo boa parte. Está bem feio, para falar a verdade. Ela sabe que ele deve ter se metido numa briga, mas ainda sim uma suposição não era suficiente. Hesita, olhando para sua caneta preta e a girando na mão, pensando se perguntaria ou não. Acaba desistindo.

– Hm, eu sei que é uma pergunta meio idiota, mas... o que aconteceu com as suas mãos?

– Eu briguei com um cara.

– Por quê?

– Eu não quero estragar minha chance de refazer minha reputação contando detalhes do meu passado.

– Não vai mudar minha opinião sobre você.

Ele suspira.

– Tsc. Ok, eu vendi uma droga pra um cara e, você sabe, não foi barato. Aí ele ficou me devendo e eu o dei três dias, mas ele não quis me pagar. Quando nos encontramos na semana passada ele começou a briga e acabou inconsciente no final, ainda me devendo.

– Ah.

Collin sorri quando vê como ela tenta agir indiferente ao que ele acabara de contar. Ela volta a observá-lo. Ele usa um moletom cinza por cima de uma camisa xadrez vermelha e uma blusa branca simples. A roupa é tão a cara dele que Becca não tem muito sucesso tentando imaginá-lo de outra forma. O cabelo negro combina perfeitamente com os olhos verdes escuros, quais ela tenta decifrar por um tempo.

– Avisei. – ele comenta, sem encará-la, enquanto escreve qualquer coisa nas linhas da atividade. Com o canto do olho, Collin percebe que ela o analisa. Assim que termina e se vira para olhá-la, ela desvia o olhar.

– Não é isso.

Ele arqueia as sobrancelhas, com um sorriso de lado.

– O que é, então?

– Você é... meio curioso pra mim.

– Curioso? Por quê?

Becca dá de ombros, voltando a responder as questões e deixando Collin se perguntando o que ela quis dizer.

Tocando o sinal, os alunos entregam suas atividades antes de saírem da sala e Roxy já havia saído. Becca vai apressada querendo alcançá-la, mas alguém lhe segura o pulso.

– Collin. – ela franze o cenho.

– Eu... só queria agradecer por me ajudar .

– Não foi nada. – ela sorri, dando de ombros.

– Também percebi que não sei o seu nome.

Já que Collin quer começar sua nova oportunidade de vida na escola causando uma boa impressão de mocinho, um "obrigado" já era alguma coisa.

– Rebecca.

Ele pega um papel do bolso e franze a testa, mostrando-o para ela.

– Aqui diz que tenho aula de Inglês agora, pode me dizer onde fica a sala?

– É claro...

Roxy aparece ao seu lado e ignora a presença de Collin.

– Becky, você vai chegar atrasada para a aula de Espanhol de novo se não formos agora. – Roxy relembra, cortando Becca e só então olha de Collin para Becca, “entendendo tudo”. – Desculpe, atrapalhei alguma coisa?

Rebecca revira os olhos e então encara Roxy com deboche.

– Ele só quer saber onde fica a sala de Inglês.

– Ah, nós temos aula de Espanhol agora. As salas são bem próximas, por quê não nos acompanha? – Roxy soa convidativa.

Ele franze o cenho, embora estivesse sorrindo pela amiga de Rebecca.

– Essa é Roxy. – ela o olha, suspirando, meio envergonhada.

– Tudo bem.

Os três seguem pela escola, Roxy faz algumas (várias) perguntas a respeito de Collin e puxa assunto, sempre dando alguma indireta para Becca qual Collin tenta não rir.

Quando chegam à sala de Espanhol, se despedem dele e Becca tenta não espancar Roxy por todos os micos que ela a fizera passar em menos de cinco minutos. Apenas dá um tapa em seu ombro e a fuzila com o olhar enquanto sentam nas mesas e Roxy ria.

Collin entra na sala de Inglês e se senta, como geralmente faz, na última carteira de qualquer fila. Não prestaria atenção na aula de qualquer jeito. Sente o telefone vibrar no bolso e vê uma mensagem de Mike: “Encontrei com a Karen e ela tava toda machucada. Ela não quis admitir, mas eu sei que o cara bateu nela de novo. Você não vai fazer nada, Kol?”.


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Notas finais do capítulo

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