Guerreira do Trono - Parte II escrita por NandaHerades


Capítulo 6
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Oi Oi Oi!
Mais um capítulo para vocês!
To super alegre, já escrevi o capítulo 12!



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Eu estava parada olhando para aquele anjo poderoso. Arquiel era o anjo que Merl havia conseguido para me treinar e ele era nada gentil, quer dizer, ele era gentil fora do treinamento, mas no quesito luta ele era o mais duro possível. Eu não podia piscar e ele já me repreendia, era muito difícil não ficar nervosa com a presença dele.

— Você não está prestando atenção — ele me chamou — Como eu ia dizendo, use sua perna mais forte como apoio e...

Voltei a não prestar atenção. Não era voluntário, eu só não conseguia achar aquilo tão necessário. Eu já sabia lutar o suficiente, Irriel já havia me ensinado tudo aquilo.

— Arquiel, acho que está bom por hoje — falei e fui andando para fora do jardim.

— Tudo bem, Saraí. Amanhã voltarei... Tenha uma boa noite! — ele abriu as asas e foi embora.

Entrei em casa e fui para o quarto. Merl estava estudando na biblioteca e eu preferia não interferir. Apenas fiquei sozinha no quarto pensando no que faria. A única coisa que queria era ver tia Lavínia e dizer que eu estava bem, depois precisava ir a Shamayim para falar com o Chefe dos Anjos. Mas isso era quase impossível dada a minha situação atual, Merl me vigiava o tempo todo e, além disso, não dava para sair daquele lugar deserto sem um carro.

— Está cansada? — a anjo da guarda perguntou entrando no quarto.

— Não muito — respondi.

— Pensei que poderíamos começar o nosso treinamento — ela falou.

— De qual tipo? — perguntei. Eu não queria treinar coisas que já sabia.

— Transporte — Merl falou e eu fiquei pasma. Essa era a solução que eu procurava — Mas só te ensinarei se você prometer que não vai sair por aí se arriscando, você sabe que os demônios estão a sua procura.

— Eu prometo — falei para acalmá-la, por sorte minha mente estava muito bem bloqueada.

— Sendo assim — Merl falou sorrindo — Preste atenção.

Eu prestei atenção em tudo que ela fazia.

— A respiração deve estar controlada, no começo você vai se sentir cansada, mas com o tempo se acostumará. O transporte é uma das técnicas mais difíceis, mas acredito que você terá facilidade, como teve com a luta e com a telepatia.

Eu assenti.

— Agora pense na sala no andar de baixo. Pense com vontade, pense que quer estar lá — Merl falou e eu obedeci.

—Estou pensando — falei.

— Não fale, apenas pense — ela disse — É a única coisa que deve fazer, imaginar o local que quer ir. Quem tem o talento consegue. No começo você só conseguirá ir a locais próximos, mas depois poderá ir até a Shamayim se quiser. Agora pense na sala, pense que consegue se transportar até ela!

Eu fiz o que ela mandou. Imaginei a sala e que eu estava me transportando até ela. Logo senti um frio tomar meus pés e minhas pernas, olhei para Merl e ela também estava se transportando, seu rosto estava sereno, mas o meu mostrava um espanto. Eu não sabia o que fazer. E se eu ficasse presa em uma dimensão alternativa? Tirei esses pensamentos na mente e vi que meus pés não tocavam mais o chão do quarto, na verdade eu nem estava no quarto. Estava em um lugar estranho e muito frio. Fechei os olhos com medo e imaginei a sala com mais vontade.

Meus pés pousaram, mas logo cai e rolei pelas escadas. Bati minha cabeça no chão e senti uma dor repentina.

— Saraí — Merl gritou — Você está bem?

— Ah não sei — respondi grogue.

Merl me ajudou a levantar e me colocou no sofá. Depois me trouxe um copo d’água e uma bolsa de gelo para colocar na cabeça.

— Você foi muito bem — ela sorria — Conseguiu se transportar na primeira tentativa.

— Se eu tivesse ao menos pousado no chão, mas eu tinha que aparecer na escada — falei mal humorada.

— Já ouvi história de anjos que se transportavam para lugares muito piores — ela tentou me confortar — E você foi muito bem, só tem que treinar mais um pouco.

— Mas agora estou realmente cansada — falei bocejando — Podemos treinar mais amanhã?

— Sim, querida, quando quiser — Merl disse e eu voltei para meu quarto. Cai na cama e adormeci instantaneamente.

Os soldados não estavam satisfeitos com a situação atual. Eles lutavam por nada, suas estratégias não serviam para nada, Sheol parecia sempre estar um passo a frente e os anjos não conseguiam se manter fortes. Todos acreditavam que se a Salvadora os escolhessem teriam mais chances de ganhar, contudo eles estavam retrocedendo. Em uma das salas do Palácio do Trono, o Chefe dos Anjos e um dos seus melhores soldados se encontravam, a necessidade de encontrar uma solução os colocava frente a frente.

— Não colocarei uma garota de 18 anos à frente de um exército tão poderoso, nem mesmo essa profecia me convencerá — o Chefe disse com um grande sentimento de afronta. Nunca em suas centenas de ano no Trono ele havia sido tão desafiado!

— Os soldados não estão dispostos a lutar se a Salvadora não mostrar as suas habilidades —Lukiel começou a dizer — Veja bem, esses anjos passaram séculos achando que o dia em que o Salvador tomasse sua decisão à situação seria controlada. Mas estamos mais recuados do que antes...

— Esses soldados terão que proteger o Trono ou serão mandados para Eretz e tratados como traidores — o anjo resmungou —E Lukiel, você não está a salvo, não pense que também não sofrerá as consequências caso esses soldados se rebelem.

—Deixe ao menos Saraí vir para cá —Lukiel fez o mesmo pedido que havia feito dias antes —Ela estará mais segura aqui do que em Eretz!

— Volte para o Quartel e avise aos anjos que nada foi mudado — Chefe dos Anjos ignorou Lukiel e saiu da sala.

Fazia bastante tempo que eu não tinha esse tipo de sonho. Bom, não era um sonho, mas na falta de uma palavra adequada eu preferia chamar assim. Também não era uma lembrança não vivida, aquilo estava acontecendo naquele momento. Talvez agora Lukiel estivesse avisando os soldados que nada seria mudado e eles estariam resmungando e questionando a sanidade do Chefe dos Anjos. Eu também questionava a sanidade dele, ele preferia ver o Reino cair a me pedir ajuda. O Chefe me achava uma garota estúpida como se eu fosse afundar seu Trono, seria bom se ele soubesse que ele próprio pode fazer isso. Lukiel estava mesmo tentando me ajudar, no entanto eu via que ele estava acuado. Ele não poderia fazer muito por mim.

Olhei para o relógio e vi que eram 8h45min. Sai da cama e corri para o banheiro, tirei meu pijama, escovei os dentes e desci as escadas para encontrar Merl — ela sempre preparava o melhor café da manhã. Minha anjo da guarda estava me esperando como sempre, assistia televisão e ria de algumas piadas não tão engraçadas que passava pela tela.

— Bom dia — ela falou com doçura — Fiz um bolo de chocolate para o seu café e tem suco de uva na geladeira. [N/A: Escute Knocking on heaven’s door – Cover Avril Lavigne]

Fui à geladeira e peguei um copo do suco, sentei-me a mesa e tomei meu delicioso café. Eu quase não sentia falta de casa quando comia o que Merl cozinhava, mas eu sempre me lembrava dos meus pais e de nossos cafés malucos nos fins de semana, papai gostava de fazer torradas e mamãe o xingava porque elas sempre saiam queimadas. “Não podemos comer algo tão ruim em pleno domingo”, mamãe falava sempre que meu pai inventava de cozinhar, mesmo assim ela nunca deixava nada ir para o lixo.

Agora eles estavam mortos e eu nem pude ir ao enterro. Eu não estava com tia Lavínia, não pude confortá-la. O que ela estaria fazendo? O que eu faria com minha vida? Eu nunca imaginei que passaria por tudo isso, sempre pensei que depois que eu fosse adotada não teria mais problemas, só que agora eu estava totalmente perdida e não havia família para me proteger. A última vez que me senti tão perdida foi no meu primeiro orfanato, quando eu chorava pedindo por ajuda, quando não podia dormir achando que eles voltariam a me atacar.

A única coisa que podia fazer era guardar as boas lembranças da minha família. Manter eles vivos no meu coração, era isso que eu sempre ouvia as pessoas dizerem para quem perdia os entes queridos. Jorge e Diana estariam vivos em mim e seriam meu combustível para lutar!

— Você está com cara de perdida — Merl falou de repente — Era mais fácil quando eu podia ouvir seus pensamentos.

— Juro que você iria entrar em depressão se ouvisse meus pensamentos — falei desanimada — É que eu estava pensando em meus pais e no que essa coisa de profecia fez minha vida virar...

— Nós daremos um jeito nisso tudo — ela disse e veio me abraçar. Estávamos nos abraçando muito nos últimos tempos — Eu nunca entendi do que se tratava o amor que os humanos insistem em acreditar, mas agora sei o que é. Sou capaz de dar minha vida por você, Saraí.

Merl beijou minha testa e senti como se ela fosse minha mãe. Ela era muito importante para mim, sem minha anjo da guarda eu estaria com muito mais problemas.


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Notas finais do capítulo

Comentem! ♥



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