Guerreira do Trono - Parte II escrita por NandaHerades


Capítulo 3
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

OiOiOi
Outro capítulo!

Um beijo ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644793/chapter/3

Dormi a tarde toda. E quando acordei já estava escuro. Tirei o vestido branco de Shamayim e coloquei uma de minhas roupas casuais, também guardei a presilha de Lavínia na minha caixinha de joias, aquele objeto era a única coisa que me unia a ela. Assim que terminei, sai do quarto e fui para a sala no andar de baixo. Estava vazia. Andei um pouco pela casa e ouvi um barulho de conversa, segui o som e encontrei Lukiel e Merl. Merl cozinhava alguma coisa e o cheiro era muito bom. Assim que me viu, ela correu e me abraçou. Minha anjo da guarda estava do mesmo jeito.

— Que bom que acordou — ela sorria como nunca havia visto antes —Estou preparando um jantar para você!

Sentei-me em uma das cadeiras e a vi preparar com habilidade a refeição. Enquanto Merl e Lukiel faziam seu trabalho eu tentava organizar meus pensamentos. Então eu passaria o resto dos meus dias naquela casa, teria que conviver com dois anjos diariamente e teria um exército do lado de fora para me proteger. Não poderia ver tia Lavínia, Aline ou Scarlet. Qualquer vestígio de normalidade havia morrido junto com meus pais. E, além disso, eu teria que obedecer ao Chefe dos Anjos, e meu sexto sentido insistia em me avisar que ele não era de confiança.

— Prontinho — Merl praticamente gritou me fazendo voltar ao mundo real — O jantar está pronto! Vou te servir.

Ela me serviu com um prato muito cheiroso de strogonoff e batata frita. Meu estômago roncou na mesma hora em que o aroma passou por minhas narinas. Aquilo estava muito bom, fazia muito tempo que eu não comia algo tão saboroso. Merl era uma ótima cozinheira, pelo menos uma coisa boa eu teria nesse meu exílio.

— Obrigada pelo elogio — Merl falou, ela estava ouvindo meus pensamentos — Desculpe não tive como evitar escutar seus pensamentos.

— Estou me acostumando com isso — falei esboçando um sorriso.

— Acho que em breve você poderá fazer o mesmo — ela me lançou um olhar travesso. Merl estava tão feliz que eu estava começando a me contagiar.

— Sério? — eu nem poderia imaginar como seria ouvir os pensamentos de quem eu quisesse.

— Mas isso demorará um pouco — Lukiel interviu — Agora só precisamos te manter aqui!

Ele me jogou um balde de água gelada. Por que tão estraga prazeres? Voltei com a minha carranca e terminei o jantar em silêncio. Merl não voltou a falar comigo, acho que ela também estava zangada com Lukiel, e com muita razão.

Depois do jantar voltei para o quarto. Eu estava cansada, acho que o luto faz isso com as pessoas. Eu queria chorar, mas sabia que isso não me ajudaria, eu precisava encontrar um jeito de me vingar dos seres que mataram meus pais. E também precisava sair daquela casa. Lukiel nunca iria querer me ajudar, por ele eu ficaria trancada no quarto até a guerra acabar, só que eu não faria isso.

Olhei para a estante e vi que havia muitos livros lá. Acho que os anjos pensavam que essa era uma boa maneira de me distrair, sorri ao ver uma edição de Lira dos vinte anos do Álvares de Azevedo, aquele era o livro que eu lia quando conheci meus pais. Vi também a coleção completa de Harry Potter e Percy Jackson... Até que eu poderia ler muita coisa nesse meio tempo. Acabei escolhendo por um livro que eu não conhecia, mas que possuía poucas páginas, desta forma eu o terminaria antes do amanhecer.

Li as 130 páginas do livro antes do dia nascer. Eu não queria dormir, tão pouco ter pesadelos, contudo meu corpo estava me implorando para ir deitar. Resolvi tomar uma xícara de café, a cafeína com certeza me faria ficar mais acordada. Desci até a cozinha e comecei a preparar a bebida, a casa estava em silêncio. Talvez eu estivesse sozinha, abri a cortina da cozinha e olhei pela janela, não vi os guardas que Lukiel havia dito. Desliguei a cafeteira e fui até a porta da entrada, torci para que estivesse aberta. Coloquei a mão na maçaneta e girei, estava trancada. Droga! Voltei meu olhar para a janela da cozinha e vi que eu poderia passar por ela.

Corri de volta e me apoiei na bancada para pular a janela. Com um pouco de dificuldade eu consegui passar. O sol começava a dar sua primeira aparição, eu estava com um pouco de medo de sair antes do amanhecer, mas eu precisava fugir. Olhei para cima e não vi os anjos, sorri com a estupidez deles, como poderiam pensar que eu me recolheria com tanta facilidade? Cruzei o jardim e corri para o mais longe que eu pude, não havia uma vizinhança, era um lugar deserto e sem vida. Parei de correr e percebi que eu estava em um lugar longe demais para fugir, eu precisava de um carro ou algo do tipo.

Dei meia volta, eu teria que ficar na casa até encontrar uma forma de sair sem ser capturada. Novamente passei pelo jardim e pulei a janela da cozinha. Limpei as marcas dos meus sapatos na bancada e continuei a fazer o café. Eu aceitaria ficar ali por pouco tempo, por enquanto só teria que fazer com que Lukiel e Merl confiassem em mim e para isso teria que controlar meus pensamentos ou ele saberiam de tudo.

Não pensar em meus planos era complicado demais, por isso fiquei o resto do dia no quarto. Talvez houvesse um jeito de bloquear os pensamentos.

— Posso entrar? — Merl bateu na porta.

— Pode — respondi insatisfeita.

— Você não quer fazer alguma coisa? Ver um filme? — ela perguntou com calma.

Respirei fundo.

— Não — respondi — Vou ficar aqui. Acho que os demônios podem me matar caso eu assista um filme com você, é melhor eu morrer de tristeza nesse quarto mesmo.

Merl ficou alguns segundos me analisando, pensei que ela fosse embora, quando se virou e abriu a boca.

— Nós sabemos que você não está feliz. Lukiel tentou falar com o Chefe dos Anjos — ela começou. Oh! Lukiel havia pedido por mim, isso fez eu me sentir agradecida por ele — Mas não adiantou, ele quer que você continue aqui. Eu não concordo com isso! Só quero que você saiba.

— Merl, a culpa não é sua e muito menos de Lukiel. Só não esperava ser tratada desta forma — eu me expliquei.

— Não esperávamos também, mas o Chefe está se sentindo ameaçado. Desde o dia em que a profecia foi conjurada ele age como se o Salvador fosse colocar tudo a perder. Ele não te conhece, não sabe como você é a melhor pessoa para acabar com essa guerra — ela falou com tanta sinceridade que me fez perder um pouco da tristeza de passar o resto dos meus dias ao seu lado.

—Obrigada — falei e fui abraça-la — Obrigada por confiar em mim!

— Eu confiaria em você até de olhos fechados — Merl falou — E por isso eu resolvi que vou te ajudar.

Meus olhos se arregalaram. Merl iria me ajudar a fugir, aquilo era fantástico.

— Fugir não! Nem pense nisso, os demônios estão atrás de você — ela me repreendeu — Mas vou te ajudar a desenvolver sua telepatia.

— Pensei que Lukiel...

— Lukiel não precisa saber — ela me interrompeu — Ele nem passa tanto tempo conosco, acho que teremos tempo o suficiente para treinar.

Se ela estava me oferecendo ajuda eu não negaria. Ouvir os pensamentos dos outros não era minha maior prioridade, mas eu poderia aprender várias coisas úteis a partir disso.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Gostou?



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Guerreira do Trono - Parte II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.