Guerreira do Trono - Parte II escrita por NandaHerades


Capítulo 14
Capítulo 13


Notas iniciais do capítulo

Oi!
Promessa é dívida! Mais um capítulo para vocês!
Obrigada pelos comentários tão gentis ♥



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644793/chapter/14

Eu não havia desmaiado, pelo contrário, vinte minutos depois de ser perfurada por uma espada eu já estava de pé discutindo com Irriel no meu quarto provisório, ou seria o dele?

— Arghaus é um sádico — eu falei alto demais — Como ele pode me ajudar? Ele me odeia, vou virar as costas e ele vai me apunhalar.

E foi exatamente isso que ele fez. Mandou me atacar...

— Eu diria que os únicos seres que gostam de você sou eu, Merl e Lukiel. Os outros sempre vão te odiar... Arghaus sabe bem mais do que eu, ele é mais velho e conhece tudo sobre profecias, especialmente a sua.

— Grande coisa... Talvez ele largue o seu pedaço de galinha para me ensinar um truque. E daí? Merl continuará presa e o Chefe dos Anjos levará Shamayim à ruína!

— Arghaus foi expulso de Shamayim por um motivo que você nem imagina — ele disse — Foi o único anjo que estudou a profecia, ele se encantou com o que viu. Claro que o Chefe dos Anjos o repudiou.

— E isso quer dizer o quê? — perguntei deixando a irritação se dissipar.

— Que ele sabe tudo sobre você, os seus potenciais e as suas fraquezas! Ele concordou em nos ajudar e isso é ótimo, pois dificilmente um demônio aparecerá aqui a sua procura!

—Por quê? Não vejo nada de especial aqui! O portão fica aberto, qualquer um pode entrar!

— O cheiro dos anjos caídos vai te manter segura... Lá fora você seria encontrada em um piscar de olhos, mas aqui, com essas centenas de Caídos, duvido que um demônio te encontre!

— Eu nem sabia que tinha um cheiro diferente — indaguei ao descobrir um fato sobre mim que nem eu mesma conhecia.

— Anjos tem um cheiro adocicado, demônios um cheiro de queimado e você tem um cheiro mais forte. Atrai qualquer ser não humano...

— Mas ficar aqui, com eles, vai me proteger? — perguntei impaciente.

Na verdade meus sentimentos estavam mais confusos. Porque ao mesmo tempo em que eu queria ficar ali, com Irriel, eu queria ir salvar Merl e resolver minhas questões com o Chefe dos Anjos. Eram tantas coisas rondando em minha mente...

— Por enquanto sim — Irriel me respondeu.

Após nossa conversa recheada de irritação e impaciência, Irriel passou o resto do dia longe de mim. Talvez para se poupar da minha constante variação de humor. Mas a verdade era que eu só estava assustada com o que descobri nos últimos dias. Minha lista de habilidades só aumentava. Isso seria algo bom para qualquer pessoa, só que eu apenas pensava no que faria para me controlar, principalmente depois do que fiz com Irriel. E se eu atacasse um inocente sem querer?

No dia seguinte saí do quarto em que passara a noite sozinha. Irriel não aparecera nem para me desejar boa noite, por isso eu entendi aquilo como um “permaneça longe de mim”.

Entrei na sala, onde no dia anterior fiz meu teste, e ela estava vazia. Andei por aquela mansão e descobri alguns cômodos, entre elas um salão imenso — e cheio de anjos caídos que me encararam assim que abri a porta sem bater.

Fiquei parada na porta sem saber o que fazer. As dezenas de Caídos me analisavam com seus olhos negros assustadores. E ao longe eu via Arghaus e Irriel, lado a lado, como se preparassem um plano. Sorri envergonhada e fechei a porta, voltando pelo corredor.

— Sara — Irriel gritou antes que eu saísse do corredor.

—O que foi?— eu estava me sentindo uma intrusa naquele lugar. E estava chateada com Irriel por ele parecer me esconder algo.

Poderia parecer infantil, mas não é todo dia que seu mundo cai por sua cabeça. Eu me sentia tão sozinha que às vezes agia como uma perfeita idiota, contudo eu só queria ser feliz de novo.

— Venha — ele me estendeu a mão.

Eu fui até ele, segurei sua mão e entrei no mesmo cômodo que aqueles Caídos. Eu reconhecia aquele lugar de uma das minhas lembranças não vividas, foi ali que Irriel prometeu me matar.

Fui levada até Arghaus e ele pegou minha mão e a beijou de leve, como um cumprimento, depois se afastou e começou a falar com seus súditos.

— Saraí, a Salvadora! — ele anunciou para os Caídos que envolviam o local — Ela, apenas ela poderá terminar com tudo que fora iniciado pelos anjos e demônios nos últimos milênios. A garota que todos querem matar, mas que agora está na nossa casa. Trazida por Irriel, o maior traidor de Shamayim...

Arghaus continuou falando sobre mim, dando detalhes de tudo que acontecera em minha vida. Enquanto o líder discursava, Irriel falou em meu ouvido.

— Arghaus vai te oferecer uma parceria. Ele quer que você garanta que os Caídos serão livres da maldição — eu sabia que Irriel falava da imortalidade — Se você concordar terá que fazer um Pacto de Sangue com ele, isso é muito perigoso, mas é a única chance deles nos ajudarem...

Pacto de Sangue, isso é novo pra mim.

— Então Saraí — Arghaus virou-se em minha direção — Nós vamos te ajudar, com uma pequena condição...

— Espere — falei para ele.

Eu sabia muito bem que treinar minhas habilidades era pouco demais para libertar os anjos caídos da imortalidade. Eu precisava de mais, de um apoio, e principalmente, precisava mostrar para eles que eu não era a garota de 18 anos que não estava preparada para uma guerra, eles deviam confiar em mim!

— Vocês foram expulsos de Shamayim — eu gritei para os Caídos que me observavam — Mas vocês sabem muito, vocês possuem o conhecimento, sabem lutar e são imortais. Todos aqui sabem o que eu represento, sabem que agora eu mando em Shamayim — eles riram com minha colocação.

— Deixem-na falar —Arghaus gritou irritado.

— Podem rir. Mas essa é a verdade. Eu tenho os anjos em minhas mãos, somente eu poderei livrar vocês da vida, eu posso dar a benção da morte para vocês.

Os Caídos estreitaram o olhar.

— Arghaus — falei para o líder — Não posso aceitar apenas o treinamento. Acho que ser mortal vale muito mais que isso.

— E o que você quer, Saraí? — ele perguntou como se não estivesse surpreendido com minha súbita liderança.

— Quero novos guerreiros para o exército de Shamayim — esperava que todos fossem rir, mas o silêncio dominou — Darei a vocês a libertação desde que lutem ao meu lado na guerra.

Arghaus olhou para os Caídos e parecia que se comunicava com eles pelo olhar.

— Pois bem — ele soltou — Aceitamos a proposta.

Eu sorri. Consegui convencer anjos caídos a lutarem comigo. Era minha primeira decisão que interferia na guerra.

— Mas você terá que fazer o Pacto de Sangue — Arghaus completou com satisfação — Com esse Pacto teremos certeza que você não voltará atrás com sua proposta.

Irriel apareceu no meu campo de visão. Me lembrei do que ele disse do Pacto de Sangue e vi que o melhor era concordar. Com esse Pacto eu não correria o risco de ser traída...

— Eu concordo — falei com firmeza, assim Arghaus não desistiria.

No fundo do pequeno palco havia uma mesinha, nela estava uma faca grande e brilhante, com certeza afiada. Uma mulher que estava perto dela, trouxe-a e a entregou para Arghaus.

— Um Pacto como esse nunca poderá ser quebrado — ele disse enquanto analisava a faca — Ao fecharmos o acordo, você será minha escrava e eu serei seu escravo. Como representamos um povo, todos serão aliados. Não haverá volta! Não existirá traição entre nossos povos a partir do momento em que nossos sangues se tocarem.

Eu estava admirada por aquilo. Naquele momento eu tomava uma decisão que poderia mudar os rumos da guerra.

Arghaus apoiou a faca em uma de suas mãos e a cortou. O sangue escorreu por seus dedos e caiu no piso, aos seus pés. A faca foi estendida para mim e eu entendi que deveria fazer a mesma coisa. Encostei–a em minha mão e fiz o corte. A dor aguda se sobressaiu. O sangue saiu pela ferida...

A mão ensanguentada de Arghaus estava a minha frente. Isso para que eu a apertasse. Estiquei a mão e toquei na ferida dele, nada aconteceu. Não foi como imaginei, achei que fosse brilhar e sair fumaça, mas a única coisa interessante que aconteceu foi que nossas feridas se fecharam na mesma hora. E depois disso, tudo estava do mesmo jeito.

— Está feito — a mulher que havia trazido a faca falou.

Os Caídos começaram um burburinho que parecia ser algo comum depois de uma reunião. Soltei a mão de Arghaus e me aproximei de Irriel, sua expressão era séria, mas com um tom de aprovação. No fundo eu sentia que havia conquistado a confiança dos Caídos, talvez agora eu tivesse a chance de lutar em uma guerra e não massacrada como um inseto.

— Saraí — Arghaus me chamou — Agora podemos trabalhar em paz.

Eu assenti. Talvez Arghaus não fosse um sádico. Ele iria me ajudar e eu o ajudaria, um bom plano.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Hey, esse Pacto de Sangue é confiável?
Quero ler a opinião de vocês!

Obrigada ♥



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Guerreira do Trono - Parte II" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.