Guerreira do Trono - Parte II escrita por NandaHerades


Capítulo 11
Capítulo 10


Notas iniciais do capítulo

E ai? Mais um capítulo para vocês!



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Caímos na areia fofa e morna. Ficamos deitados por alguns minutos olhando o céu estrelado que fazia o mundo ser infinito. Quem nunca olhou para o céu da noite e imaginou o que havia além daquelas estrelas? Era tão lindo que me fez ignorar a dor que insistia em dominar meu abdômen.

—Você está sangrando! Droga! — Irriel se aproximou de mim e puxou a faca que perfurava minha barriga — Maldito demônio!

Eu olhei para o sangue que encharcava minha roupa.

— Não estou morta — falei para que Irriel parasse de agir como um estressado.

— Me deixe cuidar disso — ele tirou a camisa e amarrou sobre a ferida, para conter o sangramento.

— Você vai ficar andando por aí sem camisa? Ótima ideia — falei sarcástica e exausta.

— Parece que estamos perto da casa de Scarlet — ele falou para si mesmo — Vamos até lá!

— Ah você deve estar brincando — reclamei enquanto ele me pegava no colo como uma inválida —Me coloca no chão, eu estou bem!

—Você tem uma ferida grande na barriga, se não receber cuidados vai sangrar até a morte.

Eu me sentia bem, eu só sentia dor enquanto a faca estava me perfurando. Agora estava tudo normal. Irriel me carregou até a estrada e começou a andar para uma direção que ele dizia ser a da casa de Scarlet.

— É sério, me coloca no chão. Eu juro que estou bem! —implorei.

Ele finalmente cedeu e me colocou no chão. Olhei para Irriel sem camisa e o achei tão lindo que minha respiração ficou desregulada. Ele olhou para meu ferimento e começou a desamarrar a camisa com precaução. Quando a retirou, levantou minha blusa até o ferimento e ficou alguns segundos sem reação. Abaixei os olhos para olhar meu ferimento, mas ele não estava lá, era um milagre!

— Você se curou — ele falou pasmo — Isso não é normal!

— Por quê?

— Porque nem os anjos se curam tão rápido. Somente anjos caídos tem esse poder de regeneração, os anjos acreditam que a morte é uma benção e quando nos deu essa habilidade foi para que fôssemos privados dessa benção —ele falou calmo.

— Como a morte pode ser uma benção? — eu não achava que o fim poderia ser algo bom.

— A morte liberta a sua alma. A vida é como uma prisão e eu estou condenada a ela — ele falou melancólico —Você já ouviu falar de Platão? Ele dizia que o corpo é a prisão da alma. É exatamente isso! Quando não se pode morrer, não temos para onde fugir, não existe o depois da morte e nem o fim.

— Eu sou imortal? — sim, eu era.

— Sim — ele respondeu — E eu não faço ideia do que isso significa.

— Foi você quem conjurou a profecia, não é possível que não saiba tudo sobre mim — falei na esperança de que ele se lembrasse de um detalhe sobre isso.

— Eu só conjurei, não pensei em quais consequências a profecia causaria no Salvador— isso me assustou.

— Demônios se regeneram?

— Não. Eles são resistentes, assim como os anjos, mas se você atacar no lugar certo pode mata-los com facilidade — Irriel me respondeu — Vamos, precisamos de ajuda.

Andamos pela estrada escura. Eu estava muito cansada, transportar Irriel esgotou com minha energia e ainda havia levado uma facada. Por sorte meu corpo se reestabelecia. Depois da minha escolha eu estava diferente, meu corpo estava mais resistente, eu estava mais rápida e mais forte. Mas o transporte era muito cansativo e exigia muito, por isso eu só queria descansar.

Irriel segurou minha mão e fomos andando para o norte, a estrada estava escura, mas as estrelas e a lua clareavam o suficiente para que eu visse o que estava na minha frente. Do lado direito da estrada eu via a imensidão do mar, a brisa me embalava. Eu até podia me sentir bem ali, olhando para o mar e para as estrelas.

— Será que tudo vai ser tão difícil? — perguntei, não necessariamente, para Irriel.

— Vem cá — ele apertou minha mão e me puxou para mais perto, colocando o braço no meu ombro. Eu encostava em sua pele nua e sentia o cheiro de chuva exalando de seu corpo. Tudo seria perfeito se não fosse minha situação atual — Vamos vencer isso juntos, eu te falei que nunca te abandonaria? Então. Estou aqui agora, só para você.

Concordei e voltei a prestar atenção na paisagem. Eu poderia passar por tudo aquilo, eu lutaria por minha liberdade, porque a única coisa que não saia da minha cabeça era que eu era escrava do meu destino, um destino cruel e incerto. Irriel me guiou por mais alguns metros e já estávamos no portão da casa de Scarlet. Ele tocou o interfone e o segurança liberou nossa entrada sem nem mesmo perguntar aos donos se éramos bem vindos. Pelo visto Scarlet e Irriel eram amigos mesmo.

A mansão da família Ferreira Melo estava linda. Porém, a única lembrança que vinha desse lugar me remetia ao pior dia da minha vida. Irriel tocou a campanha e a própria Scarlet abriu a porta, com um sorriso no rosto que se esvaiu no mesmo momento em que me viu.

— Marco? — ela olhou para ele preocupada, talvez fosse porque meu sangue cobria uma parte de seu corpo— O que aconteceu? Entrem!

Entramos na casa e ela pediu para que empregada separasse toalhas e nos levasse para tomar banho.

— Se limpem — Scarlet falou sem mesmo querer saber o motivo de tudo aquilo — Quando terminarem desçam!

Uma empregada me levou para um banheiro espaçoso no segundo andar e Irriel foi para o lado oposto. Antes mesmo de eu analisar o ambiente, a empregada me entregou uma peça de roupa, que supus ser de Scarlet. Fechei a porta e tirei minha roupa imunda, depois abri o chuveiro e me molhei com a água morna. O sangue escorria por meu corpo e descia pelo ralo. Passei os dedos pelo lugar onde a faca me atingiu e não havia nada, nem mesmo uma cicatriz.

Terminei meu banho e vesti as roupas que Scarlet me deu. Uma regata azul claro e uma calça jeans desgastada, mas na moda. Calcei meu tênis que se manteve firme o tempo todo e sai do banheiro. Desci para a sala de visitas e encontrei Scarlet pensativa. Ela me viu e falou:

— A Paula preparou um lanche para vocês — ela apontou para a mesinha repleta de pequenos sanduíches e suco — Marco ainda não terminou de tomar banho.

—Obrigada — falei e peguei um dos sanduíches.

Fiquei lanchando enquanto Scarlet continuava pensando, certamente no motivo que trouxera Irriel e eu sujos de sangue. Não sei se seria seguro contar tudo para ela, os demônios podiam aparecer aqui, e eu não queria carregar a morte de mais pessoas nas costas. Aquela garota ainda era minha amiga...

— Obrigada por nos receber, Scarlet — Irriel voltou usando um jeans azul e uma camisa polo, um pouco apertada, que com certeza era de João.

— Agora me explica isso tudo — ela levantou do sofá — Há algumas semanas você estava indo embora e agora aparece machucado e com ela.

Larguei meu copo de suco e reparei no tom de desgosto que Scarlet soltava ao falar de mim. Como se eu fosse um ser desprezível...

— Scar, eu não posso te colocar em perigo. Eu nem poderia estar aqui! —Irriel falou se aproximando dela — Você é uma grande amiga, só preciso que entenda que Sara e eu não fizemos nada de errado...

— Como se isso fosse fácil de acreditar — ela se virou e alterou a voz — Você me aparece com ela, sujo de sangue... Fala a verdade!

— Eu sei que parece mentira — ele insistiu como se a opinião de Scarlet fosse muito importante — Mas não posso te incluir nessa loucura.

Ele estava certo, aquilo tudo era uma loucura.

— Do que você precisa? — ela perguntou, pelo visto era mais fácil fingir que acreditava a cobrar a verdade.

— De um carro — Irriel pediu.

— Pode ser uma moto?— ela sugeriu e eu quase caí para trás.

— Não... — exclamei.

— Sim! — Irriel falou no mesmo momento que eu.

— O que foi? — ele perguntou para mim.

—Motos são perigosas — eu disse ao tentar esconder o medo.

— São mais rápidas — Irriel argumentou — Você já passou por coisa pior e andar em uma moto pode ser divertido.

Suspirei em aprovação. Eu já havia lutado com demônios, anjos caídos... Subir em uma moto não devia ser pior que isso.

Depois que comemos tudo, Scarlet nos levou a garagem. Dois carros ocupavam o espaço, um mini cooper e uma mercedes. Do lado direito estava à perigosa harley-davidson que Irriel iria pilotar.

— É de João, mas ele voltou para a faculdade e nem vai sentir falta — Scarlet disse acariciando a moto.

— Vou pagar por ela — Irriel falou.

—Não — ela o repreendeu — Não tem problema. Não precisamos dessa moto, meus pais vão ficar felizes com o sumiço dela!

Irriel riu e eu continuei com minha cara sem reação. Aquela cena deles me tirava do sério.

Cinco minutos depois estávamos do lado de fora da mansão. Eu colocava o capacete enquanto Irriel ajeitava a máquina para a viagem sem destino.

— Obrigada, Scarlet — agradeci depois de formular mil maneiras de dizer isso.

—Não tem de quê, Sara — ela respondeu sorrindo.

Fui para perto da moto enquanto Irriel se despedia de Scarlet. Eu procurava desviar o olhar, não queria invadir a privacidade de ninguém. A cada palavra dita Scarlet chegava mais perto de Irriel, eu não conseguia ouvir o que ela dizia, mas parecia ser algo íntimo. Fiquei impaciente... E vi exatamente a hora que Scarlet beijou Irriel!

O ciúme tomou conta do meu corpo. Como aquela garota teve a coragem?

Irriel se afastou abruptamente e a garota ficou com o rosto vermelho. Em segundos ele já estava do meu lado e ela entrou na mansão sem olhar para trás.

Cruzei os braços e fechei a cara. Nem deu tempo de eu pular e bater nela, puxar aquele cabelo oxigenado... Que raiva! Eu poderia destruir o rosto dela e quebrar os dentes, assim ela nunca beijaria o homem de outra.

—Sara — Irriel me chamou, mas minha mente só sentia raiva. Raiva de todos! —Saraí!

Dessa vez ele gritou e eu o olhei. Senti meus olhos queimarem, mas não eram lágrimas. Irriel se afastou de mim e eu percebi, atordoada, o que acabara de fazer.


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Notas finais do capítulo

Suspense.... A cada dia Saraí se descobre!
O que acharam da atitude da Scarlet? E a do Irriel?
Deixem sua opinião!



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