Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 30
Férias


Notas iniciais do capítulo

Gente, vocês estão cansados de saber que eu tenho preguiça de dar detalhes. Mas fiz o que pude nesse capitulo, porém peço que (se não ficar difícil para vocês) pesquisarem o nome dos lugares que eu coloquei na história. Assim fica mais fácil para vocês visualizarem do jeito certo.

Esse capitulo é um dos que eu mais amei escrever e eu realmente achei que está lindo e super sincero. Eu espero de verdade que ele toque vocês.



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— Eu ainda não acredito que você convenceu seu pai, James. Estou tão feliz. - Ste não para de repetir isso para mim, enquanto esperamos o nosso vôo no aeroporto. É julho e como é verão a maioria das pessoas estão de férias e querem viajar. Por isso o aeroporto está tão lotado.

Quando finalmente entramos no avião é quase 8h da manhã. Eu estou um pouco nervoso, mas animado, eu nunca tinha viajado de avião antes. Ste e eu nos sentamos nos dois assentos perto da janela do lado esquerdo. Ele pede para que eu fique do lado da janela.

— Estou um pouco nervoso - confesso, enquanto mais pessoas começam a entrar e sentar em seus lugares, isso significa que o avião logo decolaria.

— Isso é totalmente normal, sério. - percebo que Ste está soando.

— Você está bem? - pergunto.

— Sim - Ele força um sorriso e limpa a testa. - Estou feliz que você está aqui comigo. O que quer que seja que você tenha falado para o seu pai, funcionou. Eu não estou acreditando.

Seu sorriso fica ainda mais radiante. Sinto-me mal. Se Ste soubesse o que eu disse para que meu deixasse eu estar aqui hoje ele não estaria nessa felicidade.

Avisam que vamos decolar. Aperto mais meu cinto e sinto a mão de Ste na minha.

— Agora vem a pior parte. - diz ele, nervoso.

O avião dá  um tronco e começa a se mover. Olho para o lado de fora e vejo o chão se movendo, então percebo o momento exato onde as rodas do avião não tocam mais a terra, no mesmo momento sinto Ste apertar minha mão com força. Quando volto a olhar para ele, seus olhos estão fechados com força.

— Você tem medo de avião?

— Medo? Não. Eu tenho pavor mesmo. - Ste abre os olhos, e percebo que ele realmente está com medo. Seguro seu rosto e o faço olhar para o meu rosto.

— Está tudo bem - eu digo para acalmá-lo.

Eu pensei que estivesse com medo, mas vendo o estado de Ste, eu percebo que não estou. Ste sorri e encosta sua testa na minha. Então ele relaxa um pouco.

A viagem não demora tanto. Ste fica bem enquanto o avião está no alto, mas novamente quase esmaga minha mão quando desembarcarmos em Carolina do sul. É engraçado ver Ste com tanto medo de alguma coisa.

— Eu não sabia que você tinha tanto medo de avião. - menciono depois que descemos do avião e vamos direto buscar nossas bagagens já despachadas.

— Eu só tenho medo de duas coisas na vida, James - Ste me faz olhar para ele. - De avião e de perder você. - Por que ele tinha que dizer isso? — O que foi? Você está estranho. Aconteceu alguma coisa? - pergunta Ste desconfiando. Dentro do avião eu podia disfarçar, ele pensaria que eu estava nervoso com a viagem, mas agora?

— Não. Eu só estou estranhando estar aqui com você. - minto, me sentindo muito mal por isso. Ste sorri para mim e me puxa, andamos abraçados até um táxi, que nos leva direto para o hotel que ficaríamos hospedados.

No avião Ste me disse que brigou com seu pai de novo. Que ele não tinha gostado do seu discurso na formatura. E que tinha desaprovado algumas de suas atitudes. Só que Ste não me conta que atitudes são essas. Diz que seu pai jamais seria como meu pai, que nunca o aceitaria do jeito que ele é.

Ste conta que ficaríamos em Beachwalker Park Kiawah Island. Eu não conhecia nada dali e Ste também nunca tinha estado aqui na Carolina do Sul. Mas pelo o que dá para ver do lado de fora do táxi, a cidade é linda.

Chegamos no hotel e fico surpreso quando entro pela porta. Por dentro o hotel parece aquelas fazendas chiques. Quase tudo é de madeira. Mas não são madeiras simples. São desenhadas, esculpidas. É muito bonito. Arrasto minha única mala e me arrasto até a recepção com Ste.

— Boa tarde. - diz Ste, respondendo ao "boa tarde" da funcionaria. - Eu tenho esses três quartos reservados, mas eu queria trocar por um quarto de casal. Será que tem como?

— Sim, mas o senhor terá que pagar a diferença, pois os preços não são iguais.

— Tudo bem. - Ste abre a carteira e lhe entrega o cartão.

Eu ainda não acredito que ele tinha pedido um quarto de casal, assim, como se não tivesse vergonha por ela saber que é para gente.

— Desculpe, senhor. - ela diz. - Seu cartão não está passando.

— O quê? Como assim? Tenta mais uma vez. - Ela tenta e mais uma vez dá negado. — Droga, meu pai deve ter bloqueado. 

— Ste, está tudo bem, pode pegar esses quartos mesmo.

Não deve ser tão ruins. Eu duvido que qualquer um dos quartos desse hotel sejam ruins. E podemos dividir a cama de noite. Ninguém precisa saber.

— Tente esse aqui, por favor. - Ste entrega outro cartão.

— Você tem dois cartões? - pergunto, eu não tinha nenhum.

— Esse a minha mãe deu para mim para emergências. Tomara que ele não tenha dito para ela bloquear também.

— Passou - diz a funcionária.

Ste sorri satisfeito e depois que outro funcionário pega nossas malas, vamos até o quarto que ela nos indicou.

Não achei que pudesse ficar mais  chocado, mas acontece quando estamos subindo as escadas do hotel. Não há elevadores e as escadas são cobertas por tapetes muito bonitos. Quando entramos no quarto eu fico boquiaberto. Parece uma casa. Tem uma cama de casal, lógico, mas também há duas poltronas, uma televisão, sacada para a vista do mar com uma mesa e cadeiras e um banheiro. Nossas malas já estão dentro do quarto.

— Ste, você ficou louco? Como você vai pagar por isso? - pergunto assustado. Ele havia ganhado a passagem e a hospedagem do seu pai, é besteira gastar dinheiro atoa.

— Relaxa, James. Eu tenho o cartão da minha mãe.

— Mesmo assim. Isso aqui é muito caro, a gente pode ficar nos outros quartos e... - Ele me cala com um beijo.

— Eu não me importo com o dinheiro, tá? - diz ele, mas eu ainda não estou me sentindo bem com ele gastando tudo isso.

— Eu aceitei vir porque você disse que tinha ganhado. Eu não quero que gaste dinheiro comigo. - falo me afastando e colocando minha mala em cima da cama. Ste me abraça por trás.

— Para, James - ele não diz isso zangado. - Não vamos brigar. Não aqui. - Ste me vira. - Eu quero aproveitar cada segundo com você. - Ste abre um sorriso. - Vamos para a praia?

—-

É incrível como o hotel fica na frente do mar. Essa praia é tão linda. E o bom é que não havia tanta gente. É quase deserta. Eu gosto disso, pois pelo menos teríamos privacidade. Só levamos o que foi necessário e deixamos todo o resto no quarto do hotel. Ste passa bronzeador em mim e eu passo nele. Depois entramos na água. Está fria, mas com o calor que está fazendo, é bom. Ste nada e eu fico observando, parado em um lugar só, eu não quero ir mais para o fundo. Ele nada até mim e meu dá um beijo.

— Você quer que eu te ensine a nadar? - Ste pergunta.

— Eu não sei.

Ste me puxa e mostra como eu tenho que dominar o posicionamento do corpo e coordenar os movimentos de braços, pernas e respirações. Isso parece impossível. Ste segura minha barriga enquanto eu tento deitar de barriga na água, e eu tento fazer o mesmo que ele estava fazendo com os braços, mas é difícil.

— Você não vai aprender de uma vez, mas tem que tentar.

Toda hora eu caio e ele me levanta. Ste ri, e eu acabo rindo também, pelo menos estamos nos divertindo. Uma hora ele pede para que eu tente mergulhar, eu acho que é mais fácil, mas a sensação é estranha de ficar dentro da água sem abrir os olhos, então ele diz que eu tenho que abri-los. Tento mais algumas vezes, mas é difícil para mim abrir os olhos, quando emerjo sou surpreendido por uma onda que vem na minha direção e me faz afundar de novo na água, então é como se eu não pudesse respirar, eu sinto uma queimação dentro do meu corpo, eu estou me afogando, me afogando, eu estou ...

— James! - ouço a voz de Ste gritando meu nome e seus braços segurando os meus. - O que foi? Você está bem?

Percebo que eu não estou me afogando. Pelo menos não no momento.

— Eu, eu me lembrei. Eu me lembrei..

Ste está com cara de pavor, percebo que eu estou tremendo e sinto meus olhos arderem. Ste me leva até a areia e nos sentamos. Eu respiro com dificuldade.

— Você se lembrou do que?

— Do acidente. - Ele pega a toalha e coloca em volta dos meus ombros. - Essa sensação foi horrível, sentir como se não pudesse respirar, meu corpo queimando. Eu caindo na água, eu me afogando...

— James, vamos voltar para dentro. Agora. - Ste está preocupado.

Ao chegarmos no quarto ele me leva direto para o banheiro, para tirarmos a areia do corpo. Entro no chuveiro junto com ele. Toda vez que eu fecho os olhos sinto aquela sensação de novo, é como seu eu estivesse me afogando repetidas vezes. Era melhor quando eu não me lembrava de nada.

— Droga, James. Como eu sou burro. Eu não devia ter pedido para você tentar nadar agora. Devia ter esperado.

— Está tudo bem, Ste. - tento mostrar que eu estou bem. Mas por alguma razão eu não consigo parar de me tremer.

— Não, foi minha culpa, desculpa.

— Não foi culpa sua, o médico me disse que seu eu passasse por algo parecido eu me lembraria.

— Por que não me disse isso antes? Eu teria evitado. - Percebo que Ste está me saboando. A água quente cai sobre meu corpo e sobre o dele. Eu quero abraçá-lo e ele retribui. Sinto-me melhor em seus braços. — Está melhor? - pergunta ele. Afasto-me para encará-lo e fico olhando para ele, enquanto sinto água caindo sobre mim e vendo a água caindo sobre a sua pele.

Ste aproxima o rosto devagar e me beija. Seus lábios estão molhados e quentes, assim como o resto do seu corpo. Envolvi um dos meus braços em suas costas e a outra mão pouso em seu cabelo molhado. Por causa da água sua boca e língua estão mais molhadas do que de costume e eu quase tinha que chupá-los para poder beijá-lo direito.

De repente Ste me afasta, respirando com dificuldade.

— É melhor você descansar agora.

— Estou melhor agora, Ste.

Ele passa a mão no meu rosto e depois sai do banheiro. Eu não sei por que ele tinha parado de me beijar logo quando estamos assim. Ste nunca e de se afastar. Geralmente eu que fazia isso. Saio do box e me enxugo com a toalha. Quando volto para o quarto Ste já está colocando a camiseta.

— Vamos sair? - pergunto.

— Sim. Vamos ao médico. Deve ter algum aqui perto, isso se o hotel já não tem um particular.

— O quê? Por quê, Ste? Eu estou bem. - Vou até a minha mala e pego a primeira cueca que vejo. Enquanto eu visto, Ste coloca o seu sapato.

— É melhor checarmos mesmo assim. E se acontecer alguma coisa...?

— Eu estou bem. Isso é ridículo. - sento-me na cama. Ele se aproxima de mim.

— James, eu só quero saber se você está bem.

— Eu estou - digo, tentando mostrar que não tem nada de mais.

— Tudo bem. - ele ainda está preocupado, mas não tem razão nenhuma para isso. O médico disse que era normal isso acontecer.

Ste se acalma depois de um tempo e resolve que é melhor ficarmos no quarto o resto do dia, para que eu descanse. Não quero discutir então fico na minha. Jantamos dentro do quarto mesmo e depois deitamos para assistir a um dvd. Ghost: Do outro lado da vida. Eu já havia assistido esse filme então não estou com muita vontade de assisti-lo.

Levanto a cabeça para olhar para Ste, ele está prestando atenção em uma cena de Demi Moore. Nós estamos deitados e abraçados. Ele está sem a camiseta. Além de estar calor, Ste gosta de dormir assim. Dei um beijo no rosto dele e depois outro. Então viro seu rosto e lhe dou um beijo na boca, Ste percebe que eu quero beijá-lo e retribui.

Seguro sua nuca enquanto sinto ele me beijar. Deito na cama e o puxo. Ste agarra freneticamente minha cintura e logo o beija está mais ardente, mais intenso. É exatamente isso o que eu queria. Então ele afasta os lábios um pouco, penso que ele vai beijar meu pescoço, ou meu peito como sempre faz, mas não sinto nada, então abro os olhos para saber o que aconteceu. Ste está apenas me encarando. Não entendo. Levanto a cabeça e colo nossos lábios de novo, ele volta a me beijar, mas é breve.

— O que foi? - pergunto. Ele não me responde então volto a beijá-lo. Eu estou percebendo que Ste está lutando para não me beijar. Pois eu vejo que ele quer, assim como eu.

Aproveito essa vantagem e me agarro mais à ele. Sinto ele se rendendo. Ste pressiona a boca na minha e move os lábios devagar, me dando prazer. Levanto minhas duas pernas, fazendo com que nossos corpos se encaixem melhor. Então mais uma vez sou surpreendido quando sinto ele abaixando-as.

— Desculpa. Eu só acho que você deve descansar hoje.

Eu não consigo dizer nada. Eu não estou entendendo por que Ste está reagindo assim.

— Eu não quero descansar. - falo finalmente. Ste joga o cabelo para trás e senta-se na cama. - O que está havendo? Eu pensei que você quisesse ficar comigo. Pensei que a razão para estarmos aqui fosse essa. Para estarmos juntos.

— Eu quero isso, muito. - ele segura meu rosto. - Mas James, quando você estava naquele hospital eu pensei muito nas minhas atitudes. E em tudo o que você já tinha me dito. Eu não quero que pense que fazer sexo é só o que eu quero de você. O que eu quero dizer é que só de te ter perto de mim, eu já me sinto satisfeito. Eu posso esperar você ficar melhor.

— Ste, isso era antes. Eu pensava isso antes. Agora que eu sei que você me ama isso não tem sentindo. Nos amamos e queremos ficar perto um do outro. - O beijo de novo, ele não se afasta, mas ainda está hesitando.

— Você tem certeza que está bem? - pergunta ele, enquanto eu dou vários beijos em seu rosto.

— Tenho. - O beijo novamente e agarro sua nuca para que ele não se afaste desta vez, ele me obedece.

Ste me deita na cama. Está ansioso, mas é cuidadoso. Seu corpo está colado ao meu. Quando começamos a fazer amor, ele beija cada canto do meu corpo, meu rosto, meus ombros, meu pescoço, e eu não deixo de fazer o mesmo. Essa parece nossa primeira vez. Eu não sei  por que sinto isso. Mas é uma sensação que vem do fundo do meu coração. Talvez por que eu tive uma nova chance de vida, por não ter morrido naquele acidente.

Eu já estou por cima de Ste. Ele se levanta, sentando-se na cama, fazendo-me sentar-se em suas pernas. Continuo beijando-o com carinho, de vez em quando faço questão de encarar seus olhos. Seu cabelo já está bagunçado, de tanto que eu puxo e o massageio. Ste volta a me deitar na cama. Só que dessa vez viro de barriga para baixo. Ele contina beijando meu corpo. Me beija com tanto carinho que me faz sentir seu amor. É como seu eu não quisesse que aquela noite terminasse nunca. Eu o queria por toda vida.

—-

— Eu nunca fiz isso por tanto tempo. - diz Ste enquanto estamos abraçados de lado na cama. Ste não consegue ver meu rosto. Mas eu acaricio suas mãos e braços que estão em volta do meu corpo. - Foi lindo, James.

Começo a me sentir triste. Sabendo o que essa viagem representa para mim. Eu tinha que aproveitá-la ao máximo com ele. Pois depois dessas férias as coisas não seriam mais as mesmas.

— Algumas pessoas dizem que o amor dura a vida toda, diferente da paixão - comenta Ste, no meu ouvido. - Que podemos deixar de nos sentir apaixonados por uma pessoa, mas que jamais podemos deixar de amá-la. Mas eu acho que eu nunca vou perder essa paixão que existe dentro de mim. Esse fogo que sempre acende quando estou perto de você.

Ele me aperta em seus braços e não consigo segurar minhas lágrimas.

— Em seus beijos eu conheci o amor. - sussurra ele no meu ouvido. - James? Você está chorando? - ele me vira. - Por que está chorando? Está doendo alguma coisa?

Sim, meu coração.

Faço que não com a cabeça.

— Você está tão estranho, o que está acontecendo?

— Nada. - Encaro os seus olhos. - Eu só te amo. Muito.

— Eu te amo mais - ele abaixa o rosto para me beijar.

—--

Acordo na manhã seguinte, somente com o lençol que cobre meu corpo nu. Viro-me para olhar para Ste, mas ele não está na cama.

— Ste? - o chamo, quem sabe ele não esteja no banheiro. - Stephen?

Não tenho resposta. Ajeito o lençol para me levantar. Onde será que ele está?

— Não, não saía da cama. - diz Ste entrando no quarto com um carrinho de comida.

— Onde você estava? - pergunto.

— Fui buscar seu café da manhã. - Ele pega a bandeja e me ajeito na cama de novo. Ste me dá um beijo depois de colocar a bandeja na minha perna. - Feliz aniversário.

— Como sabe disso? - fico surpreso.

— Acho que a pergunta é: Por que não fiquei sabendo por você?

Fico com vergonha.

— Você nunca perguntou.

— James, essas coisas eu tenho que saber, eu devo saber. - Ele pede que eu coma. E vai até a sua mala.

A verdade é que eu não me importo com o meu aniversário. Para mim é um dia como qualquer outro.

— A Evilyn pediu que eu entregasse o seu presente. Disse que é só uma parte dele, que não tinha como me entregar tudo. Que quando você voltar vai estar na sua casa. - Ele me entrega um presente embrulhado. Eu não acredito que ela tinha pedido isso para ele. E não tenho ideia do que estaria dentro desse embrulho. — Eu não comprei nada, porque não deu tempo. Mas vamos sair e você escolhe.

— Eu não preciso de nada.

— É o seu aniversário, James. De dezoito anos. Pode pedir qualquer coisa.

— Qualquer coisa? - pergunto timidamente. Ele sorri para mim. Afasto a bandeja e lhe dou um beijo na boca, então me afasto encarando seus olhos. Ele entende o que eu quero. Eu só preciso dele.

— Okay. Entendi. Então mais tarde eu te dou o seu presente. Agora coma. Porque vamos sair.

Depois de comermos nós vamos conhecer mais a cidade de Carolina do sul. O taxista nos leva até Myrtle Beach. Por ali há bem mais prédios. O lugar para onde vamos é como se fosse um parque de diversão em frente à praia. Um lugar onde todos podem se divertir. Há uma roda gigante e lugares para caminhar, tirar fotos e comprar coisas. Está movimentado, afinal é verão, é época de férias.

Ste e eu fazemos várias coisas. Andamos na roda gigante, comemos algodão doce. Estamos realmente nos divertindo. E o melhor de tudo é que não precisamos ter medo e nos esconder. Ele me beija de vez em quando. Não são aqueles beijões, pois tínhamos respeito por outras pessoas, e não só pelo fato de sermos homossexuais, mas porque ficar beijando em público é algo constrangedor.

— Adoro quando estou num lugar onde ninguém me conhece e tenho essa sensação de não ligar para o que as pessoas pensam. - diz ele me abraçando em público.

Eu estou tentando aproveitar meu tempo com ele ao máximo. Eu preciso sentir e me lembrar desse sentimento. Pois depois que as férias acabarem eu sei que sentiria muita falta disso. Tiramos foto juntos quando vemos um fotografo trabalhando com isso no parque. Ste pede duas fotos, uma para mim e uma para ele, e depois que vejo o resultado de uma, acho que a minha cara está horrível. Ste diz que tinha amado e que guardaria com ele.

— Eu fiquei horrível. - continuo. é impressionante como ele tinha saído perfeito nas duas fotos.

— Eu gostei, você saiu com a mesma cara que faz quando está com vergonha.

— Eu faço essa cara? - pergunto horrorizado. Eu sempre faço essa cara para ele? Ste começa a rir. E eu percebo que estou fazendo a cara de novo. Ele me abraça me dando um beijo na bochecha.

— Eu te amo. - diz para mim entre o riso. Tanto faz a cara que sai nas fotos, pelo menos agora eu teria uma foto com ele para guardar comigo.

Passamos a tarde toda nesse lugar e só vamos embora depois que jantamos em uma das lojas. Ste quer comprar um presente para mim, mas eu digo que não quero. E ele já sabe o que eu quero, porém mesmo assim deseja me comprar algo, ainda mais depois que viu o que Evilyn havia me dado e o quanto fiquei feliz com o seu presente.

É uma parte de uma lente de telescópio. Eu não acreditava que ela havia me dado um telescópio. Isso é tão caro, mas é  uma coisa que eu queria à muito tempo e só ela sabe disso. Eu sempre tive fascínio pelo universo e agora eu poderia explorá-lo com meus próprios olhos.

Depois que chegamos no hotel, tomamos banhos. Não juntos, apesar de eu querer isso. Ste toma primeiro e diz para que eu vá depois. Eu não entendo por quê, até voltar para o quarto. O encontro deitado de forma sexy na cama, não usa nada, apenas uma almofada cobre a parte do seu corpo mais preciosa. Ele coloca uvas na boca. Começo a rir.

— Seu presente, mon amour.

Corro até a cama, de toalha e tudo e me jogo em seus braços. Ele me gira e continuo rindo. Ste me encara com um sorriso e seus olhos brilham de felicidade.

— Eu faria um estripe para você, mas como já tirei tudo. - ele continua sorrindo e nesse momento me dou conta do quanto eu sou sortudo por tê-lo na minha vida. Eu não quero fazer o que prometi para o meu pai. Mas eu sei que eu preciso.

Fazemos amor, assim como fizemos em todos os outros dias. É bom ficar perto de Ste e tê-lo sempre que posso. Estamos dormindo na mesma cama há duas semanas e eu tive certeza de que ele é  o único homem que faria eu me sentir feliz do jeito que eu estou me sentindo.

Mas as nossas férias na praia estão acabando. Já tínhamos feito de tudo. Fomos até à praia de novo e também na piscina do hotel. Ste não quis mais me ensinar a nadar. Ele ficou com medo por causa da última vez. Entretanto prometi que praticaria. Eu não sei onde, mas tentaria.

No nosso último dia Ste está mais próximo do que nunca. Aproveitamos o dia ao máximo e eu já começo a sentir aquela tristeza, pois terei que lhe dizer aquelas coisas. E eu não quero.

No final dia vamos até aquela ponte que atravessa o mar e ficamos ali vendo o sol se pondo. É tão lindo. Ainda mais naquele lugar. Ouvimos ondas batendo embaixo da ponte. E esse sol amarelo, com suas nuvens ao redor, esse tipo de laranja mais bonito que já existe.

Não há muita gente por perto. É como se essa  noite fosse começar só conosco. Ste me abraça por trás. Eu sinto seu peito mexendo na minha cabeça. Eu preciso falar com ele. E preciso agora. Fecho os olhos me lembrando da conversa que tive com meu pai.

"- E se eu prometer para você fazer algo nessa viagem?

— O quê?

— Eu vou terminar com o Stephen. Nós vamos para faculdades diferentes e percebi que não vai dar certo.

— Não acredito em você. Está me dizendo isso para que eu deixe você ir com ele.

— Não pai, eu estou dizendo a verdade. Eu juro pela minha abuela.

— James...

— Estou dizendo a verdade. Por favor, acredite em mim.

— Eu não entendo. Se você vai fazer isso, para que ir viajar com ele então?

— Eu preciso aproveitar meus últimos momentos."

Ste beija meu rosto e é então que percebe que eu estou chorando.

— Está chorando? - pergunta ele me virando. Eu havia me emocionado pensando nisso, ao mesmo tempo que eu sinto seus braços em volta de mim.

— Stephen. Eu preciso te dizer o que eu decidi.

— Do que você está falando? - ele não consegue entender, mas percebe que há algo de errado. Limpo minhas lágrimas. Eu preciso ser forte.

— Sobre o nosso ano na faculdade.

Ste sorri, parece aliviado.

— Eu também já tomei uma decisão. Eu não queria te falar antes para você não se assustar mas... Eu não vou mais para a Yale, James. Eu vou viajar para Nova Jersey e ficar perto de você.

— O quê? Ste, você não pode. E seus estudos? - Ele está louco?

— Isso pode esperar. O mais importante é você.

— Eu não penso assim. - digo isso da maneira mais sincera que posso. Ste muda a expressão. - É claro que eu te amo, mas meu estudo é importante para mim. Eu tive muita sorte por ter passado depois de tudo o que aconteceu nesse ano e não posso me distrair. E isso vai acontecer se você tiver lá comigo. É meu futuro que está em jogo e nesse primeiro ano eu preciso estar focado.

— Onde você quer chegar, James? - ele pergunta se afastando um pouco.

— Eu pensei. Pensei muito. Então eu tive uma ideia.

— Que ideia? - Ste fica com raiva. - Você não está pensando em terminar, né? Não depois de tudo o que a gente passou para chegar até aqui. Justo agora que está dando tudo certo...

— Ste...

— Não! James, não faz isso. - pede ele. Então vira as costas para mim. - Eu não quero mais conversar. Vamos voltar.

— Espera. Escuta o que eu tenho para falar. Por favor. - peço e ele para de andar. Ste se vira e quando faz isso vejo que seus olhos já estão marejados. — Aqui - começo a dizer me aproximando dele novamente. - Nesse por do sol maravilhoso, faremos uma promessa.

— Do que você está falando?

— Se lembra da data da nossa formatura?

— Sim, 8 de julho, mas o que isso tem a ver?

— Então. Prometemos que nesse dia, 08 de julho, nesse mesmo horário. Daqui à um ano, nos veremos de novo. Aqui nesse lugar. - Espero pela resposta dele que vem de imediato.

— O quê? Isso é loucura, James. Você percebe o que está me dizendo?

— Sim, é um ano. A gente vive essa experiência separados e se for para ficarmos juntos, vamos ficar.

Eu disse para o meu pai que terminaria com Ste, e estou cumprindo essa promessa. Mas não contei a outra parte, a parte em que voltaríamos a nos ver depois de um ano separados. Decidi em Carolina do Sul que tinha que ser aqui, afinal foi um dos melhores momentos que passamos juntos.

— Você está falando sério. - Ele me observa, vendo que eu não estou brincando. - James, isso não é um filme. Somos reais. Isso não vai dar certo.

— Vai. Se fizermos isso juntos. - tento fazê-lo compreender o que eu estou pensando. - Ste, se eu for para Stevens e você me seguir eu vou me sentir culpado por ter tirado seu futuro. E você vai se sentir infeliz depois de algum tempo. Vamos acabar brigando e vai ser pior.

— E como você acha que isso pode dar certo? Um ano sem nos ver? E tirar meu futuro? - Ste se aproxima agarrando meus dois braços com força. - James, você é meu futuro.

— Onde você vai viver e com que dinheiro? Se você veio para cá e nem cartão próprio você tem para pagar! - Ele não entende as coisas. Como se sustentaria? Ele não sabe o que está dizendo.

— Eu posso arrumar alguma coisa. - tenta se justificar.

— Sem estudo?

— Eu posso estudar depois, arranjar um emprego honesto e depois... - percebo que ele nem tinha pensado nisso.

— Não. Eu não quero assim. Não quero que pare de estudar por causa de mim.

— Eu não quero ir para Yale, nunca quis - Ste grita. - Isso é uma decisão minha!

Abaixo a cabeça me sentindo mal. Tento não deixar as lágrimas caírem de novo. Eu preciso ser forte para convencê-lo de que estou certo.

— James, esquece isso. - pede ele me fazendo encará-lo. - Vamos voltar para o hotel, por favor.

— Ste, eu não vou esquecer, eu já decidi - digo, não conseguindo mais segurar a emoção.

— Por que você está fazendo isso, James? - Ste começa a tentar segurar a raiva junto com o choro na garganta. - Você sabe que eu não consigo ficar longe de você. Ainda mais depois do que aconteceu no baile.

— Essa é outra razão. Ste, isso não pode ser saudável. Você precisa aprender a viver a sua vida sem mim. Precisamos desse desafio. Só assim vamos saber se isso vai dar certo.

— Estava tudo tão bom. - Ele passa a mão no cabelo, que desde que estamos na viagem não tem mais o topete. - Por que você tinha que fazer isso?

— Eu já decidi. Só preciso saber se você vai estar comigo. - o faço olhar em meus olhos. - Eu te amo, Stephen. E quero realmente que dê certo. Mas você precisa tentar.

— E se você não voltar? - As lágrimas começam a ceder em seus olhos. - E se você encontrar outra pessoa? James, eu não vou aguentar te perder.

— Você vai ter que confiar em mim. - falo colocando a mão no seu peito, onde fica seu coração. - Eu estou com seu coração, lembra?

Ele começa a chorar depois que eu digo isso, me fazendo chorar também. Ste me abraça forte e nós dois ficamos um bom tempo assim, sentindo o aperto um do outro. Ouvindo o choro um do outro.

Nem preciso dizer que fizemos amor nessa noite. Eu sinto como se fosse nossa última vez, e Ste parece ter o mesmo sentimento.

— James, não faz isso, por favor - pede ele, depois que já estamos deitados juntos. Eu faço carinho no seu peito, enquanto olho em seus olhos. - Eu estou te pedindo. Eu não vou conseguir.

— No começo vai ser difícil, eu sei. Será para mim também. Mas depois vamos estudar e vamos nos ocupar. O ano vai passar rápido. Você vai ver.

Ste fica sério.

— Eu já disse para o meu pai que não vou para Yale, foi por isso que ele bloqueio meu cartão.

— Ste, volta atrás, por favor - suplico, ele não pode parar de estudar assim. - Yale é uma boa universidade.

— Eu não sei, James. Eu só quero ficar com você. Só isso. - As lágrimas começam a vir em seus olhos de novo.

— Nós vamos ficar juntos. - eu digo, me aproximando mais e limpando as suas lágrimas. Eu não quero chorar mais. - Pensa que se conseguirmos passar por isso, então vamos aguentar qualquer coisa depois. Vai ser bom para o nosso relacionamento. Vai nos fortalecer.

— O caso é que você está pensando no lado bom. Porque se você encontrar outra pessoa eu não sei...

— Ste, por que você insiste nisso? - pergunto. - Não confia no meu amor por você?

— Você não entende, né, James? É você. Você é maravilhoso. Qualquer pessoa iria querer uma oportunidade.

— Então eu vou dizer que meu coração já tem dono. Porque se eu estou com o seu coração, acho que você tem o direito de ficar com o meu.

Ele me beija. E percebo que vamos fazer de novo. Deito no colchão, puxando-o para mim.

— Não - diz ele de repente, parando de me beijar. Eu não deixaria que ele começasse com isso de novo. Vamos sim fazer amor pela última vez. - Eu quero que você faça. - continua me pegando de surpresa. - Quero que você faça dessa vez, James.

— Você tem certeza? - pergunto ainda não acreditando que ele tinha me pedido isso.

— Tenho. Se essa é nossa última vez eu quero te sentir de outra maneira.

Eu não sei o que pensar. Ste está confiando em mim desse jeito? Eu não sei o que dizer. Ele se afastado meu corpo e deita-se na cama de barriga para baixo e olha para meu rosto. Seguro firme na sua mão, que já está próxima a sua cabeça, então me ajeito por cima dele. E nos unimos, de um jeito que eu jamais vou esquecer.

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Alguns dos desenhos que fiz, mas não gostei tanto, para ter postado antes. Porém como é o último capítulo. Aí estão.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Pelo amor de Deus, comentemmm, gente. Por favor. Me digam o que acharam. O epilogo e não PROLOGO (faz não sei quantos capítulos que eu estava escrevendo errado e ninguém me corrigia U.U) , será postado na sexta-feira.

COMENTEM, PELO AMOR DE DEUS, É O ULTIMO CAPITULO.