Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 21
Relacionamentos familiares


Notas iniciais do capítulo

Gente, queria agradecer a compreensão de vocês sobre postar somente uma vez na semana. Vai ser toda sexta, okay? Espero que vocês continue comigo e que gostem ainda mais dos capítulos que estão por vir.

AVISO: Ponto de vista do Stephen DEPOIS do flashback.

Boa Leitura!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644679/chapter/21

Quando saio da casa da Evilyn já vai dar 18h00. Pensei muito e achei melhor ir até a casa de Nick. Saber logo o que ele quer. Me livrar dessa curiosidade que me consumiria se eu fosse direto para a minha casa e deitasse a cabeça no travesseiro.

Eu não estou com intenção nenhuma e espero não sentir, o que quer que seja que eu tenha sentindo da vez que nos beijamos, de novo. Eu amo o Stephen. E jamais o traria dessa maneira. Eu só lhe contei a verdade porque não acho justo não dizer, não depois de ele ter dito que me ama e tivesse suspeitado que algo tivesse acontecido entre Nick e eu, enquanto estávamos separados.

Dessa vez o porteiro interfona antes de eu subir e Nick atende. Fico mais aliviado, pegá-lo desprevenido de novo não é uma boa ideia.

— Que bom que você veio. - é a primeira coisa que Nick me diz ao abrir a porta. - Entro na casa dele. Aquele apartamento pequeno, com quase nenhum móvel. Eu não sei como ele consegue morar sozinho. Parece solitário. — Quer jantar? Acabei de fazer um miojo. - Nick ri. - Não tive tempo de cozinhar hoje.

— Não obrigado.

— Está melhor? - pergunta preocupado, me olhando com atenção. Ele deve estar se referindo ao choro nos seus braços, de algumas horas mais cedo.

— Estou sim. Foi só um momento - digo envergonhado.

— Entendo.

— Por que você me chamou aqui, Nick? - pergunto sem esperar mais, eu preciso saber.

— Senta - pede ele. E me sento no sofá esperando ele fazer o mesmo. – James, eu gostei muito de ter te conhecido. - começa Nick, e já começo a ficar nervoso. Onde será que essa conversa vai parar? - Eu realmente gostei de você. E não queria ir embora sem me despedir.

— Ir embora? - pergunto surpreso. Eu não esperava por isso.

— Sim. Finalmente surgiu uma oportunidade de trabalhar em algo que gosto. Ninguém ainda descobriu nenhum livro meu, mas quem sabe eu não tenha chance estando dentro de uma editora.

— Isso é incrível, Nick. - Ele vai embora? Uau. Mas por que não parece que eu estou completamente feliz por ele? — E quando você vai?

— Esse final de semana. - Fico espantado com a rapidez. - É eu sei, vai ser bem rápido. Acho que agora você entende por que eu quis que você viesse logo.

— Era o que você queria, né? Estou feliz por você. - tento demonstrar honestidade naquelas palavras. Mas realmente algo me incomoda.

— Eu queria te falar uma coisa também. - Presto atenção no que ele ai me dizer. - Eu vi que você ficou meio estranho depois do que aconteceu entre a gente. Não quero que fique pensando que fez algo errado, James. Foi só um beijo. Eu não devia ter feito, mas eu senti que você queria, por isso tomei a iniciativa. - Abaixei a cabeça. - Ou estou errado?

Ele não está errado. Eu quis. Mas também não sei por quê.

— Eu não sei o que aconteceu. - digo em voz baixa.

— Tudo bem, essas coisas acontecem. Acredite, não tem nada de errado com você. É normal. E eu sei que você ainda gosta do seu ex e talvez por conta disso você tenha ficado chateado, mas não fique mais.

Olho para os olhos dele. Nick é tão bonito e não só por fora. Sinto que ele está tentando me fazer sentir melhor pelo o que aconteceu.

— Tudo bem - digo tentando sorrir. - Eu vou sentir sua falta.

— Eu também.

Percebo que realmente sentirei sua falta. Falta das suas conversas, dos seus conselhos. De tudo.

— Posso te dar um abraço? - pergunto sem jeito.

— É claro que pode. - Nick sorri e se levanta. Faço o mesmo (muito sem jeito) e o abraço. Ele é  tão alto que seu queixo bate no alto da minha cabeça.

— Eu quero dizer que estou muito grato por ter te conhecido. - eu preciso dizer tudo. Eu não sei quando o veria de novo.

— Eu também.

— Você me ajudou muito, mesmo. - Me afasto para olhar para ele.

— Espero que um dia você também possa fazer o mesmo por outra pessoa. Somos iguais, James, temos que nos ajudar. Nos unir - Ele toca meu rosto. - Tenho certeza que você será muito feliz. Eu espero isso, de verdade.

Sorrio para ele. Eu tinha feito certo. Vir até ele, conversar, me despedir. Eu jamais me perdoaria senão tivesse feito isso. Stephen terá que compreender minhas atitudes.

Vou embora, não demoro muito na casa de Nick. Ele me promete enviar cartas antes de eu ir para a faculdade, assim que permanecesse em algum lugar fixo.

O ônibus demora, então chego em casa lá para às 20h00. O carro do meu pai está estacionado, e pela janela através da cortina, consigo ver uma luz, a televisão está ligava. Ele deve estar na sala. Entro de cabeça baixa, fechando a porta com cuidado. A luz está apagada, só a televisão ilumina tudo. Ele ainda não está falando comigo, então nem dou o prazer de desejar boa noite. Ele não me responderia mesmo. Passo reto e sou surpreendido com sua voz:

— Onde estava? - Olho para ele, mas meu pai está concentrado na televisão.

— Na casa da Evilyn. - minto como sempre faço. Evilyn é meu porto seguro.

— Precisamos conversar. - Fico surpreso com isso. Ele quer falar comigo? - Haverá uma nova regra nessa casa. Você irá para escola e da escola para a casa. Não quero você andando por aí. - ele me encara enquanto diz isso.

— Por quê? - Eu não consigo entender.

Meu pai se levanta e caminha até mim.

— Você acha que eu sou idiota, James? Eu liguei na casa da Evilyn e a mãe dela me disse que você saiu à duas horas atrás. Não creio que demore tudo isso para chegar até aqui. A casa dela não fica tão longe. Onde você estava?

Fico com medo de mentir. É como se ele soubesse se eu mentisse.

— Fui visitar um amigo.

— Um amigo? - sua pergunta é com repulsa. - Eu já deixei sua abuela avisada, não pense que não vou saber se você sair.

— E quanto aos meus estudos extras com a Evilyn depois da escola?

Ele não pode fazer isso, me trancar em casa. Eu preciso  estudar para a faculdade.

— Ela pode vir até aqui. Não tem problema nenhum. - Ele havia pensado em tudo. — Espero que você tenha entendido e que não me desobedeça. - E com isso ele volta para o sofá. Me deixando com o choro na garganta.

Eu não acredito que ele está fazendo isso comigo. Como eu faria para me encontrar com o Ste agora? Mas eu sei que é justamente isso que meu pai quer. Que eu não me encontre com ninguém.

***

O jogo começou e lá estava Stephen. No gol, vestido de vermelho com as luvas brancas. Ele estava concentrado, assim como todas às vezes que jogava.

Evilyn e eu acabamos ficando no meio da arquibancada. O fundo já estava lotado de gente e ela não quis ficar na frente. O lado esquerdo estava coberto por estudantes da escola Western. A torcida dos Khols. A maioria estavam de azul, a cor do time da escola deles.

Evilyn ainda estava fria comigo, mas eu sabia que aquilo ia passar. Ela só precisava de um tempo para esquecer que não contei a verdade desde o inicio.

Apesar de ainda estar chateado por tudo o que tinha acontecido na noite do Halloween, eu não podia olhar para Ste e não sentir alegria dentro de mim. Eu estava gostando dele de verdade, e tinha medo de não ser reciproco. Quer dizer, quando estávamos juntos era bom, muito bom, mas e se só fosse isso? Eu queria que ele sentisse algo também, não só atração.

O jogo já estava no segundo tempo. Os Manske estavam ganhando de 2x01, nossa escola estava radiante na torcida. Evilyn principalmente, ela ficava animada com essas coisas. Mais do que eu. Eu não entendia quase nada. Mas era divertido assistir e sentir aflição quando o time adversário estava com a posse de bola e pronto para atacar, e nessa hora eu sempre ficava mais nervoso, e isso é claro, por causa de Stephen. Ele era muito bom, mas já tinha deixado uma bola passar. Não pude deixar de perceber que ele estava nervoso por isso, ele não se permitia errar desse jeito.

Então o momento mais pavoroso chegou. Já estava para terminar o jogo. A voz do narrador ressoava através dos altos falantes dizendo que eram os minutos finais e que tudo dependia daquele pênalti para os Khols empatarem o jogo, e eu fiquei ainda mais nervoso. Ste estava concentrado. Ele não podia errar. Não podia.  O jogador dos Khols se preparou e chutou a bola, era como se a bola estivesse voando em câmera lenta até o gol.

"Stephen, pega essa bola". Era tudo o que eu consegui pensar, de pé, com as mãos unidas, me tremendo todo.

— "E ele pegouuuuuuuuuuuuuuuuuu" - gritou o narrador e todos da torcida de Herman foram a loucura.

Evilyn me abraçou com felicidade, pulando de alegria. Ela se afastou  depois viu o que fez. Então sorriu. Estávamos bem de novo.

Olhei de volta para o campo e lá estava Ste, comemorando com o time. Mike e outro garoto o lentaram nos ombros. A torcida gritava em coro. "Stephen Reece. Stephen Reece". Ste levantou a camiseta e fez aquilo que disse que faria. Apontou para a arquibancada e a torcida foi ao delírio.

No momento em que ele tinha me dito que faria isso, eu não tinha entendido e havia achado engraçado. Mas agora era diferente. Eu sabia que ele estava fazendo aquilo para mim. Ninguém jamais saberia o que aquilo quer dizer, mas eu sabia. E aquilo me deixou feliz.

***

Eu estou tão feliz. Parece que tudo está melhorando. Agora eu tenho James de novo e Amanda sabe de tudo e não vai contar para ninguém. Agora eu tenho com quem conversar.

Fico no meu quarto a tarde toda e resolvo estudar para a prova de matemática. Eu estou me matando nessas contas. Não sei como alguém nessa terra consegue resolver um problema como esse.

— Que merda é essa? X,Y, cadê a porra do número? Como vou resolver uma conta sem número?

James bem que podia estar aqui me ajudando. Se bem que não daria certo. Ao tê-lo aqui eu não ia conseguir me concentrar e acabaria fazendo outra coisa. E minha mãe está em casa hoje. Não tinha jeito, nem se eu quisesse.

Escuto alguém bater na porta do meu quarto. Vejo minha mãe quando olho para cima. A porta já estava aberta, ela só bateu para chamar a minha atenção.

— Oi. Posso falar com você? - Dou de ombros. Como se ela não fosse entrar mesmo se eu não quisesse. Minha mãe se senta e vê os livros na cama. — Que milagre te ver estudando.

— É, eu não quero repetir de novo.

— Faz bem. - Ela fica me observando e não é difícil descobrir que ela quer falar alguma coisa. - Filho. - Sou surpreendido quando ela alisa meu rosto com carinho. - Eu te amo. Você não tem ideia do quanto eu te amo.

— Acho que não tenho mesmo. - Não sou grosseiro, mas as palavras não soam doces.

— Você precisa entender o meu lado. Eu sempre sonhei com um futuro brilhante para você. Nos netos que você me daria. Na nora bonita que fosse me apresentar... É só que é difícil para mim.

— Eu só queria que você me aceitasse do jeito que eu sou, só isso.

Ela tira a mão do meu rosto. Está chateada, mas eu também estou.

— E eu te aceito. Você não está aqui? Comigo? - não quis responder essa pergunta. - Sabe qual é o maior medo de uma mãe? É ver seu filho morrer ou ser machucado. E só de pensar no quanto você irá sofrer eu fico apavorada. Eu não quero que você sofra, filho.

— Eu entendo. Mas sabe qual eu acho que é a maior felicidade de uma mãe? É ver seu filho feliz. E eu estou feliz, mãe. Eu só queria que vocês estivessem do meu lado. Por toda a minha vida vocês não tiveram lá, não nos momentos em que eu mais precisei de vocês. - Seguro na sua mão. - Então eu peço para que esteja agora. No momento em que eu mais preciso. Por favor.

Minha mãe já está ficando emocionada. Ela me abraça forte.

— Eu vou tentar. Eu prometo que eu vou.

Sinto seu abraço como algo diferente para mim. Ela nunca está presente. E momentos como este que acabamos de ter, são raros. Ela se afasta depois de alguns minutos.

— Seu pai ligou - Ela limpa os olhos. - Ele quer jantar com você hoje. - Está sendo difícil para ela me dizer isso. - Então se você for, se arrume logo, o carro vai passar para te pegar.

Meu pai quer me ver? Quer jantar comigo? Eu não sei o que tinha feito para que as coisas estivessem dando tão certo. Mas espero que elas continuem assim.

—-

Tomo banho rápido e me troco do jeito que meu pai gosta. Eu sei que ele me levaria para um desses restaurantes chiques, onde teriam empresários e celebridades, e se eu não fosse a caráter era capaz dele desistir do jantar.

A carona não demora para chegar. O carro estaciona em frente à minha casa. Pensei que encontraria meu pai dentro do carro, mas ele não está. Só mandou me buscar. Pensei que viesse pessoalmente, mas parece que esperei demais da parte dele.

Chego no restaurante depois de meia hora. Entro e arrumo a gravata borboleta. Eu já conheço esse restaurante. Meu pai havia nos trazido no último aniversário da minha mãe. Eles tinham discutido e estavam num clima ruim, então ele fez essa surpresa à ela. Me lembro de minha mãe ter ficado feliz com isso. Aquele lugar é belíssimo.

Vou direto até o balcão redondo ao lado do sofá de espero. Digo meu nome e o do meu pai para o atendente de uniforme sofisticado. Ele me indica a mesa que meu pai está me esperando. É perto da janela de vidro grande, quase ocupa a parede inteira, podendo ver a belíssima vista do lado de fora.

Enquanto caminho até a mesa consigo vê-lo de longe. Meu pai acena para mim, enquanto fala no telefone móvel. Ou celular, como ele dizia. Aquilo parece um trambolho de tão grande. É pesado, acredito que se acertasse a cabeça de alguém essa pessoa morreria na hora. Apesar disso eu queria ter um, mas ele não quis comprar para mim. Além de ser caro, ele disse que eu não precisaria. Ele mesmo só usa para negócios.

Meu pai me dá um abraço, ainda falando no telefone. Faz gesto para que eu me sente. Enquanto ele conversa no telefone, fico observando o lugar. Da última vez que estive aqui estava perto do Natal. Haviam luzes para todos os lados e uma árvore enorme no canto da parede. Agora não. Ainda têm luzes, mas são de abajures caríssimos e velas em cimas das mesas. Inclusive há uma na nossa. Tudo é de madeira escura, o que deixa a iluminação ainda mais bela.

— Tudo bom? - pergunta meu pai quando desliga o telefone.

— Sim. Fiquei feliz que me ligou.

— Eu disse que ligaria, não disse? Demorei um pouco porque as coisas estão a todo vapor na empresa. Mas estamos aqui agora.

Meu pai levanta a mão e imediatamente um garçom vem nos atender. Ele faz o pedido, o de sempre. E pede o que eu sempre gosto. Nosso pedido não demora para chegar. Comemos em silêncio por alguns minutos.

— Como anda os estudos? - pergunta ele de repente, depois que já estou me acostumando com o silêncio.

— Bem.

— Já começou a visitar as faculdades?

— Não. Na próxima semana.

— Ótimo. É claro que eu já conversei com o pessoal da Yale e eles vão te aceitar lá. Mas é sempre bom saber que outras Universidades te aceitariam.

De novo essa conversa. Meu pai quer que eu estude na mesma faculdade que ele estudou. Mas eu ainda nem sei o que quero fazer. Muito menos qual faculdade ir.

— Eu ainda não decidi qual faculdade eu quero fazer.

— Não precisa - ele sorri. - Eu já decidi por você. Direito é uma ótima opção e você pode me ajudar na empresa. Yale é uma das melhores desse país, e você vai se dar bem lá, filho. Acredite.

Eu não quero mais falar sobre o assunto ou acabaríamos brigando. E eu não quero brigar.

— Edward? - Alguém reconhece meu pai. Um homem velho e alto.

— Olá, William. Como vai? - Meu pai se levanta para que eles se cumprimentem. - Esse é Stephen, meu filho.

— Como vai? - pergunta o velho, quer dizer, William, gentilmente.

— Bem. - respondo e ele começam a falar de negócios. Não presto atenção depois disso. Só volto a comer minha comida, mesmo sendo falta de educação. Mas não é como se eles estivessem prestando atenção em mim.

— Vou te mandar tudo por e-mail então - diz William, se despedindo.

— Okay. Tchau. - Meu pai volta a se sentar.

— O que é email? - pergunto curioso.

— E-mail. É uma especie de correio eletrônico feita no computador. Você saberia disso se se importasse mais com a empresa. Não é algo tão novo, mas as pessoas só estão tendo conhecimento agora.

Finjo achar interessante esse tal de e-mail. Quem sabe assim ele não pare com essa conversa chata.

— Esse é o William, ele é bem próximo dos criadores da Microsoft e me contou várias coisas que podem nos ajudar a nos unir à eles. As coisas andam bem na empresa...

Por quê? Por que ele tem que começar a falar disso? Pensei que fossemos conversar sobre a gente. Sobre nossa relação.

— Pai, sobre a faculdade...

— Já conversamos, Stephen. - ele me interrompe. - Você já repetiu um ano, não está com moral para dizer qualquer coisa. Estou dando um duro danado para que você seja aceito nessa faculdade. - Ele fica irritado. Eu não digo mais nada. Não adiantaria de todo modo. Ele já está decidido.

— Então, e as garotas?

— Garotas? - pergunto em tom de sarcasmo.

— Sim, namoradas - ele me encara.

— Você quer dizer namorados? - pergunto ainda usando o mesmo tom de antes.

— É melhor não me desafiar aqui, Stephen - ele não fala alto, mas suas palavras não são menos rudes. Ele está com os olhos frios de raiva.

— Senhores - O mesmo garçom que nos atendeu antes interrompe nosso desafio de encarar, por mais tempo, um ao outro sem dizer nada. - Uma mensagem daquela moça.

Ele entrega um papel para mim e depois aponta para uma mulher morena elegante e bonita do outro lado, sentada sozinha na mesa. Ela está me encarando descaradamente. Abro o papel e leio a mensagem. O garçom vai embora.

"Oi, te achei uma graça, que tal conversarmos um pouco?"

— O que está escrito? - pergunta meu pai e tira o papel da minha mão. - Deixe-me ver - Ele lê. - Uau. Vá falar com ela.

— Não obrigado. Eu já tenho namorado. - Eu quero contar para ele sobre James, mas parece que é uma má ideia.

— Como assim já tem namorado? - pergunta ele com raiva.

Eu estou começando a ficar raiva. Cravo o garfo com força na comida e ouço o barulho que faz ao atingir o prato com força. Então algo vem em minha mente.

— Espera. Isso é tudo uma armação, né? Esse jantar, a garota. - Meu pai tenta disfarçar, mas eu já tinha sacado tudo. É tudo um teatro para me fazer sair com uma mulher. — E eu pensando que você quisesse me ver.

— Eu quero te ver. Você acha que não sinto falta do meu filho? Você está perdido, Stephen. Deus me livre. Quando foi a última vez que transou com uma garota?

— Com licença - me levanto. Isso é de mais. Eu não vou aguentar passar por isso.

— Não se atreva a sair daqui. - diz meu pai com o tom baixo, mas desafiador. - Senta, agora.

— E se eu sair? - O desafio.

— Eu acho que você quer ir para faculdade, eu acho que você quer continuar recebendo sua mesada. - sua voz ainda é baixa. - Então senta. E sorria quando ela estiver aqui.

— O quê? - pergunto tarde demais, a garota já está na nossa frente.

— Olá - diz ela abrindo um sorriso. Não respondo, apenas me sento derrotado.

— Oi. - diz meu pai.

— Posso me sentar? - pede ela com uma certa timidez. Que bela atriz meu pai arranjou.

— É claro. - Meu pai estica o braço para que ela possa se juntar a nós. Ele se levanta e me encara para que eu faça o mesmo. Continuo sentado. Ele puxa a cadeira da outra ponta da mesa que não há ninguém e ela se acomoda perto de mim.

— Como é o seu nome? - pergunta ela me encarando com um sorriso. Seus olhos são pretos e os cabelos lisos, armados com a escova.

— Como se você não soubesse. - respondo sorrindo ironicamente. Eu quero saber quanto o meu pai havia pagado para ela fazer isso.

— Stephen, seja educado, por favor. - pede meu pai, com aquele olhar que me lançou antes dela se aproximar.

Ele quer brincar? Então vamos brincar. Me aproximo do rosto dela, e digo no seu ouvido, tão baixo que só ela podere ouvir:

— Eu sou gay. Eu não transo com garotas. Se você puder fazer o favor de se levantar e ir embora, eu agradeceria. - Me afasto sorrindo para ela. Ela fica chocada, mas ainda tem um sorriso no rosto. Então dá  de ombros e se levanta. Meu pai não entende nada.

— O que você falou para ela? - pergunta ele zangado.

— Nada - respondo sorrindo.

— Stephen.

— Nada. A não ser a verdade. - então volto a comer minha comida. Sabendo que a noite será longa.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Então o que acharam? Estou tentando seguir o conselhos de vocês e colocando mais detalhe nos cenários. Espero que esteja bom, porque é uma parte que me dá preguiça demais, mas estou fazendo para agradar vocês.

Eu sei que não teve (mais uma vez) o casal juntos, mas prometo que no próximo eles vão se falar.

Beijos e até sexta que vem s2



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Mais Um Dia Em Segredo" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.