Mais Um Dia Em Segredo escrita por LaisaMiranda


Capítulo 20
Amizade


Notas iniciais do capítulo

Pensei que não ia conseguir postar hoje. Lembra quando eu disse que meu pc estava com problema? Pois é, hoje ele não ligou a tarde toda. Tive que esperar minha irmã chegar =/

Leiam o que vou escrever nas notas finais, okay?

AVISO: ponto de vista do Stephen DEPOIS do flashback

Boa Leitura.



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— O que você acha que eu devo fazer?

Faço a pergunta para Evilyn depois que conto tudo o que aconteceu. Fui direto para a casa dela. Tínhamos combinado de estudar, mas não consigo segurar o que tinha acontecido por muito tempo. Não dei detalhes da conversa com a minha mãe, mas ela entende que não tinha sido boa. Depois disso lhe contei o que aconteceu com o Nick, que ele pediu para que eu fosse até a casa dele.

— Devo ir até lá mesmo com Stephen desaprovando?

— Bom eu não vejo nada demais. Nick é seu amigo. Se você não for com intenção de fazer nada eu não vejo problema. - Eu não tenho intenção de fazer nada. Não tenho. Mas não posso negar que fiquei curioso para saber o que ele quer me dizer. — Ou você tem intenção? - Evilyn pergunta me encarando, depois de eu ficar pensando a respeito e não responder.

— Quê? Não. Eu amo o Ste.

— Uauuu. Sério? - Evilyn fica surpresa com minha revelação. Eu ainda não tinha tido tempo para lhe dizer o que tinha acontecido com Stephen.

— Sim, eu até já disse isso para ele.

— Sério? E ele disse de volta?

— Na verdade ele me disse primeiro. 

— Agora fiquei chocada. - Evilyn arregala os olhos.

— Você nunca acreditou que ele pudesse gostar de mim, né?

— Por ele. Não por você. Qualquer pessoa poderia te amar, James.

— Menos a minha mãe. - Não consigo evitar pensar nisso. Eu acho muito difícil ela ter algum tipo de sentimento por mim.

— A conversa não foi boa então.

— Eu não quero falar sobre isso agora. - Eu não quero nem mais pensar nela. Mas é inevitável.

— É melhor voltarmos para a redação. Temos um caminho longo pela frente. - Evilyn está certa. Precisamos focar nos nossos estudos. A faculdade é o mais importante agora. — Eu ainda não acredito que você disse que ama ele.

— Eu pensei que fossemos estudar.

— É só que... - Evilyn larga o lápis da mão e coloca o caderno de lado. - Como você sabe? Como tem certeza que o ama?

— Não sei. Não acho que ninguém consiga descrever isso. Quando acontecer com você, você saberá. - Evilyn abaixa a cabeça desapontada. — O que foi?

— Nada, é só que... Eu não acho que com o Sam vai dar certo.

— Por quê?

— James, ele está me pressionando para fazer aquilo. Mas eu não me sinto a vontade. Eu não sei. Pensei que fosse ser diferente. Eu meio que não sinto nada como ele me beija. Não é ruim, mas... Eu não sinto aquilo, sabe? Aquilo para me deixar louca. Para me fazer jogar em seus braços.

— Sei. - Eu realmente entendo o que ela quer dizer. Aquele arrepio. Aquela sensação boa que só um beijo pode proporcionar.

— E outra, ele não gosta de você.

— Mas isso não precisa ser um problema. - digo, mais para animá-la, mas eu não penso mesmo isso.

— Não sei, talvez eu me espelhei muito em você e no Stephen. Quer dizer, você nunca me deu detalhes, mas... eu vejo o modo como você fala dele. E parece que ele gosta mesmo de você.

— Evilyn, com cada pessoa é diferente. Talvez vocês ainda não se conheceram direito. Dê um tempo, vai que as coisas melhoram.

Eu sei que Sam não gosta de mim e que provavelmente ele nunca gostará. Mas eu não posso deixar que isso interfira na relação de Evilyn. E se algo pudesse surgir mais lá na frente, que ela tivesse meu apoio. Eu sempre tive o dela. Não é justo que fosse diferente.

— Não sei. Quem sabe o amor da minha vida não está em Stevens? - Stevens é a Universidade Tecnológica onde sonhamos entrar desde crianças. Ela fica no estado de Nova Jersey. Eu quero estudar ciências, enquanto Evilyn escolheu direito. — Afinal, todo mundo sabe que namoro de colegial nunca vai para frente.

Eu não tinha pensado nisso. Eu ainda não sei que faculdade Stephen deseja fazer, mas não creio que ele vá escolher a mesma que eu. Eu ainda nem sei se vou conseguir ser aceito. Há outras opções, é claro, mas é Stevens que eu desejo.

***

Herman estava animada hoje. O dia do jogo dos Mankse contra os Khols finalmente tinha chegado e todos estavam ansiosos. Menos eu. Depois de escutar no Halloween o que Mike tinha dito, na verdade o que ele tinha repetido, das coisas que ouviu de Stephen, tinha mexido comigo. Será mesmo que eu era só "umazinha" sem importância?

— James? - gritou Evilyn enquanto me puxava entre a multidão que se espremia no corredor que dava para o campo de futebol. - Anda, eu quero escolher um lugar bom na arquibancada. 

Fiquei aliviado quando finalmente chegamos no campo. Evilyn olhava atenta para a arquibancada que já estava ficando cheia de pessoas. 

— Vamos. Eu quero ficar lá no alto. - Evilyn olhou para mim e tentei disfarçar. Eu não queria estar ali. Estava chateado demais para fazer qualquer coisa. — O que foi?

— Nada - Disfarcei voltando a andar e ela me fez parar.

— Não vem não. Você está estranho desde o Halloween. O que aconteceu?

— Não aconteceu nada. - Tentei passar por ela, mas ela me impediu.

— Aconteceu. E você vai me dizer. Agora.

Eu ainda não tinha contado para Evilyn. Sobre nada. Sobre essa relação com Ste. E isso estava me fazendo mal.

— Depois eu te conto.

— Não. Você vai me contar agora.

— Mas e o jogo? Você não quer assistir?

— Dá tempo. Vem. - Evilyn me puxou de novo, indo em direção do corredor novamente. Tivemos dificuldades para passar entre as pessoas que vinham em contra a mão. Mas finalmente quando chegamos no final, onde já estava com menos pessoas, ela me parou. - Pode me dizer, estou escutando.

Eu não tinha mais como fugir. Precisava contar a verdade. Pelo menos a metade dela.

— Eu estou saindo com uma pessoa.

— Com um garoto você quer dizer. - Evilyn ficou chocada. - Eu não acredito. E quando você ia me dizer isso? - Não consegui responder. Primeiro porque fiquei supreso com a reação dela. Evilyn sempre soube que eu era gay, mas nunca tínhamos conversado sobre garotos dessa maneira. Eu nunca tinha ficado com nenhum cara e ela sabia disso.  — Quanto tempo faz?

— Algum tempo. - disse sem olhar nos olhos dela.

— Quanto, James? Eu quero números. Não acredito que você não me contou isso. Eu pensei que eu fosse sua amiga.

— E é. Eu só não... podia. - Eu sabia que qualquer justificativa que eu desse não a faria ficar menos magoada comigo.

— E quem é ele? - Evilyn ficou esperando minha resposta.

— Não posso dizer.

— É claro que não pode. - ela estava desapontada comigo. E tinha todo o direito. Não tinha nada que eu pudesse fazer para mudar isso. Mesmo se eu dissesse que era Stephen.

— Desculpa.

— Eu não quero suas desculpas. Poxa, James. Uma coisa dessas acontece com você. Você está saindo com alguém e eu não sabia? Essas coisas, como primeiro beijo, primeiro namorado, a gente conta para os melhores amigos, você sabia disso? Por que escondeu isso de mim?

— Não sei. Me desculpa, Evilyn. Eu fiquei com medo. Por ele.

— Ele. Que eu não posso nem saber quem é.

Eu não sabia mais o que dizer. Sabia que estava errado, sempre soube.

— Eu nunca contaria para ninguém. Eu já contei sobre seu segredo? Não. Nunca. Porque eu sou sua amiga. Você não precisava me dizer quem era ele. Mas eu queria saber a razão de você estar feliz, ou triste, ou o que quer que seja. É para isso que eu estou aqui.

— Eu sei. - Não consegui mais encará-la.

— Precisamos voltar. Ou vamos perder o jogo - ela disse isso com indiferença. Era a forma de me punir. E eu odiava quando ela fazia isso. Era pior do que não falar comigo.

***

— Obrigada por ter ficado aqui para me ajudar, Stephen. - diz Amanda - Eu não conseguiria terminar tudo isso sozinha.

Estamos em Herman ainda. Ela pediu minha ajuda com os ingressos do Baile. Desde o final da última aula estamos aqui. Trancados numa sala. Recortando e recortando os ingressos para serem vendidos na outra semana.

— Não tem problema.

Estou tentando seguir o conselho de James. Ele quer que eu me aproxime para não levantar suspeitas. E é o que eu estou tentando fazer. Amanda me pediu ajuda e não vi razões para não aceitar. Porém apesar de estarmos bem afastados um do outro (pois ela está sentada na cadeira do professor e eu em uma das dos alunos), Amanda não para de me observar em silêncio. Tentando disfarçar, mas eu sei que ela está me encarando.

— Você já votou no Rei e na Rainha?

— Sim. Somos obrigados, né? - respondo indiferente.

— Eu acho que você vai ganhar esse ano. Você é novo na escola. Isso chama atenção.

Eu sinto que ela está enrolando para me dizer alguma coisa. E seja lá qual for, eu tenho a sensação que não quero escutar.

— Tomara que não.

— Você não quer ser o Rei? Todo mundo quer.

— Bem, eu não sou todo mundo. - Amanda abaixa a cabeça constrangida. Eu não queria ser rude, mas parece que ela está tentando me provocar. — E quanto a você? - Tento puxar assunto, quem sabe assim ela não tira essa cara de cachorro abandonado. - Você quer ser a Rainha?

— Estaria mentindo se dissesse que não. Mas eu tenho uma forte concorrente.

— Michele. - menciono e ela concorda.

— Então, por que está ajudando ela? Pensei que vocês não se dessem bem. Você também faz parte do comitê?

— Não. Mas ela me pediu. E quase ninguém está interessado em ajudar. Eu quero que esse Baile seja perfeito. Então pensei em deixar as diferenças de lado, pelo menos por enquanto.

Eu acho engraçado esse ponto de vista dela. Mas não posso negar que todas as garotas devem pensar o mesmo.

— Então tomara que você consiga o que você quer. - Eu não quero dizer, mas eu votei nela.

— Você... - Amanda demora para falar. - Você já tem alguma ideia de com quem vai? - Amanda para de me olhar, fingindo estar entretida na tesoura e papel na sua frente. Ela está tentando saber se eu já havia convidado alguém, ou se tinha planos de quem chamar. Talvez quisesse que eu fosse com ela.

— Não. Não estou pensando muito nisso. Sabe, para você esse lance de Baile pode ser especial, mas para mim não. Eu já participei de um, ano passado no meu antigo colégio, e vou ter que passar por isso de novo, já que eu repeti o ano. Não é grande coisa.

— Você ganhou na sua antiga escola?

— Não. Felizmente.

Voltamos a ficar quietos, só escutando o som das tesouras quando cortavam os papeis. Noto ela me observando de novo. Aquilo está me deixando nos nervos.

— Terminei. - digo enfim. Ela levanta vindo checar.

— Nossa. Você foi rápido.

— Minhas mãos estão doloridas.

Amanda ajunta os ingressos cortados enquanto eu tiro os restos para jogar no lixo. Me levanto indo até a lixeira, quando me viro em direção à ela, Amanda está com dois ingressos estendidos na mão.

— Para você. Não precisa comprar. Assim pode convidar quem você deseja.

Me aproximo segurando os ingressos, olho para ela tentando entender por que ela está fazendo isso. É uma jogada para que eu a convide?

— Pensei que fosse preciso do dinheiro dos ingressos para realizar o Baile.

— Sim. Mas dois ingressos não vão fazer diferença.

Amanda continua me observando. Daquele jeito estranho. Eu não consigo imaginar o que ela está pensando. É mais do que um desejo de ser convidada para o Baile.

— Não precisa. Se eu quiser eu compro. Não decidi se vou ainda. - Devolvo os ingressos.

— E por que não iria?

Me afasto para pegar minha mochila.

— Não sei. - digo tentando evitar qualquer outro tipo de resposta. Ela está cheias de perguntas. - Você vai precisar de mim ainda?

— Não. - ela continua me encarando.

— O que foi? - pergunto, sem ter mais paciência.

— Eu não consigo. - Amanda olha para baixo.

— Não consegue o que?

— Eu não consigo fingir que eu não sei de nada. - Que não sabe de nada? O que isso quer dizer?

— Do que você está falando?

Amanda respira fundo antes de voltar a olhar nos meus olhos.

— Eu sei que você é gay, Stephen. - Ela não está me acusando. Ou perguntando. Ela está sendo direta. Não há duvidas nas suas palavras. Fico nervoso. Como ela sabe sobre isso? — Eu tentei. Tentei não acreditar. Achei que fosse coisa da minha cabeça. Mas... Não é.

Amanda parece chateada. Não está chocada, é como se já tivesse se conformado com isso.

— Como você soube? - pergunto sem enrolar. Ela já sabe a verdade, eu não tenho que ficar tentando fingir que eu não sou.

— Eu segui você por Herman. Eu estava te achando estranho e realmente pensei que você tivesse com problemas em casa. Então eu vi você conversando com aquela amiga do Farley. Por um momento eu pensei que você estivesse saindo com ela. Mas então eu te segui até o antigo banheiro... E foi o James que entrou, não ela.

Eu não sei o que dizer, o que fazer. Ela sabe. E agora?

— E o que você vai fazer?

— Como assim? - Amanda realmente parece não ter entendido a minha pergunta.

— Você vai me expor, igual fez com o James? E por causa disso ele foi espancado. Quase morreu... - começo a alterar a voz sem perceber ao relembrar o que aconteceu com meu namorado.

— Não. E eu não sabia que o Mike ia reagir daquela maneira. - Amanda se defende. Como se não tivesse tido culpa também.

— Então se você soubesse o que iria acontecer não teria agido daquele jeito?

— Não sei. Eu não sei. - Ela simplesmente balança a cabeça e seus olhos começam a se encher de água. Mas eu não vou me enganar por isso. Ela pode estar fingindo. A verdade é que eu não tenho a minima ideia do que ela pode fazer com essa informação.

— O que você vai querer?

— Quê? - ela não acredita que eu disse isso.

— Não se faça de besta, Amanda. Você vem com esse papinho de Baile e depois me diz isso? O que você quer? - Só pode ser isso. Ela quer alguma coisa. Ela quer um par. Ser a maldita Rainha desse Baile de formatura.

— Você é um idiota mesmo. Não importa se sãos gays ou não. Homem é tudo igual. Tudo cego. Não enxerga nada. Só o que quer ver. - Ela ficou ofendida. Eu não consigo entender. O que ela quer me dizendo tudo isso então? Amanda limpa rapidamente a lágrima que escorre por seu rosto. — Eu não vou ficar aqui e me humilhar mais.

Ela se vira e caminha até a mesa. Começa a jogar tudo que está em cima da mesa dentro da bolsa.

— Espera. - me apresso, antes que ela possa sair da sala. Ela quer alguma coisa. Não é possível. Por que mais ela jogaria que sou gay, assim, na minha cara? - Me fala o que você quer?

Dessa vez tento ser menos agressivo. Eu só quero saber o que eu poderia fazer para ela não dizer nada. Eu sei que tinha dito para James que não me importo mais com isso, mas a verdade é que eu ainda tenho medo. E acho que percebi isso agora.

Amanda se aproxima de mim. Tanto que teve que olhar para cima.

— Eu quero você. Eu gosto de você, droga. Mas do que isso adianta? Eu descobri a única coisa que me faz saber que você nunca será meu.

Eu não esperava por isso. Eu esperava por tudo, menos por isso.

— Desculpa. - é só o que eu consigo dizer. Ficamos nos encarando por alguns minutos. Eu nunca tinha visto Amanda tão vulnerável. — Eu não escolhi ser assim. - começo dizendo com a voz baixa.

— Eu sei. E eu não vou contar para ninguém. - Ela abaixa a cabeça. - Eu não suportaria que te machucassem. Amanda sai da sala, me deixando sozinho.

Eu podia confiar nela? Acho que sim. Eu não sinto o contrario disso. Eu preciso fazer alguma coisa. Saio correndo e a alcanço no final do corredor.

— Amanda! Espera! - Ela se vira me encarando. — Será que a gente pode conversar?

— Eu já disse que não vou contar para ninguém, Stephen. Pode ficar tranquilo.

— Não. Não é isso.  - respiro fundo. - Eu nunca falei com mais ninguém sobre isso a não ser com o James. Será que a gente não pode conversar? Como amigos?

Amanda fica me observando e espero, parece uma vida, para que ela volte a falar.

— Tudo bem.

Voltamos para a sala de aula. Nos sentamos mais perto um do outro dessa vez. Fico observando ela, sem falar nada. É como se não soubesse por onde começar. Amanda também não diz nada por um tempo. Então ficamos em silêncio, apenas olhando um para o outro.

— Eu não entendo. - começa ela finalmente. - Como você percebeu que era...? Quer dizer, você tem certeza?

— Tenho. - digo com firmeza.

— Como? É por causa do sexo? Nem uma mulher estava te dando prazer o suficiente? - Amanda parece envergonhada por perguntar isso. É até estranho, já que ela nunca teve receios em falar sobre sexo.

— Não. Não tem nada a ver com isso. Ou talvez tenha, não sei. É diferente com ele.

Amanda abaixa a cabeça. Eu não devia ter dito a última parte.

— Como foi que você percebeu que gostava...? Desculpa. Eu ainda não consigo dizer.

— Tudo bem - solto um riso nervoso. Ela me olha nos olhos. - Eu sempre soube. Não sempre, mas quando chegou naquela idade onde começamos a aprender as coisas... você sabe. - Não era como se eu precisasse ser mais especifico, ela entenderia. - Eu percebi que me sentia melhor quando pensava nos homens. Mas eu não queria ser diferente de ninguém, então me convenci de que isso era errado, por conta dos meus amigos, e comecei a fazer o que pensei ser o certo. Sair com garotas.

— Era por isso que você nunca ficava muito tempo com ninguém.

— Eu não queria iludir nenhuma menina. O sexo era bom, mas só era prazer. Lá dentro eu não sentia nada. Então eu conheci o James e... Eu tive certeza.

— Como você e ele...? Foi quando eu contei para todo mundo?

— Não. A gente já estava junto.

— Ah... - Percebo que está sendo difícil para ela escutar tudo isso. Mas é tão aliviante para mim. Contar isso para alguém. Para uma pessoa que não tem ideia do que eu passo.

Amanda não pergunta mais nada. Eu também não sei o que dizer. Então ficamos em silêncio por mais alguns minutos. Até ela voltar a falar de novo:

— Nós... Nós tivemos uma coisa. A gente... Você sabe. - ela não consegue olhar para mim.

— Foi bom. - ela me encara. - Era o que você queria saber?

— Não. Também.

Isso é tão constrangedor. Eu não sei o que ela quer me perguntar. Resolvo esperar.

— Nós fizemos duas vezes. Você estava com ele na época?

Então é isso.

— Não. Depois que me envolvi com James eu não transei com mais ninguém. - Ela assente. — Você tem mais alguma pergunta?

— Não. Pelos menos não consigo pensar em nada agora. E você? Quer dizer alguma coisa? Você queria conversar.

— Eu não sou muito bom nisso - Solto outra risada nervosa. - Você me acha estranho? Quer dizer. Agora que você sabe?

— Estranho não. Eu olho para você e não consigo imaginar... Você não parece afeminado ou... Não parece que você é. Mesmo depois do que você me disse. É estranho pensar em você assim.

— Você acha que o Mike terá a mesma reação que teve com o James quando descobrir a verdade?

— Não sei. Mas você não devia contar, Stephen. - Amanda parece ansiosa quanto a isso.

Abaixo minha cabeça quando volto a falar:

— Quase a minha vida inteira eu tive medo disso. De ser quem eu sou. E quando eu estou com ele eu não sinto vergonha. Não parece errado. Não parece estranho. Eu só queria que as pessoas pensassem assim também. Eu sei que é difícil. Mas já é difícil com a minha própria família, eu só não queria sofrer com a sociedade também.

Amanda me observa por alguns segundos.

— Eu sempre me perguntei por que eu gostava de você. Agora acho que eu já sei porque.

Seguro na sua mão.

— Obrigado por não contar para ninguém. Acho que ainda não estou preparado para isso.

Ela sorri com a boca fechada. Seus olhos ainda são estranhos ao descobrir tudo o que falei, mas não vejo como se ela estivesse me julgando. Talvez ela esteja se pondo no meu lugar.


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Notas finais do capítulo

Gente, eu li com pressa com medo do pc desligar de novo, então pode ser que tenha erros, depois eu concerto.

Só quero dar um recadinho. Estou pensando em postar a fic uma vez na semana. Fica mais fácil para mim, para escrever e tudo mais. Sem contar que acho que a fanfic pode demorar mais tempo para acabar se eu postar uma vez de vez duas na semana. O que vocês acham? Realmente ia facilitar para mim. Me falem o que vocês acham nos comentários okay? Sexta feira eu ainda posto.

Até sexta então.