Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 40
+++Extra Oficial++++


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente, tenho novidades e quero dividir com vocês por que tô beeeeeem animada...
Hoje eu recebi uma proposta de ter uma das minhas histórias transformadas em ebook AHHHHHHHH SIM TO PIRANDO, tinha que contar ne?
Enfim, é a história que eu tinha começado a postar aqui, então tive que apagar por motivos obvios né
Mas enfim, como eu AMO escrever e AMO vocês por me inspirarem (awn como sou fofa né) eu remexi aqui nos meus projetos e achei uma história que comecei e sou bem apaixonadinha por ela, então, vou botar um pedacinha dela aqui e gostaria muito que se puderem, vocês comentem o que acharam, pode ser???? (Espero que sim)
E não se preocupem, até sexta teremos um capitulo novo da familia EverdeenMellark, okay? Comentem, por favorzinho, vocês me ajudam e me deixam feliz demais quando fazem isso... Enfim, é isso pessoal, espero que gostem...



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O sol já está se pondo quando saímos do casarão, paro na frente do carro observando o lugar mais uma vez, parece uma pintura, um sítio antigo e muito bem cuidado. É impressionante como eu amo esse lugar.
Felipe abre a porta do carro pra mim e mais uma vez eu me lembro de como sou sortuda.
— Além de lindo ainda é cavalheiro – ele ri, aquele sorriso que me fascina, eu me aproximo e o beijo, entro no carro e coloco o cinto imediatamente, já que passei toda minha vida ouvindo meu pai dizer a importância do cinto de segurança, ele é medico e atende em emergências, então eu cresci com todas as recomendações possíveis, observo enquanto Lipe atravessa na frente do carro, um sorriso aparece no meu rosto, ele é tão lindo, a pele cor de chocolate, os olhos verdes, o cabelo cortado a maquina e o corp malhado, graças as horas que ele tem dedicado a academia, agradeço mentalmente por isso, ele entra no carro e também coloca o cinto, então percebe meu olhar nele, ele ri e se inclina me beijando, mas não deixa avançar muito.
— Acho que a gente chega com um bom tempo no centro – ele fala empolgado, eu forço um sorriso tentando parecer pelo menos um pouco animada mas sem sucesso e ele me conhece bem demais pra não perceber, afinal, são quase 5 anos de namoro, conhecemos um ao outro de um jeito as vezes assustador.
— Você tá estranha desde a hora que começamos a arrumar as coisas – ele constata enquanto liga o carro, me olha esperando que eu fale, mas dou de ombros e olho pela janela do carro, aceno um adeus para os avós dele que estão nos olhando da varanda do casarão e então o carro se afasta – Ainda estou esperando... – solto o ar angustiada.
— Eu não queria ir – confesso e continuo olhando as arvores que passam pela estrada de terra.
— Você era a mais animada até... Ontem. O que aconteceu? – eu dou de ombros, por que realmente não sei o que aconteceu, eu simplesmente não quero ir, alguma coisa, um sentimento estranho, não sei explicar, essa é a festa dos aprovados da Universidade Federal, nós passamos depois de um ano estudando pra isso e eu estou realmente feliz por termos conseguido e ainda iremos estudar na mesma Universidade, é incrível, inclusive fiz parte da equipe que preparou as coisas pra festa, vai ser numa balada no centro e praticamente todo pessoal que estudava com a gente no cursinho vai estar lá, eu passei em Direito, Lipe em Medicina, sem falar dos nossos melhores amigos que também passaram, Lia para Psicologia, Bruno para Educação Física, Lia é minha melhor amiga e Bruno, o melhor amigo do Felipe, como se já não bastasse eles também namoram, fazemos um belo grupo e todos estão animados com a festa, ou pelo menos eu estava, até hoje de manhã, por mim ficaríamos no casarão.
 Sinto a mão dele na minha e olho pra ele, seu olhar está preocupado.
— Você não quer ir? A gente não vai então – ele fala e mesmo tentada a aceitar, sei que ele sim está muito empolgado com isso.
— Não, é... Acho que tô ficando velha, só isso! Nós vamos sim – forço o melhor sorriso que consigo, ele também sorri e volta a atenção para a estrada, mesmo tendo concordado ainda sinto essa sensação estranha e prefiro ficar quieta apenas olhando a paisagem, até que meu celular toca, olho o visor e sorrio, o nome “MEU GOSTOSO”, pisca insistente, é o Vinny, ele é sem duvida meu melhor amigo, mas infelizmente está morando em outro estado, há quatro anos, e sinto tanto a falta dele que as vezes dói - Gostoso!!!!! – atendo e Lipe já ri sabendo de quem se trata, ele nunca teve ciúmes de nós dois por que sabe que somos praticamente irmãos, conheço o Vinny há 16 anos, então é praticamente minha vida toda.
— Delícia – ele fala rindo do outro lado – Já tá se arrumando?
— Estamos saindo do casarão agora!
— E vai conseguir ficar bonitinha com tão pouco tempo?
— Vou me esforçar!
— Só liguei por que vou sair agora e queria desejar boa festa pra você!
— Ooown, sendo fofo, que lindo – implico com ele.
— Eu sou fofo sim, vou te mostrar minha fofura qualquer dia – ele fala com ironia.
— Tchau – falo rindo e desligamos.
— Pensei em passar em algum lugar pra comer antes, por que tô cheio de fome, só vou chegar em casa e me arrumar – Lipe sugere e eu dou de ombros, ele me olha mas volta a atenção pra estrada – Você tá estranha – ele fala e eu tento me controlar, forço um sorriso e me viro pra ele, meus dedos passam pela lateral do seu rosto.
— Desculpa... Tudo bem, vamos comer antes – falo forçando o máximo de animação que consigo, ele me olha desconfiado – É sério, eu também tô morrendo de fome, muita, muita, muita – falo realmente mais animada, me inclino e beijo a bochecha dele varias vezes, ele me olha e sorri, então contrariando todas as instruções de segurança do meu pai, eu beijo seu pescoço, ele sempre gosta disso, ri mas tenta se esquivar, eu sorrio e volto a passar meu nariz pelo caminho até sua orelha, seu perfume é amadeirado e eu fecho os olhos inspirando o que pra mim é o melhor cheiro do mundo, e então meu corpo é jogado pra frente com tanta força que dói cada pedaço dele, o barulho é estrondoso, bato minha cabeça em alguma coisa e a dor me faz gritar, sinto meu braço queimar de dor e tudo está de cabeça pra baixo, vidros, roupas, nossas mochilas, tudo está rolando junto com a gente, eu tento colocar as coisas em ordem, focalizar alguma coisa, dar sentido a essa cena completamente sem sentido, mas só encontro os olhos do Lipe assustados e vejo sangue descendo da sua testa, muito sangue, escorrendo da sua cabeça, pela sua testa, entre seus olhos, entro em pânico e tento tocar nele mas ainda viramos de cabeça pra baixo mais duas vezes, quando tudo para estamos ainda de cabeça pra baixo, minha cabeça dói, uma dor enlouquecedora, assim como cada parte do meu corpo, respirar nunca foi tão difícil, o cinto aperta meu pescoço e dificulta ainda mais minha respiração, sem pensar nas consequências eu me solto do cinto, caio no chão batendo minha cabeça de novo, acima de mim Lipe ainda está suspenso e preso, tento me mover e sinto uma dor absurda na nuca, como se alguma coisa estivesse se enfiando dentro da minha cabeça, meu braço e minha barriga queimam, passo a mão e ela se enche de sangue.
— Dani... – a voz é fraca, rouca e baixa, mas é dele e isso é um bom sinal, esqueço meus machucados, minha dor e olho pra ele.
— Lipe – ainda tremo de dor, nossos olhares se encontram, os dele como se lutassem com alguma coisa apavorante – Fica... Comigo – peço usando minhas ultimas forças.
— Respira fundo – ele pede como se juntasse todas as forças pra falar, eu obedeço – Onde dói?
— Meu peito, minha cabeça, minha barriga – tento controlar a dor – E você? – tento me mexer.
— Não – ele pede urgentemente – Não se mexe – sua voz é lenta e pausada – Você tem que me jurar que não vai se mexer – sua respiração começa a ficar mais forte – Aperta o seu braço... Em cima do machucado... Não solta... O sangue... Ele tem que parar... Não tenta levantar – cada palavra parece lutar pra sair da sua boca - E... Eu... Amo você – ele usa ainda mais força que antes, então seus olhos se fecham e não existe dor que me impeça, não existe conselho que ele me dê, eu grito e tento a todo custo alcançar ele, mas quando me forço a me sentar a dor é insuportável demais e tudo fica preto.

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Saio do escritório mais tarde do que de costume, tive que adiantar toda a papelada para nossos novos clientes que devem chegar na segunda e como assistente pessoal/secretária, tenho que deixar tudo pronto, mas não posso reclamar, eu gosto do meu trabalho, realmente gosto. Nem sempre foi assim, mas hoje em dia já me acostumei, trabalho no maior escritório de advocacia da nossa cidade, graças aos conhecimentos do meu pai ele me conseguiu esse trabalho sem precisar de nenhuma experiência e já estou 3 anos nele, meu patrão parece mais como um amigo da família, ele é um jovem senhor de 46 anos, bem humorado, conhecido internacionalmente e mesmo assim uma das melhores pessoas do mundo, realmente tive sorte, quer dizer nem tanta, tenho a certeza disso quando desço as escadas na estação do metrô, estação lotada. Malditas sextas-feiras. Todo mundo com pressa de chegar logo em casa e os metrôs são o jeito mais rápido de conseguir isso. Como não tenho outra alternativa, me enfio no meio das pessoas e tento conseguir um lugar bom, o murmurinho que começa avisa que o próximo metrô está chegando, as pessoas se agitam, empurram umas as outra e é claro que eu as empurro de volta e quando as portas se abrem a nossa frente, me sinto dentro de um desses documentários de vida selvagem, não existe educação, bom humor ou gentileza, quando aquelas portas se abrem quase ouço o gongo dos Jogos Vorazes ressoando e então ‘’que a sorte esteja sempre a seu favor’’, meu próprio pensamento me faz rir e um cara que tentava disputar um lugar comigo me olha curioso.
— Você é a primeira pessoa que eu vejo feliz entrando em um metrô lotado as sete horas da noite de uma sexta feira – ele sorri, parece apenas alguns poucos anos mais velho que eu, está com uma barba por fazer, é forte, alto, a pele cor de caramelo e está com um boné azul escuro, eu dou de ombros.
— A outra opção é chorar e pelo que eu saiba isso nunca adianta de nada, então... – ele ri concordando comigo – Pelo menos não tem ninguém muito suado aqui – falo fazendo uma careta, ele ri novamente, o metrô anda deixando varias pessoas reclamando do lado de fora por não terem conseguido entrar e varias agradecendo aliviada por elas não terem conseguido.
— Vitor – ele fala se apresentando com um aceno de cabeça.
— Daniela – respondo com um sorriso.
— E seu namorado não se importa de você andando por metrôs cheios, sozinha? – solto uma risada e ele me olha um pouco confuso, mas também rindo.
— Um conselho... Nunca tenta isso de novo com nenhuma garota, é sério, é horrível – dessa vez é ele quem ri.
— É que eu fico nervoso perto de mulheres bonitas – eu reviro os olhos – É sério, é tipo... Uma maldição – eu finjo estar impressionada – Mas então, você tem ou não namorado?
— Tenho sim – ele faz uma cara triste e ia perguntar mais alguma coisa quando a voz irritante anuncia minha estação – Mas boa sorte com a próxima! – falo e dou um aceno de despedida enquanto sou praticamente jogada pra fora do vagão, olho pra dentro e ele está sorrindo e acenando pra mim, dou as costas e subo as escadas saindo da estação, as ruas aqui também estão movimentadas, pessoas se apressando pra algum encontro ou happy hour, barzinhos começando a encher e eu apenas aperto meus passos pra chegar logo, alcanço o prédio e Seu João, nosso porteiro me cumprimenta com seu sorriso de todo dia.
— Tá trabalhando muito menina – ele brinca comigo e eu sorrio.
— Você também seu João, nunca vejo você nas nights – ele ri dizendo algo sobre eu ser “doidinha”, ele tem o cabelo todo branco e algumas rugas nos olhos que dão a ele seus 63 anos, já estava alcançando o elevador quando ele avisa.
— Parou de novo!
— De novo? Mas voltou semana passada – ele levanta os ombros como se dissesse que a culpa não é dele, eu reviro os olhos e sigo pelas escadas, praguejando a cada degrau que subo até o terceiro andar, quando alcanço a porta 301 não sei se sorrio de alegria ou se xingo o maldito elevador mais uma vez, por fim, enfio minha mão na bolsa e reviro tudo que tem atrás das chaves, abro a porta e ouço as vozes que podem muito bem estar brigando ou apenas conversando, é meio difícil de saber, já que eles sempre estão muito empolgados, a tv também está ligada em um canal de clipes, fecho a porta sem ser percebida, jogo minha bolsa no sofá e me viro pro balcão que divide a sala e a cozinha, Vinny e Lia estão rindo de alguma coisa, enquanto ela prepara um sanduiche.
Como eu sempre faço, paro ainda sem ser vista e observo eles, seus sorrisos, seus rostos animados, as brincadeiras idiotas, tudo neles, e percebo mais uma vez o quanto eu os amo, eles dois são as melhores partes da minha vida, tudo que já vivemos, tudo que eles fizeram por mim, eu os amo mais do que a mim mesma.
Há 4 anos atrás, depois do acidente eu passei um bom tempo sem um rumo e eles nunca me abandonaram, nunca mesmo e eles podiam ter feito isso mas não fizeram, o que eles fizeram foram me apoiar veemente, Vinny que estava morando em outro estado voltou pra cá no mesmo dia que soube o que tinha acontecido e nunca mais foi embora, Lia não se desgrudava de mim pra quase nada, exceto as aulas na Universidade por que os pais dela não abriam mão disso e nem eu, não queria que ela parasse a vida dela por mim, nem o Vinny, mas ele foi impossível, por um ano ele parou tudo e só ficou comigo, no ano seguinte ele começou a organizar a vida dele e a me forçar a tomar um novo rumo da minha própria vida, ele ficou morando lá em casa durante esse um ano mas depois decidiu que queria um canto dele, então quando ele me disse que estava procurando por um apartamento decidi que ia morar com ele, não aguentava mais as mesmas coisas, a mesma rotina, os olhares e perguntas dos meus pais, por mais que eu os amasse estava me fazendo mal, então eu anunciei pro meu pai que ia sair de casa, ele até levou numa boa, logo disse que podíamos contar com ele pro que precisássemos, mas minha mãe quase pirou com a ideia, levei quase um mês pra convencer ela que era o melhor, e Lia quando soube decidiu nos acompanhar, por que ela se recusava a nos deixar ‘’viver essa aventura sozinhos’’ ela dizia enciumada, então achamos esse apartamento por um preço muito bom, nossos pais nos ajudaram bastante no começo, até que conseguimos nossos empregos e cada vez menos dependemos deles, mas mesmo assim eles ajudam e não podemos reclamar muito de dinheiro, meu pai tem um excelente cargo no Hospital, mamãe tem a clinica de estética junto com a mãe da Lia, o pai dela é um dos melhores mecânicos da cidade e tem três oficinas e quanto aos pais do Vinny, são divorciados, a situação é bem complicada, mas ambos com excelentes trabalho, nós nos mudamos e estamos morando aqui até hoje e não existe um único dia que eu não agradeça por ter eles por perto.
Eu me aproximo e pego o sanduiche que Lia acaba de colocar no prato, tiro uma mordida.
— Eu tava morrendo de fome – falo com a boca cheia.
— Eu não acredito Dani, FALA SÉRIO – ela grita e tenta me alcançar, me escondo atrás do Vinny e deixo ele morder um pedaço, ela bufa e joga o pano de prato em cima da gente.
— Já disse que eu amo vocês? – falo indo até ela pra amenizar, ela revira os olhos e me dá as costas, eu deixo o sanduiche de lado e a abraço por trás – Ai que amiga mais brava que eu tenho – falo fingindo voz de criança, ela ri e me deixa beijar sua bochecha – Eu tenho que te aproveitar, daqui a pouco você abandona a gente – falo fazendo cara de choro, ela se compadece e se vira me abraçando.
— Eu nunca vou abandonar vocês – ela garante e Vinny implica com ela.
— Duvido, depois que casar só vai querer saber do seu ‘’momozão’’ – eu acabo rindo, por que ela realmente chama ele assim, ela e Bruno são esse tipo de casal, eles namoram há 7 anos e agora que eles já estão formados resolveram que é a hora certa, então logo, logo, teremos o grande casamento, estou muito feliz por eles, de verdade.
— Você é oficialmente um idiota – ela fala fazendo uma careta.
— Posso ser, mas esse idiota aqui conseguiu a vaga de vocalista numa banda nova e os caras são bons – ele fala orgulhoso, nós duas gritamos animadas e pulamos em cima dele, abraçando e parabenizando, ele ri animado e orgulhoso, Vinny sempre quis cantar, esse sempre foi o maior sonho dele e ele realmente tem o dom pra isso, mas a cerca de um ano ele está mais focado nisso, mesmo com as aulas na faculdade de Educação física e com o estágio na academia.   
— Qual o nome da banda? – pergunto animada por ele.
— Os Virais – ele fala e eu e Lia nos olhamos avaliando.
— Hum, legal, diferente, misterioso e fácil de lembrar – falo e ele ri.
— E tem caras bonitos? – Lia pergunta e nós olhamos pra ela – Beleza é importante pra conseguir mais atenção!
— O Bruno vai amar essa linha de pensamento – ela me faz uma careta.
— Então iremos ter toda atenção do mundo... afinal, o vocalista sou eu – ele abre os braços orgulhoso, nós rimos e dizemos que ele parece um espantalho, mas ele sabe que não é verdade, a verdade é que ele é um dos caras mais gatos que eu conheço, ele é alto, 1,80, cabelos castanho claro sempre arrepiados, olhos azuis, as vezes tão azuis que se tornam hipnotizantes, ele é forte também, mas não desses que parecem tomar bomba não, ele apenas tem um corpo bem definido, por que não abre mão da academia nem se tiver tendo um terremoto, ele também tem um sorriso lindo, que revelam aqueles dois furinhos na bochecha dele e com certeza é esse conjunto que atrai as dezenas de garotas, é sério, elas saem do chão, escorregam do teto, aparecem de Nárnia, eu não sei, só sei que sempre aparecem e ele adora isso.
— Nós temos que comemorar – falo ainda abraçada nele.
— Já que vamos comemorar então... – Lia faz uma pausa misteriosa – Eu consegui a vaga de psicóloga lá na Clinica – dessa vez eu e Vinny que gritamos e comemoramos abraçando ela, a ‘’Clinica’’ que ela diz é um dos consultórios mais procurados de Psicologia da região e ela tentava essa vaga desde que terminou a faculdade.
— Bom, gente eu não ia falar nada maaaas... – finjo suspense – Eu consegui! Estou no terceiro dia da dieta sem coca cola – eles riem, gargalham alto demais, mas me abraçam comemorando também.
— Pizza! – nós três falamos juntos.
— Avisa o Bruno!
— Ele foi hoje pro Congresso, esqueceu? – eu levo a mão a boca e ela ri.
— Eu nem desejei boa viagem pra ele – corro pra sala e alcanço meu celular, já digitando um boa viagem atrasado, Lia ri e diz que ele deve estar na estrada e pode estar sem sinal, depois disso eu corro pro quarto pra tomar banho, meu quarto é suíte e o da Lia também, na verdade apenas o Vinny não tem banheiro dentro do quarto dele, eu tomo banho, passo um tempo exagerado na frente do guarda roupa até me decidir e então pego a roupa e vou me arrumar na frente do espelho, seco meus cabelos levemente e deixo que terminem de secar naturalmente, ele é meio volumoso, com ondas espaçosas que geralmente não se controlam, são pretos e descem até abaixo do meu ombro, passo uma maquiagem básica, lápis, batom e rímel, meus olhos são cor de mel ou como o Vinny gosta de dizer ‘’cor de burro quando foge’’ e acredite em mim, depois de ouvir isso por mais de 10 anos, você simplesmente aceita e desiste de tentar entender qual é a cor do burro quando foge, eu coloco um macacão curto de tecido leve e com estampa florida, calço minhas rasteiras e passo perfume, transfiro as coisas de uma bolsa pra outra e saio do quarto, Vinny está jogado no sofá e mudando o canal da TV.
— Tá gata – ele fala me olhando rapidamente.
— Tá gostoso – eu falo olhando ele em sua camiseta branca com uns desenhos de folhas na barra dela, uma camisa preta aberta por cima, calça jeans meio rasgada e boné preto, eu tiro o boné dele por que sei que ele não penteou o cabelo – Mas é preguiçoso ein – falo e ele puxa o boné da minha mão fazendo caretas.
— Acabou meu gel!
— Se você passasse no cabelo ao invés de comer ele, duraria mais – como resposta ele agarra meu braço e me puxa pra cima dele, acabo caindo no seu colo.
— Vocês podem deixar essa agarração pra depois? – Lia pergunta já entrando pela sala, eu dou um tapa nele e me levanto endireitando minha roupa.
— Uau, gostosa! – ele fala quando a olha.
— Por que ela tá gostosa e eu tô ‘’só gata’’? – finjo ciúmes e ele ri e me abraça apertado – As gatas já são gostosas de natureza – ele morde minha bochecha, eu tento lhe dar uma cotovelada e ele finge dor, olho pra Lia e entendo por que ela é a gostosa, ela está com um vestido amarelo justo nos seios e com um pequeno decote, ele se alarga um pouco na parte da saia e na barra tem varias florzinhas coloridas, seu corpo é desses que faz você se perder nas curvas, o cabelo castanho escuro absolutamente liso está escorrendo pelos seus ombros, ela destacou bem seus olhos azuis, tão azuis quanto os do Vinny e esse é um dos detalhes que faz todo mundo pensar que eles são irmãos, e eles nunca desmentem.
— Tá, você é a gostosa – falo e ela revira os olhos.
— Eu te pegava – ela fala me olhando de cima a baixo.
— Opa, a conversa tá boa, a gente pode terminar lá no meu quarto – Vinny fala se enfiando no nosso meio e nós duas empurramos ele na direção da porta.
— Eu odeio esse elevador, sério – Lia reclama enquanto descemos as escadas.
— Pelo menos assim você faz exercício – Vinny fala e recebe um olhar quase mortal.
— Ah não ser que você tenha planos de descer rolando é melhor calar a boca – eu finjo sussurrar e eles riem, decidimos ir de taxi por que Vinny não abre mão de beber, nem Lia, e eu, bem, eu não dirijo mais, então sou café com leite.
Chegamos a pizzaria e escolhemos nossa mesa preferida, ela fica na parte aberta do lugar e com a noite fresca como está hoje é a melhor escolha, a lua não é cheia mas encanta e ilumina do mesmo jeito, o espaço está enfeitado com galhos ressecados e luzes pequenas piscando, todo o espaço é de madeira e toca uma musica agradável, o garçom aparece e nos oferece a cartilha de bebidas enquanto Vinny faz o pedido das duas pizzas, enquanto esperamos nós rimos praticamente o tempo todo, o vinho que escolhemos chega e aí sim que não paramos mais, a noite só melhora, quando saímos da pizzaria resolvemos passar pela loja de jogos que tem perto, entramos e vamos direto para a pequena pista de boliche, Vinny paga nossas entradas.
— Eu não posso – Lia fala quando já estamos dentro da pista.
— Como não?
— Eu tô de vestido, ô seu lerdo – ela dá um tapa na testa dele, ele ri, tira a camisa de manga e amarra na cintura dela.
— Problema resolvido, sua lerda – ele devolve o tapa na testa.
— Podemos? – pergunto já segurando a bola, eles concordam e se posicionam ao meu lado, eu respiro fundo, mas o efeito do vinho me deixa meio tonta e rindo a toa, jogo a bola e consigo derrubar mais da metade dos pinos.
— YEAAAAH – comemoro dando pulinhos, Vinny me abraça e me tira do chão, Lia continua rindo e batendo palminhas.
— Sua vez – ela fala pro Vinny.
— Primeiro as damas! – ele fala e pega a bola entregando a ela.
— Não, eu quero ficar por ultimo – ela fala cruzando os braços e se recusando a pegar a bola, ele dá de ombros sem se importar, se posiciona e lança a bola. Stryke. Lia e eu vaiamos enquanto ele comemora socando o ar.
— Foi sorte – Lia fala fingindo desprezo, mesmo que nós saibamos que não foi sorte, ele simplesmente é bom, sempre ganha da gente.
— Então vai lá, sua profissional – ela que finge se aquecer, pega a bola e se posiciona, Vinny para ao meu lado já rindo pelo modo como ela segura  a bola, não adianta ensinar, ela nunca aprende, mas quando ela lança a bola e derruba 3 pinos nós pulamos e comemoramos como se ela tivesse feito um stryke também, as pessoas ao redor nos olham achando que somos loucos, mas se eles soubessem que esse é o novo recorde dela também entenderiam nossa comemoração.
— Me diz que vocês filmaram isso – ela pula animada.
— Está tudo registrado aqui – eu falo batendo com o dedo na minha cabeça.
— O Bruno nunca vai acreditar – ela fala rindo – 3!! 3!! Eu sou praticamente uma revelação no boliche – nós continuamos rindo e jogamos mais algumas rodadas, e Lia só consegue derrubar mais um pino, mesmo assim é a mais orgulhosa de si e pelos 30 minutos que passamos aqui tenho certeza que somos os mais animados.
Lia chega em casa já caindo na cama por que terá que acordar cedo no dia seguinte, para ter o sábado de família, o dia do mês que nós tiramos pra ir na casa dos nossos pais antes que eles tenham um ataque do coração ou mande a polícia aqui, mas dessa vez eu estou dispensada por que meus pais estão viajando e curtindo uma segunda lua de mel, e quanto ao Vinny, os sábados de família dele são sempre comigo, já que desde a separação dos pais as coisas desandaram um pouco pra ele.
— E você, minha pequena... CAMA! Por que você tá com cara de bêbada – ele fala me abraçando por trás e me levando na direção do meu quarto, eu acabo rindo.
— Eu não tô com cara de bêbada e nem sou pequena – reclamo me soltando dele e o encarando de braços cruzados, ele solta uma risada e fica ainda mais reto na minha frente, minha cabeça bate no ombro dele ainda assim ele me chama de baixinha, ele apoia o cotovelo na minha cabeça, eu empurro o braço dele – Isso é bulling e eu te odeio – reclamo e bato a porta do quarto na cara dele, ainda ouço sua risada, como se pra confirmar a outra afirmação dele eu acabo tropeçando no vento e quase caio, acabo rindo sozinha, começo a tirar minha roupa, jogando pelo caminho até o banheiro, entro no chuveiro e agua gelada me desperta, evito molhar o cabelo e não demoro muito, saio do banheiro enrolada na toalha, coloco a calcinha e uma camiseta justa que uso pra dormir, ligo o ar condicionado, me jogo na cama e quando puxo o edredom pra me cobrir, sinto algo no meu pé, como se fosse uma folha, pego o papel e quando viro pra mim meu peito parece apertar tanto que expulsa cada centímetro de ar do meu pulmão, é uma mistura de dor angustiante com saudade, o papel não era uma folha, era uma foto, nela estamos eu, Vinny e Lipe, os dois jogados entre algumas pedras com Vinny fazendo careta e segurando a camêra na frente do rosto dele e eu e Lipe nos beijando, lembro desse dia perfeitamente, foi quando Vinny e Lipe se conheceram, eram nossas férias e nós fomos passar com ele, por que eles exigiam conhecer um ao outro e foi incrível como eles se deram bem logo de cara, como se eles se conhecessem há tantos anos quanto eu  e Vinny, confesso que fiquei com um pouquinho de ciúme, mas adorei que eles tivessem se dado tão bem, como o pessoal da escola do Vinny tinha marcado de ir acampar no fim de semana que fomos pra lá nós dois fomos junto com eles e foi maravilhoso, cada segundo daqueles 15 dias foi assim e eu nunca vou esquecer, tudo que eu queria era ter esses dias de volta, é me sentir tão feliz e completa quanto eu me sentia, é poder ter a certeza de todas as coisas que eu tinha antes, eu sei que não posso reclamar da minha vida, tenho pessoas que eu amo e que me amam, tenho um bom emprego mesmo que eu não tenha feito minha faculdade, tenho muita coisa mas ao mesmo tempo também tenho um vazio que jamais vai ser preenchido, por que ele já foi preenchido antes, porém foi arrancado de mim da forma mais cruel que poderia ser, os braços me envolvem e eu não preciso me virar pra ver quem é, como se ele fosse um mágico ou leitor de mentes, ele sempre sabe quando eu preciso dele.
— Eu tô aqui – Vinny garante com a voz baixa e lenta, ele beija minha bochecha e me abraça mais apertado, eu aperto seus braços que estão em volta da minha cintura, ele pega a foto que eu ainda segurava e a olha, eu me viro pra ele e vejo um pequeno sorriso – O cara era foda! – ele fala e eu sorrio e concordo, ficamos em silêncio por alguns minutos.
— Quando você começou a cantar no acampamento, ele me olhou e falou assim ‘’ Você disse que seu amigo cantava, só não disse que ele é a nova revelação da música’’ – relembro com um sorriso nostálgico, ele ri.
— Esperto – ele fala fazendo uma cara de impressionado.
— Eu sinto falta dele, Vinny – confesso mesmo sabendo que ele já sabe disso.
— Eu sei, mas você ainda tem a mim e sempre vai ter – ele garante e me puxa pro abraço dele de novo – Ao infinito e além – ele cita Toy Story e eu acabo rindo, ele beija minha testa e puxa o edredom pra cima de mim – Agora dorme que além da cara de bêbada você vai ficar com olheiras – eu finjo empurrar ele mas logo em seguida me encaixo no seu abraço e me lembro mais uma vez do por que eu supero essa dor todo dia, por que eu não estou sozinha, então aperto meu corpo contra o dele e pego no sono.


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