Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 21
O casal preferido!




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A tarde já está no final quando eu saio da padaria, tive dois bolos grandes pra confeitar hoje e mesmo tendo outros que levam muito jeito pra fazer isso, essa ainda é uma das minhas atividades preferidas, confeitar me distrai, exigi minha concentração e eu sempre gosto de ver como uma coisa sem forma e sem cor pode se transformar em algo que irá arrancar tantos sorrisos, por isso não abro mão de eu mesmo fazer sempre que possível.
— Posso te acompanhar? – a voz me surpreende enquanto estou andando distraído com meus pensamentos, mas assim que me viro e a vejo um sorriso automático surge no meu rosto, ela encaixa a mão na minha e se encosta em mim, coloca um beijo na minha bochecha e mesmo já tendo feito isso mais de um milhão de vezes ainda me sinto muito sortudo, ela sorri e passa o dedo pela minha testa afastando alguns fios – Tá na hora de cortar esse cabelo.
— Você e sua mãe precisam parar com isso – ela revira os olhos mas sorri e me olha se divertindo.
— Você já parou pra pensar que talvez nós temos razão?
— Eu gosto do meu cabelo assim! – dou de ombros e ela sorri e encosta a cabeça no meu ombro enquanto caminhamos – Você parece cansada!
— Então eu pareço exatamente como me sinto – ela faz uma careta, mas depois abre um sorriso – Eu tô tendo que correr com tudo para o desfile da semana que vem e ainda tenho umas entrevistas que a Hazel fechou pra poder divulgar, mas eu nunca sei o que falar nessas coisas...
— Eu tenho certeza que vai sair tudo perfeito!
— Será? – eu sorrio.
— Você não tem ideia do efeito que causa – eu repito a frase que já disse uma vez pra Katniss e que foi tão verdadeira quanto agora, ela sorri e volta a encostar a cabeça no meu ombro.
— E como estão as coisas na padaria? – nós seguimos o caminho conversando até a Vila, nos despedimos na porta de casa e ela vai pra dela, observo até ela entrar como se ainda fosse aquela mesma menina de muitos anos atrás, entro em casa e Pietro está descendo as escadas correndo, ele está arrumado e o cheiro do perfume dele já inundou a casa toda.
— Bem que você podia me dar um extra ein – ele pede esticando a mão na minha frente.
— Bem que você podia economizar mais ein – ele faz uma cara de ofendido.
— Não precisam me esperar acordados – ele avisa já pegando a chave do carro que fica pendurada ao lado da porta, mas eu seguro ao mesmo tempo que ele.
— Onde você vai?
— Encontrar o pessoal e depois vamos pro Delphic, mas eu não vou beber! Palavra de honra – ele garante com a mão na direção do coração, eu o encaro por alguns segundos mas sei que mesmo com esse jeito dele, posso confiar no que ele promete, por que ele sempre cumpre, por isso solto a chave.
— Vê se não faz nenhuma besteira!
— Nenhuma? Xiii – ele faz uma careta de que será difícil, mas quando eu o encaro, ele ri – Tá, nenhuma! – ele levanta as mãos.
— Não volta muito tarde – Katniss pede enquanto desce as escadas, ele volta alguns passos e beija a bochecha dela.
— Acho que vocês já estão pedindo demais... – ele ri e volta a sair.
— Não esquece que amanhã é a entrevista!
— Eu não tenho amnésia né? – ele fala mas sorri – O emprego será meu, eu prometo!
— Espero que sim, o Ian indicou você, é o nome dele também – ele revira os olhos assim que falo, mas ri e me dá um beijo na bochecha então sai de casa.
— Sem pressão nenhuma né? – ela fala logo atrás de mim, olho pra Katniss e ela está com aquele olhar meio reprovador.
— Não faz mal lembrar das coisas importantes – dou de ombros e ela vem até a mim, coloca as mãos no meu ombro e olha nos meus olhos – O emprego é importante!
— E ele vai conseguir! Sabe como eu sei?
— Como?
— Por que por trás de toda essa coisa de garoto festeiro, pegador e de que só quer se divertir, ele é igualzinho você! – ela tenta fazer uma careta mas acaba sorrindo – Ele é perfeccionista e nunca aceita ser o segundo, tudo que ele faz é pra ser o melhor. Na verdade ele é igual a Pérola e o Pyter também, todos eles puxaram isso de você...
— Então é um mal de família? – pergunto tentando esconder um sorriso enquanto passo meus braços em volta dela.
— Um terrível mal! – ela sorri e me dá um beijo rápido – Ele vai se dar bem amanhã! Eu conheço nosso filho! – ela garante e mesmo que tenha sido eu quem pressionou, sei que também o conheço e Katniss está certa, ele pode ser meio desajuizado em algumas coisas, mas nunca deu um único motivo pra que eu duvide de sua competência ou de sua responsabilidade.
— É eu sei que vai! – ela sorri e dessa vez me beija um pouco mais demorado.
— Você precisa fazer o jantar, eu estou com fome! – ela sorri já se soltando do abraço.
— Você esqueceu! – ela faz uma careta assim que eu falo.
— Por favor, não me diga que tínhamos alguma coisa hoje! – ela junta as mãos implorando.
— A gente tinha combinado de ir naquele restaurante do norte...
— Mas a gente teria que sair de casa pra ir lá – a careta aumenta.
— Saiu uma nota dizendo que servem o melhor cozido de carneiro lá...
— Eu estou pronta em 20 minutos! – eu acabo rindo, é sempre fácil achar o ponto fraco dela, principalmente se envolver um prato de cozido de carneiro.
— Eu fiz a reserva, é as oito, ainda temos algum tempo!
— Ótimo! Você pode cortar esse cabelo...
— Ah não, não, não... Nem adianta, eu não vou cortar o meu cabelo – reclamo e passo por ela subindo as escadas.
— Mas Peeta... – ela sobe logo atrás de mim – Seu cabelo tá quase maior que o meu! – eu olho pra trás e ela dá de ombros.
— Eu posso fazer uma trança nele!
— Você é inacreditavelmente exagerada!
— E seu cabelo está inacreditavelmente grande!
— Eu não vou cortar.
— Vai sim!
— Não vou não!
— OK, não corta – ela fala e então eu paro e me viro pra ela, já estamos dentro do quarto, eu estou alguns passos da porta do banheiro e ela está parada perto da cama me olhando de forma bem tranquila, tranquila até demais – Você não quer cortar, não corta! É o seu cabelo, você está certo – eu não tento esconder minha cara de surpreso, mas ela dá de ombros e avança passando por mim e entrando no banheiro, eu continuo olhando esperando ela voltar com uma tesoura e me obrigar a cortar, ao invés disso ela vai até a banheira, abre as duas torneiras pra enchê-la, despeja alguns sais e sai de lá.
— Ok, quem é você e o que fez com a minha mulher? – ela ri assim que pergunto, balança a cabeça como se eu estivesse exagerando e vai até as gavetas.
— Você fala como se eu nunca te desse uma escolha.
— Quando o assunto é meu cabelo, na verdade nunca mesmo – ela se vira pra mim e tenta aparecer ofendida, mas depois revira os olhos e levanta as mãos.
— Tá, eu posso ser meio controladora com seu cabelo! – ela confessa e se afasta das gavetas e vem até a mim, colocando as mãos nos meus ombros e subindo os dedos pelo meu pescoço – Eu nunca achei que isso te irritasse tanto ou que fosse tão importante pra você, mas... se é, então eu acho que posso te aturar com o cabelo do tamanho do meu... – nós rimos.
— Você tá sendo exagerada de novo! – ela sorri enquanto passa os dedos pelos fios loiros e grandes.
— Sinceramente? Eu não vejo diferença no tamanho do seu cabelo, isso não me faz te amar mais ou menos... – ela aproxima o rosto do meu com aquele sorriso levemente aparecendo – Eu te amaria se seu cabelo fosse até os pés e amaria se você fosse completamente careca... – eu seguro-a pela cintura e também libero um sorriso.
— E eu não consigo pensar em nenhuma maneira de te amar menos!
— Então problema resolvido! – ela dá de ombros e eu a beijo, seus dedos sobem pelo meu cabelo e ela corresponde ao beijo com ainda mais paixão, minhas mãos sobem por baixo da sua camiseta e eu aperto sua pele que está quente, suas mãos vão até a minha camisa e ela levanta apressada, quando tira a joga no chão sem se importar com onde ela caiu, eu avanço nela de novo e dessa vez deito na cama, meu corpo por cima do dela enquanto eu tiro sua calça, ela empurra com os pés e também me ajuda a me livrar da minha calça, o beijo continua aumentando cada vez mais, minha boca desce pelo seu pescoço e eu me perco sentindo sua pele e seu perfume, já estava descendo ainda mais quando ela me faz parar.
— A banheira! – ela avisa me jogando pro lado na cama e corre pro banheiro, eu continuo deitado com o braço cobrindo o rosto ainda me recuperando – A agua parece ótima! – ela fala e eu levanto a cabeça pra vê-la, ela está parada na porta do banheiro, me olhando com um sorriso e ainda acho inacreditável como ao olhar pra ela agora, ainda parece ser a primeira vez que eu a vi assim, sei que são anos e muitos anos que estamos juntos, mas ela ainda é a mulher mais linda que eu já vi e eu sei que isso não vai mudar algum dia, não importa quanto envelheçamos mais ou quanto cabelo branco ainda apareça ou se teremos muitas rugas, ela ainda será a mulher mais linda pra mim, por isso me levanto e vou até ela, me aproximo e lhe dou um beijo rápido, em seguida ela se afasta e já ia tirar o resto da roupa pra entrar na banheira, mas ando até o armário do banheiro, pego a tesoura e o pente e me viro pra ela.
— Acho melhor fazer isso antes do banho – eu estico pra ela que me olha como se estivesse em duvida.
— Você não precisa fazer isso!
— Mas eu quero! Acho que posso fazer esse sacrifício – ela abre um sorriso, me dá um beijo rápido e pega a tesoura e o pente, eu me sento na beirada da banheira e ela passa o pente pelo meu cabelo, molha um pouco e então começa a cortar e assoviar, só quando ela passa a tesoura pela terceira vez que a ficha cai – Espera aí – ela para o que está fazendo e eu me viro pra olhar pra ela – Essa coisa toda da esposa compreensiva, a banheira enchendo, a fraca tentativa de me levar pra cama... Você sabia que eu ia acabar deixando você cortar, não sabia? – ela abre um sorriso.
— Fraca tentativa? Eu te levei pra cama, você só não concluiu o que queria – ela responde se divertindo.
— Isso é... Você trapaceou!
— Eu? Não mesmo, meu amor, a escolha foi sua...
— Por que eu achei que você fosse me amar com cabelo grande ou careca
— Ah e eu amaria! Mas... Prefiro eles bem aparados! – ela dá de ombros e vira minha cabeça pra frente, já passando o pente pelos fios de novo.
— Você não pode fazer esse jogo... Sexual, só pra eu fazer o que você quer – eu reclamo e ela ri.
— É engraçado isso, vindo do cara que fez a mesma coisa só pra eu aceitar ir no jantar na casa da Delly mês passado.
— Era aniversário dela e nós tínhamos confirmado! Aliás... Eu não lembro de ter te seduzido...
— Não, só ficou tirando a roupa na minha frente enquanto sua boca se mexia sem eu entender nada... – dessa vez eu acabo rindo.
— Não sabia que isso te afetava tanto assim!
— Não afeta, é que... Eu... As roupas ficaram pelo chão e eu tinha arrumado o quarto!
— Meu Deus, como você mente mal!
— Jura? Por que parece que eu estou aqui cortando seu cabelo mesmo depois de você ter dito não! – ela se inclina a minha frente e me dá um sorriso vitorioso, eu faço uma careta e ela volta a se concentrar em cortar meu cabelo.
— Eu não acredito que você me usou só pra cortar o meu cabelo... – falo quando ela termina e me libera.
— Se isso serve de consolo, eu queria mesmo ter te beijado – ela fala sorrindo, eu acabo rindo e a puxo mais pra perto de mim, mas quando começa a avançar muito ela se esquiva.
— Ah não, você tá cheio de cabelo! Pode ir pro chuveiro...
— Eu achei que íamos tomar banho na banheira.
— Ah não, eu vou! Você não entra cheio de cabelo nessa banheira, de jeito nenhum!
— Então você me usou e eu nem posso tomar banho na banheira!
— Exatamente, agora sai que eu quero tomar meu banho! – ela fala fazendo sinal pra que eu saia, mas eu a olho com um sorriso de vingança – Nem pensa nisso, Peeta, é sério... – ela aponta o dedo daquele jeito de quando estou prestes a fazer algo que ela desaprova – Peeta não... – então eu me abaixo e entro na agua da banheira, afundo minha cabeça e levanto balançando ela pros lados, quando paro ela está me olhando boquiaberta.
— Você estava certa, a agua está ótima! – eu falo com um sorriso vitorioso.
— A agua estava limpa e eu usei o ultimo potinho daquelas pedrinhas coloridas...
— Deve ser isso então – sorrio ainda mais e ela tenta me olhar de cara feia mas esconde um sorriso.
— Você é horrivel, Peeta Mellark – eu sorrio e me levanto esticando a mão pra ela, que mesmo querendo reprovar, aceita e entra na banheira comigo.
— E eu amo você, Katniss Everdeen! – ela sorri mas me dá um tapa na cabeça.
— Nunca mais suja meu banho! – nós acabamos rindo e quando eu a beijo ela não me impede.
Eu termino de me arrumar e desço pra atender o telefone que tocou, era engano e quando chego na sala encontro Katniss, ela está revirando a bolsa dela atrás de alguma coisa.
— Você viu minha chave? Por que sempre é a minha que desaparece? – ela reclama parecendo frustrada, desiste de olhar na bolsa e olha pra mim na esperança que eu diga onde está, mas minha atenção está em outra coisa, ela está com um vestido preto de mangas compridas, vai até o seu joelho, ele é liso, não tem nenhum detalhe, na verdade é um vestido simples, mas que tem um caimento perfeito no seu corpo, ela deixou os cabelos soltos e eles caem pelo ombro dela, sempre gostei quando ela os deixa solto, embora ela mesma não goste muito, ela está apenas com um batom marrom e mais nada e ainda assim é a mulher mais linda que eu já vi, eu me aproximo dela e seguro sua mão, deixo nossos dedos entrelaçados e trago-a até minha boca, coloco um beijo e sorrio quando olho pra ela, encontro um sorriso tímido mas acompanhado de um leve revirar de olhos, o que só me faz sorrir ainda mais.
— Você está linda!
— Linda e sem chaves! – eu sorrio e dou um beijo rápido, então solto sua mão, volto até a mesa de centro da sala, afasto o vaso que está enfeitando e pego as chaves, levanto e ela me olha de um jeito suspeito.
— Eu ainda acho que você faz isso de propósito.
— Isso o que?
— Esconder pra depois aparecer como um herói!
— Então você me vê como um herói?
— Cala a boca – ela acaba rindo, então ouvimos a buzina, eu levanto um dedo e indico pra sairmos, ela me olha curiosa.
— Pietro saiu com carro e acho que você não ia querer ir andando com esses saltos...
— Até que você não é tão burro – ela sorri e sai na frente guardando a chave na pequena bolsa que carrega.
Entramos no carro e sem nenhum contratempo chegamos ao restaurante, combino o horário da volta e então entramos no lugar, é muito bonito, embora um pouco afastado demais do centro mas graças a isso não tem todas aquelas filas e mesas ocupadas como o restaurante do centro, a mesa que reservei fica mais afastada das outras, a luz é baixa, dois potinhos pequenos tem uma vela dentro que exala um perfume bem agradável, as cadeiras são acolchoadas e logo aparece um garçom pra nos atender, escolho um vinho que peço pra ser servido antes do jantar e Katniss nem precisa de tempo pra pensar no que vai querer pedir.
— Cozido de Carneiro – o sorriso dela até aumenta quando pede, o homem sorri, anota os pedidos e sai pedindo licença.
O jantar foi ótimo, Katniss aprova o cozido e ainda acrescenta milhares de elogios enquanto ainda está comendo e ainda reclama comigo por não ter pedido cozido igual a ela, por que ela com certeza iria pegar do meu prato, de sobremesa pedimos um doce de laranja e um pedaço de torta de amora, que ela mal me deixa experimentar de tanto que ela gosta, eu reclamo mas não tem muito efeito, de qualquer caso, apenas de ver ela gostando tanto de alguma coisa já me deixa satisfeito, nós pagamos a conta e já estávamos saindo quando o homem se apressa pra nos alcançar.
— Boa noite, meu nome é Mauro César, eu sou o dono do restaurante, peço desculpa por isso mas não poderia deixar que saíssem sem vir cumprimenta-los pessoalmente – ele fala sorrindo simpático, aperta nossas mãos e ajeita o terno.
— Nós agradecemos, mas não teria problema, eu sei como é corrido administrar um negocio assim – eu falo tentando ser simpático.
— Fico feliz que tenham vindo nos prestigiar...
— O lugar é ótimo, tenho certeza que farão muito sucesso! – Katniss também sorri quando fala.
— Obrigado, vindo de vocês é realmente uma honra...
— Ah não, nós só...
— Vocês que merecem os parabéns – eu falo já que Katniss não sabe mais o que dizer.
— Obrigado mesmo, eu só... Queria aproveitar que vocês estão aqui e... Será que vocês se incomodariam de tirarmos uma foto? – ele pergunta já fazendo sinal pra alguém atrás de nós, Katniss me olha meio incomodada, mas antes que eu possa negar, a moça que nos atendeu na recepção está ao nosso lado segurando uma câmera, ele se apressa e fica ao meu lado já posando pra foto, olho pra Katniss e ela me força um sorriso, então olhamos pra câmera e a foto é tirada.
— Nós temos que ir! – ela fala assim que termina, ele aperta nossas mãos mais uma vez e estava ainda agradecendo quando Katniss sai na frente, eu não faço cerimônia pra ele, por que depois de tanto tempo já aprendi a valorizar o que realmente é importante e com certeza não é sair como simpático e sim garantir que Katniss esteja bem.
Quando chego do lado de fora ela está falando algo com o motorista que nos trouxe e sorri, ele também, por um minuto me sinto aliviado por ela estar bem, mas quando vejo o modo como o homem sorri ainda mais pra ela, começo a me sentir incomodado de novo, eu ando até eles e assim que me vê ele diminui o sorriso e endireita a postura.
— Podemos ir! – ele abre a porta pra Katniss enquanto eu dou a volta.
— Se você disser que está com ciúmes, eu juro que te dou um soco aqui e agora – ela sussurra assim que sentamos lado a lado no banco de trás.
— Eu não tô... – ela me encara séria antes que eu termine a mentira – Eu sei o que eu vi!
— E eu sei o que você acha que viu – ela conserta e então motorista entra e começa a dirigir, ela ainda me olha por alguns segundos, esperando alguma reação minha, mas meus olhos estão concentrados na parte da frente, principalmente depois que vejo ele olhando pra Katniss pelo retrovisor, a viagem parece um pouco mais demorada do que na ida e assim que o carro para eu desço e corro pra abrir a porta da Katniss, estico a mão e ela já a segura sorrindo, eu mantenho ela ao meu lado enquanto agradeço e pago o que faltou a ele, o carro vai embora e eu acompanho Katniss até a porta de casa, assim que a abre ela antes de mim.
— Eu não acredito que você tava com ciúmes! – ela fala reprovando e se senta no degrau da escada pra tirar a sandália.
— Ele estava te olhando – ela para e me encara – Olhando daquele jeito...
— Peeta...
— Não, eu não vou brigar com você agora – eu falo já me abaixando a frente dela e pegando no seu pé, eu afasto sua mão e eu mesmo desabotoou a sandália, tiro-a com cuidado e devagar, coloco no chão e vou para o outro pé, olho pra ela e ela apenas me olhava de volta sem dizer nada, então continuo e tiro a sandália do seu outro pé, eu coloco um beijo entre seus dedos e depois subo beijando pela sua perna até seu joelho, quando a olho novamente, dessa vez tem um pequeno sorriso na sua boca.
— Eu não vou esquecer isso! Mas... – o sorriso no seu rosto aumenta e ela me puxa pela gola da camisa – Eu também não quero brigar... Pelo menos não agora!
— Pelo menos concordamos em alguma coisa – ela ri, balança a cabeça se livrando de algum pensamento e estica a mão pra que eu a ajude a levantar, nos levantamos e antes de subir a escada apago as luzes de baixo, ela entra no quarto primeiro e para esperando por mim, então eu a alcanço e sem precisar dizer mais nada nós nos beijamos, nossas roupas são largadas em algum lugar do quarto e quando alcançamos a cama nada fora dela tem importância.
— Eu já disse isso um milhão de vezes, mas vou dizer mais uma... Você não tem motivos pra ciúmes! – ela fala com a cabeça apoiada sobre meu peito, seus dedos remexem o lençol que está sobre nós dois, eu afundo meu rosto no seu cabelo e sinto seu perfume que me faz relaxar ainda mais.
— Eu nunca disse que era muito inteligente!
— E não é! Nem um pouco na verdade – ela dá de ombros e escorrega para o espaço ao meu lado, a cabeça apoiada no travesseiro ao lado do meu e seu olhar fixo em mim.
— Me desculpa? – ela passa os dedos pelo meu rosto e depois para a mão ainda no meu rosto.
— Trinta anos não quer dizer nada pra você? – ela pergunta parecendo realmente chateada com isso.
— Quer dizer muito! Quer dizer toda a minha vida!
— A minha também! – ela garante e me dá um beijo rápido – Além do mais você não precisa sentir ciúmes de mim, não é como se eu fosse nenhum ícone de beleza... Você sabia que metade dos meus cabelos já estão ficando branco... – ela faz uma careta e eu acabo rindo.
— Você não tem mesmo noção do quanto é linda, não é? – pergunto olhando em seus olhos e encontro aquela mesma garota que não sabia receber elogios, ela nega como se eu tivesse acabado de falar alguma besteira – É sério, Katss, você é linda! E pelo visto não sou o único que acha isso né? – ela me encara reprovando – Eu só tô dizendo que você ainda é a mulher mais linda que eu conheço – passo meus dedos pelo seu rosto assim como ela fez comigo, contorno seu rosto, passo meu dedo pelo seu queixo e sorrio, por que é a verdade, ela é linda, anos se passaram, tivemos três filhos, temos netos, ela está ficando com cabelos brancos e não é mais uma garota como antes, mas ainda é linda – Ah e é importante ressaltar que você está em plena forma – eu falo com um sorriso enquanto subo puxo o lençol pra baixo e olho pro seu corpo, ela ri mas puxa o lençol pra cima de novo, mas seu corpo ainda consegue todo minha atenção mesmo depois de todos esses anos e com certeza eu agradeço a toda sua teimosia por não deixar de ir pra floresta ou caçar ou subir em arvores, por que a verdade é que ela nunca parou com nenhuma dessas coisas, a desculpa era levar Pyter, depois Pietro e agora tem Lucca, Theo e a Louise, mas a verdade é que os olhos dela ainda são os que mais brilham quando estão por lá, seja correndo, caçando alguma coisa ou apenas jogada entre as arvores, mas isso a manteve em plena forma física e mesmo reclamando um pouco, não posso dizer que não teve ótimos efeitos.
— Você também não tá nada mal! – ela fala e sorri quando segura meus braços, então eu a beijo mais uma vez.
Eu saio da cama devagar pra não acorda-la, visto minha calça e saio do quarto, a casa está vazia, escura e silenciosa, abro a porta do quarto ao lado e está vazio, a cama intocada, olho no relógio e já são 02:34 da manhã, fecho a porta e volto pro quarto onde Katniss ainda dorme calmamente, me junto a ela na cama e em algum momento acabo pegando no sono. Acordo novamente e a cama está vazia, consigo ver que o dia está ensolarado, me levanto, vou ao banheiro e saio do quarto, encontro Katniss na cozinha, fazendo ovos mexidos.
— Bom dia! Não te acordei por que você parecia cansado!
— Você também deveria estar, não? – ela sorri e eu beijo logo abaixo da sua orelha o que faz ela rir e se esquivar – E o Pietro?
— Acordou cedo e já saiu!
— Acordou ou chegou cedo? – ela me olha enquanto despeja os ovos no meu prato.
— Ele não perdeu a hora e saiu bem desperto, acho que é o suficiente né?
— Espero que sim! – ela balança a cabeça meio cansada.
— Eu tenho que ir ver algumas cosias lá na sede, você vai pra padaria?
— Vou, eu saio com você – ela concorda e se senta ao meu lado, terminamos de tomar café, nos arrumamos e saímos de casa juntos, mas pra lados opostos, ela segue para a sede do projeto social que ela ainda mantem e eu pra padaria.
Tudo está sob controle por aqui então não tenho muita coisa a fazer, mesmo assim sempre gosto de estar por perto, acabo conversando com alguns dos nossos clientes, eles elogiam, dão sugestões e sempre saem satisfeitos e isso é a melhor coisa de se ver, ano passado tivemos que ampliar o lugar pela segunda vez e olhando em volta, parece que teremos que ir para a terceira vez logo, mas como está tudo bem por aqui, volto pra casa, Katniss ainda não chegou, então aproveito pra adiantar o almoço, já estava quase terminando quando ouço o barulho da porta abrindo.
— Adivinha quem é o novo trabalhador da casa? – ela pergunta animada enquanto entra na cozinha de braço dado ao Pietro.
— Conseguiu?
— Assim você até me ofende! – ele faz uma cara triste mas sorri e eu também, vou até ele e o abraço.
— Meus parabéns!
— Valeu, mas não é nenhuma novidade né? Eu sou bom – ele fala e pisca um dos olhos pra mim.
— Só poderia ter um pouco mais de juízo...
— Ah não, não... – ele faz uma careta, balança os braços e sai da cozinha indo pra sala, desligo o fogo, tampo a panela e vou atrás dele que já se jogou no sofá e ligou a tv.
— Eu só estou dizendo...
— Que eu deveria ficar trancado dentro de casa, enfiado nos livros e de preferencia já estivesse noivo ou até casado... – ele pergunta se virando pra me olhar, eu o encaro.
— Se você chegasse em casa antes de amanhecer já estava bom pra começo de conversa...
— Eu passei na entrevista não foi? Então!
— Mas agora você tem um trabalho, mais responsabilidade, você não pode continuar saindo e chegando o horário que você chega...
— Meu Deus, por que é tão difícil agradar você?
— Eu só quero o que é melhor pra você! – falo sinceramente, ele sorri e pula do sofá pela parte mais alta e para na minha frente.
— Então vou te dar mais uma chance de falar a coisa certa... – ele me olha com um sorriso divertido e mesmo que eu quisesse brigar com ele, não consigo, por que ele sempre consegue me contornar com esse jeito leve e meio irresponsável dele.
— É incrível como você se parece com seu irmão! – ele sorri orgulhoso.
— É, tá melhorando...
— E eu tenho muito orgulho de você, meus parabéns pelo emprego! – eu abro os braços e ele me abraça sorrindo – Mas você podia sossegar um pouco!
— Ô mãe, fala com ele...
— Não pede ajuda da sua mãe, eu sei que de algum jeito ela concorda comigo, você fica fora a noite inteira...
— Peeta!
— Katss, você sabe que é verdade, não tenta...
— PEETA! – a voz dela é mais forte e nervosa, quando a olho, ela está parada no meio da sala olhando fixamente pra tv, já ia perguntar o que era quando também olho pra lá e a imagem me faz parar de falar, a tela está dividida em duas fotos, uma mais antiga e outra recente, na foto mais nova ela está bem diferente, o rosto repuxado provavelmente de todas as plásticas e essas coisas de beleza da Capital, mas a foto antiga eu reconheço imediatamente, por que eu estava ao lado dela no dia que a foto foi tirada e jamais esqueceria aquela peruca cheia de borboletas presas nela, além de toda maquiagem exagerada e cores que sempre transbordaram dela, presto atenção na matéria e sinto um nó no estomago quando percebo que estão anunciando o falecimento dela, de Effie Trinket, olho pra Katniss novamente e agora ela não está mais encarando a tv e sim olhando pra mim, como se esperasse alguma reação minha e eu ainda estou digerindo a noticia, mas antes que eu pense em algo pra falar, ela se vira e sai da sala, subindo as escadas correndo.
— O que houve? – Pietro pergunta meio confuso.
— Essa mulher... Effie... Ela era... Uma antiga amiga! – falo ainda olhando pra tv sem conseguir acreditar.
— Tem a ver com o lance dos Jogos né? – eu apenas confirmo com a cabeça.
— Eu vou falar com ela! – aviso e subo as escadas, entro no quarto e encosto a porta, Katniss está sentada na cama olhando pra um ponto fixo a frente, eu me aproximo e me sento ao seu lado.
— Pode parecer loucura mas eu sempre achei que ela e o Haymitch iam acabar dando em alguma coisa... – ela fala e olha pra mim.
— Sabe que eu já tinha pensado nisso também! Sei lá, eles eram estranhos mas acho que deve ter acontecido alguma coisa ali... – ela balança a cabeça concordando e desvia os olhos de mim.
— Nós devíamos ter ligado pra ela ou escrito mais vezes... – ela remexe na barra da sua camisa.
— Ela sabia que nós nos importávamos! – eu afirmo e seguro sua mão, ela me olha com lagrimas presas – Além do mais, ela estava muito bem... Você lembra da ultima carta? Ela disse que tinha sido promovida a algum cargo premium importante naquele museu... Ela estava feliz! – ela concorda com a cabeça e então me abraça, afunda a cabeça no meu peito e chora – Tá tudo bem! Tudo bem... – acaricio suas costas e cabelo e a deixo chorar.
— Eu nem sei por que eu tô chorando... Ela sempre me irritou... Eu só... – ela para de falar e volta a chorar.
— Tudo bem! Eu sei! – continuo abraçado nela e a deixo se confortar em mim, ficamos assim por alguns longos minutos, até que ela me solta e enxuga o rosto, respira fundo e me olha.
— Desculpa, eu só não esperava por isso!
— Nem eu e você não precisa pedir desculpas! – ela concorda e eu a puxo pra mim novamente – O almoço já está pronto!
— Eu não tô com fome agora, depois eu vou! – ela fala tentando soar mais firme, mesmo não acreditando concordo, beijo sua testa e me levanto da cama, eu sei quando ela precisa ficar sozinha e agora é um desses momentos, saio do quarto e encontro Pietro na cozinha.
— Como que ela tá?
— Sem fome – eu falo e ele solta o prato que ele já ia se servir.
— Vou falar com ela!
— Ela só quer ficar um pouco sozinha!
— Fui – ele vira as costas e sobe correndo.
Fico parado ainda na cozinha, essa noticia acaba mexendo tanto com nossas cabeças por que traz junto com ela muitas outras coisas, coisas que tentamos esquecer e coisas que nunca iremos deixar de lembrar, além de relembrar a falta que o Haymitch faz, tenho certeza que ele sentiria a mesma onde de emoções que estamos sentindo agora com essa noticia, mas ele não está aqui, por que ele também se foi e mesmo que ele fosse um velho irritante ainda sinto a falta dele, alguns dias mais do que outros e por mais que Effie tenha estado presente durante a parte de nossas vidas que queríamos esquecer, ela ainda deixou suas marcas em nossas vidas, com seu jeito extravagante, exagerado e irritantemente pontual, sempre correndo pelos vagões de trem pra nos apressar ou me empurrando pra algum canto pra ajeitarem algo na minha roupa ou maquiagem por que nada poderia estar errado, era engraçado ver ela conferindo cada detalhe de coisas tão bobas que apenas alguém como ela poderia reparar, mas ela sempre estava tentando nos animar e nos fazer sorrir, mesmo que o momento não fosse o melhor, mesmo que na hora eu só quisesse que ela calasse a boca, ainda assim ela conseguia diminuir um pouco de toda tensão que estávamos envolvidos e nem mesmo se eu quisesse conseguiria esquecer tudo isso, Effie Trinket mesmo com todos os seus exageros, deixou suas marcas nas nossas vidas e mesmo que ela não esteja mais entre nós ainda assim será lembrado, seu rosto ocupará uma das paginas em branco do nosso livro de lembranças e ela se juntará a todos aqueles que já perdemos mas que sempre estarão nos nossos pensamentos.
— Pode pegar um prato extra – Pietro avisa enquanto entra pela cozinha rindo junto com Katniss, eu me surpreendo em ver ela rindo desse jeito.
— É o primeiro almoço depois que Pietro conseguiu o emprego! – ela dá de ombros e ele pisca um dos olhos pra mim.
— E eu tô morrendo de fome! – ele garante passando a mão na barriga.
— Não deve ter comido direito desde ontem né? – dessa vez é Katniss quem fala, ele revira os olhos e faz uma careta enquanto abraça e aperta ela nele, balançando-a pros lados, o que faz ela rir alto e de um jeito tão leve que só um deles conseguem, ele beija sua bochecha várias vezes e ela tenta se esquivar mas continua rindo então ele continua também e eu acabo rindo vendo eles dois.
— Acho bom ter comida sobrando – Pyter avisa já entrando em casa e vindo pra cozinha, Pérola está junto com ele e vem correndo e me abraça, ela beija minha bochecha.
— Pietro acionou o código vermelho – ela sussurra e me força um sorriso, eu sorrio e beijo sua bochecha, então ela me solta e vai falar com Katniss que já está sendo quase sufocada pelo Pietro e o Pyter, ela ri quando Pérola empurra eles e beija sua bochecha, então a porta se abre de novo, Lucca e Theo correm pra cima deles e os outros abrem espaço pra eles, eu sorrio olhando eles por que nada no mundo é mais incrível pra mim do que essa visão, de todos eles rindo e se ajudando, Katniss me olha por cima deles e o sorriso que está no rosto dela não é forçado, é sincero e esse é o meu maior presente, minha família.


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