Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 2
Capítulo 2


Notas iniciais do capítulo

POV PYTER



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/644677/chapter/2

Observo enquanto Keyse entra em casa e mais uma vez tenho certeza que eu sou um desgraçado sortudo, ela é tão linda, tão alegre, engraçada, louca e mais do que nunca, agora ela é minha e mesmo sem me olhar no espelho sei que estou com aquele sorriso idiota que costuma aparecer quando eu penso nela, por isso me obrigo a balançar a cabeça e afastar esses pensamentos, pelo menos até eu chegar em casa, assim que ela fecha a porta eu saio com o carro, demoro menos de cinco minutos e estou estacionando o carro na Aldeia, vejo a luz da casa do vovô acesa e vou até lá, já está muito tarde, olho no relógio e já são quase duas horas da manhã, ele deveria estar dormindo, essa é a ordem médica número um, que ele descanse, ele já não é nenhum garoto, e tem tido alguns problemas de saúde, nós ficamos de olho pra que ele não se esforce muito mas se tratando dele ninguém nunca sabe o que ele irá aprontar, mas pelo menos ele nunca me nega um pedido e na maioria das vezes obedece quando eu peço algo mesmo que ele não queira fazer, modéstia parte, eu sei ser convincente.
Entro na casa e ouço o barulho da TV ligada, caminho até a sala, passando pelo pequeno corredor onde na parede está pendurado um quadro que Pérola pintou pra ele e um quadro de fotos com cerca de quinze fotos nossa, não apenas minha e dele, mas de toda a família, meu pai, minha mãe, Pérola e Pietro, mas ele se recusou em aceitar fotos do Ian e muito menos da Keyse e dessa vez nem eu o convenci, tem também um quadro de rabiscos que Pietro fez pra ele ano passado, eu alcanço a sala pronto pra dar uma bronca nele mas o encontro dormindo no sofá, ando devagar até ele e acabo sorrindo vendo que ele parece menos rabugento assim, puxo a coberta pra cima dele, abaixo o volume da TV por que sei que seu desligar vou levar a maior bronca do ano, limpo a mesa de centro que estava ocupada com cascas de laranja e copos sujos, coloco as coisas na pia, acendo a luz do corredor e apago a da sala, então saio da casa mais tranquilo e estava respirando aliviado quando entro em casa, fecho a porta e estava colocando o primeiro pé no degrau quando papai aparece no topo da escada, ele me olha meio confuso, continua descendo e para na minha frente, pega meu braço e olha as horas pelo meu relógio de pulso.
– 1:35? – ele pergunta fingindo confusão – Espero que seu relógio esteja quebrado – ele fala e me olha esperando explicação.
– Eu avisei que ia chegar tarde, não precisava ficar me esperando – falo e tento inutilmente subir as escadas, ele segura meu braço, eu fecho os olhos sabendo que não tenho como fugir.
– Não sabia que um jantar demorava tanto tempo – ele fala me olhando com aquela desconfiança.
– Ah demora, tem que esperar o lance da digestão e tal – ele me encara mas solta meu braço, já estava começando a experimentar a vitória quando ele abaixa a gola da minha camisa.
– Posso ver que tipo de digestão... – ele fala e aponta o dedo para o meu pescoço, não consigo ver mas ainda me lembro da boca da Keyse ali, então a conta é fácil de ser feita, eu desço o degrau e paro na frente dele.
– Por que você não pergunta o que perguntar? – falo diretamente e ele parece pensar, mas volta a me encarar firme.
– Você e ela... – ele não termina a frase mas eu confirmo.
– Sim! – seus olhos parecem não acreditar na resposta.
– Sim? É isso? Então... vocês dois...
– É, pai! Sim! Eu e a Keyse fizemos amor – falo e ele passa a mão pelo cabelo como ele sempre faz quando eu falo alguma besteira.
– Eu não acredito que você diz isso assim!
– Você fez uma pergunta e eu respondi – falo dando de ombros.
– Vocês não deviam ter feito isso – ele fala e dessa vez quem o olha sem acreditar sou eu.
– Por que?
– Por que vocês ainda são duas crianças! – ele fala e eu não consigo segurar minha risada, ele parece realmente chocado com isso, eu coloco a mão no rosto dele e sorrio.
– Velho, cê tá meio atrasado ein? Eu não sou uma criança faz tempo! – falo e seu olhar se arregala ainda mais.
– Você já... fez isso... com outra garota?
– QUÊ? – acabo falando alto demais sem acreditar no que ele perguntou mas quando olho pra ele vejo que ele realmente está na dúvida - Claro que não! Pai, não viaja! Eu amo a Keyse, nunca trairia ela – afirmo com toda certeza que tenho e ele parece relaxar um pouco, mas apenas um pouco.
– Por que é tão difícil pra você ter um pouco de juízo? – ele pergunta me olhando preocupado.
– E amar a garota que eu sou completamente louco, apaixonado, a sua futura nora... isso é falta de juízo? – ele sorri um pouco quando eu digo isso e nega.
– Mas vocês podiam ter esperado...
– Esperado o que?
– O casamento?! – ele fala como se fosse óbvio.
– Que diferença faz? Eu a amo com ou sem o casamento – falo e ele me olha de um jeito curioso.
– Mas vai ser ‘’com’’ né? – eu solto um riso.
– Sim pai, vai ser ‘’com’’! Eu já entreguei o anel – falo e pela primeira vez ele sorri de verdade.
– E o que ela achou?
– Ela adorou! Adorou tanto que... – ele levanta a mão pra eu parar mas acaba se divertindo.
– Não preciso de todos os detalhes – ele fala e nós rimos, eu levanto a mão pra dizer que não direi nada mais, então ele me puxa pra um abraço – Eu tô feliz por vocês! – ele fala e segura meu rosto entre suas mãos – E agora preciso guardar bem o seu rosto, antes do seu tio deixar ele irreconhecível – ele fala e eu fecho os olhos fazendo uma careta, ele ri – Devia ter pensado nisso antes – ele avisa e eu mentalmente eu digo a ele que sim, eu pensei nisso, mas ela estava ali na minha frente dizendo que me queria, e ela é tão linda, tão... quente, seria impossível resistir a ela e honestamente eu nem tentei muito.
– Você podia sei lá, dar um aumento pra ele, daí ele tá um pouco mais feliz quando descobrir – eu falo e ele ri mas nega.
– Só se sair do seu bolso – ele fala e bagunça meu cabelo, mas me olha daquele jeito nostálgico dele – Pra mim você ainda é aquele garotinho que se metia em encrencas – ele fala e sorri com alguma lembrança – Acho que na verdade só mudou o tamanho né – nós rimos e ele para a mão na minha nuca me fazendo olhar pra ele – Eu só quero que você seja feliz! – eu sorrio e eu aperto minha mão em seu ombro.
– Eu tenho um projeto que está indo super bem, uma coleção de medalhas e troféus de causar inveja, sou bonito, gostoso, apareço pelo menos uma vez no mês em tv, revistas e jornal... – eu brinco e ele ri – Tenho os melhores pais do mundo, uma família que me ensinou tudo que eu sei e acabei de ter meu pedido de casamento aceito, pela garota mais gostosa de todo o Distrito... – falo meio entusiasmado demais – Tem como eu não ser feliz? – eu sorrio e ele também, então me dá outro abraço.
– Quem sabe a partir de agora você começa a pensar mais antes de fazer as coisas... Um pouco de responsabilidade...
– Eu não fui irresponsável, fui apaixonado – corrijo e ele me olha.
– Sua irmã era apaixonada e nem por isso...
– AAAAAAH demorou! – falo e levanto as mãos – Acho que é seu novo recorde! Foram quase 5 minutos de conversa antes de falar da Pérola – falo e ele fica sério – Vamos lá... Como a senhora perfeição agiria? – pergunto com toda ironia que consigo, mas na verdade não tenho raiva, já me acostumei com essas comparações.
– Ainda com esse ciúme sem motivo? As vezes parece que você tem 5 anos de novo – ele reclama, não gosta que eu fale isso, talvez por que no fundo ele sabe que é verdade.
– Tenho certeza que Pérola não faria isso também né? – falo pra implicar com ele, que se afasta um passo e cruza os braços me olhando.
– Isso não tem a ver com ela! Estamos falando de você e de como você sempre faz tudo que quer sem pensar nas consequências – ele fala começando a se irritar.
– Eu vou me casar com ela, ok? Como isso pode ser tão errado assim? – também me irrito um pouco e ele balança a cabeça algumas vezes.
– Não se trata de ser errado, mas você poderia ter esperado, poderia ter feito tudo na ordem certa, o que seriam mais dois ou três meses? – eu solto um riso nervoso.
– O que tem que é a minha vida... E eu faço o que eu quero com ela!
– Isso não é só sobre você ou sobre o que você quer, é sobre ela também? – dessa vez eu paro sem entender onde ele quer chegar.
– Espera! Você acha que eu forcei ou convenci ela a fazer algo que ela não queria? É isso? – seu olhar parece tão desacreditado quanto o meu.
– Não! Claro que não! Eu nunca pensaria isso de você. Eu sei o filho que eu tenho e mesmo fazendo algumas besteiras eu sei que posso confiar em você... – ele fala e eu me acalmo – O que eu quis dizer é que é ela quem vai enfrentar o pai, você como homem deveria ter pensado nisso mais do que provavelmente ela pensou!
– Eu vou falar com ele – eu garanto um pouco mais calmo porém preocupado.
– Eu sei que vai! Mas isso não impede que ele fale com ela, certo? – ele pergunta me olhando, eu concordo.
– Eu a amo! NÓS nos amamos! Não tinha por que adiar – eu falo e ele me força um sorriso.
– Eu entendo! Realmente entendo... Vocês são jovens, ela é linda e vocês sozinhos, com toda essa energia saindo de vocês... – ele fala fazendo uma dança com as mãos como se tivesse explodindo algo, eu acabo rindo.
– Eu só não consegui pensar em mais nada... Só nela e no quanto eu queria ela... Ela tava tão linda... – relembro sentindo um sorriso escapar, quando olho ele também sorri.
– Vamos torcer pra que seu tio entenda também – ele fala e eu diminuo o sorriso mas me lembro do que Keyse me disse.
– Eu não me arrependo! – garanto a ele e seu sorriso se aumenta.
– Eu desconfiava que não – ele fala e passa a mão pelo meu cabelo – Agora vai dormir que já está bem tarde – ele fala e antes que eu concorde a figura desperta começa a descer as escada.
– PYT! – ele me chama pelo apelido e estende os braços pra eu pegar ele.
– Tá ficando forte ein – falo sacudindo ele no meu colo, ele ri.
– Eu tô bem com fome – ele fala com a mão na barriga fazendo careta.
– Tá na hora de dormir e não de comer – papai fala e tenta pegar ele do meu colo mas ele se recusa.
– Mas eu tô com muita, muita, muita fome – agora ele coloca as duas mãos na barriga e aumenta a careta, jogando a cabeça pra trás, eu e papai rimos.
– E o que você quer comer? – eu pergunto e ele me olha rapidamente.
– Bolo de chocolate – ele fala sem precisar pensar em outra opção.
– Nem pensar, você quer que sua mãe arranque meus cabelos? – ele pergunta e Pietro gargalha.
– Que tal... um copo de leite com canela e ... os biscoitos do papai? – eu pergunto e ele comemora tanto quanto se fosse o bolo de chocolate, eu acabo rindo e mordo o pescoço dele que se encolhe rindo.
– Achei que você tivesse jantado já... – papai fala quando alcançamos a cozinha.
– Preciso repor minhas energias, a noite foi beeeem agitada – eu falo e recebo um tapa na minha nuca, mas ele ri e pega o vidro do leite, coloco Pietro sentado na mesa e me pego o pote com os biscoitos que derretem na boca, Pietro avança no pote já começa a comer.
– Tinha que entregar o pote todo na mão dele né? – papai reclama e dessa vez invés do tapa ele me acerta com o pano de prato, faço uma careta, pego um prato e despejo alguns biscoitos nele, então entrego pro Pietro, logo papai está servindo nossos copos e ficamos os três comendo.
– Achei que você já tivesse jantado – eu falo implicando com ele.
– Você não é o único que gasta energia – ele fala e pisca um dos olhos pra mim.
– PAAAAAI, qual é?! Ela é minha mãe – eu reclamo e isso faz ele rir, realmente gargalhar.
– E como você acha que foi feito? – ele pergunta entre risadas.
– Tem uma criança no ambiente, sabia? – eu falo mas Pietro está concentrado em resgatar um de seus biscoitos que caíram dentro do copo de leite, papai o ajuda.
– Mas foi graças a essa criança ter dormido cedo que eu gastei minha energia – ele completa se divertindo.
– É sério, isso é nojento – eu falo e ele ri de novo.
– Você não parecia enjoado quando chegou – ele fala e pisca pra mim de novo.
– Isso foi antes de eu imaginar você e a mamãe.... Ai droga! To imaginando de novo – falo com as mãos na cabeça e ele ri – Deveria ter uma lei que proibissem os pais de fazer essas coisas depois que os filhos nascem – eu falo e ele está rindo sem parar.
– E tirar a maior diversão da minha vida? Ah não, eu seria preso por isso!
– A gente pode não falar sobre a vida sexual sua e da mamãe? Por favor... – peço e ele ri.
– Mas por que? Tô achando a conversa bem legal – ele fala se divertindo.
– É, tem razão! Acho que a gente podia chamar o Ian pra conversar também – ele fecha o sorriso na hora, mas o meu se aumenta.
– Isso não foi uma coisa legal e ela é sua irmã! – ele reclama voltando a tomar seu leite.
– E ‘’ela’’ – falo apontando pra cima – é minha mãe – afirmo e ele levanta as mãos.
– Ok, sem detalhes – ele fala mas acabamos rindo de novo.
Quando terminamos de comer, papai lava os copos e subimos as escadas juntos, com Pietro no colo dele, eu beijo a testa do Pietro e papai vai colocar ele na cama, eu entro no meu quarto e me jogo na cama com um sorriso grande demais na cara, passo a mão pelo rosto e sorrio ainda mais, desabotoo minha camisa e acabo rindo quando lembro dela fazendo isso, o cheiro dela ainda está em mim, sinto seu perfume na minha camisa e desisto de tomar banho e perder isso, tiro minha calça e a chuto para fora da cama, fico só de cueca encarando o teto e relembrando nossa noite, em algum momento eu pego no sono, até sentir os dedos pelo meu rosto, levo alguns minutos pra entender que é real e só a voz que me desperta.
– Pyt? Pyt? – a voz é baixa mas insistente e sinto o rosto dele quase colado na minha orelha, sorrio mas não abro os olhos.
– Sai do meu quarto – falo me afastando da mão dele.
– Pyyyyt... – ele insiste e suas mãozinhas alcançam meu rosto – Tô com medo – ele fala sussurrado.
– Pietro vai pra sua cama – exijo e viro de costas.
– Pyyyt... – as mãos não desistem e puxam meu lençol – Olha pra mim? – ele pede e eu me viro pra ele e abro os olhos, lá está ele com os olhos assustados – Eu tô com medo – ele fala e mesmo querendo resistir é impossível.
– O que houve? – pergunto ainda com sono mas dando atenção a ele.
– Eu ouvi um barulho – ele cochicha.
– Pietro não tem nada e você é forte, sabe lutar...
– Por favor – ele pede e junta as mãos fazendo aquela cara de choro que corta meu coração, mas eu sei que se deixar ele dormir aqui uma vez vai acontecer todo dia.
– Ok – eu falo e empurro o lençol pra longe, me levanto e dou a mão pra ele, com a outra mão pego meu travesseiro e meu cobertor – Vamos – falo saindo do meu quarto.
– A mamãe falou que você não pode ficar só de cueca – ele fala e eu faço uma careta pra ele.
– E ela disse que você tem que dormir sozinho – falo e ele faz aquela cara de choro.
– Mas eu ouvi o barulho – ele fala e entramos no quarto dele.
– Você não conta e eu não conto – falo e ele sorri concordando, corre até a cama e se joga nela, mas se afasta me dando espaço, eu jogo meu travesseiro ao lado dele e me deito, ele ri animado e passa o braço pelo meu pescoço.
– Conta uma história? – ele pede animado.
– Era uma vez um menino que tava com muito sono e dormiu... Vai agora sua vez, dorme – ele ri e beija minha bochecha.
– Eu te amo tá? – ele fala e eu sorrio encantado.
– Você joga sujo moleque – falo mas beijo a bochecha dele também – Eu também te amo tá? – ele ri e concorda – Agora vamos dormir que to com muito sono tá? – ele balança a cabeça em concordância e fechamos os olhos.
Acordo com vozes, abro os olhos e Pietro ainda está dormindo todo esparramado na cama, com as pernas na minha barriga, sorrio e tento sair devagar, mas já estava levantando a perna dele quando ouço as vozes mais altas e mais fortes, desisto de ser sutil, pulo da cama e me preparo pra algo ruim, a ultima vez que ouvi vozes assim papai tinha tido um flash e ele quase fez algo ruim, não gosto de me lembrar, ele gritando coisas horríveis e depois no chão confuso, por isso saio logo do quarto, corro até a escadas mas o que encontro me faz parar, papai está lá mas a voz mais alta não é dele, é do tio Benny, mamãe também está com eles e todos olham pra mim no mesmo momento.
– Eu vou te pegar garoto... – tio Benny ameaça e tenta subir a escada mas papai se coloca na frente o impedindo – Peeta, você sabe que eu te respeito, você é meu melhor amigo mas... sai da minha frente – ele avisa realmente com raiva.
– Ele é meu filho e você não parece que vai conversar com ele – papai fala sem sair da frente.
– Ah ele gosta de conversar? – ele pergunta com ironia – Por que não foi isso que ele ficou fazendo ontem com a MINHA filha – ele fala e eu ainda continuo parado no mesmo lugar.
– Pyter, você pode por favor colocar pelo menos uma calça? – mamãe pede e eu concordo, volto pro meu quarto e puxo minha calça jeans do chão, visto e pego uma camiseta que estava pendurada atrás da porta, saio do quarto e dessa vez desço as escadas, papai mantem ele longe de mim e mamãe vem pro meu lado.
– Eu ia falar com o senhor hoje mesmo, se você tivesse esperado eu acordar – falo tentando acalmar o humor dele.
– Sem ironias, por favor – mamãe pede e eu concordo.
– Eu quero pedir a mão da Keyse...
– Parece que você já teve mais do que a mão dela... – impossível segurar um sorriso quando penso nela – Você tá rindo? Ele tá rindo, Peeta – ele fala e tenta se aproximar de mim, papai impede.
– Não ele não está! Deve ser o nervoso – papai tenta me ajudar – Será que nós podemos conversar numa boa? Como adultos? – ele pergunta e me olha, eu concordo dando de ombros, indicando que estou de boa, papai o guia até a sala de estar, ele recusa se sentar, mamãe para ao meu lado e fico de frente pra ele.
– Ok, e o que você tem a me dizer? – ele pergunta sério e me encarando, eu penso alguns segundos, olho pra mamãe e pro papai e então respiro fundo.
– Eu passei minha vida inteira ouvindo meu pai falar sobre como ele é apaixonado pela minha mãe, sobre como o amor deles é a coisa mais importante da vida dele e todas essas coisas que todos nós temos que aguentar ouvir ele falar... Só que tem uma grande diferença entre ouvir e entender... – faço uma rápida pausa e continuo – Eu ouvia e sabia de cor mas acho que eu não entendia perfeitamente, até agora, até ontem na verdade... – ele já ia dizer algo mas eu não dou tempo – Eu amo a Keyse! Amo como eu nunca amei ninguém, como eu sei que jamais amarei alguém... Talvez eu tenha feito errado, talvez eu devesse ter esperado, talvez devêssemos ter tido o casamento primeiro, mas não importa... Nada importava ontem, a não ser o quanto eu a amo e o quanto eu quero ela na minha vida de todas as formas possíveis. Eu não quis ofender ninguém, não quis desrespeitar vocês, eu só não pensei em nenhum de vocês... não me importei com mais nada, só que a mulher da minha vida estava lá! Então sinceramente se você quer me socar, quebrar minha cara, me ameaçar ou sei lá mais o que, faça, pode fazer, mas nem por um segundo eu me arrependo do que aconteceu. Eu NUNCA vou me arrepender de ter amado sua filha, a mulher da minha vida! Então... se você precisa fazer isso – falo e abro os braços esperando por ele.
– Se você tocar nele, dorme na varanda – a voz chama atenção de todos e quando me viro vejo a tia Grace e Keyse paradas a alguns passos atrás de mim.
– Nem um tapa? – ele pergunta mas já está com uma voz mais calma.
– Não se atreva! Nós estamos casados a mais de 20 anos e você nunca fez metade dessa declaração pra mim – ela reclama com ele mas é pra Keyse que eu estou olhando, nossos olhares parecem conversar, ela abre um sorriso tímido e mesmo que a timidez não faça parte dela, combina perfeitamente, ela está com um vestido floral curto que faz meus olhos desviarem para suas pernas, ela percebe e sorri.
– Você! – tio Benny me chama e eu volto a olhar pra ele – É só isso que você tem pra me dizer? – ele levanta as sobrancelhas esperando algo a mais, eu me aproximo mais dele, limpo a garganta e falo com a voz mais firme que consigo.
– Tio Benny, tia Grace... – falo e olho pra ela que já esta sorrindo – Eu gostaria de pedir a permissão de vocês pra me casar com a sua filha... Eu prometo que ninguém no mundo vai tratar ela melhor do que eu, eu a amo e vou fazer dela a mulher mais feliz do mundo – garanto e antes que ele diga algo sinto seu braço me envolvendo por trás.
– Você já faz – ela garante e eu a olho sorrindo – Anda papai, fala logo que sim – ela fala ansiosa, ele me olha por alguns segundos, mas estica a mão pra mim, eu aperto e o grito de comemoração é claro que vem da tia Grace que vem animada nos parabenizar.
– Agora seremos todos da família – ela fala pra mamãe que força um sorriso, todos nos cumprimentam e quando a noticia se acalma tio Benny diz que vai pra padaria, tia Grace acompanha ele mas eles permitem que Keyse fique mais um pouco, papai não vai mais pra padaria aos domingos então se encarrega de preparar o café da manhã, e mamãe segue pro corredor sem dizer nada e eu estranho.
– Ele escutou uma conversa minha e da minha mãe - Keyse fala quando ficamos a sós.
– Tudo bem, ele ia acabar descobrindo...
– Eu só não quero que você pense que foi de propósito, pra te forçar a alguma coisa... - eu a encaro sem acreditar.
– Você não ouviu nada que eu disse? - pergunto e ela apenas me olha - EU QUERO me casar com você! - afirmo e ela sorri satisfeita e me beija, mas antes que o beijo aumente muito nós paramos, vamos até a cozinha mas preciso resolver algo antes.
– Me espera aqui! Já volto – aviso a Keyse deixando ela com papai e sigo o corredor atrás da mamãe, ela foi pro quintal e finge pegar algumas das ervas da horta que fizemos alguns meses atrás, eu me aproximo e me abaixo ao lado dela, ela evita me olhar, eu ajudo ela a colher alguns dos temperos, até sua mão já está cheia e ela se levanta pronta pra voltar pra dentro de casa, mas eu paro na sua frente.
– Pyter, eu tenho mais o que fazer – ela fala e reconheço sua voz, ela está chateada com alguma coisa, eu toco seu queixo e a faço olhar pra mim.
– O que eu fiz de errado dessa vez? – eu pergunto e ela tenta não me olhar nos olhos, eu insisto e quando ela o faz vejo as lagrimas querendo descer.
– Você vai embora – ela fala rápido como se fosse perder a coragem, então respira fundo e olha pra cima evitando que a lagrima escorra, eu seguro o rosto dela entre minhas mãos e olho em seus olhos.
– Eu NUNCA vou embora – afirmo e a lagrima escorre, ela nega e tenta se controlar.
– Você vai! – dessa vez sou eu quem nego.
– Eu tô aqui – garanto passando a mão pelos cabelos dela, que já carregam alguns fios brancos.
– Mas você vai, depois que se casar e eu não vou ter você aqui em casa, você vai ter a sua casa...
– Ei... eu ainda estou aqui e eu nunca vou pra longe! Na verdade... eu já andei vendo o preço da casa que tá vaga, do lado da do vovô e se vocês me derem um empréstimo... – falo tentando parecer otimista, ela não sorri, seus dedos tocam meu rosto, minha sobrancelha, minha bochecha, minha boca, meu cabelo, como se ela tivesse guardando cada pedaço meu.
– Eu não sei como vai ser essa casa sem você – ela fala e mais lagrimas descem.
– E você não vai precisar descobrir, mãe eu vou estar sempre aqui... ou você acha que eu vou comer a comida da Keyse? Ela nem sabe fritar um ovo... até seu macarrão é melhor que o dela – isso arranca um pequeno sorriso dela – Eu vou tá do outro lado da rua, vai ser igual quando a Pérola saiu de casa, as vezes nem parece que ela saiu – eu falo e ela sorri meio triste, me olhando mais intensamente.
– Não vai ser igual! – ela garante e me abraça, forte e demorado, eu a abraço de volta, deixo que ela fique assim pelo tempo que quiser, quando me solta ela me olha parecendo mais aliviada, eu beijo sua testa e ela minha bochecha.
– Eu te amo – falo pra ela que sorri.
– Eu também te amo!
– Eu sei... – garanto sorrindo e aproximo meu rosto do seu ouvido – Todo mundo ama – ela ri e me empurra.
– Anda, vamos entrar – ela fala e encaixa o braço no meu, nós entramos em casa e vamos para a cozinha, Pérola também está aqui, com a pequena Louise nos braços, como sempre ela está toda de rosa e é a garotinha mais linda de todo o mundo, acabou de completar 4 meses e também já é a mais bajulada, papai está em cima dela sorrindo como um bobo.
– Deixem a menina respirar – eu falo me aproximando, Louise abre os olhinhos, azuis como os da Pérola, e é impossível não sorrir, eu beijo a mãozinha dela e seguro o rosto da Pérola deixando um beijo exagerado na sua bochecha.
– Então você vai virar um homem casado? – ela me pergunta com ironia mas sorrindo, olho pra Keyse que está sorrindo.
– E muito bem casado – garanto e pisco pra ela, então papai finalmente pega Louise no colo e Pérola me abraça.
– Meus parabéns – ela fala e eu aperto ainda mais meus braços nela que ri – Cuida do meu menino ein – ela avisa pra Keyse, que sorri fazendo sinal de continência.
– MÃÃÃÃÃÃÃE – Pietro grita da escada e mamãe corre até lá, volta trazendo ele de mãos dadas – LOUI – ele fala animado assim que a vê no colo do papai, mamãe o coloca sentado na mesa pra que ele a veja, me aproximo de Keyse e aproveitando a distração de todos e conduzo ela até o corredor, encosto-a na parede e quando vejo seu sorriso meu coração acelera de novo, eu a beijo segurando sua nuca e com a outra mão na sua cintura, ela agarra meu cabelo e corresponde a mim.
– Eu tava pensando se... você não quer jantar comigo hoje de novo? – pergunto com ironia e ela ri.
– Só se a sobremesa for você – ela fala e passa a boca na minha me olhando com aquele jeito que me deixa louco.
– É por isso que eu te amo – falo e ela sorri.
– Agora vai virar um desses carinhas bobos apaixonados que tem o ‘’eu te amo’’ liberado toda hora? – ela implica comigo rindo, eu mordo a bochecha dela e ela ri um pouco alto demais, eu a beijo ainda rindo.
– Vão pra um quarto – a voz do vovô que me distrai, ele está parado no corredor nos olhando com seu humor acido e parecendo irritado com mais alguma outra coisa e Keyse não perde a oportunidade, ela me solta e vai até ele, os dois vivem se cutucando, eu sempre prefiro apenas observar e é isso que estou fazendo quando Keyse levanta a mão mostrando e quase esfregando o anel na cara dele.
– Vai ter que me engolir agora... – ela fala e faz uma careta, ele segura a mão dela e olha o anel, depois olha pra mim e bufa irritado, solta sua mão balançando a cabeça contrariado.
– Ainda não teve casamento – ele fala e ela ri, aproxima o rosto dele e fala quase cantarolando.
– Mas vai ter! E eu quero você lá na frente pra não perder nem um segundo – ela fala e garagalha – Tãran, tãranran, tã, tã... – ela sai cantarolando e fingindo dançar valsa, ela vai pra cozinha e ele fica parado me olhando, eu me aproximo dele.
– Vocês vão ter que se entender – eu falo e ele me encara.
– Ela é muito abusada... – ele murmura e eu acabo rindo.
– E você um velho rabugento... – falo e ele já ia reclamar, mas passo meu braço pelos ombros dele em um abraço – E eu amo vocês dois! – ele me olha e suaviza o olhar.
– Podia ter escolhido uma garota mais fácil né? – ele fala revirando os olhos – Mesmo gosto que seu pai – ele fala e eu acabo sorrindo.
– Então você gosta tanto assim da Keyse? Por que todo mundo sabe que você e a mamãe são almas gêmeas – ele se afasta e sai reclamando e me xingando enquanto caminha devagar com sua bengala, entramos na cozinha e a bagunça já está instalada nela mas é aqui que eu mais gosto de estar.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!




Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Nova fase'" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.