Nova fase' escrita por HungerGames


Capítulo 3
Capítulo 3




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Hoje o dia foi corrido, mal parei por um segundo, o treino com as crianças do turno da tarde deveria ter acabado as três horas, assim eu poderia ter mais tempo pra treinar com Ryan, mas ao invés disso as crianças se recusaram a parar o treino, elas estão tão animadas e empolgadas com a chegada do primeiro Campeonato Nacional que não queriam encerrar, o Campeonato está deixando todos ansiosos, acontecerá em uma semana, será o primeiro evento de luta onde os atletas de outros Distritos irão interagir com outros, e o Distrito escolhido pra ser o palco disso tudo é o nosso, então mesmo que as crianças não vão de fato competir elas farão uma apresentação com uma sequencia de golpes e terão suas faixas trocadas, por isso a animação e ansiedade estão incontroláveis, elas pediram, insistiram, ameaçaram chorar e eu simplesmente não consegui dizer não, por isso o treino terminou mais tarde mas não pude adiar o meu próprio treinamento já que eu sim irei ter um luta importante e quem sabe completar o troféu e a medalha que faltam na minha lista, por isso não posso deixar de treinar nem um dia sequer, por que além de odiar perder, eu me recuso a perder ainda mais essa luta.
– Cara, não acredito que você está preocupado com George? Todo mundo sabe que você ganha dele com uma mão só! Você não já provou isso umas... – ele faz uma conta rápida na cabeça – Cinco vezes? – ele me olha meio na dúvida, estou debaixo do chuveiro, estamos separados por uma parede que vai até metade do meu corpo.
– Seis! – eu o corrijo tirando a cabeça debaixo da agua gelada e ele dá de ombros como se não fizesse diferença.
– Tá vendo, são tantas que eu até esqueço – ele fala apenas confirmando sua teoria e ele está certo, eu realmente posso ganhar do George mas acontece que esse é o primeiro campeonato nacional, esperei anos por isso, e mais do que nunca eu quero vencer, isso seria o topo do que eu sempre quis pra mim, embora eu sempre apareça em jornais e tudo mais, dessa vez será em todo país, todos saberão que eu venci o primeiro campeonato nacional, isso vai ser perfeito, meu nome vai chover em todos os meios de comunicação, minha foto espalhada por todo país e de quebra ainda consigo mais patrocinadores pro projeto com as crianças, por isso não posso falhar – Mas é sério cara, você ganha essa fácil, fácil – ele me garante já fechando o chuveiro dele.
– E você ganha do Paul fácil também – eu falo e ele parece meio indeciso.
– É pode ser – ele puxa a toalha dele e começa a se enxugar.
– Ryan, você perdeu dele uma vez... Ganhou três! Você precisa parar de se concentrar só na derrota – brigo com ele pela centésima vez.
– É fácil pra você falar! Você nunca perdeu uma luta sequer – ele fala começando a ficar inseguro de novo.
– Você devia olhar pras suas 8 medalhas antes de vim chorar pra mim – falo e ele faz uma cara de quem já ouviu isso muitas vezes – Não adianta me olhar assim, você sabe que eu tô certo – aviso e ele faz uma careta.
– Não já tá bom de banho não? Ou quer acabar com a agua do Distrito? – ele pergunta implicando comigo enquanto se veste, eu fecho o chuveiro e puxo minha toalha, enxugo o cabelo, enrolo a toalha na cintura e remexo na minha mochila pra pegar minha roupa.
– E aí já falou com a Keyse sobre sábado? – ele pergunta e só então eu me lembro, puxo o relógio que estava jogado na mochila e quase morro do coração quando vejo as horas.
– MERDA! – eu xingo começando a vestir a roupa de qualquer jeito e o mais rápido que consigo.
– Que foi? – ele pergunta me olhando como se eu estivesse louco.
– Ela vai me matar! Droga, droga, droga! – começo a socar as coisas dentro da mochila.
– Relaxa cara, se ela te matasse todas as vezes que você diz isso, você morreria pelo menos uma vez na semana – ele fala rindo e se divertindo com minha pressa.
– A gente ia escolher o convite do casamento hoje! As Cinco horas – eu falo e mostro o relógio, são seis e quarenta, ele solta um xingamento.
– É meu amigo! Você tá morto – ele fala, mas acaba rindo.
– Merda – xingo novamente e jogo a mochila nas costas – Eu tenho que ir – não espero ele responder e saio correndo do vestiário, corro pelo ginásio e grito pro Seu Manuel que Ryan vai fechar a quadra, ele é quem nos aluga o espaço para o projeto, alguns eventos são feitos aqui mas nos dias normais e por um preço justo ele nos cede o lugar para levarmos o projeto a diante e ainda me cede o espaço pros meus treinos pessoais, ele é um cara legal, mas mal ouço o que ele diz e começo a correr, não vim de carro então não tenho outra opção, conforme avanço entre as pessoas, recebo olhares curiosos, alguns gritam um ‘’Oi’’ e eu respondo com um aceno sem parar de correr, o Distrito está muito movimentado já que hoje será o Festival da Primavera, alguns anos atrás eles decidiram fazer uma festa pelo Distrito pra alegrar um pouco a todos e funcionou tão bem que todo ano acontece, tem barracas, brinquedos, música e não existe uma única pessoa sequer que não adore o Festival, mas mal reparo na arrumação das ruas, viro a direita e subo os degraus ainda correndo, paro na porta, tomo fôlego, coloco minha cara mais arrependida que consigo mesmo sabendo que vou precisar mais do que isso, então bato na porta, ouço umas vozes, alguns passos e então a porta se abre, tia Grace me olha com as sobrancelhas erguidas e a mão na cintura como se já me esperasse.
– Ela tá muito brava? – pergunto já avaliando a situação, ela ri.
– Brava? Claro que não – eu estranho, mas me permito experimentar um certo alivio – Brava ela estava a meia hora atrás agora ela está um pouco além do que furiosa – ela completa e eu solto o ar derrotado, ela abre a porta pra que eu possa entrar – Ela tá no quarto com a Hannah – ela avisa e eu seguro o rosto dela e beijo sua bochecha de um jeito exagerado que faz ela rir mas me empurra, entro na casa e me preparo a cada passo, Hannah é irmã de Hazel e a melhor amiga da Keyse, porém, no quesito drama ela é insuperável, qualquer deslize pra ela é o fim do mundo e tenho certeza que seus comentários não estão me ajudando nesse momento, já estava com a mão estendida pra bater na porta quando ela se abre, Keyse está parada a alguns centímetros de mim e seu olhar não é apenas furioso é perigosamente mortal, eu perco as palavras por alguns segundos e quando eu abro a boca pra falar ela simplesmente passa por mim como um furacão, eu levo um segundo pra me recuperar, Hannah ainda está parada me olhando.
– Você é um babaca – ela fala e sai seguindo a amiga, eu reviro os olhos e esfrego as mãos no rosto antes de correr atrás dela, ela já estava alcançando a porta quando pulo na frente dela e fecho a saída, ela cruza os braços e fica me encarando, e preciso me concentrar por alguns segundos, por que ela está simplesmente linda, está maquiada, o batom vermelho, os olhos destacados, o vestido curto é de tecido leve e todo florido, reconheço-o imediatamente, é da coleção nova da Pérola, sempre que ela lança uma coleção separa alguns modelos pra Keyse, Hannah e claro, a Hazel, mas o vestido destaca ainda mais a pela bronzeada que ela conseguiu depois de passarmos o ultimo sábado no lago, mas toda essa beleza dela está envolvida em uma camada bem espessa de irritação.
– A gente pode conversar? – peço e a única coisa que ela faz é me encarar – Por favor... Eu.. eu sinto muito, muito mesmo! Mas é que o Campeonato tá chegando e... - E o campeonato é mais importante que o casamento de vocês? – Hannah é quem pergunta e eu lhe dou um olhar de quem diz pra ela calar a boca, mas ela não se intimida muito.
– Meu amor, eu te amo, você sabe disso! Mas as crianças insistiram tanto pra estender o treino, você devia ter visto, elas estão tão empolgadas e... – ela não espera eu terminar de falar e tenta passar por mim, eu seguro seu braço.
– Me solta! – é a primeira coisa que ela fala comigo desde que eu cheguei e Ryan pode estar certo sobre eu não perder e nem ter medo de uma luta, mas quando ela me olha assim eu sempre irei recuar, solto seu braço e então sem dizer mais nada ela passa por mim saindo de casa, claro que Hannah a segue depois de me lançar um olhar totalmente ameaçador, eu solto o ar cansado e frustrado, tia Grace aparece na sala e fica parada me olhando.
– Algum conselho? – pergunto sabendo que ela sempre acaba me ajudando quando Keyse e eu brigamos, ela respira fundo, cruza os braços e me olha por alguns segundos.
– Eu não tenho nenhuma dúvida que você ama minha filha, até por que se eu tivesse não ia permitir isso, mas você precisa saber que essa coisa do casamento é importante pra ela, tudo tem que sair perfeito e isso inclui que você participe junto com ela... – ela fala e eu concordo um pouco envergonhado.
– Eu sei, eu só... me atrasei – falo dando de ombros sem saber o que mais eu poderia falar pra justificar isso.
– Ela tá indo pro Festival! Você quer um conselho? Então, não deixa ela juntar mais raiva ainda, fala logo com ela – eu concordo, agradeço e saio de lá, mas antes de ir para a praça vou pra casa, assim que passo pela porta encontro as vozes alteradas na sala, vovô está murmurando e xingando a mamãe de alguma coisa e ela grita e briga com ele.
– EU JÁ DISSE UM MILHÃO DE VEZES, HAYMITCH! ELE NÃO PODE COMER TANTO DOCE – sua voz alta ecoa por toda a sala, Pietro está no colo do vovô com um saco de doces coloridos – Me dá isso Pietro! – ela exige esticando a mão pra pegar o saco de doces.
– É meu! Meu vô me deu – ele fala e esconde o saco entre o corpo dele e do vovô, eu acabo rindo, entro pela sala e vou até eles.
– E pra mim, você dá esse saco? – pergunto, ele me avalia alguns segundos, mas abre um sorriso, fica em pé no sofá e pula no meu colo, eu aperto em meus braços e ele solta uma risada alta em seguida me entrega o saco de doces, eu agradeço mordendo a barriga dele que ri ainda mais alto, então entrego o saco pra mamãe que está nos olhando de um jeito meio esquisito.
– Você é igual seu pai – ela fala mas não parece brava com isso, pelo contrário um pequeno sorriso ameaça aparecer.
– O que tem eu? – papai pergunta enquanto entra em casa, Pietro se agita no meu colo chamando por ele, eu o coloco no chão e ele corre até o papai que o pega e dando vários beijos nele.
– Pyter é igual você, sempre consegue convencer todo mundo a tudo – ela fala e ele se aproxima dela, colocando um beijo rápido na sua boca.
– É um dom – ele fala dando de ombros – Aconteceu alguma coisa com você e a Keyse? – ele pergunta fazendo todos olharem pra mim.
– Por que? – tento fugir da pergunta e ele me olha ainda mais curioso.
– Ela passou por mim como um furacão e nem ao menos me disse um ‘’oi’’, se bem que nem tenho certeza se ela me viu, com a pressa que estava também ... – agora mamãe também me olha curiosa e questionadora, sei que não tem como fugir, solto o ar e falo.
– Nós tínhamos marcado de escolher o convite pro casamento, mas eu acabei me enrolando e perdi a hora – faço um resumo tentando minimizar tudo, vovô solta uma risada alta e feliz, o que só me dá mais certeza que fiz besteira, já que ele vive implicando com a Keyse.
– Pelo menos uma noticia boa, agora já posso dormir – ele fala já se levantando do sofá, ele me dá um sorriso e faz sinal de positivo com o dedo e sai de casa ainda rindo.
– Você se enrolou ou ficou treinando com o Ryan? – papai pergunta me avaliando.
– A luta é em cinco dias, eu tenho que treinar – me defendo já sabendo que ele irá me dar um sermão por causa disso.
– E seu casamento será em menos de três meses – ele acrescenta.
– E ele tem que ficar sem treinar por isso – mamãe fala me defendendo, ele a olha como se não acreditasse no que ouviu, então coloca Pietro no chão e volta a me dar atenção.
– Ela é mulher, ela esperou por esse momento a vida toda, idealizou tudo, quer que tudo saia perfeito e você deixar de cumprir seu papel não é o melhor a se fazer – ele fala e mamãe revira os olhos.
– Ele se atrasou pra escolher o convite e não pra assinar os papéis – ela fala achando exagerado, papai tenta manter a calma.
– Mas se num pequeno detalhe você não pode estar presente quem garante que estará pronto pro resto – ele fala com atenção toda em mim.
– Eu só me atrasei – falo e ele me lança um olhar que diz que eu não entendo.
– Você não ‘’só’’ se atrasou, você simplesmente mostrou pra ela quais são suas prioridades e ninguém gosta de saber que é uma segunda opção – ele afirma e mamãe muda o olhar como se esperasse por mais alguma coisa, papai se aproxima de mim e coloca a mão no meu ombro – Você errou, admita isso e conversa com ela – ele me aconselha.
– Eu vou encontrar ela agora – aviso já me afastando e subindo as escadas correndo, entro no quarto, me jogo na cama ao lado da minha mochila e esfrego as mãos no rosto, eu amo a Keyse, desde o dia que ela aceitou meu pedido de casamento que eu conto os dias pra chegar logo, e isso é estranho até pra mim, já que casamento nunca foi meu sonho nem nada assim, só que eu não vejo a hora de estar com ela todos os dias, mas toda essa coisa dos detalhes da festa eu não sei, não me empolgam tanto, desde que ela se case comigo todo o resto não me importa, mas papai está certo ela está sonhando com tudo isso, tem feito planos e mais planos, está ansiosa e animada, e o que eu fiz hoje foi realmente errado, como noivo e o futuro marido eu devo sim me empolgar junto com ela, por isso dou um pulo da cama e resolvo me desculpar de todas as formas que eu conseguir, por que o simples pensamento dela estar magoada comigo me deixa sem chão, eu abro o guarda roupa e começo a colocar meu plano de perdão em prática e então depois de alguns minutos e de um outro banho, eu estou arrumado, coloquei a camisa preta de botões, a mesma que eu estava usando na nossa primeira vez e que desde então se tornou a favorita dela, coloco uma calça que parece jeans mas é marrom, meu cabelo eu deixo meio bagunçado, deixo a camisa um pouco aberta pra mostrar a corrente, calço meu tênis e desço as escadas apressado, encontro Pietro arrumado junto com o papai na sala.
– Vocês estão indo agora? – pergunto.
– Só esperando sua mãe – ele fala e logo em seguida ela aparece descendo as escadas, está usando um vestido verde e sempre fico impressionado como ela ainda é exatamente a mesma de quando eu era criança, com excessão de alguns fios brancos no cabelo, mas ganha de beleza em muitas garotas por aí, como sempre papai vai até ela e a elogia de no mínimo umas cem formas diferente, eles se beijam e então eu os apresso.
– OK, ela tá linda, você a ama, ela te ama, agora podemos ir por que eu quero uma carona – eles riem, papai me empurra pra sair logo e então estamos no carro, Pietro fala animado sobre querer andar na roda gigante e que quer comer todos os doces, mamãe briga com ele mas ele nem a escuta direito, só continua falando, papai para o carro na lateral da praça e descemos, tudo está enfeitado, luzes coloridas, balões e flores, muitas flores, pra todos os lugares que se olhar, a praça está cheia, ninguém quer perder o Festival, o palco montado também está muito bem iluminado e enfeitado, uma banda toca alguma música animada, enquanto pessoas dançam, crianças correm de um brinquedo ao outro e as filas para as barracas de comida já estão grandes também.
– Olha ele aí... Fala moleque – Ryan aparece se abaixando e chamando Pietro que pula do carro direto pra ele, Ryan levanta ele e as risadas dele só aumentam, Nathy, que é a namorada do Ryan, também está com ele, eu falo com ela dando um beijo na sua bochecha e depois ela cumprimenta meus pais - Cara, é melhor você nem chegar perto da Keyse mesmo... – ele fala entre as brincadeiras com Pietro.
– Ela tá aí? – pergunto ansioso e nervoso.
– Na barraca de algodão doce – Nathy fala com um sorriso encorajador.
– Preciso dele um minuto – aviso já pegando Pietro no colo. - A gente vamos na roda gigante? – ele pergunta animado.
– Não, você vai com o papai e a mamãe, mas preciso que você faça um favor pra mim, pode ser, campeão? – ele me olha meio em dúvida – É uma surpresa pra tia Key – ele abre um sorriso e concorda animado, então ando em direção ao movimento – Encontro vocês depois – falo e não paro de andar, mas vou precisar de reforço, então dou uma volta pela festa e consigo arranjar alguns dos meus alunos pra me ajudar e eles parecem animados com isso, paro em uma das barracas de flores e faço meu pedido, as flores compradas eu junto eles e explico o que é pra fazer, entrego uma rosa branca na mão de cada um deles, cinco no total, e então encontro Keyse alguns metros de onde estamos, ela está com Hannah e mais duas amigas dela que eu não gosto muito, nem Hannah, o que explica a cara de tédio que ela está, me aproximo, mas não deixo que elas me vejam ainda, falo para os meninos se posicionarem, um a um, eu vejo quando eles vão até ela e lhe entregam a rosa branca, ela sorri e agradece, dando beijo em suas bochechas, em seguida, um outro menino aparece e lhe entrega outra flor e é assim até o Pietro que eu deixo por ultimo, assim que ela o vê se abaixa de braços abertos, ele pula e a abraça já rindo, ele entrega a flor e ela se derrete toda por ele, os outros meninos voltam até a mim, eu agradeço e dou alguns ingressos que eu tinha ganhado mais cedo pra eles que saem animados, então dessa vez sou eu mesmo quem aparece, respiro fundo e caminho até ela segurando uma rosa vermelha, ela estava rindo com Pietro mas no momento que dou o primeiro passo seus olhos me encontram, ela diminui o sorriso e se levanta me olhando, está segurando todas as rosas e eu não desvio meus olhos dela, paro na sua frente e lhe entrego a rosa vermelha, ela pega mas não sorri como sorriu pra eles.
– Então algumas flores resolvem tudo? – ela pergunta séria, eu nego – Pelo menos você não é tão idiota assim – ela fala irritada.
– Falou palavra feia – Pietro grita apontando pra ela.
– Desculpa, é que seu irmão é muito burro e ele me irrita – ela fala e ele ri.
– Seu burrão – ele fala apontando pra mim e dessa vez Keyse ri, aliás não só ela como as outras garotas também.
– É isso aí – Keyse fala e bate na mão dele comemorando – Um burrão – eles riem de novo, mas quando ela volta a me olhar ainda está seca – Fala logo o que você quer, por que eu tô com as meninas aproveitando a festa – ela fala querendo me expulsar.
– Na verdade eu vou encontrar o Michel... – Laurie uma das meninas fala e recebe um olhar de reprovação dela.
– Ah eu vou com você – a outra fala e elas saem rapidamente, eu acabo sorrindo, Keyse não.
– E você não tem ninguém pra encontrar não? – pergunto pra Hannah que continua com a gente, ela finge uma risada.
– E perder isso? Não mesmo, estou ótima aqui e estou com seu irmão – ela fala com um olhar desafiador, eu resolvo ignorar ela e me concentrar no que realmente importa.
– Keyse, me desculpa, de verdade! Eu não devia ter me atrasado...
– Você não se atrasou Pyter! Você simplesmente não apareceu, esse é o ponto – ela fala encostando o dedo no meu peito – Você não apareceu e agora acha que meia dúzia de rosas vai resolver tudo, só que não resolve, na verdade não resolve porcaria nenhuma – ela junta todas as rosas e me devolve pressionando elas no meu peito, eu as seguro se não iriam cair no chão.
– Eu não tenho palavras pra me desculpar! Eu sei que é importante pra você, sei que você quer que saia tudo perfeito ...
– Esse é o problema! – ela me interrompe e eu a olho confuso – EU, Pyter! É sempre o que você diz, EU estou ansiosa, EU estou nervosa, EU estou animada. EU! Sempre eu, SÓ eu! - Eu também estou! É claro que eu estou ansioso, eu quero que saia tudo perfeito, como você sonhou e eu te prometo que a partir de agora eu vou ser o melhor noivo do mundo, nós podemos escolher convites, flores, cor das toalhas, qualquer coisa, o que você quiser, a qualquer hora – eu falo e ela nega com a cabeça antes que eu termine.
– Não – eu a olho confuso e com certo receio, mas me arrisco a perguntar.
– Não o que? – ela respira fundo, desvia o olhar do meu e nesse momento sei que não vou gostar nada do que ela disser.
– Não vai mais ter casamento – ela afirma e eu sinto como se tivessem tirado o meu chão.
– O QUE? – Hannah parece tão assustada quanto eu – Mas amiga... Calma, vocês precisam conversar e aqui não é o melhor lugar pra isso – ela pede mas nem eu e nem Keyse estamos olhando pra ela, nossas atenções estão uma no outro.
– Não faz isso comigo, por favor! Eu te amo – peço sentindo minha voz rouca e controlada mas por dentro começo a sentir um medo desesperado de perde-la, ela nega e vejo as lagrimas ameaçando cair dos olhos dela, mas ela se mantem firme.
– Eu te amo! Não tem como eu esconder ou negar isso, eu te amo como eu sei que nunca vou amar alguém, tudo que eu mais quero na minha vida é ter uma vida com você, eu não tenho a menor dúvida disso, mas um casamento não se faz sozinha, eu não posso fazer isso sozinha, Pyter...
– Você não tá sozinha – eu afirmo e ela nega.
– Eu estava hoje – sua voz é baixa, ela se aproxima de mim e toca meu rosto – Eu te amo, mas eu preciso ter cem por cento de certeza que você também quer isso! Que você também está ansioso, nervoso, animado, descontrolado, como eu estou – ela sorri, mas não um sorriso feliz.
– Você está terminando comigo? – pergunto começando a sentir um desespero que nunca senti antes, ela aumenta um pouco mais o sorriso, seus dedos deslizam pelo meu rosto e ela me dá um beijo rápido.
– Não Pyter, eu não estou terminando com você! Mas o casamento permanece adiado – ela fala e eu nego, mas antes que eu diga algo ela coloca o dedo na minha boca me impedindo de falar – Eu já tomei a minha decisão – ela fala firme e decidida.
– Eu amo você – eu falo e ela sorri, um sorriso muito parecido com o que ela sempre tem, mas ainda não totalmente descontraído.
– E eu amo você – ela afirma.
– Então por que? – pergunto mesmo que ela já tenha dito tudo aquilo, ela força um sorriso e pega as rosas da minha mão.
– Agora eu só quero tentar curtir um pouco a festa e ir pra casa dormir – ela fala e se afasta um pouco de mim.
– Eu tenho que levar o Pietro... – falo e ela concorda e se vira pra falar com ele, e eu encontro Hannah me olhando parecendo não acreditar no que viu, eu desvio meu olhar dela e chamo o Pietro, eu pego ele no colo pra poder andar mais rápido – Onde eu encontro vocês? – pergunto e Keyse sorri, se aproxima de mim e beija minha bochecha.
– A gente se fala amanhã – ela fala e se afasta andando na direção contrária, Hannah pode estar surpresa mas não hesita e a segue fielmente, eu fico parado ali olhando ela se afastar e me sentindo perdido, Pietro começa a dizer que quer andar nos brinquedos e eu ando pelas pessoas procurando meus pais, encontro eles quase vinte minutos depois em uma barraca de frutas com chocolate.
– Não sei por que não pensei nisso antes – eu falo já que mamãe adora essas coisas, Pietro se joga rapidamente pra cima dela quando vê os morangos mergulhados no chocolate.
– Ryan disse pra você encontrar eles na barraca de tiro ao alvo – ela me avisa e eu concordo enquanto Pietro implora pra eles irem na roda gigante, por fim eles aceitam.
– Nós vamos embora as das dez, vai querer carona? – papai pergunta enquanto eu me afasto.
– Eu me viro – aviso e vou procurar por Ryan, leva poucos minutos e vejo ele e Nathy, perto de uma das barracas de tiro ao alvo, mas diferente do sorriso que eles sempre tem, agora estão meio sérios e agitados, não entendo muito até olhar melhor e ver que perto deles estão George, Paul e aquelas duas ‘’amigas’’ da Keyse, nunca gostei delas, e andando com eles é óbvio que elas não valem muita coisa, eu me aproximo e Ryan se adianta andando na minha direção, Nathy o segue e antes que ele fale algo sei que tem alguma coisa acontecendo.
– Anda vamos... – ele fala já colocando a mão no meu peito e me fazendo recuar, eu o olho confuso – Desisti, os prêmios nem são tão bons assim – ele tenta manter o humor na voz, mas parece nervoso.
– Olha quem temos aqui... Pyter! O Grande Pyter – George fala andando na nossa direção com ironia e aquele sorriso idiota, não mudou nada, continua o mesmo babaca da época da escola, ainda mais agora que o pai dele conseguiu um emprego com mais influencia no Distrito, e ele se acha o dono de tudo, eu ignoro ele e olho pras duas meninas.
– Achei que vocês tinham ido encontrar o Michel – elas me olham meio sem graça.
– Eu estava aqui justamente falando com o Ryan sobre você ser o novo solteiro do Distrito, agora as garotas terão trabalho ein – ele fala e eu encaro elas ainda mais furioso, com certeza elas foram fazer fofoca.
– Vamos? – Ryan pergunta mais uma vez segurando meu braço, eu forço um sorriso e concordo, viro as costas pra eles e saio andando, Ryan e Nathy vem junto comigo, andamos até o outro lado e só depois que não vemos mais eles que ele me pergunta.
– Que história é essa de novo solteiro? – ele me pergunta e eu fecho os olhos e puxo o ar.
– Não vai ter mais casamento – falo e Nathy solta o que parece um som de espanto, mas Ryan apenas ri e se encosta em um dos postes ao meu lado.
– Aham, e mais o que vocês falaram? – ele pergunta sem se importar.
– É sério, não vai ter casamento! Ela ...
– Ela te ama Pyter! – ele fala dando de ombros – Ela tá com raiva e quer te matar, até ai nenhuma novidade, dou menos de 24 horas pra começar tudo de novo – ele fala e grita pra moça da barraca pedindo uma bebida.
– Espero que você tenha razão – murmuro sem nem saber se ele escutou.
– Ele tem! Ela te ama, todo mundo sabe disso, vocês nasceram um pro outro – Nathy acrescenta e eu forço um sorriso agradecido.
– Enquanto isso... Um pouco de bebida pra alegrar esse coração perturbado – Ryan fala e me entrega um copo, eu acabo aceitando, alguns minutos depois e encontramos Hazel e o namorado, eles se juntam a nós e bebemos juntos mais um pouco, depois os dois casais resolvem ir pra roda gigante, eles insistem que eu devia ir, mas seria o fim do poço ter que aturar os dois casais lá de cima, então digo que vou aguardar eles em solo mesmo, eles vão pra fila que tem mais alguns casais e crianças e eu espero por eles do outro lado do brinquedo, estava distraído conversando com um dos pais de um aluno meu quando Keyse passa por mim, eu levanto a mão rápido pedindo licença e corro até ela.
– A gente tem que conversar – eu peço mas ela nega, Hannah ainda está com ela.
– Eu tô indo embora, tá tarde e eu estou cansada – ela fala e me olha de um jeito curioso – Você bebeu?
– Você não? – pergunto e ela balança a cabeça como se não valesse a pena responder.
– Vai pra casa, dorme e volta pros seus treinos – ela fala e passa por mim, seguro seu braço, mas quando ela me olha sei que não foi uma decisão esperta, por isso a solto e ela se vai.
– É, parece que você levou mesmo um pé na bunda – a voz divertida aparece e antes que eu virasse já sabia quem era.
– George, claro! – falo com a ironia que me resta, ele ri, Paul está com ele.
– Então não teremos mais o casamento do ano né? – eu começo a contar até dez pra não perder minha paciência.
– Cara, vai se ferrar – a voz não é minha, é do Ryan que aparece logo atrás dele.
– Ah demorou pra aparecer sua garotinha – ele fala rindo e Paul ri junto com ele, eu me canso de ouvir besteira e quando Ryan me sinaliza pra ir com ele e me afastar, eu vou, mas ainda estava passando por eles quando ele começa a falar.
– Lembra quando você fez aquela sua...’’pegadinha’’ na escola? – ele pergunta e é claro que eu me lembro, ver ele com cara de otário na frente de todos não é algo que eu vá esquecer um dia.
– Pegadinha? Eu? Nunca ficou provado, ficou? – ele solta uma risada.
– Talvez você se lembre que eu jurei que você ia pagar ... – dessa vez é Ryan quem ri.
– Cara você deve amar muito ele! Essa sua obsessão é realmente estranha – ele fala, mas George não lhe dá atenção. - E como eu nunca esqueço quem me deve, sua hora tá chegando – ele fala e eu reviro os olhos.
– Manda a conta depois então – falo e viro as costas.
– A Keyse ainda beija tão bem quanto beijava na época da escola – sua voz carrega toda a intenção dele e isso me faz parar, Ryan segura meu braço na hora mesmo assim me viro pra encarar ele – Eu lembro que ela tinha um beijo que... nossa – ele sorri sabendo que conseguiu me atingir de algum jeito – Bom, eu pensei que agora que ela está solteira...
– Ela não está solteira – falo com os dentes e os punhos cerrados, eu não deveria nem ao menos ter respondido a ele por que agora ele sabe que me afetou mesmo assim foi mais forte que eu.
– Anda, vamos! Tá chegando nossa vez e a Nathy tá louca pra ir na roda gigante – Ryan fala tentando chamar minha atenção, eu respiro fundo e me viro pra sair.
– E eu estava olhando ela agora pouco e nossa... Que corpo! Uau, ela é... Quente – ele fala e dessa vez eu volto rápido demais e Ryan não consegue me segurar, paro a menos de um passo dele, Ryan me alcança e segura meu braço.
– Pyter, vamos! Você sabe que ele quer te provocar, não vale a pena – ele fala e eu apenas encaro George que faz uma cara de ofendido.
– Provocar? De jeito nenhum, só estou elogiando a noiva dele, ops... ex-noiva! – ele sorri ironicamente.
– Babaca – ouço a voz feminina e quando olho pra trás Hazel está junto com os outros próximos de nós – Anda Pyter, vamos cair fora, esse verme não merece nem nossa atenção – ela fala me sinalizando pra me afastar.
– Dois velhos amigos não podem conversar? – George pergunta fingindo magoa.
– Por que você não arranja uma mulher e para com isso? – Ryan fala e ele ri.
– Ah, você leu meus pensamentos, estou realmente com planos – ele fala e me olha com o sorriso ainda maior – Planos bem... Ousados – ele ri e Paul acompanha sua risada, eu desisto de perder meu tempo e ia começar a me afastar de novo – Mas bem que você podia me ajudar com isso ein? – ele pede pra mim – Como que ela gosta? Eu pego forte ou posso ir bem devagar? – ele pergunta e eu cerro meus punhos.
– Ok, chega! Saiam daqui! Anda, cai fora – Ryan fala empurrando e afastando eles, mas eles riem e permanecem no lugar.
– Eu tava pensando em levar ela até uma dessas pousadas ou lá no hotel mesmo, mas fala sério, gastar dinheiro? Não vou gastar dinheiro com uma figurinha repetida né? Dá pra ser no carro mesmo... Mas relaxa, que vai ser jogo rápido, depois eu até te devolvo e quem sabe vocês terminam essa história de casamento é só que aquelas pernas dela... nossa! E aquela boca... eu tava até aqui falando com o Paul, o que será que ela faz com aquela boca ein... – ele mal termina a frase, minha paciência acaba, raiva não é nem metade do que eu sinto, eu explodo, e Ryan não consegue me segurar, em menos de um segundo ele está no chão, os gritos assustados de quem estava perto se repetem em cochichos, George está no chão com sangue escorrendo de seu nariz, Paul tenta me acertar e eu lhe derrubo com uma cotovelada, sua boca também sangra, pessoas começam a se aproximar, estou bufando de raiva, meu rosto está quente e sinto meu coração disparado, George se levanta e me encara.
– Nunca mais fala assim dela! Nunca mais fala nada sobre ela – aviso com o dedo apontado pra ele.
– Sobre o fato dela ser uma vadia que... – é o suficiente pra eu lhe acertar um novo soco, ele volta a cair no chão e dessa vez mãos me seguram, eu ainda tento acertar ele de novo, mas se torna difícil.
– CHEGA – a voz grita e eu só paro por que reconheço perfeitamente, olho pro lado e meu pai está me olhando horrorizado, paro de me debater e olho pro George no chão, ele se levanta e se aproxima de mim.
– Sua conta acaba de chegar – ele fala e mesmo que eu tenha certeza que consegui quebrar seu nariz, ele sorri, Paul e ele se afastam, as pessoas em volta cochicham e nos olham, meu pai se aproxima.
– O que deu na sua cabeça? – ele pergunta irritado e como eu já posso imaginar o que ele vai falar, simplesmente me solto do Ryan e do namorado da Hazel e saio andando rápido pro lado oposto, não me importo com meu nome sendo gritado, só me afasto deles, ando pelas ruas indo para o lado da floresta, não vou passar da cerca mas aqui não tem ninguém e eu não quero ver ninguém e caso eu fosse pra cabana Ryan apareceria por lá, me jogo no chão encostado em uma arvore e olho minhas mãos, tem sangue do George nelas, limpo na grama ao meu lado e viro a cabeça pra trás encarando o céu, eu sei que ele fez aquilo pra me provocar, sei disso, mas não podia apenas ouvir e não fazer nada, era da Keyse que ele estava falando e eu tive que fazer alguma coisa, me jogo deitado na grama olhando o céu e tentando afastar todo ódio que ainda tem, as palavras finais dele ecoam na minha cabeça, ‘’sua conta acaba de chegar’’, isso só mostra que ele sabia muito bem o que eu ia fazer, ele fez de propósito e eu cai no seu jogo, por mais que eu odeie isso, não posso dizer que odiei ter a chance de lhe dar uns socos, sempre quis fazer isso mas não podia por que poderia ser suspenso das aulas de luta.
– Merda – xingo assim que faço as contas, era isso que ele queria – Merda, merda, merda – ele conseguiu, minha conta realmente chegou, coloco o braço tampando meu rosto e me odiando mais uma vez, era tudo que eu não podia fazer, tudo que ele queria que eu fizesse, as regras são claras, nenhum lutador pode se envolver em nenhum tipo de briga, ou imediatamente ele será afastado e suspenso do Campeonato, soco a grama diversas vezes mesmo sabendo que a culpa não é dela, eu cai no jogo dele, eu fui o coelho da armadilha dele e esse desgraçado realmente conseguiu, por que agora eu tenho certeza que era disso que ele estava falando, me tirar do Campeonato só vai trazer benefícios pra ele, sua vingança sendo feita com sucesso, ele ganhará a luta por que eu simplesmente vou estar suspenso, esse é um dos momentos que eu realmente me odeio, não deveria ter caído na dele, mas ao mesmo tempo era da Keyse quem ele falava e eu jamais deixaria alguém, quem quer que fosse falar dela daquele jeito sujo, então mesmo que eu tenha que encarar isso, ainda não me arrependo, mesmo assim me permito ficar apenas sozinho ali deitado naquela grama encarando o céu estrelado e tentando me convencer que dessa vez eu perdi, pelo menos em relação ao Campeonato, no momento que eu soquei ele perdi a chance que eu esperei durante todo esse tempo e mesmo que eu continue sem me arrepender ainda tem esse sentimento de derrota e de não poder fazer a única coisa em que eu realmente sou bom, fico me odiando por tanto tempo que perco a noção dele, então como sei que nada vai melhorar ficando deitado aqui, eu me levanto e começo a andar de volta pra casa, ainda tem algumas pessoas pela rua, o movimento diminuiu mas ainda há musica na praça, chego a Aldeia e vejo o carro estacionado perto de casa e sei que lá dentro meu pai já deve estar com um dos seus discursos do quanto eu sou irresponsável pronto, por isso me permito adiar isso mais um pouco, desvio o caminho para a casa da frente, como sempre entro direto, encontro o vovô resmungando enquanto sai da cozinha.
– Por que toda vez que eu te vejo você tá reclamando de alguma coisa? – pergunto e ele para e me olha meio curioso enquanto eu me jogo deitado no sofá com os pés pra cima de um jeito que eu não posso fazer em casa sem causar um ataque nos nervos na minha mãe, ele sorri aprovando meus modos e se senta na sua poltrona colocando a bengala de lado e os pés na mesinha.
– Então você andou se metendo em brigas de rua? – ele pergunta me observando, dou de ombros.
– Eu não apanhei! Então não foi uma briga – ele solta uma risada satisfeita, eu pego o controle da tv e a ligo, está passando um comercial sobre a nova coleção da Pérola, um sorriso orgulhoso aparece no meu rosto, a gente pode brigar muito sim, mas ela ainda é a melhor irmã do mundo e merece todo sucesso, vovô também está sorrindo como um bobo, o comercial termina e inicia um programa de moda, finjo prestar atenção.
– Você sabe que está fora do Campeonato né? – ele fala colocando pra fora aquilo que eu tentava me conformar e se eu achava que havia conseguido, descubro que estava enganado, ainda é muito frustrante.
– Ele falou da Keyse! Eu não podia simplesmente abaixar a cabeça...
– Claro que não – ele fala mas diferente do que pensei não tem nem um pingo de ironia em sua voz, pelo contrário ele me olha sério – Você fez o que tinha que fazer e se ninguém entender isso, que se dane! Você fez! – ele fala e me força um sorriso, eu acabo sorrindo também, essa é uma das coisas que eu amo nele, sempre posso falar sobre qualquer coisa com ele, sem julgamentos, sem sermões, sem lições de vida.
– Queria que meu pai pensasse assim – falo com uma risada meio fraca.
– Ele te ama – ele fala e eu concordo – Só que ele sempre foi o mais... chato – ele fala dando de ombros, eu acabo rindo – Mas que se dane ele também, você tinha que defender sua garota – ele fala e eu o olho surpreso.
– Acho que essa é a coisa mais legal que você já disse dela – falo e ele dá de ombros sem se importar.
– Ela te ama – ele conclui com um pensamento perdido.
– Acho que não mais – ele me olha esperando que eu continue – Ela não quer mais o casamento... – ainda dói falar isso, respiro fundo e ele continua me olhando esperando explicação – Nós tínhamos marcado de escolher os convites hoje, eu esqueci e agora ela acha que eu não me importo e não estou certo sobre o casamento – ele ri.
– Eu sempre disse que ela era idiota – ele fala e antes que eu o repreenda ele continua – Tá na cara que você tá doido pra se amarrar – ele completa fazendo uma careta.
– Eu amo ela, vô – confesso o que já é mais do que óbvio – Mas acho que eu estraguei tudo! E ainda tô fora da maior chance da minha vida, da única coisa que eu realmente sei fazer – minha voz é baixa, rouca e eu tento me manter indiferente a tudo isso, mas sinto um nó na minha garganta, uma vontade de simplesmente gritar e quebrar tudo que tiver pela frente invés disso cerro meus dentes e olho pro teto, ele se levanta meio que se arrastando e vem até a mim, faz sinal pra eu levantar a cabeça e se senta no sofá e como aquele mesmo moleque que corria pra cá quando papai estava bravo, eu deito no colo dele, ele não diz nada, eu não digo mais nada, a tv continua ligada mesmo que nenhum dos dois esteja prestando atenção nela e mais uma vez só ele sabe como me deixar a vontade nessas horas, não preciso que ele diga nada e ele sabe disso, não vem com textos prontos, motivacionais, nem tenta me fazer enxergar o lado bom de nada, ele apenas fica ali e me deixa ficar aqui, sei que não estou sozinho e isso é o suficiente pra mim, e só depois de um longo tempo assim que ele quebra o silencio.
– Você não pode se esconder aqui pra sempre – eu olho pra ele e solto o ar me preparando, me sento ao lado dele e jogo a cabeça pra trás, ele coloca a mão na minha perna - Você ainda vai ter muitas chances na sua vida, essa foi só a primeira – ele me garante e eu tento parecer confiante – Mas sobre o casamento, não tem como fugir, ela vai acabar voltando atrás e querendo casar, infelizmente não posso te salvar disso – ele fala e eu acabo rindo.
– Eu não preciso ser salvo disso – ele revira os olhos mas acaba sorrindo.
– Agora sai que eu tenho que dormir, ordens médicas – ele fala fingindo não ter emoção alguma, eu sorrio, beijo sua testa e saio do sofá.
– Boa noite – falo quando alcanço a porta, encaro o céu mais uma vez e então vou pra casa, assim como eu sabia que aconteceria quando entro em casa meu pai aparece.
– Onde você estava até agora? Já não basta o que você fez na praça? Que tipo de comportamento é esse? – ele despeja as perguntas em mim sem nem me dar tempo de responder a primeira.
– Ok, eu fui irresponsável, sempre faço tudo errado e deveria pensar nas consequências! Acho que já sabemos tudo que você vai falar, será que pode ficar pra amanhã? – não dou tempo de resposta também, subo as escadas.
– Pyter! – ele me chama com a voz séria, continuo subindo, quando alcanço o topo mamãe aparece saindo do quarto deles, ela me vê e logo vem me abraçar, beijando minha testa e passando a mão pelo meu rosto.
– Como você tá? – ela pergunta preocupada me olhando e procurando algum machucado.
– A Keyse não quer mais casar comigo – falo aquilo que realmente está me machucando mas que ela não irá encontrar apenas me olhando, seus olhos se compadecem e ela me abraça mais apertado, com as mãos acariciando minhas costas.
– Eu não terminei de falar com você – papai avisa quando nos alcança, eu me solto da minha mãe.
– Eu vou ficar bem – garanto a ela e beijo sua testa, passo por ele indo pro meu quarto, ele me segura.
– Eu não vou ser ignorado assim – ele fala irritado.
– Peeta – mamãe briga com ele mas ele não me solta, por isso puxo o braço me livrando dele – Ele só precisa descansar, ninguém vai resolver nada agora – ela avisa e ele me encara, antes que ele responda dou as costas e entro no meu quarto, me jogo na cama e encaro o teto, fecho os olhos e só me levanto quando vejo por debaixo da porta que a casa inteira está apagada indicando que eles foram dormir, puxo uma cueca da gaveta e vou pro banheiro, tiro minha roupa jogando ela pelo chão, entro debaixo do chuveiro e deixo a agua cair, quando saio do chuveiro meus dedos estão enrugados, enxugo o cabelo, meu corpo e visto minha cueca, escovo os dentes e abro a porta saindo do quarto mas paro com o que vejo. Sentada na cadeira da escrivaninha que tenho ao lado da cama está Keyse, ela ainda usa o mesmo vestido mas está descalça com as sandálias jogadas quase debaixo da minha cama, nós nos olhamos e meus olhos fazem a pergunta.
– Você me ensinou a destrancar portas – ela fala como se fosse óbvio.
– Em caso de emergência... Isso é uma emergência? – pergunto olhando pra ela, que dá de ombros.
– Queria saber se você ainda estava inteiro – ela fala e eu reviro os olhos.
– Ele nem encostou em mim! – ela me encara com reprovação.
– E você acha isso incrível? – pergunta me encarando e por mais que eu queira estar com ela, não aguento um sermão agora.
– De verdade, se for pra lição de moral, não é uma boa hora – falo cansado e sem paciência.
– Só uma pergunta – sinalizo que ela fale – Por que vocês brigaram? – ela pergunta e eu dou de ombros.
– Você sabe, ele vive me provocando! Veio falando sobre a luta que ele ia ganhar e tal – minto, mas se ela ainda não sabe, não precisa mais saber que tipo de coisas ele disse sobre ela, é melhor assim, depois peço aos outros pra confirmar, ela concorda e se levanta da cadeira, mas ao invés de ir pra porta ela se aproxima de mim.
– Então não tem nada a ver sobre as coisas que ele disse sobre mim? – eu fecho os olhos balançando a cabeça, é claro que Hazel não guardaria a língua naquela maldita boca, abro os olhos e ela está esperando uma resposta.
– Eu não podia simplesmente ouvir o que ele disse e sair como se nada tivesse acontecido mesmo que você esteja me odiando, mesmo assim – confesso e ela balança a cabeça negando.
– Eu não te odeio, Pyter! Nunca odiei! – ela fala baixo e lentamente como se estivesse explicando algo ao Pietro.
– Tem certeza? – ela confirma.
– Eu só não quero que você faça nada que não queira realmente fazer! Não quero que eu seja o motivo de você se arrepender de nada depois... – dessa vez sou eu quem nego.
– Eu nunca vou me arrepender de nada com você – afirmo e ela respira fundo.
– Você vai tá fora do Campeonato – concordo com ela – Era tudo que você queria! Seu maior sonho – nego e ela me olha confusa.
– Tudo que eu queria era não ser um babaca com você! Era poder ser o cara que você sonhou! O campeonato era só um detalhe – falo tentando não parecer abalado com isso.
– Não mente pra mim, você queria isso mais do que tudo – ela fala e eu nego de novo, toco seu queixo e ela não me afasta.
– Não mais do que eu quero você! Do que eu quero me casar com você – ela parece recuperar o ar e antes que ela diga algo eu me apresso – Me desculpa se eu pareço não me importar com a cor da toalha da mesa ou qual tipo de papel do convite ou as flores dos arranjos da mesa e todas essas coisas que você tanto quer, mas é que desde o momento que você me disse sim eu só consigo pensar que nós dois seremos marido e mulher, só consigo pensar em como você deve ser acordando de manhã e se você se mexe durante a noite, se seremos desses casais que brigam por causa da temperatura do ar condicionado no quarto, se você vai me fazer usar o banheiro de hospedes por que demora horas no da suíte... só consigo pensar... na nossa vida juntos, todo o resto não me importa, desde que eu consiga te fazer feliz depois do casamento e durante cada dia da sua vida. Eu só quero poder ser um bom marido pra você, quero que você seja minha mulher, minha esposa, minha companheira e não me importo se vamos casar na praça, no lago, numa casa abandonada, se na festa vai servir vinho, agua ou champanhe, nada disso, eu só quero você! Só você, por que é você tudo que eu mais quero na vida! – meus dedos deslizam pelo seu rosto e mantenho nosso olhar – Mas eu sei que isso é importante pra você, todos esses detalhes e tudo mais e eu quero que tudo saia exatamente como você sonhou e se você me der mais uma chance eu juro que você não vai se arrepender! – desabafo tudo que eu sinto e ela me dá um leve sorriso.
– Você sabia que perde toda a seriedade da coisa já que você tá só de cueca? – ela pergunta, mas está se divertindo, eu dou de ombros e sorrio.
– Mas essa é a chave pra coisa toda dar certo, eu te desconcerto com meu corpo incrível e você aceita qualquer coisa que eu falar – ela ri, uma gargalhada leve e divertida, daquelas que sempre me faz rir junto, ela joga a cabeça pra trás e depois volta a me olhar.
– Só pra você saber eu não me seduzo facilmente – ela fala e se afasta um passo me olhando – Embora eu tenha que confessar que é uma boa estratégia – ela solta um sorriso enquanto desce o olhar pelo meu corpo, mas balança a cabeça querendo se livrar de algum pensamento – Mas antes eu preciso dizer que... Como sua melhor amiga eu não posso deixar de dizer que o que você fez foi completamente idiota, foi burrice, Pyter – ela começa a brigar comigo e eu reviro os olhos e esfrego minhas mãos no rosto – Não adianta suspirar, bufar e fazer cara feia, você pode não escutar ninguém, mas a mim sim... – ela avisa e eu cruzo os braços olhando pra ela – Você não devia ter entrado na onda dele! Droga Pyter, era tudo que ele queria, todo mundo sabe que ele estava morrendo de medo dessa luta por que todo mundo sabe que você ganharia dele, mas não, você teve que entrar no jogo e jogar tudo que você tanto esperou pela janela, sério, as vezes eu tenho que concordar com seu pai... – eu solto uma risada balançando a cabeça sem acreditar no que ouvi.
– Então você agora concorda com meu pai... – falo tentando parecer apenas irônico e não irritado e magoado, ela concorda.
– Você pensou por um segundo antes de socar ele? – ela pergunta e eu passo a mão pelo cabelo e viro as costas deixando-a falando sozinha e entro no banheiro – Ótimo, muito maduro! – ela fala com ironia, eu começo a juntar minha roupa do chão do banheiro só pra não ter que sair e falar com ela, talvez não seja maduro mesmo, mas que se dane – Será que você pode voltar aqui por que eu não terminei de falar com você? – ela pede depois de alguns minutos que estou lá.
– Eu vou colocar a roupa e te levo pra casa – aviso enquanto começo a colocar a calça.
– Não precisa! – ela avisa e eu reviro os olhos sabendo o quanto ela é teimosa.
– Você não vai sair por aí sozinha essa hora – falo encarando a mim mesmo pelo espelho.
– Meus pais acham que eu estou dormindo na Hannah e eu já liguei de lá pra casa então... – eu estava começando a colocar a camisa, mas paro quando ela diz isso, se ela veio aqui depois de fazer isso então...
Eu saio do banheiro e a encontro em pé no meio da minha cama – Achei que você nunca fosse sair de lá – ela fala com um sorriso de quem aprontou alguma coisa – Hazel e Hannah me deram cobertura, então eu meio que não preciso ir embora correndo – ela fala dando de ombros, eu libero um sorriso – Então como eu estava dizendo antes de você virar as costas e me deixar falando sozinha... Como sua melhor amiga eu realmente acho aquilo burrice, mas como sua namorada, noiva e futura esposa... eu realmente me senti uma donzela em perigo com seu príncipe salvando ela – ela fala e sorri – Acho que ninguém me defendeu assim antes e bem... isso é bem legal! Vai ser uma daquelas histórias que eu vou precisar contar pros nossos filhos – ela fala e me olha dando de ombros.
– Você é péssima contando história – eu falo implicando com ela, mas de certa forma é verdade, ela se enrola toda pra contar alguma coisa, ela me faz uma careta.
– Cala a boca, eu tô te colocando como o herói! – eu acabo rindo. - Então acho que mereço alguma recompensa – falo dando de ombros e sorrindo, ela também sorri.
– Pena que eu não trouxe nada – ela fala olhando em volta e fingindo uma cara triste – Ah não ser que... – ela para de falar e abre aquele sorriso que sempre tira meu ar, então suas mãos alcançam a barra do vestido que vai até o meio de suas coxas e o levanta, devagar e sem desviar os olhos do meu ela tira o vestido e o joga no chão ao lado da cama, ela sorri ainda mais quando me vê olhando pra ela, então ela caminha na cama e desce bem na minha frente, antes que ela diga qualquer coisa eu a puxo pra mim, passando meu braço pela sua cintura e encaixando minha mão na sua nuca segurando seu cabelo, ela sorri e nada mais importa, quando eu toco nela me dou conta da falta que eu senti disso, nosso beijo é forte, profundo e desesperado, como se quiséssemos recuperar cada segundo que ficamos separados, não afrouxo meu aperto nela, pelo contrario, a aperto em mim querendo que ela nunca mais se solte e ela também me aperta, sua mão no meu cabelo com o mesmo desespero que eu tenho por ela, demoramos alguns minutos antes do beijo parar, ela me olha sorrindo e passa o dedo limpando o batom dela da minha boca.
– Então você casa comigo? – pergunto e ela ri, segura meu rosto com as duas mãos.
– Tão lindo e tão burro as vezes – ela fala se divertindo.
– Isso é um sim?
– Isso é um ‘’nunca teve outra resposta diferente’’ – ela fala e ri – Eu vou casar com você, você querendo ou não! Nem que eu tenha que mandar te amarrar e arrastar até o altar – dessa vez sou eu quem ri alto demais, ela gosta e também ri, então sou eu quem segura o rosto dela.
– Eu te amo! – ela sorri, coloco seu cabelo atrás da orelha, enquanto observo cada detalhe do seu rosto, e é ainda mais linda do que a ultima vez que eu a vi, seus olhos são levemente puxados e sempre parecem estar tramando alguma coisa, carregando aquela dose de mistério perfeita, sua boca parece ter sido desenhada cuidadosamente, seus lábios são grossos mas delicados, sua pele é macia e suave, tudo nela me fascina, ela continua me olhando sorrindo.
– Se você não me beijar agora, eu vou ter que te agarrar – ela fala me distraindo, eu solto uma risada.
– Não tenho nada contra ser agarrado – falo e ela levanta uma sobrancelha me encarando – Por você! Só por você – acrescento e ela ainda mantem o olhar desconfiado, então eu agarro sua cintura rapidamente e jogo ela na cama, sua risada sai alta demais e ela tampa a boca pra não acordar ninguém, eu olho pra porta.
– Eu tranquei quando entrei – ela fala e sorri maliciosamente.
– Você já estava planejando me seduzir? – finjo espanto.
– Eu SEMPRE tô planejando te seduzir – ela confessa dando de ombros.
– Essa é a minha garota – falo rindo e parando meu corpo sobre o dela, mas ela me empurra e me faz cair de costas na cama, ficando por cima de mim, ela está rindo e seus cabelos caem pra frente do seu rosto e mesmo curtos eles ainda tampam seus olhos, eu os afasto e encontro aquele par de olhos castanhos brilhantes e nada nunca vai me fascinar tanto assim, eles confirmam tudo que já sabemos, e quando ela me beija o mundo lá fora desaparece.
Estamos deitados com os corpos colados, sua perna por cima das minhas, ela deitada com o corpo sobre o meu, sua cabeça apoiada no um peito enquanto seus dedos sobem e descem pelo meu braço que está envolvendo-a em mim, sinto o cheiro dela no seu cabelo e o sorriso é automático, acaricio suas costas e ela ri.
– Isso faz cócegas – ela ri e se contorce, eu não paro e ela deita de costas na cama puxando o lençol pra se cobrir, ela deita a no travesseiro ao lado do meu – Posso te confessar uma coisa? – ela pergunta e eu concordo prestando atenção nela – Mas não vale rir e nem me zoar – ela fala, mas está rindo.
– Eu não vou – ela parece na duvida e dá de ombros.
– Eu tô morrendo de fome – ela confessa colocando a mão na barriga e fazendo uma careta, eu acabo rindo por que ela sempre fala de mim – É sério, eu quase não comi direito hoje e minha barriga tá começando a fazer barulho – ela fala aumentando a careta, eu sorrio e vou pra cima dela, a beijo na boca e depois seu pescoço, então saio da cama.
– Então temos uma emergência – falo e ela ri mas então me olha como se eu tivesse feito algo errado.
– Você pode se vestir por favor? – ela pede fingindo tampar os olhos.
– Realmente você tava muito incomodada quando eu tirei né – ela me joga o travesseiro, eu desvio e pego minha cueca do chão, visto e ela continua deitada – Anda... – faço sinal pra ela se levantar.
– E se seus pais aparecerem? – ela pergunta meio assustada.
– Eles não vão aparecer – garanto e ela ainda parece confusa – E você não vai me querer sozinho preparando algo pra comer – ela ri e se senta na cama, eu jogo uma camisa pra ela que olha avaliando – Veste logo – ela revira os olhos – Vai ser mais fácil de tirar depois – falo e ela tenta parecer ofendida, mas coloca a camisa, se levanta e quando eu a vejo assim não resisto e a puxo pros meus braços – Tem certeza que você tá com muita fome? Por que você assim... – falo com minha boca tocando sua orelha, minha mão subindo pela sua coxa e então como resposta sua barriga ronca, nós rimos – Ok, comida primeiro – falo e a beijo antes de liberar ela, abro a porta do quarto e saio primeiro, a casa está totalmente silenciosa, luzes apagadas, apenas o abajur do quarto do Pietro aceso, sinalizo pra ela sair, nós descemos as escadas devagar e entramos na cozinha e então começamos a fazer uma varredura pela cozinha, juntamos tudo que conseguimos, Keyse monta os sanduiches, eu separo os biscoitos, pego a jarra com suco de laranja, algumas frutas, coloco tudo na bandeja e ela enche uma segunda bandeja e sinaliza que já está bom, subimos devagar, eu abro a porta do quarto e ela entra, empurro a porta com o pé e ela se fecha, vou pra cama ao lado dela.
– Acho que a gente acabou com a comida da sua casa – ela fala rindo, mas já está pegando o sanduiche.
– E você parece morta de remorso! - Vai se ferrar – ela fala com a boca cheia.
– Falou palavra feia – falo imitando Pietro, ela ri, mas continuamos a devorar tudo que trouxemos.
– Por que a comida daqui é sempre mais gostosa – ela fala depois de se jogar deitada entre os travesseiros, eu levo as bandejas pra mesa ao lado, deixando a cama livre, quando volto ela está deitada sobre as cobertas com a minha camisa que não cobre nem a metade das suas coxas e ela sabe disso, ela me vê olhando pra ela e então começa a subir a camisa lentamente, eu sorrio e me aproximo subindo na cama, mas ela me para com o pé no meu peito – Antes eu tenho um pedido – ela fala sorrindo.
– O truque de distrair com sedução é só meu – falo e ela sorri negando, então volta levantar mais um pouco da camisa – Ah que se dane, pede qualquer coisa – falo e ela ri satisfeita.
– Eu quero a Laurie e a Berlie como madrinhas também, você não pode implicar com elas o resto da vida – ela fala e isso me faz parar, eu solto o ar e paro ajoelhado em cima da cama diante dela, preciso contar.
– Elas não foram encontrar o Michel aquela hora – revelo e ela me olha confusa – Elas estavam com o George e o Paul e provavelmente foram elas que falaram que você tinha terminado comigo – seus olhos se arregalam.
– Vadias! – ela xinga se sentando com raiva – Eu... eu não acredito que fui tão burra! – ela fala batendo na cabeça algumas vezes – Você e Hannah sempre falavam mal delas mas sei lá, achei que fosse ciúmes – ela parece realmente surpresa.
– Desculpa, mas não é! Eu sinto muito!
– Ah não, quem vai sentir muito é elas – ela fala com aquele jeito bravo e vingador que ela tem e isso deixa ela ainda mais irresistível, eu sorrio e me arrasto até ela seguro suas pernas e a puxo pra mim arrastando o lençol junto, ela ri.
– Você fica tão linda brava! – passo minha boca pelo seu pescoço, meu nariz subindo e descendo pela sua pele.
– Eu tô tentando odiar elas e você está me desconcentrando – sua voz é rouca e lenta, sinto seu sorriso.
– Eu te desconcentro? – pergunto com a voz rouca também, ela para o rosto de frente pro meu e sorri, então eu a beijo forte e apaixonado, novamente nada mais importa. Quando eu acordo ela ainda está dormindo, sua perna por cima da minha e seu rosto sobre meu peito, eu sorrio e me movo lentamente, seu rosto é calmo e tranquilo e é nesse momento que eu tenho ainda mais certeza de que essa é a cena que eu quero ver todas as manhãs, deslizo meus dedos pelo seu rosto e ela se mexe e abre os olhos lentamente.
– Bom dia – sussurro com a boca já próxima da dela, ainda sinto seu sorriso quando nos beijamos – Até que você não tem bafo – falo quando paro o beijo e ela ri, mas me dá um empurrão fraco.
– Você tem – ela fala já fechando os olhos e se aconchegando em mim de novo.
– Azar o seu! Vai ter que casar assim mesmo – ela ri e levanta o rosto pra me olhar de novo.
– Eu casaria com você até se você tivesse CC!
– Então que bom que tocamos nesse assunto – ela ri.
– Era uma brincadeira, se você tiver eu cancelo tudo – ela fala e eu finjo uma cara de espanto, ela ri novamente – Que horas são? – ela pergunta procurando pelo relógio, eu o alcanço antes dela.
– Muito cedo e você ainda não vai me deixar aqui – ela me dá um beijo rápido e pega o relógio da minha mão.
– Droga! Seis horas já? Eu tenho que ir – ela fala já se sentando, mas eu a puxo mais rápido e a deito na cama, ela está rindo mas tenta se soltar, seguro suas mãos e a prendo debaixo do meu corpo.
– Ah mas eu não posso te deixar ir assim – aproximo meu rosto do dela e vejo seu sorriso, então quando ela para de tentar se soltar eu libero suas mãos, as minhas descem pelo seu corpo, uma agarra sua cintura e a outra aperto sua perna contra mim, ela sorri antes que eu a beije com todo desejo que tenho, minha boca desce pro seu pescoço.
– Pyter... não...não faz isso – ela pede, mas sua voz está abafada, rouca e embora peça pra que eu pare ela agarra meu cabelo e não tenta realmente me impedir, por isso continuo beijando seu pescoço, então ela puxa me cabelo e me leva até sua boca, ela me beija com o mesmo desejo que eu, ela arranha minhas costas enquanto eu mordo seu lábio e o mundo real estava distante e apagado, só existe nós dois, até que a porta se abre.
– Pyter, seu... Oh meu Deus – a voz faz Keyse me empurrar tão rápido que quase caio da cama, ela puxa o lençol na velocidade da luz e quando eu olho pra porta, minha mãe está parada como se não soubesse o que fazer e eu começo a rir, por que simplesmente não há nada mais a ser feito, Keyse e minha mãe me olham como se eu fosse louco, Keyse me dá um tapa.
– Para com isso – ela exige com o rosto vermelho e algo pra deixar ela sem graça precisa ser muito grave.
– Eu... eu não sabia que... – mamãe começa a se desculpar, mas então para nos olhando – Você passou a noite aqui? – ela pergunta pra Keyse que está a ponto de explodir de vergonha, ela me olha sem saber o que dizer.
– Passou – eu falo e mamãe parece em choque.
– Seus pais sabem? - Claro, tio Benny que trouxe ela até aqui no quarto – falo com ironia e as duas me olham sérias.
– Eles acham que eu tô na Hannah – Keyse fala tão baixo que imagino se ela não perdeu a voz.
– Ai meu Deus – mamãe leva a mão a testa – Se seu pai descobrir... Aliás se seu pai descobrir também – ela fala e aponta pra mim, então fecha a porta do quarto – Vocês dois... – ela apenas balança a cabeça sem saber o que dizer.
– Ela tem que ir embora, o papai ainda está aí? – pergunto por que ele tem ido pra padaria cedo.
– Está! Ele disse que não sai sem antes falar com você, por isso vim te acordar – eu reviro os olhos e me jogo deitado na cama.
– Eu posso sair pela janela – Keyse fala e mamãe a olha séria.
– Você não vai sair pela janela! - ela afirma balançando a cabeça sem pensar nessa possibilidade – Tomem um banho e desçam pro café – ela fala e abre a porta.
– Mas mãe...
– Sem mas, vocês vão descer e tomar café! E tem 15 minutos pra isso – ela sai do quarto e Keyse me olha assustada.
– Banho quente ou frio? – pergunto e ela me olha irritada.
– Será que você pode perceber o que tá acontecendo? Seu pai vai matar a gente! – ela fala e eu acabo sorrindo e lhe dou um beijo rápido.
– Ele não vai matar ninguém e eu achei que você era uma seguidora dos pensamentos dele – falo relembrando o que ela me disse ontem, ela me encara séria – Ei... – volto pra mais perto dela e beijo seus lábios lentamente – Tá tudo bem! Você é minha futura esposa ninguém pode falar nada e se falarem que continuem falando! Eu amo você e adorei essa noite – falo e ela sorri.
– Eu também!
– Então? Agua quente ou fria? – ela ri, me beija e se levanta.
– Quente e eu vou primeiro – ela corre até o banheiro, eu rio mas corro atrás dela. Um pouco mais do que 15 minutos depois aparecemos na cozinha, papai e mamãe estão discutindo alguma coisa baixo porem parecem irritados.
– Bom dia! – falo mais alto e chamando a atenção deles, mamãe força um sorriso e traz a jarra de suco que estava segurando pra mesa.
– Bom dia – ela fala como se não tivesse nos flagrado antes, meu pai continua parado no mesmo lugar apenas me encarando.
– É... antes de... de qualquer coisa... eu só queria dizer que... sobre ontem, e hoje... quer dizer sobre eu ter passado a noite aqui... então isso foi... – Keyse tenta falar mas gagueja como eu nunca vi antes, é até engraçado a ver tão nervosa assim, isso é simplesmente raro – Foi culpa minha! Eu que vim pra cá, Pyter não sabia... eu só apareci por aqui... então... – como ele apenas olha pra ela sem dizer nada, ela fica ainda mais nervosa e me olha procurando ajuda, eu dou de ombros por que ela não tem que se explicar pra ninguém.
– Café ou suco? – pergunto pra ela e ela me olha reprovando – Suco! Você já é alerta o suficiente – falo e pego o copo de suco enchendo-o – Pode sentar, ele não morde – aviso e puxo a cadeira pra ela, que parece na dúvida mas se senta, então meu pai sai do seu lugar, vai até o balcão próximo a ele e puxa um envelope que já está aberto e me entrega, eu olho e vejo meu nome – Não lembro de já ter aberto isso – ele me olha sério, mamãe reprova meu humor, puxo o papel de dentro e vejo que é a carta do Comitê do Campeonato, apenas comprovando o que eu já sabia, em letras destacadas está a sentença.
‘’Por motivos de má conduta e quebra as regras previamente estabelecidas, o concorrente Pyter Everdeen Mellark está suspenso do Campeonato Nacional de Luta, ficando vedado qualquer tipo de participação do mesmo em quaisquer que sejam as categorias.”

– Uau, eles são rápidos – falo entregando o papel pra Keyse ler.
– Tudo é piada pra você? – ele pergunta me encarando de braços cruzados.
– Você queria que eu chorasse?
– Queria que você pensasse antes de agir! - E eu que você mudasse o discurso! - Pyter – mamãe e Keyse falam juntas.
– Sabe o que é mais engraçado? Você já está com o discurso pronto mas nem ao menos me perguntou o que aconteceu, nunca importa o que aconteceu pra você, só que eu fiz besteira! - Talvez por que você sempre faz besteira – eu solto uma risada cansada e me levanto.
– Eu pago um café pra você na praça, vamos – falo apressando Keyse e querendo sair daqui, ela se levanta.
– Você não vai fugir como fugiu ontem – ele fala e eu paro e me viro pra ele. - Eu não fugi ontem e nós sabemos o que você vai falar! - Peeta, vocês podem conversar depois... – mamãe pede e ele a encara sem acreditar.
– É por isso que ele nunca aprende, você sempre protege ele de tudo, ninguém nunca pode brigar com ele por que você aparece e coloca ele no colo... – ele começa a discutir com ela e é aí que eu decido acabar com isso.
– CHEGA! – eu grito mais alto e ele para me olhando – Chega! Ela não tem nada a ver com isso, você sempre pegou mais no meu pé, sempre foi assim, ok, eu entendo mas chega! - Eu peguei mais no seu pé por que você sempre foi inconsequente! - Que seja! Não me importa, de verdade! Eu cansei de tentar alcançar seu padrão e você já tem pelo menos um filho que atingiu, ou melhor, filha né... – falo com ironia e ele ia começar a discutir – De boa pai, eu não quero brigar com você e já que eu só trago problemas não precisa mais se preocupar – dou as costas e saio segurando a mão da Keyse.
– Pyter! – mamãe corre até a mim – Onde você vai?
– Vou levar a Keyse!
– Não precisa! E é melhor que ninguém veja a gente mesmo – ela fala e eu ia negar – Por favor, eu tô bem, e você deveria se acalmar e conversar com seu pai, brigar e gritar não adianta de nada – ela pede e me dá um beijo rápido – Tenta por mim e pela sua mãe, pode ser? – elas me olham e eu solto o ar derrotado.
– Eu passo lá a tarde – aviso e lhe dou outro beijo, ela acena um adeus pra minha mãe e sai de casa.
– Ele só está nervoso – mamãe fala me olhando nervosa também, eu beijo sua testa e lhe dou um abraço então papai aparece.


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