– Tenho a certeza de que o Arthur colocou algum endereço no seu bolso. - disse Nat.
– Não sei, mas vou procurar mais uma vez. - disse eu revistando os meus bolsos. - Encontrei um papel.
Quando abri estava lá : «R.Dominique Sindy, entrem na rua sem saída»
– Sinistro, mas vamos lá. - entramos no taxi e demos a morada.
Passamos por várias ruas bonitas, algumas cheias de flor de lótus, as minhas preferidas. Mas as ruas foram ficando escuras, com tons de cinza e preto e finalmente chegamos. Paramos em uma rua sem sáida, com muros pretos e uma fumaça saindo de um cano, caixotes do lixo e um rato.
– Que lugar é este ? Será uma armadilha ? - perguntou Nat.
– Creio que não, deve haver uma passagem. - disse Phillip avançando.
– Muito bem Sr.Sabe-Tudo, mostre-nos a passagem. - disse eu com um sorriso sarcástico.
Taylor tropeçou e caiu em uma tampa de esgoto, essa tampa automaticamente levantou e saiu uma luz vermelha de lá.
– Taylor, acho que encontramos a passagem secreta. - disse eu.
Taylor bateu ridiculamente palmas e Nat se ofereceu para ir primeiro, mas Phillip afastou-a delicadamente.
– Acho que se alguém morrer, esse alguém deve ser eu. - disse Phillip fingindo ser herói.
Com raiva, empurrei Phillip para o chão.
– Oh meu grandíssimo amigo. Vamos lembrar-nos de que antes de tudo isto, você era um mordomo da Laurel. Quem sabe você não tem uma pulseira localizadora no seu pé ou no braço. Quem sabe isso não seja um teste da Laurel. Por isso para de fingir ser o herói porque isso é a última coisa que você deve ser! E se afasta porque você vai ser o último a entrar naquele esgoto! Pode ir Nat.
Phillip ia argumentar mas continuei :
– E não adianta se fingir de vítima porque eu não gosto de você e nem vou gostar! E acho que o motivo da Ariana ter te largado foi porque você se juntou à Laurel, e também pelo seu mau feitio.- dizendo isso desci o esgoto com Nat e Taylor.
O esgoto não tinha cheiro de...esgoto. Tinha uma luz vermelha e um leve cheiro a fósforo. Não devia ser um incêndio nem uma fogueira. Quando viramos uma esquina do esgoto, nos deparamos com uma porta, daquelas portas tipo medievais, com lanças de ferro impedindo a passagem.
– Isso é um castelo submundo ? - perguntou Nat
Ouvimos um rugido, no início parecia um tigre mas quando nos aproximamos era um dragão.Eu não consegui acreditar mas por incrível que pareça, estava ali um dragão.
– Oh meu deus. Aquilo é um...dragão ? - disse eu com a voz trémula.
– Parece que sim, ele é preto e dourado. E tem uns chifres vermelhos, ou é um dragão, ou é um demónio. - disse Taylor.
– É um dragão da Lituânia. - disse Phillip se aproximando.
– Okay, Enciclopedia Ambulante. Mas acho que o que importa agora não é o tipo dele, é como vamos passar por ele. - disse eu.
– Não se preocupem - disse Nat chegando perto do portão. - Segundo o albúm dos Demonology em 2007, eu acho que conseguirei domar um dragão. - dizendo isso, Nat começou a bater com a laterna na parede, em um som ritmico. Comecei fazendo o mesmo, Taylor bateu os pés e Phillip observou, achando rídiculo. Nat cantou uma música em latim. O dragão olhou para nós com os seus lindos olhos dourados e de repente, apareceu uma luz branca. Eu caí desnorteada e quando todos olhamos para o portão, estava lá um homem jovem, com a pele morena e o cabelo castanho-escuro, os olhos eram dourados tais como os do dragão, envergava um manto preto e o seu sorriso era muito bonito.
– Olá. Permita-me que me apresente. Sou Aaron, o guardião de Maanteyn.
– Olá...onde está o dragão? - perguntei enquanto me levantava.
– Eu sou o dragão. - disse ele, com um sorriso.
– E eu sou o Capitão América. - disse Nat, sarcástica.
Aaron franziu o sobrolho, não entendeu e repetiu :
– Eu sou o dragão que libertaste. Sou Aaron.
– Eu acho que ele está dizendo a verdade. - olhei para Nat.
– Então ok. Podemos entrar para... Manta..?
– Maanteyn. - disse Aaron.
Ele abriu os portões e sorriu quando olhei para ele, era realmente um rapaz muito bonito para ser um dragão. Quando entramos no reino de Maanteyn,tinha duas grutas, uma tinha uma luz vermelha, e a outra tinha uma luz branca. Deduzi que as grutas correspondiam às irmãs opostas. Entramos pela primeira gruta, e vi corvos, ossos, um cheiro desconfortável e entramos em um portão. Quando entramos Phillip se contrapôs :
– Eu acho que é melhor eu esperar aqui. - disse Phillip.
– Mas...
– Vamos Taylor. - disse eu, a companhia de Phillip não me agradava.
Quando chegamos na sala encontramos uma garota de longos cabelos brancos, uma coroa de penas pretas na sua cabeça, um vestido preto decotado na frente e que lhe chegava até ao joelho. Os olhos eram vermelhos e tinham um delineado perfeito, o batom era vermelho aveludado.
– Sejam bem vindos ao Inferno! - disse ela enquanto chegavamos.
– Se isto é o Inferno, nem quero saber o que realmente é o Inferno. - sussurrei para Nat. - Precisamos da sua ajuda...o Arthur disse...
– O que o Arthur diz não faz sentido. - disse ela. - Suponho que acontecerá algo daqui a uns dias que fará vocês mudarem de opinião sobre ele. Ele quer matar todas vocês... espera, onde está o Phillip ?
– Ficou na porta, acho que se sente desconfortável com a sua aparência demoníaca. - disse Taylor, provocando.
– Não Taylor, ele ficou lá porque ele é um medroso e não sabe enfrentar as coisas. - disse eu.
– Exato darling. - respondeu a garota enquanto passou uma das suas grandes unhas na minha face, virou-se e continuou. - Phillip me abandonou no altar, porque se apaixonou pela Laurel, desde então, fiz magia negra para que ela sofresse, mas ela é mais forte.
Fiquei boquiaberta com aquela afirmação. Quer dizer então que o Phillip amava a Laurel ?!
– Então você é a Ariana ? - perguntei.
– Sim, infelizmente. - disse ela com um ar sério. - Ariana Maanteyn.
– O que aconteceu para o Phillip deixar a Laurel ? - perguntou Taylor, curiosa.
Ariana deu uma risada inaudível.
– Phillip nunca foi homem de uma só mulher, ele me tinha, mas queria ter a Laurel. Tinha a Laurel, mas queria ter outra. Laurel deve ter transformado Phillip em um mordomo, como ela sempre faz. Por incrível que pareça, eu não supliquei para que Phillip voltasse para mim. Apenas aceitei.
– Eu sei bem porque a Laurel era mais forte que você. - disse Phillip entrando na sala.
– Então ?! A mamãe não ensinou que é feio escutar por trás da porta ? - disse Ariana.
– Devia ter dito isso a você quando você escutou a minha conversa com a Yara.
– A Yara não fazia mais parte do reino, não sabia porque você ainda estava com ela.
– Seu pai pediu para o meu pai, para que eu pedisse a sua mão em casamento. Eu aceitei, tive alguns casos com a Yara mas parei quando percebi que te amava. Você não tinha mais tempo para ficar comigo! Só dava atenção para as suas aulinhas ridículas de Wicca, que não funcionaram pelos vistos, porque você se tornou em uma bruxa de magia negra.
– E VOCÊ EM UM SATÂNICO! - gritou Ariana, mesmo sem querer, Ariana atirou um raio de fogo em Phillip, o que o jogou contra a parede. - Você ocupava seu tempo fingindo ser o herói do reino. - dizia Ariana enquanto se aproximava com o raio, chorando, machucando Phillip. - Você vivia dizendo que as batalhas que você ganhou por Maanteyn não se contavam pelos dedos, mas que quem ganhava era sempre o meu meio-irmão Steve!
– Gente, só para lembrar que nós estamos aqui. - disse eu com um sorriso falso. Ariana tinha razão, Phillip fingia muitas vezes ser forte e ser o herói, que me irritava bastante.
– Desculpem. - disse Ariana quando se apoiava em uma mesa. - podem ir falar com a minha irmã Arabella, ela está na gruta ao lado.
– OK, obrigada. - dizendo isso, eu, Nat, Taylor e Phillip saímos da gruta de Ariana e fomos para a de Arabella.