Vivendo sentimentos, sentindo emoções-Temporada 1 escrita por Rachelroth


Capítulo 6
Voltando para casa


Notas iniciais do capítulo

Continuação :)



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Lá estava sua cama, delicadamente arrumada, cobertas roxas, travesseiro branco… no chão um tapete fofinho. A escrivaninha, o guarda-roupa, a estante cheia de livros, mas nenhum pó. A temporalidade em Azarath é diferente da Terra, passara em torno de um ano e meio por lá, enquanto na Terra se passaram três anos, deste modo Ravena teria 19 anos então. Mas nenhum pó, um vestígio se quer de poeira.

Ravena: *sussurrando* Será que existe outra pessoa morando aqui? *sentiu receio, mas se esforçou para controlar-se*.

Andou pelo quarto. Sentia-se insegura de sair e dar de cara com outra heroína. Será que os Titãs a aceitariam de volta? Concentrou-se e tentou sentir os amigos na Torre, mas nenhuma presença foi sentida. Ampliou a magnitude de seus poderes e sentiu Robin, Estelar, Mutano, Ciborgue e Dr. Luz no centro de Jump City. Sem pensar duas vezes abriu um portal até o local onde estavam.

Ravena: Azarath, Metrion, Zinthus!

Uma redoma mágica se cria em frente à um feixe de luz que atingiria em cheio os quatro titãs que estavam presos em quatro garras, especialmente fabricadas para cada um, podendo anular os poderes dos super-heróis.

Todos: Ravena!

Dr. Luz: Ora ora… não esperava que você estivesse aqui. Isso muda os planos, não preparei nada para você, pequena.

Ravena: Dr. Luz é melhor interromper o que quer que você esteja planejando… senão terei que lhe mostrar a escuridão… *neste ponto seus dois olhos já haviam se multiplicado e estavam vermelhos*

Dr. Luz: Ok… *desligando a maquinaria e liberando os titãs* me vou… mas só por que fico sem graça de não ter nada a lhe oferecer…

Vai se virando lentamente querendo fugir quando um tentáculo sai por debaixo da capa de Ravena e o segura.

Ravena: Não pensou que iria embora? *sorriso de canto de boca*

Joga o vilão dentro de um camburão e tranca-o. Retoma sua versão original, menos assustadora e com menos olhos. Sentiu os quatro titãs olhando-a atrás de si.

Ravena: Eu devia ter mandando notícias. *de cabeça baixa*

Um silêncio ensurdecedor se fez, por poucos segundos, que pareceram horas.

Ravena: Eu não sei… mas… pensei se eu…poderia… voltar…

Mutano abriu um largo sorriso, que Ravena não pode ver porque estava de costas, e correu em sua direção, dando-lhe um apertado abraço (mais apertado de fato… parecia que o metamorfo estava mais forte).

Mutano: Senti…sentimos tanto a sua falta.

Estelar: Amiga Ravena, não precisava perguntar se poderia voltar.

Ciborgue: Seu quarto continua lá.

Robin: Voltou no momento certo.

Ravena estava corada e tão paralisada olhando aquele braço verde em volta de sua cintura que quase não ouviu o que os colegas lhe disseram.

Ravena: Ok, Mutano… já pode me soltar.

Mutano: *se afasta colocando o braço direito atrás da cabeça* ops… fiquei muito contente com seu retorno… tenho tantas coisas pra te cont…

Ravena: Depois… *vira-se lentamente, lembrando de recolocar o capuz que havia saído no abraço*

Olhou para seus colegas de grupo. Estavam diferentes. Mais altos e mais adultos e mais definidos. Ciborgue agora com 21 anos parecia mais forte e mostrava uma brilhosa aliança em seu dedo anelar direito. Robin, com 19 anos parecia estar deixando os cabelos crescerem, no entanto estava naquele ponto onde o cabelo fica sem nenhum corte, parecia um chanel mal feito, estava um pouco mais alto e certamente parecia mais ágil e forte. Estelar com 20 anos não parecia mais uma menina magrela, tinha um belo corpo, com curvas de dar inveja a qualquer mulher de Jump City. Agora Mutano certamente era o que estava mais diferente. Com 18 anos, mantinha a cor verde e a cara de pateta, no entanto estava mais alto, bem mais alto, ultrapassando em alguns centímetros o líder dos titãs. Continuava magrelo, mas agora definido. Ravena corou ao olhar o metamorfo e agradeceu mentalmente por estar de capuz.

Robin: Vamos para casa minha amiga *com um sorriso terno*

Ravena assentiu com a cabeça, devolvendo o sorriso. Entraram todos no carro de Ciborgue. Mutano tagarelou a viagem toda. “Ele não mudou nada”— pensou Ravena. Na Torre Estelar sugeriu pedirem uma pizza para comemorarem o retorno da amiga empata.

Ravena: Não atrapalharei mesmo?

Robin: Claro que não… mas que ideia é essa?

Ravena: Bom… a outra titã que vocês encontraram… como ela ficará?

Ciborgue: Outra titã? Do que você está falando? *dando uma bela mordida na pizza de mussarela*

Ravena: Quando cheguei aqui, fui direto ao quarto que era meu… e estava… demasiadamente limpo… então eu pensei… *os titãs olharam para Mutano*

Mutano: É… a… a gente não sabia se você voltaria… e… eu lembrava que você gostava do quarto limpo… então… eu… entrava… lá… não me mate… *se encolhendo*

Ravena: *serenamente* Obrigada *morde a pizza*

Mutano: Não vai me matar?

Ravena: Não.

Mutano: É a Ravena mesmo?

Ravena lança um olhar mortífero para Mutano.

Mutano: Agora sim.

Estelar: Amiga Ravena, que bom que não ficou chateada com o Mutano. Nós lhe dizíamos para não entrar no seu quarto porque você não gostaria, mas ele não nos ouvia.

Ravena: Estou feliz de poder voltar. E o Mutano adiantou um bocado as coisas pra mim.

Mutano: Ufa.

Ravena: E como foram as coisas por aqui?

Robin: As mesmas de sempre. No começo os vilões estranharam você não estar conosco, mas depois começaram a não contar com sua presença, como o Dr. Luz hoje.

Ciborgue: Eu estou noivo *sorriso orgulhoso* com a Abelha.

Ravena: Uau. Quem diria… mas e o casamento… como vai ser… você vai para lá… ela vem para cá?

Ciborgue: Ainda não está decidido. Não pretendemos casar tão rapidamente… mas eu diria que os laços com os Titãs da Costa Leste agora estão mais estreitos…

Estelar olha para Ravena com um sorriso sapeca e diz sem emitir som – Aqualad – e Ravena cora.

Robin: O Mutano está mais disciplinado. Tivemos um problema com a Fera um tempo atrás. Ele quase foi banido do grupo por questões de segurança. Mas o lado bom é que agora ele leva o treinamento mais a sério.

Mutano: E isso ajudou muito com as gatinhas também…

Ravena: Hum… é seria um milagre se ele tivesse mudado completamente…

Os titãs riem e se faz um silêncio.

Estelar: E você amiga? Como foi o tempo em Azarath?

Ravena: Muito revelador. Eu diria que foi a melhor coisa que eu fiz. Ir para lá e descobrir tantas coisas do meu passado e do meu presente. Me sinto mais leve… aprendi que eu sou assim, não mudará… mas acho que dá pra controlar melhor as coisas que eu sinto, sem me abster dos sentimentos.

Estelar: Glorioso! Significa que poderemos lhe arranjar um namorado…

Mutano engasga.

Ravena: *olhos arregalados e corada* Namorado? Não… não está nos meus planos…

Estelar: Não por enquanto… *olha ternamente Robin* eu e Robin assumimos nosso amor.

Ravena: O que?

Mutano: Ah… o maior melaço esses dois. *cruza os braços e imita beijos entre os dois* Vivem quebrando a regra…

Robin: *sem graça* não quebramos não.

Ciborgue: Qual é Robin? Quebram sim… toda semana.

Ravena: Que regra?

Ciborgue: Nada de um dormir no quarto do outro.

Conversam por mais alguns minutos quando Ravena decide se retirar. – Quero organizar minhas coisas no quarto – disse e se retirou.

Robin: Ravena… é muito bom te ter de volta.

Ravena entra em seu quarto, que é de frente pro quarto do metamorfo e agradece-o mentalmente por ter mantido seu quarto limpo. Começou a guardar as coisas que levou para Azarath nos armários, afinal tinha deixado muitas coisas para trás. Por um momento achou que sua gaveta de pijamas estava revirada, mas ignorou, afinal foram três anos terrestres.

Olhou seu reflexo no espelho, agora sem o fundo claro do quarto que habitava em Azarath. Via a porta, uma decoração baseada em roxo e preto. “Deprimente”— pensou. Tirou a roupa e colocou um pijama que a muito não via. Um camisetão branco super confortável. Esse era um de seus segredos, adorava usar pijamas. Nada de soutien ou roupas apertadas. Sentia-se livre de pijama. E como não gostava de nada a prendendo, sempre comprava um ou dois números acima do seu manequim.

Jogou-se confortavelmente na cama e abraçou o travesseiro. Fitou o teto “esse lugar precisa ser repaginado…” mas seus pensamentos foram interrompidos por um insistente bater na porta. Não sentiu raiva… na verdade já sentia falta de ser interrompida sempre.

Caminhou até a porta, porém quando a abriu em um movimento muito rápido Mutano entrou. Com a mão esquerda fechou a porta enquanto com a direita tampava a boca da empata. Ele a prensava contra a porta fechada. Com um sorriso divertido sussurrou “shiu” em seu ouvido. Ravena estava paralisada com a situação. Podia ouvir do lado de fora Ciborgue xingando Mutano de todos os nomes.

Mutano: *sussurrando* Coloquei tofu no sanduíche dele *sorrindo*

E aquela cena continuava. Ravena apertada entre a porta fria e o corpo quente do metamorfo, com sua boca tampada pelos dedos verdes dele. De repente Mutano caiu em si do que estava fazendo e olhou nos olhos roxos da empata. Ela estava corada.

Mutano: Me… desculpe… eu… não… eu… é… *foi se afastando do corpo dela*

Ravena encarava aqueles grandes olhos verdes. Não tinha reação. Percebeu que seu corpo já não estava colado ao dele, porém não se moveu. Mutano olhou para ela… a viu de camisetão… corou imediatamente. Ravena continuou olhando para ele e depois de alguns segundos constrangedores, Ravena diz:

Ravena: Você não muda, não é?!

Mutano: Me desculpe…

Ravena: O que foi isso?

Mutano: É que eu… eu… eu usei seu quarto como esconderijo todos esses anos… foi força do hábito… eu juro… eu não queria… *ainda corado*

Ravena: Tá. Agora se puder sair…

Mutano: Cla…claro.

Mutano sai e entra em seu quarto completamente envergonhado, mas não podia negar, havia gostado do que vira. Jogou-se na cama debaixo da beliche.

Mutano: *com os olhos fechados* Ela tá gatinha *sorrindo*.

Ravena não conseguia processar ainda o acontecido. Vagarosamente caminhou até sua cama e se sentou. Não havia ameaçado o metamorfo, muito menos tentou ou desejou mata-lo. Sentiu-se na verdade aliviada (e constrangida), estava finalmente em casa. O barulho, a irritação, as brigas, os romances… havia sentido falta de tudo isso.

Em seu quarto Mutano sentia-se igualmente aliviado, há três anos não sentia a adrenalina de escapar da morte, há três anos não ouvia insultos de Ravena… se bem que hoje… hoje ele não ouviu… duas vezes ela teve a oportunidade de manda-lo para outra dimensão, mas não o fez.

“Esse tempo em Azarath mudou a Ravena”— pensou o metamorfo enquanto se lembrava dela vestida com um camisetão, e sorria.

Mutano nestes três anos havia se tornado um amante implacável. Nunca estava sozinho. Sempre tinha uma gatinha para paquerar. Certamente trocava mais de namorada do que cuecas. Isso quando não teve mais de duas namoradas ao mesmo tempo. As garotas o procuravam. Mais novas, mais velhas, brancas e negras, lisas e encaracoladas. Ele tentava ser justo e democrático. Não dispensava quase nenhuma. Se há um animal perfeito para traduzir sua vida amorosa é a galinha. Mutano era galinha. Daquele que arranca suspiros e destrói corações. Orgulhava-se de dizer a todos que ele pegava qualquer mulher que quisesse. “Ai Ravena…” suspirou e corou quando se deu por conta do que estava pensando.

Mutano: *para si mesmo* É… acho que para tudo há uma primeira vez. Vai ser a primeira que eu quero e não vou ter… imagina?! Que loucura… Mutano você está ficando maluco.

Levantou para trocar de roupa. Seu quarto continuava bagunçado, como se ali tivesse havido uma guerra… ou um tornado. Tirou o uniforme e jogou numa cadeira. Colocou seu calção de dormir. A noite quente fez com que ele não pusesse camiseta. Um barulho veio de sua barriga. Melhor ir comer.

Saiu do quarto e foi para a cozinha, procurou algo na geladeira, como sempre tofu e leite de soja. Quando fechou a porta da geladeira deu de cara com Ravena sentada à mesa da cozinha.

Ravena: Boa noite.

Mutano: *cora ao vê-la novamente de pijama* Boa noite.

Ravena: Não consigo dormir. Não me acostumei ainda. Acho que estou sofrendo ainda com a diferença na temporalidade.

Mutano: Você voltou realmente diferente.

Ravena: Eu sei. Foi muito bom o tempo que fiquei lá. Me sinto mais tranquila, no geral *silêncio* Então você entrava muitas vezes no meu quarto?

Mutano engasga com o leite.

Mutano: É… para ser sincero… sim…

Ravena: E mexeu nos meus pijamas?

Mutano: *absurdamente corado* Claro que não. Porque eu faria isso?

Ravena: Porque você é homem. Não é mais o menino que eu conhecia quando saí daqui.

Mutano: É algumas coisas mudaram. Você sentiria ciúmes de mim se soubesse *sorri se gabando*

Ravena: Não é para tanto. *olha para o lado*

Mutano: Eu senti muito a sua falta, às vezes penso que senti mais do que os outros. Fiquei sem ninguém para contar minhas piadas, foi como se a minha vida tivesse perdido o sentido *corado*

Ravena: Saiba que eu ainda não vejo graça nas suas piadas.

Mutano: Pelo jeito você não sentiu minha falta *olhar cabisbaixo*

Ravena: Bom não preciso te dar explicações… *olha para ele que aparentava estar chateado* mas você me ajudou muito mais do que você imagina *caminha até ele e lhe dá um beijo na testa* boa noite maninho *sai em direção ao seu quarto*

“Maninho? Maninho? É assim que ela me vê? Como um irmão mais novo?”— pensava Mutano que estava decepcionado e furioso. Engoliu o resto de seu lanche noturno e voltou para o quarto. Antes e entrar no quarto, olhou para a porta de Ravena e falou em um tom de voz mais alto “Boa noite irmãzinha”.

Ravena estava feliz. Gostava dele. Mas é claro, gostava como se gostam de irmãos. E certamente ficou envergonhada de estar de pijama na frente de um irmão, já que isso é realmente constrangedor. Pelo menos era assim que ela pensava. Não percebeu quando adormeceu pensando na proximidade que eles estiveram à pouco tempo atrás, tampouco percebeu que reparou no corpo do ‘irmão’ na cozinha sem camiseta.

 

 

CONTINUA…


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Notas finais do capítulo

Alívio? Felicidade? Ansiedade?

Fala aê...



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