Vivendo sentimentos, sentindo emoções-Temporada 1 escrita por Rachelroth


Capítulo 25
Dangerous


Notas iniciais do capítulo

:)



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Mutano corria afobado. Estava ofegante. Fugia de alguma coisa, mas não conseguia saber do que exatamente. Sabia que aquilo estava atrás dele, mas quando olhava para trás de canto de olho, aquilo sumia. Era uma estrada deserta. O céu estava escuro, parecia que ia chover. Ele não parava de correr. Suado. Cansado. Ainda correndo, a estrada terminou em uma escada infindável. Não tinha opção além de subir, já que toda a rua se estreitava nessa escada, ficando aos lados apenas o maior abismo de todos. O abismo que o observava. Medo. Desespero. Subiu. E subiu. O final da escada dava em outra estrada. Aquilo o seguiu. Continuou a correr. A escada atrás de si sumiu… como fumaça. Podia ouvir risadas, cochichos. Sentia o olhar. A estrada de repente se bifurcou e bifurcou, transformando-se em uma encruzilhada. Ele parou. Podia voltar pra trás. Podia seguir em frente. Podia virar à direita ou à esquerda. Foi tomado pela angústia da escolha. Não sabia que lado escolher. Não sabia. Ouviu um grito ensurdecedor— e acordou o mais rápido que pôde, sentando-se suado e ofegante na cama. Coçou a cabeça retomando a consciência. Sentia angústia. O coração acelerado fazia-o perceber. Era apenas um sonho.

No relógio, os números marcavam 10h37. Diminuindo a velocidade da respiração, levantou. Bocejou e olhou para a janela. O dia estava menos ensolarado. O verão começara a dar espaço para o outono. Calmamente se levantou. Ainda estava assustado. Não conseguia recordar quando fora a última vez que tivera um sonho tão digno de pesadelo como este.

Percebeu que ainda estava com a roupa que usara na noite anterior, quando se encontrou com Terra. Sentia a cintura doer por causa do cinto que o machucou durante a noite. Não sabia dizer que horas dormiu. O suor havia apagado o beijo das duas garotas. Lentamente caminhou até o guarda roupa. Escolheu uma roupa confortável, uma calça de moletom cinza e uma camiseta esgarçada branca. Nos pés, o bom e velho chinelo de pelúcia verde escuro. Saiu do quarto coçando o olho esquerdo e arrastando os pés até chegar à sala.

 Mutano: Bom dia…

Estelar: *muito alegre, com um jornal nas mãos* Bom dia amigo Mutano!!!

Mutano: *caminhando em direção à geladeira* Cadê todo mundo?

Estelar: Dick está treinando, Vic está na oficina e a Rae saiu cedinho com Aqualad. *se aproxima de Mutano com um sorriso diferente* Mas… *mostra o jornal, super interessada* quem é ela?

Mutano olha a foto dele e Tara no jornal. Eles estavam de costas. Pega o jornal das mãos de Estelar e lê a notícia “bombástica” – “Mutano estará namorando? Casal foi visto por diversos fãs ontem no centro, curtindo a noite juntos”.

Mutano: *sussurra* Esse pessoal não tem mais do que falar… *devolve o jornal para Estelar* É a Tara… *colocando leite de soja no copo* mas não estamos namorando…

Estelar: *empolgada* Ela parece ser bem bonita.

Mutano: *sorri, mas Estelar não vê* Ela é… *pausa para um gole de leite* Você a conhece…

Estelar: *leva a mão à boca, pensativa* Conheço? Não conheço nenhuma Ta… bom… NÃO… *se dando conta* A Tara? Digo… a Terra?

Mutano: *sereno, encostado na pia* Não. A Tara Markov… ela não usa mais o nome Terra, parou de usar os poderes…

Estelar: *cheia de dúvidas* Mas como? Ela…?

Mutano: É… também não sei… ela não quis falar muito sobre como deixou de ser pedra…

Estelar: *empolgada* Amigo… isso é glorioso!!! Convide-a para vir aqui…

Mutano: Não sei. *coloca o copo na pia e enche com água* Não estamos juntos, nem ficamos... ainda…

Estelar: Mas eu adoraria saber como ela está! *parecia não respirar* Ela está bonita, mais alta… o que ela está fazendo? Mora por aqui? Como você a reencontrou? Já falou…

Mutano: *segura os ombros da amiga tamarareana* Já entendi que você tem um monte de dúvidas…

Ciborgue: *entrando, limpando as mãos com graxa* Estelar, viu o removedor? *olha para Mutano* Bom dia mano…

Estelar: *voa até o amigo* Adivinha!!! *ansiosa* Não, você nunca vai acertar com que amigo Mutano saiu ontem…

Mutano: *coça bochecha* Não é pra tanto Estelar…

Ciborgue: *para Mutano* Não me diga que caiu nos encantos do Flash *brinca com as sobrancelhas*

Mutano: Ejaculação precoce mano, não rola…

Estelar: *gritando* COM A TERRA!

Ciborgue: *surpreso* Terra? Mas como…

Robin: Do que estão falando *vai em direção ao bebedouro*

Ciborgue: Mutano tá pegando a Terra…

Mutano: Não tô pegando a…

Robin: Aquela Terra?

Estelar: *eufórica* Olhe amor!!! *entrega o jornal*

Robin: Ela tá bem encorpadinha…

Ciborgue: Cadê… *olha a foto*

Robin: Mas como ela se livrou das pedras?

Mutano: Não sei… ela não disse… e eu não tô…

Ciborgue: Quem diria mano verdinho… *dando cotoveladas* a Terra…

Mutano: Tara!

Robin: Tarada? Como sabe…

Mutano: *coça a cabeça* TARA… o nome dela…

Estelar: Ela pode voltar pros Titãs se vocês se acertarem…

Mutano: Não…

Robin: É, eu teria receio de início…

Mutano: Mas ela…

Ciborgue: Já sabe as regras da torre…

Robin: *pensativo, com a mão no queixo* Mas, se ela provar sua inocência, podia ser um bom reforço…

Estelar: Mais uma amiga!!!

Mutano: Gente…

Ciborgue: Nada de usar o banheiro junto *piscadela*

Robin: Levantar umas pedras…

Estelar: Será que ela ficaria no quarto do meu lado?

Mutano: *levanta a mão e acena* Eu ainda estou aqui…

Ciborgue: Nada de namorar na garagem, hein hein *mais piscadelas*

Mutano: Eu não tô namorando…

Robin: Mas se ela nos trair…

Mutano: Ela não…

Estelar: Que alegria esplêndida!!!!

Ciborgue: Nem no jardim… *piscadela*

Ravena: *entrando com sacolas* Que falatório é esse?

Aqualad: *sorrindo* Qual o motivo de alvoroço?

Robin: Mutano tá namorando a Terra…

Mutano: Não tô namorando…

Ravena: *assustada, tentando disfarçar* Que Terra?

Ciborgue: A nossa Terra…

Aqualad: A loira?

Ciborgue: Se liga… *entrega o jornal*

Aqualad: Uau, ela mudou hein… pelo menos de costas… *Ravena lhe dá um cutucão e Mutano tira o jornal das mãos dele*

Mutano: Não estou namorando… ela se chama Tara *irritado* ela não usa mais os poderes, é estudante de jornalismo e trabalha em uma lanchonete… a gente nem se beijou…

Ravena: *emburrada* Questão de tempo, não?!

Mutano: Não… não… não sei… Ah… vocês falam demais *sai da sala com o jornal nas mãos em direção ao seu quarto*

Ravena: *olha para Aqualad,* Bom, melhor você ir e voltar mais tarde…

Dá um selinho nele e abre um portal para o corredor do seu quarto. Coloca as sacolas de compra no chão e espera Mutano aparecer no corredor. Estava estranhamente apreensiva, ansiosa. Quando vê o metamorfo, arruma sua postura e faz ar de indiferença.

Ravena: Você e a Terra… então…

Mutano: Não… por que… primeiro não é a Terra…

Ravena: Não?

Mutano: É a Tara Markov…

Ravena: Nossa… *sarcástica* que diferença…

Mutano: É sim… ela não usa mais os poderes dela…

Ravena: *cruza os braços* Isso é o que ela diz…

Mutano: E eu acreditei. Ela contou que faz yoga para controlar os poderes, está estudando jornalismo… achei interessante.

Ravena: Achou ela interessante?

Mutano: *coça a cabeça* Ela é bem bonita, tem um papo interessante e parece ter mudado…

Ravena: Igual da outra vez?

Mutano: Não. Sei lá… é diferente.

Ravena: Ontem então você estava com ela?

Mutano: Sim *encosta na porta do próprio quarto e cruza os braços* por quê?

Ravena: Você não me disse nada… por quê?

Mutano: Não falei… por que… sei lá por que… não era algo que eu achei que você se interessaria…

Ravena: Eu mostrei a minha tatuagem para você… *confusa, olha para o chão* ninguém mais viu. Achei que fossemos amigos…

Mutano: *se aproxima dela, pega em seus ombros* Nós somos amigos Rae.

Ravena: Então não sei que tipo de amigo nós somos… você me escondeu isso…

Mutano: Mas, eu não escondi… tipo, nossa quero esconder isso da Ravena, foi… na verdade, não vi importância nisso…

Ravena: *olha para ele* Não é importante você estar namorando?

Mutano: *foge do olhar dela* Mas eu não estou namorando. Nem nos beijamos, nada… foi só um passeio…

Ravena: *busca o olhar dele* Um encontro?

Mutano: *solta os ombros dela* Não sei se eu chamaria de encontro… mas… foi legal encontrar ela, rever… foi bom vê-la bem.

Ravena: Você namoraria ela?

Mutano: *solta um riso nervoso e inconformado* Mas… mas que pergunta é essa?

Ravena: *cora e olha para seus pés* Ela nos traiu duas vezes… brincou com você. Sou sua amiga. Não quero que se magoe.

Mutano: *passa a mão na cabeça dela e lhe dá um beijo no topo da cabeça* Obrigado por se preocupar… eu sei me cuidar.

Ravena viu os pés do metamorfo se afastarem dos seus. Ouviu a porta dele abrir. Ouviu-o entrar e então soltou a respiração. Não sabia por que havia a prendido. Pegou as compras do chão e entrou em seu quarto. Estava realmente incomodada. Sem motivo claro chutou uma almofada forte o suficiente para derrubar um livro que estava em cima da escrivaninha.

Tentava manter o controle da sua raiva, tristeza. Esfregou as mãos no rosto e sentou na cama. Porque isso a perturbava tanto? Afinal, Mutano tinha espírito livre. Pertencia a todas, mas não pertencia a ninguém. A ideia de que uma poderia pertence-lo era perturbadora. Fazia ideia que não estava incomodada com o fato de Terra tê-los traído duas vezes. O que era diferente?

Sentia-se vazia.

Como quando eles brigaram. Foram duas semanas tentando fazê-lo percebê-la e quando eles se acertam… sentiu-se mal por saber que eles estavam juntos antes dele conversar com ela. De alguma maneira acreditou que ele fizera as pazes com ela por causa da Terra.

Sentia-se vazia.

Não podia voltar a Nevermore, Conhecimento disse para ela não voltar. Ela devia estar contente, não?! Seu amigo, e apenas amigo, poderia ter encontrado alguém legal. Ela não queria acreditar nisso, mas precisava.

Na hora do almoço, desceu para a cozinha. Seus colegas de equipe estavam lá, começando a arrumar a mesa. Ele estava lá. Com o cabelo mais desgrenhado do que de costume, e então viu Ciborgue fazer uma piada com ele – “verdinho vai namorar” – ele disse enquanto bagunçava o cabelo dele. E ele… ria enquanto dizia “Cara, como você é chato”.

Sentou-se com cara de poucos amigos.

Estelar: Amiga Ravena, o que você tem? Sua face está com semblante abatido…

Ravena: *fria* Dor de cabeça… e antes que me perguntem, já tentei me curar, mas a dor volta.

Mutano: *coloca um prato pra ela* Quer um remédio?

Ravena: Não, obrigada.

Instantes depois estavam todos sentados, começando a se servir do risoto que Estelar fez com Ciborgue. O assunto era a Terra. De novo.

Ciborgue: Vai trazê-la aqui?

Mutano: Cara, nós só nos vimos uma vez… e já disse, não temos nada.

Estelar: Amigo Mutano, acho que seria agradável reencontrá-la. Ela se sacrificou por nós.

 Robin: Mas creio ser mais prudente Mutano conhece-la melhor antes de trazê-la aqui.

Ravena: Também acho…

Mutano: Já já vocês vão marcar meu casamento, sendo que eu nunca nem dei um beijo na noiva.

Ciborgue: Ainda não deu…

Robin: Não devemos esquecer que ela se vendeu para o *cerra os olhos* Slade…

Ciborgue: *contrariado* Como você…

Estelar: Robin… todos merecem uma segunda chance…

Ravena: No caso dela… terceira chance, não?!

Mutano: Não estou pedindo pra ninguém dar chance para ela. A gente só saiu ontem. Nada demais.

Ciborgue: Vai sair quando com ela?

Mutano: Ela não me deu o celular dela, então acho que vou aparecer de surpresa na saída do trabalho dela.

Robin: Que horas ela sai?

Mutano: Às 18h.

Estelar: *empolgada* Que romântico amigo!!!

Mutano: *ri* Não vejo nada romântico… vou buscar ela hoje de novo… vamos ver né?!

Ravena: *se levanta antes de terminar o prato* Estou enjoada, vou para meu quarto.

Todos a olham em silêncio usar seus poderes para levar o prato na pia. Ela se retira. Estava muito enjoada. Não da comida. Voltou ao seu quarto e se forçou a meditar, para tentar esvaziar a mente, mas não conseguia. Próximo das 17h30, Ravena ficou ansiosa. Resolveu cuidar da flor, próximo a janela. Não que ela quisesse ver o metamorfo sair… longe disso… mas, ela viu.

Viu-o sair com um jeans escuro, camiseta clara, Adidas branco e com boné virado para trás. Incomodou-se profundamente com aquilo. Ele caminhou tranquilo até sumir da vista de Ravena. “Ele pode voar, porque está andando? Vai começar com a mesma palhaçada dela?”— pensou irritada.

Não conseguiu dormir até ouvir a porta dele se abrir. Olhou no relógio: 00h45. “Ué… ela não tem aula da faculdade? Pode ficar chegando tarde assim?”— falava consigo mesmo dentro do silêncio de sua cabeça. Será que eles ficaram? Não conseguiu dormir mesmo depois de ele chegar.

Estava paranoica. Admitia. Precisava saber se ele tinha algum vestígio de batom. Certamente ela devia usar batom. Claro que usaria. Saiu de seu quarto e encostou o ouvido na porta do quarto dele. Tentava ouvir algum indício de que ele estivesse acordado. Nenhum barulho. Somente o silêncio. Tentou retornar a sanidade e repensar essa atitude. Fracassou. Abriu um portal para sair na cama de cima do beliche.

Ficou por um instante sem respirar. Soltou o ar vagarosamente e espiou a cama de baixo. Lá estava ele, deitado, com os olhos verdes encarando a empata. Ele sorriu para ela e bateu com a mão esquerda na cama, sinalizando que ela descesse. Ela o encarou e sem dizer nada, obedeceu. Sentou-se do lado dele.

Mutano: Minha mágica acabou ontem quando fizemos as pazes.

Ela não respondeu. Estava envergonhada. O que ela tinha na cabeça? Com certeza não era juízo. Viu-o fechar os olhos lentamente, não parou de sorrir.

Mutano: O que veio fazer aqui?

Ravena não respondeu. Apenas o encarava.

Mutano: Quer deitar aqui?

Ravena não respondeu. O que raios ela tinha na cabeça? Ia ficar ali? Imóvel e muda para sempre. Sentiu seu corpo ser puxado para baixo. Ficou com o tronco deitado ao lado dele, envolvido pelos braços dele, mas suas pernas continuavam sentadas. O que raios ela estava fazendo? Não sabia, mas pelo menos se encontrava de costas para ele.

Mutano: Gosto quando você vem aqui? *aperta o abraço e depois solta* Ainda bem que veio. Precisava conversar.

Ravena só conseguiu responder “Fala” de maneira impulsiva. Manteve-se, no entanto, calada e imóvel, como um pedaço de madeira.

Mutano: Eu e a Tara fomos jantar. Nada muito legal e caro como seu primeiro encontro com o Aqualad.

Ela se incomodou muito em ouvir o nome de seu namorado pular da boca do metamorfo. Ele sempre se referia à Aqualad com apelidinhos irônicos, com exceção à quando ele estava com raiva ou ontem, quando conversou com ela. Ele estava mais sereno e a única explicação que ela encontrava tinha nome, sobrenome e não usava mais seus poderes.

Mutano: Ela ainda não me deu o número dela. *sorri* Minhas duas gatinhas não me deixam ter seus números *ri* ela não me dá e você porque não tem celular.

Ela continuava com os olhos abertos. Imóvel. Estática. Paralisada. O que raios estava fazendo? Sentia a respiração dele no seu pescoço. Sentia os pelos da nuca arrepiarem. Conseguia imaginar a carinha de bobo dele. Estava tomada por diversos impulsos. Sentia o esforço que fazia para não ceder a nenhum de seus impulsos, tão inteligentes quanto a ideia de ir ao quarto dele.

 Mutano: Ela é divertida, espontânea… é diferente das outras.

Das outras? Diferente das outras? Estaria ela, a empata, categorizada dentro da classificação “Outras”? E na verdade, do que isso importa? Ela, a empata, era uma mulher comprometida, não?!

Mutano: Tem sido legal…

Mutano sente Ravena se movimentar. Os pés dela sobem à cama e ela se vira de frente para Mutano, que abre os olhos. Ela não diz nada, apenas o encara. O coração de Mutano acelera, de alguma maneira ele tinha medo daquela proximidade. Ela estava linda. Ela é linda. O cabelo bagunçado pela cama, o velho e bom pijama, a pele clara e macia. Ela encarava ora os olhos, ora a boca do metamorfo.

O que raios ela tinha na cabeça? Não podia estar cedendo a impulsos tão primitivos como esse… ela era superior, pelo menos acreditava ser. Com a mão esquerda afagou o cabelo e orelha do metamorfo. Ele gostou e por instantes se deixou afagar, fechando os olhos e sorrindo.

O que raios ela estava fazendo? O que raios ela estava prestes a fazer? Inclinou seu corpo em direção ao corpo dele, quase subindo em cima dele. Esse movimento o fez abrir os olhos. Ele estava ansioso e nervoso. Sabia a intenção do movimento dela. Sexy. Extremamente sexy. Ela delicadamente fecho os olhos e se aproximou do rosto dele. Ele fechou os olhos e segurou com a mão direita o cabelo dela pela nuca.

Mutano: *quando a boca dela estava bem próxima* Rae… para… *ela abre os olhos* Você namora, não quero que você se arrependa disso depois. Por favor, não deixe as coisas mais difíceis pra mim.

O que raios ele estava fazendo? Negando a garota que sempre lhe furtou o sono e os pensamentos. Que diabos ele estava fazendo? Viu o olhar dela despencar e a mesma voltar a se sentar, olhando os próprios joelhos. Sentou-se atrás dela.

Mutano: Rae…

Ravena: Você está certo… o que eu estou fazendo? *levanta, abre um portal* Boa noite *entra no portal e volta a seu quarto*

Mutano cai na cama, mais confuso do que nunca. Porque as coisas não podiam ser fáceis e simples como nas novelas que Estelar assistia? O que raios ele tinha feito?

Durante quatro dias, esta foi a rotina do metamorfo. Sair para buscar Terra e passear com ela. Voltar com “os cuecas” esperando para saber se o tão esperado beijo havia acontecido e se deparar com a negativa de Mutano. E ele ainda não tinha o número dela. Nas revistas semanais só se falava dos encontros do “Titã com a mesma loira misteriosa”.

Aquele dia não seria diferente. Após o almoço, umas 14h00 os titãs se reuniram na sala para assistir alguma série. Abelha e Aqualad estavam lá. Ravena continuava incomodada. Sempre esperava Mutano voltar para conseguir dormir. Tentava falar normal com ele, mesmo sendo muito difícil às vezes. Sempre a lembrança dele a rejeitando vinha em sua mente.

Enquanto Robin acertava os cabos e os DVD´s, alguém bateu na porta. Estelar prontamente voou até a entrada e abriu a porta. Ouviu-se um gritinho histérico da alienígena, fazendo com que todos os titãs olhassem à porta.

Estelar: Entre Terra…

Terra: Por favor, me chame de Tara…

Ravena: *sussurrando para si mesma* O que ela está fazendo aqui?

Terra caminhou até a sala, ao lado de Estelar que não continha sua felicidade. A cena parecia em câmera lenta. A garota loira, de olhos azuis, pele impecável entrava na torre. Usando um tênis sneaker preto, um short minúsculo de cintura baixa – que mais parecia um cinto – uma camisa branca transparente, presa na parte da frente do short e aberta até os seios, deixando a mostra o colo da geomante e o soutien preto. Usava um óculo na cabeça, brincos de argola e a mesma bolsa tipo saco. Os olhos com maquiagem leve, mas bem delineada, nos lábios um gloss transparente, que deixava a boca da loira apenas com aparência de molhada. Os caras ali presentes pareciam petrificados com a imagem dela. Completamente perigosa aos olhos e aos relacionamentos.

Terra: Boa tarde. Espero não atrapalhar…

Abelha cutuca Ciborgue que parecia não estar respirando. Ravena a olhava com todo ódio que havia dentro de si, nem reparando que a boca de seu namorado estava levemente aberta. Até Robin se rendeu… o tempo havia lhe feito um bem enorme…

Mutano: Imagina gatinha… *meio desconcertado* mas o que faz aqui?

Terra: *delicadamente coloca uma mecha de cabelo atrás da orelha* Bem, estou de folga hoje, pensei em te convidar pra ir no cinema comigo…

Mutano: Cla-claro… mas, preciso me arrumar… ainda estou usando a roupa de dormir…

Terra: *sorriso leve* Acho bom mesmo, não vou sair com você usando pijama.

Quando Mutano passa por ela, para cumprimenta-la, ela lhe dá um selinho, fazendo-o corar e deixando todos assombrados. Este fora o primeiro beijo deles, ali na frente de todo mundo. Mutano ficou muito perdido e saiu rapidamente para se arrumar.

Robin: Não quer se sentar… Terra?

Terra: Por favor me chame de Tara… a Terra deixou de existir tem algum tempo… *sentou-se*

Aqualad: Quer beber alguma coisa?

Terra: Nossa Aqualad! Há quanto tempo não lhe vejo… aceito sim. *pausa e o vê sair para a cozinha* Aliás, há quanto tempo não vejo todos vocês…

Ravena continuava com os olhos semicerrados, encarando a geomante. Nunca sentira tanta raiva de alguém. Queria esmurra-la. Gostaria de jogar ela em uma dimensão qualquer no espaço. Estavam entrando no outono, o que ela fazia com aquela roupa?

Abelha: *contrariada* Faz tempo que não temos notícias suas, querida… mas… nossa você mudou, hein… não me lembro de você ser assim… tão… tão cheia de carne… *cruza os braços*

Terra: *risada alta e espontânea* Sim, eu era bem tábua mesmo, mas sabe né… aquilo que a malhação não dá conta, o cartão compra…

Ciborgue: Você parece estar muito bem *recebe um cutucão com o cotovelo de Abelha*

Aqualad entrega à ela um copo com suco de laranja. De repente ela era o centro das atenções entre os garotos. Apenas Estelar estava empolgada com a presença da loira. Ravena e Abelha estavam bastante incomodadas. Ravena ainda não havia dito uma palavra sequer. Apenas olhava toda a desenvoltura da garota. Abelha, ao contrário, lançava várias indiretas ácidas durante a conversa da garota com os meninos: “Que coisa não… você foi líder de torcida, rainha do baile de formatura e nem era popular… nossa… como você passava despercebida, não?!”; “Seus poderes incluem não sentir frio? Porque se incluir, você devia parar de usar esse poder também”; “E de quem era o cartão? Afinal, acho que universitárias não ganham muito trabalhando em lanchonete”; “O Sol não chegou aqui ainda”… entre outras indiretas que eram dignamente ignoradas por Terra, que só conseguia direcionar sua atenção aos meninos… ela podia jurar que era um déficit: “Ah Abelha, desculpa, sou meio desatenta… desculpa não conseguir te responder”…

No meio do circo que havia se instaurado, Mutano chega. Perfumado, de banho tomado, todo bonitão. Ravena ficou irritada por ele se arrumar assim para ela. Pôde sentir o sentimento dele ao ver os amigos conversando com ela. Era uma espécie de raiva, mas diferente.

Ele ficou enciumado e pigarreou, fazendo Terra olhar para ele. A garota levando sensualmente do sofá olhou para os garotos, deu uma piscadela com o olho esquerdo e se despediu. Chegou pegou na mão de Mutano, que corou com a ação dela.

Terra: Você está uma graça *lhe dá outro selinho*.

Mutano: Bom, então já vamos pessoal… até mais tarde…

Ravena viu o casal sair pelo corredor que levava a porta de saída. Estava desconcentrada. Podia ouvir de fundo, Abelha batendo em Ciborgue com uma almofada, brigando com ele. Ouvia Estelar empolgada em dizer a Robin e Aqualad como Terra estava bonita. Eles não puderam discordar.

Ela se sentia vazia.

Parecia oca por dentro. Como ela podia reaparecer assim, sem mais nem menos, linda e perfeita? Causando várias reações nele? Fazendo-o negar a ela? Estava chateada. Ouviu Abelha dando tchau, completamente irritada. Ouviu Ciborgue ir atrás dela. “Ferrãozinha, eu fiquei empolgado em saber se ela vai ser boa pro meu melhor amigo” – ele dizia saindo atrás da noite.

Se ela vai ser boa para meu melhor amigo? Foi o que ele disse. Foi o que ela repetiu diversas vezes na sua cabeça, até perceber Aqualad a chamando, retirando-a do transe que ela mesma se colocou.

Aqualad: Tá tudo bem? Não quero que sinta ciúmes de mim…

Ciúmes. Foi isso. Foi isso que Mutano sentiu quando viu Terra ser paparicada por seus companheiros. Esse era o nome daquela raiva diferente. Ciúmes.

Ravena: Não estou com ciúmes… você pode ficar com quem quiser… *cruzou os braços* Não vamos ver essa porcaria de seriado?

Aqualad estampou uma face de vitória. Ela tinha ciúme dele. Como ele gostou disso.

Mutano chegou próximo à meia noite e encontrou Ciborgue e Robin na sala.  Esperando por ele. Ravena também o esperava, mas estava escondida no corredor, para que ninguém a visse.

Ciborgue: E ai maninho?

Robin: Eu não ia conseguir dormir…

Mutano sentou no sofá e afundou sua cabeça no encosto, com sorriso de orelha a orelha.

Mutano: Cara…

Ciborgue: Meu… ela tá muito gata…

Robin: Como ela ainda está solteira? Nossa…

Mutano: Não sei cara…

Ciborgue: Mas conta…

Mutano: *olha para os amigos* Eu não lembro nem o nome do filme…

Robin e Ciborgue comemoram, fazem High Five e dão um sorriso muito malicioso.

Robin: Sabia… mas e a pegada?

 Mutano: Sério, é a mina mais gata e gostosa que eu já peguei… sério…

Ciborgue: Joga na roda cara… conta…

Robin: E ai? Finalizou?

Mutano: Não… nossa… não… mas digamos que vou ficar com os países baixos doendo um tempo…

Ciborgue: Sério? Nesse nível?

Mutano: Vocês não têm noção… é muita tara… muita tara…

Robin: Mas e os peitos?

Mutano: Silicone, mano… duro que nem pedra…

Seguram o riso para não acordarem as meninas.

Ciborgue: Já sei o que ela vai deixar duro que nem pedra…

Mutano joga uma almofada em Ciborgue enquanto Robin ri sem emitir som. Ele já estava se contorcendo no chão, para não gargalhar alto.

Robin: No jankenpon ela entra com a pedra, só falta saber se você vai entrar com o papel ou com a tesoura…

Mutano e Ciborgue se olham e depois olham para Robin, sem entender o que ele estava dizendo. Começam a rir da falta de noção de piadas do líder titã.

Mutano: *ainda rindo* Cara?

Ciborgue: Mas que merda de piada foi essa? *rindo muito*

Robin: *sem graça* Mas… agora falando sério… você percebeu se ela tentou… sabe… colher alguma informação sobre a equipe…

Mutano: Nossa… *levanta* depois dessa vou até dormir…

Ciborgue: *rindo* Robin… você é o pior…

Robin: O que eu fiz?

Ciborgue: Vamos deitar cara…

Todos deixam a sala. Menos Ravena. Estava novamente petrificada. Novamente vazia. Novamente cheia de dúvidas. Se a Terra era a “mina” mais gata e gostosa… ela sentiu nojo do jeito que eles falavam… será que eles falavam assim dela, da Estelar, da Abelha?

Tara ainda usava seus poderes, no entanto, não como todos estavam acostumados. Continuava movimento a terra, e agora tinha um novo poder, de petrificar os outros, assim como já fora petrificada.

CONTINUA…


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Notas finais do capítulo

Raiva? Ciúmes? Inveja?

Fala aê...



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