Vivendo sentimentos, sentindo emoções-Temporada 1 escrita por Rachelroth


Capítulo 24
All Burguers


Notas iniciais do capítulo

:)



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O Sol atrapalhava a visão dele e então contraiu os olhos e a viu. A pele clara, as maçãs rosadas no rosto, o sorriso largo e conhecido, os olhos azuis, o cabelo loiro…

Mutano: Terra?

Terra: *se senta na cadeira ao lado* Tara Markov *sorriso largo estende a mão, se apresentando*

Mutano: *com uma mão aperta a mão dela e com a outra coça a nuca confuso* Eu… sei.

Terra: Eu sei que você sabe, mas… o que você estava pensando em fazer com aquele lanche?

Mutano: Eu… *pausa curta* Bom, só queria abrir os horizontes *repara na roupa da garota – o uniforme da lanchonete* Você trabalha aqui?

Terra: Há uma semana! Legal não?! Estou na hora de almoço por isso decidi comer aqui mesmo com você… quer dizer… se eu não atrapalhar…

Mutano: Não… imagina… pode ficar *olha o lanche natural* Bom… acho que vou ter que ampliar meus horizontes outro dia não?!

Terra: Sim! Jamais deixaria você comer carne… quer dizer… você ainda é vegetariano?

Mutano: Sou sim… mas então… o que anda fazendo? Faz tempo que não tinha notícias suas…

Terra: Mudei! *empolgada* Mudei tudo… estou estudando jornalismo, trabalho aqui, moro na principal, com duas amigas… e você?

Mutano: Nada muito diferente *interessado* estudando? E seus poderes?

Terra: *olha para o garçom* Obrigada J. mas eu é quem vou comer esse aqui *pega o sanduíche*

Jones: Com tantos lugares para você almoçar, resolveu comer aqui?

Terra: Estou salvando um amigo *sorri e olha para Mutano*

Jones: Mas depois de comer, dê uma volta, se ficar por aqui a megera vai querer que você volte pro trabalho antes…

Mutano: Megera?

Terra: A terrível gerente… *faz um careta* Anna.

Mutano: Já que meu lanche que você roubou chegou e você precisa sair logo daqui, é melhor comermos logo.

Terra: *presta continência sem deixar de sorrir* Antes que a capitã me sequestre. *pausa, morde o sanduíche e começa a falar com a boca relativamente cheia* Bom, mas sobre meus poderes, não os uso mais… faço yoga três vezes na semana para controla-los. Sou uma garota normal agora.

Não. Tudo menos normal. Ela tinha uma beleza completamente acima do normal. Uma simpatia inegável e ficava muito sexy na regata branca com o logo da lanchonete, a calça azul com listra vermelha e o avental na cintura. Terra tinha o espírito livre e estava visivelmente feliz.

Mutano: Porque jornalismo? *morde o lanche natural* “Ufa, ia ser horrível comer aquilo” *pensou enquanto via o lanche nas mãos de Tara”

Terra: O jornalismo permite muitas áreas de atuação com infinitas possibilidades. Como você sabe eu não gosto de nada me limitando. *pausa, olha fixamente para ele* Mas o que você tem? Se ainda te conheço, parece há alguma coisa errada…

Mutano: É… você ainda me conhece… mas, não queria falar nisso não. *sorri sem graça – pausa longa* Viu, muito legal te encontrar… aliás, estou aqui pensando e tentando lembrar, mas não me recordo de como você deixou de ser aquela estátua de pedra, *curioso* como aconteceu?

Terra: *sem graça* Muitas coisas aconteceram depois disso, eu até tentei procurar vocês, mas na verdade repensei muitas coisas e vi que no fundo meus poderes mais atrapalharam do que ajudaram, então desisti, voltei pra escola, virei líder de torcida *o rosto desconfiado de Mutano rapidamente dá espaço para o rosto curioso por meio de um risinho malicioso* O que foi? *sorrindo*

Mutano: Ter… Tara desculpa, mas você em roupinha de líder de torcida? Ainda bem que eu não estudei com você…

Terra: Bobo *desdém* Eu não fui a master popular da escola não, me formei bem e passei em algumas universidades, mas escolhi ficar por aqui mesmo em Jump.

Mutano: *depois de dar um gole na água, que já estava quente* Que horas você sai?

Terra: Às 18h.

Mutano: Vai fazer alguma coisa hoje? Depois do trabalho, digo…

Terra: Depende… *sorriso maliciosamente sexy*

Mutano: Do que?

Terra: De onde você vai querer me levar… *morde o sanduíche*

Mutano sorri e volta a comer seu sanduíche. Eles ficam um tempo sem falar nada, concentrados em seus lanches, no entanto Mutano não conseguia parar de admirar Terra porque além de linda e simpática ela ainda era espontânea. E mais que tudo, ela parecia estar no controle de tudo ali, ele gostava disso em mulheres. Sempre se atraía, em festas e baladas, pelas garotas que o davam a impressão de que ele não decidiria nada.

Terra: Bom, não sei se você terminou, mas eu sim, e preciso sair daqui antes que a maligna chefe das trevas apareça por aqui… *se levanta*

Mutano: *se levanta* Deixa só eu acertar… eu vou com você…

Terra: *abaixa a carteira dele com sua mão direita* Hoje é por minha conta *faz um sinal pra Jones zerar a conta*

Mutano: Não é justo… o cavalheiro aqui sou eu *sai seguindo a geomante*

Terra: Desde quando eu preciso de cavalheiro? *olha para ele atrás dela e sorri, ele corre e a alcança*

 Caminham em direção ao parque, conversando sobre a faculdade dela. Mutano estava muito interessado de ouvir as histórias dela, de uma garota normal. O primeiro porre dela, o trote quando ela entrou na faculdade, o baile de formatura do ensino médio, a convivência com suas colegas de quarto… ela tinha muitas histórias.

Terra: *vê o relógio do celular* Olha a hora! Preciso ir… *levanta da grama onde estavam sentados* Tchau Garfield…

Mutano: *segura o braço dela* Não vai nem me dar o seu telefone?

Terra: *misteriosa* Porque eu daria?

Mutano: Pra eu te avisar a hora que eu estiver indo te buscar no trabalho…

Terra: *solta o braço dela delicadamente* Eu saio às 18h… você já sabe… vamos ver se você merece meu número *sai correndo e grita um tchau no caminho*

Mutano suspira e deita na grama. Ele ia busca-la, não tinha dúvida nenhuma disso. Ele gostava desses jogos e pelo jeito ela também sabia jogar, e até onde ele percebeu, ela não costumava perder. Transformou-se em um beija-flor e voou rápido para a torre.

Entrou e encontrou os três casais na sala. Todos olharam para ele quando o mesmo entrou. Robin ia começar um discurso, mas Estelar o parou. Mutano entrou com a aura diferente e todos perceberam. Ele sentia que estava diferente. Seu plano de mudar havia funcionado, pelo menos por enquanto, e felizmente ele não precisou comer aquele lanche pavoroso. Caminhou até o grande sofá e olhou para Robin.

Mutano: Cara… perdoe-me por minhas atitudes, não posso continuar sendo o mesmo moleque não é mesmo?!

Robin ficou sem palavras, só pôde concordar e sorrir.  Ravena não tirava os olhos da dele. Ela estava estranhamente incomodada com a serenidade dele. Aqualad percebeu o olhar fixo dela e apertou sua mão, fazendo-a sair do transe e olhar para ele.

Ravena: Um minuto Aqualad *se levantou* Mutano?

Mutano: *olhou para ela* Oi?

Ravena: *fria* Podemos conversar?

Mutano: *se espreguiça* Pode ser outra hora? Vou estar bem ocupado…

Ravena: *desapontada, mas aliviada dele tê-la respondido* Certo, quando puder… me procure…

Mutano concorda com a cabeça e sai em direção ao seu quarto. Olhou o guarda roupa procurando algo elegante e descolado ao mesmo tempo em que pensava onde a levaria. Cinema não. Restaurante? Também não. Teve uma ideia que podia salvar ou destruir o dia. Mas ele arriscaria.

Perto de 17h Ravena subiu para seu quarto e deu de cara com Mutano saindo do banheiro secando o cabelo. Corou ao vê-lo sem camisa, ainda molhado e samba canção. Parou no caminho e encarou-o.

Mutano: *tirando a toalha da cabeça* Ah… você está ai… olha, não é a melhor hora para conversar, tá?!

Ravena: *séria* Você vai sair?

Mutano: *pensativo* Eu podia até ser grosso e dizer “o que importa”, mas, eu vou sair e você e todo mundo vai ver não?! *ele passa por ela*

Ravena: *olha para trás* Quando voltar, podemos conversar?

Mutano: Não sei que horas volto.

Às 17h53 Mutano já aguardava Tara na entrada da lanchonete. Escolheu uma regata preta (queria deixar os braços fortes à mostra), um jeans claro e All Star preto. Usava óculos de sol na cabeça, cinto de rebite e umas correntes presas no passador do cinto. Às 18h14 ela saiu. Usava uma babylook branca, com um colete sem manga de tecido preto longo, um short jeans escuro curto, tão curto que o colete tampava o short por trás, nos pés calçava uma botinha estilo coturno feminino preto. Fizera um rabo de cavalo alto e segurava uma bolsa saco laranja com franjas… estava linda.

Terra: Olha você aí…

Mutano: Eu disse que viria…

Terra: E nem precisou do meu telefone…

Mutano: Apesar de fazer sentido não vou desistir de ter seu número.

Terra acenou em tchau para o pessoal da lanchonete. E voltou o olhar para ele. Ele gostou bastante do olhar. Gostou bastante do jeito que ela estava vestida. Gostou de tê-la reencontrado.

Terra: *cruzou os braços* E então? O que programou?

Mutano: Depende da hora que você precisa voltar…

Terra: *sorriso malicioso* O jogo do “depende” quem faz sou eu…

Mutano: Hoje vou fazer como você e não vou usar meus poderes… *coça a nuca com um sorriso largo* só os de sedução, porque esses eu não consigo controlar…

A garota ri e dá um tapinha leve no ombro dele. Os dois caminham lado a lado. Terra vai contando o seu dia trabalho, a forma como faz amizades (e inimizades) facilmente. Os dois chegam ao centro da cidade e os olhares se voltam ao casal.

Mutano: Espero que você não namore… senão terá problemas com seu namorado, já que provavelmente amanhã terá alguma foto nossa na internet…

Terra: Namorado nenhum me diz o que eu posso ou não fazer…

Mutano: E você vai continuar se esquivando das minhas perguntas?

Terra: *ri e leva as mãos na boca* Ai desculpa… faço isso sem querer… Não namoro não. Há um bom tempo, aliás… não encontrei ninguém que valesse a pena… e você? *olha para ele*

Mutano: Dessa vez não vou responder por que chegamos…

Terra olha o pub irlandês que Mutano a levou. A entrada de madeira envelhecida, mesas dentro e fora do estabelecimento, garçons com roupinhas verdes e chapéus irlandeses.

Terra: Boa escolha… adoro esse lugar…

Mutano: Já veio?

Terra afirma com a cabeça. Mutano pede uma mesa para dois. Terra escolhe sentar do lado de fora. Colocou a bolsa em uma cadeira vazia e cumprimentou a garçonete que veio atender. Ambos pediram uma cerveja irlandesa que era servida no típico canecão irlandês de 700 ml.

Mutano: Mas não… não namoro também. Na verdade nunca namorei.

Terra: *apoiada na mesa* Já se apaixonou?

Mutano: Essa é uma pergunta importante para responder?

Terra: *volta o corpo para a cadeira* Está apaixonado então… quem é ela?

Mutano: *curioso e sereno* Da onde você tirou isso?

Terra: Homens não sabem esconder as coisas. *pega a cerveja recém-entregue* Um brinde?

Mutano: A que? *levantando a caneca*

Terra: A nós. *e brindam*

Continuaram conversando sobre assuntos diversos assuntos: filmes, séries, músicas… e eles tinham muitos gostos em comum. É como se Terra fosse a versão feminina dele. Depois da segunda caneca de cerveja Terra pegou sua bolsa e o puxou para dentro do pub para dançarem. Ela era incrivelmente sexy antes de beber, depois de quase um litro e meio de cerveja era mais ainda.

Mutano: Vamos… quero te levar em um lugar…

Terra concordou com a cabeça, matou o conteúdo de sua caneca e se deixou ser puxada pela mão. Quando chegaram até o caixa, Mutano não a deixou pagar “Dessa vez não, gatinha”. Saíram do pub e Terra comprou mais duas latinhas de cerveja de um ambulante que ficava ali perto.

Terra: *entrega a lata* Então aonde vamos?

Mutano: *abre a lata* É surpresa.

Terra: Gosto de surpresas *dá um gole na cerveja*

Mutano: Já mereço seu telefone?

Terra: Não sei para quê você tanto quer meu número… sabe onde me encontrar…

Mutano: Aqui estamos.

Mutano a levou no parque de diversões de anos atrás, quando quase se beijaram e quando descobriu a primeira traição de dela também…

Terra: *olha para ele* Eu cheguei a imaginar… não é tão surpresa assim *cara de superior*

Mutano: *desafiador* Du-vi-do.

Eles entram e caminham pelo parque desativado, continuam bebendo em silêncio. Terra se senta em um banco descascado, Mutano a acompanha.

Terra: Esse lugar me trás lembranças ruins.

Mutano: Por isso a trouxe aqui *amassa a latinha* queria poder recriar lembranças… agora positivas *olha para ela, bebendo a cerveja* Foi muito bom e inesperado te encontrar.

Terra: *olha para ele* Digo o mesmo *dá o último gole* Amassa pra mim? *o metamorfo pega e amassa a latinha e ela sorri* Mas… se não quiser responder tudo bem… o que te deu na cabeça de pedir um lanche gorduroso daquele?

Mutano: *olha para o céu* Porque sou um idiota.

Terra: Disso eu já sei *dá uma risadinha, fazendo-o rir*

Mutano: Besta… é estou apaixonado, ou estava, sei lá…

Terra: Sabia que tinha calcinha no meio da história *olha para o céu também e deita sua cabeça no ombro direito dele* Não estou com pressa… pode me contar tudo…

Mutano: *sorri* Ai ai, viu! *passa a mão por detrás dela e apoia sua mão direita no ombro direito dela* É uma amiga… e quando percebi que estava apaixonado por ela… ela acabou começando a namorar outro.

Terra: Não creio que seja uma história simples e curta assim.

Mutano: E não é mesmo… na verdade eu sempre fui meio apaixonado por ela, mas só assumi para mim mesmo há pouco tempo.

Terra: E ela começou a namorar do nada?

Mutano: Na verdade não… ela me procurou quando ia para o primeiro encontro com ele e me pediu ajuda e eu ajudei… mas nessa época eu ainda não tinha assumido, sabe?!

Terra: Ela sabe?

Mutano: Não.

Terra: Pelo menos você acha que não…

Mutano: Tenho certeza que ela não sabe… e ela começou a namorar e então brigamos, falei umas besteiras pra ela e é isso. Não consigo mais falar com ela.

Terra: Mas se você acredita que ela não sabe dos seus sentimentos como pode estar a cobrando assim? *pausa* Até onde entendi, ela te pediu ajuda pra sair com outro e você, pelo jeito, ajudou.

Mutano: É… eu ajudei…

Terra: Porque fez isso?

Mutano: Porque a amizade dela sempre foi mais importante…

Terra: Mas ao mesmo tempo agora você esta negando sua amizade porque ela foi viver a vida dela… *olha para ele* estranho não?!

Mutano: Ouvindo da sua boca, eu pareço um idiota…

Terra: *ironicamente* Porque será? *volta a se aconchegar no ombro dele*

Mutano: Você tem razão… se eu sempre a tratei como amigo, ela teria direito de namorar e precisaria do meu apoio de amigo… mas eu fui um idiota ao invés disso…

Terra: Nunca é tarde para consertar uma burrada, afinal mulheres gostam de sinceridade.

Mutano: É… por isso te trouxe aqui… para reconstruir uma memória mais gostosa…

Terra: Foi bom te reencontrar. *olha o relógio* Mas preciso ir… amanhã tenho aula cedinho…

Mutano: Posso te acompanhar até em casa?

Terra: *maliciosamente* A sua ou a minha?

Mutano: *sorri* Eu deixo você escolher…

Terra: Pode me acompanhar até o táxi então…

Mutano: Sério? *faz cara de desapontamento* Tudo bem…

Ele olha fixamente nos olhos azuis dela muito bem delineados com lápis preto. Ela corresponde o olhar, com olhos cheios de malícia e desejo. Ele se aproxima do rosto dela e ela permite. Ambos fecham os olhos e quando ele pôde sentir o ar quente da respiração dela:

Terra: *de olhos fechados* Você acha que vai ser fácil assim? *abre os olhos, lhe dá um beijo na bochecha e levanta* Espero que me surpreenda mais da próxima vez que me chamar para sair.

Mutano: *abre os olhos, indignado, porém encantado* Sério mesmo?! *coça a nuca* E seu telefone?

Terra: Ainda não fez por merecer… acompanha-me até o táxi?

Mutano: Claro…

Eles andam juntos até a rua mais próxima e ele chama um táxi. Quando o carro estaciona, Terra olha no fundo dos olhos do metamorfo fazendo-o o corar. Mantém um sorriso terno no rosto. Com sua mão direita acaricia a bochecha esquerda dele mantendo o sorriso. Aproxima seus lábios levemente rosados da bochecha direita de Mutano e lhe dá um beijo suave. Ela se afasta e mantém o contato visual terno e suave. Termina o carinho no rosto do metamorfo e se afasta.

Mutano: Ainda te vejo de novo?

Terra: *entrando no táxi* Você quem sabe…

Ele viu o carro sumir pela rua. Estava satisfeito e muito pensativo. De fato ele sempre disse a si mesmo que ser amigo dela seria suficiente e que ele podia fazê-la feliz com a amizade e que ele ficaria bem se ela ficasse bem, e agora ele estava fazendo exatamente o contrário, sendo egoísta, mesquinho e maldoso. Talvez se ele aceitasse a amizade dela, nada colorida, apenas amizade, ele poderia não só fazê-la feliz, como ser feliz. Quem sabe até poderia deixar seu sentimento ir embora? E rever Terra foi incrível… ela seria uma garota que entenderia se ele precisasse largar tudo para combater um crime e voltasse todo arrebentado. Ele podia tentar dar uma chance a si mesmo de se deixar levar e quem sabe… se deixar conquistar por ela.

Não seria má ideia.

Olhou para o céu e não quis se transformar. Teve um encontro normal, com uma garota comum, pelo menos que agora queria ser comum, então quis ir embora para a torre da maneira mais comum de todas, como os cidadãos anônimos voltam para suas casas, sem animais, sem portais, sem pedras, sem flutuações, apenas com as pernas e com a carteira para pagar um táxi também.

Chegou à torre um pouco mais de meia noite. E quando entrou encontrou Ravena na sala. Esfregou seus olhos para ter certeza que era ela. Ela o olhava sem dizer nada. Estava sentada no sofá usando um pijama (aquele velho e abarrotado camisetão). Sem dizer nada ele caminhou até ela e se sentou no sofá, não tão próximo a ela.

Ravena: Podemos conversar?

Mutano: Na verdade… eu vou ser egoísta de novo agora, como já estou sendo esses dias, e vou falar antes de você, pode ser?

Ravena: *abraçada com seu joelho esquerdo* Claro.

Mutano: *coça a testa* Eu sou um idiota. Foram duas semanas sendo um imbecil. *pausa curta* Eu preciso te pedir desculpa pelas grosserias, pela estupidez e pela infantilidade esses dias. É muita coisa na minha cabeça.

Ravena: *suave* Pode falar…

Mutano: *pensa no que dizer* Eu… é que… eu… *pausa* bom, você estava muito próxima de mim, eu não me dou bem com o Aqualad e… *hesita* eu… *sente-se nervoso*

Ravena: *coração acelerado* Você o que?

Mutano: “Eu gosto de você” Eu não queria ser trocado de novo. “melhor assim”

Ravena: *certo desapontamento na voz* Como assim?

Mutano: O Ciborgue me deixou de lado depois da Karen… a Estelar também. O Aqualad não gosta de mim e nem eu dele, então não dá pra eu me sentir confortável falando com você do lado dele, fora que… com o tempo você mesma vai se afastar…

Ravena: Você não tem como prever isso… você diz que eu me afastaria, mas você se afastou…

Mutano: Sim e eu percebi isso e por isso estou aqui. Preciso te pedir desculpa também, pela forma como agi com você, pelas palavras duras…

Ravena: Você é o amigo que eu nunca tive. Você sabe todas as minhas fraquezas… não quero ficar assim com você…

Mutano: Eu gosto muito da sua amizade também, é importante pra mim, e se você estiver feliz eu também vou estar.

Ravena: *sorriso curto* Posso te dar um abraço?

Mutano sorri e se aproxima dela. Eles se olham e ele sente seu corpo amolecer. Ela então o abraça e ele, não só permite como retribui. O calor do corpo dela, a cabeça dela delicadamente repousada no ombro dele e os braços dela em volta do pescoço dele faziam o coração dele acelerar. O cheiro dela era envolvente. O desejo de tê-la, de fazê-la dele e apenas dele voltaram com uma força fenomenal. Por mais que ele tentasse fingir, sabia que era ela a pessoa que ele desejava.

Ravena sentia-se protegida no abraço, completa. Estava serena e feliz por ele se reaproximar. Não conseguia mais se imaginar longe dele, sem ver o sorriso dele, os olhos dele. Mesmo sem nomear direito o que sentia, sabia que ele era importante e sabia que sempre faria o possível para não perdê-lo.

Ravena: *soltando-se do abraço* Você disse coisas terríveis para mim…

Mutano: Me des… *o dedo de Ravena parou os lábios dele*

Ravena: Me deixe terminar… *o metamorfo concordou com a cabeça* E eu percebi que é verdade, eu estive fora e não fui humilde o suficiente para perguntar ou perceber o que aconteceu na minha ausência. E por isso preciso te agradecer… e pedir para quando precisar abrir meus olhos, se possível, ser menos agressivo, porque ouvir essas coisas já dói demais, saindo de maneira hostil e agressiva da sua boca é mais dolorido ainda.

 Mutano: Não quero mais te magoar assim…

Ravena: *sorri* Posso finalmente mostrar como foi a primeira sessão da tatuagem?

Mutano: *relaxa e sorri* Pode vai…

Ravena vira de costas para ele no sofá e tira o camisetão fazendo-o corar violentamente quando viu as costas nuas da empata e a calcinha branca de algodão.

Ravena: *corada* Está descascando, coçando muito, então talvez não esteja tão bonita quanto quando no dia que eu fiz…

Mutano: *admirado* Linda… completamente linda…

Ele não sabia diferenciar se estava falando da tatuagem, das costas, da calcinha ou da empata como um todo.

Ravena: *recoloca o camisetão e se vira novamente completamente tímida e corada* Daqui duas semanas faço a segunda sessão e talvez não precise de mais… *pausa curta, olhava para os próprios joelhos, sentia-se observada* Obrigada por ter pagado a tatuagem…

Mutano: *não parava de olhar para ela* Foi um presente, assim como o desenho… *pausa, fica corado com o olhar da empata* é… e… e o Aqualad… o que achou?

Ravena: Ele não viu.

Mutano: *curioso* Como assim?

Ravena: Você é o primeiro a ver, além do Mark e de mim…

Mutano: Por quê?

Ravena: Porque esse é o nosso segredo…

Mutano sentiu uma felicidade estranha. Sentiu-se importante, querido.

Ravena: *suave* Eu disse que você ainda é mais importante… é meu amigo *boceja*

Mutano: *olhar suavemente apaixonado* Acho que tá na hora da gente ir dormir.

Ravena: *sorriso curto* Com certeza. Estou bem cansada.

Eles andam juntos até o corredor de acesso ao quarto deles. Quando chegam em frente a porta de seus respectivos quarto, Ravena olha no fundo dos olhos do metamorfo fazendo-o o corar. Mantém um sorriso terno no rosto. Com sua mão esquerda acaricia a bochecha direita dele mantendo o sorriso. Aproxima seus lábios levemente rosados da bochecha esquerda de Mutano e lhe dá um beijo suave. Ela se afasta e mantém o contato visual terno e suave. Termina o carinho no rosto do metamorfo e abre a porta de seu quarto.

Ravena: Boa noite *fecha a porta suavemente*

Mutano responde para si mesmo e entra muito confuso em seu quarto. Deita na cama e sorri. Acaricia suas bochechas pensando nas duas garotas. Jamais poderia estar mais confuso. À direita, Terra, uma paixonite de infância, super gata e que lhe dera bons conselhos… uma aventura interessante… uma possibilidade de recomeço. À esquerda, Ravena, a garota por quem é perdidamente apaixonado, inteligente, linda por dentro e por fora, forte e ingênua… no entanto, completamente inacessível.

Os pensamentos furtavam-lhe o sono. As lembranças do encontro com Terra… da conversa e da reconciliação com Ravena. As lembranças da tatuagem. Eram muitos pensamentos, muitas incertezas, muitos medos… tudo isso só mostrava o quão nublado seu futuro parecia estar.

Enfim, jamais poderia estar mais confuso.

CONTINUA…


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Notas finais do capítulo

Raiva? Alegria? Desesperança?

Fala aê...



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