Vivendo sentimentos, sentindo emoções-Temporada 1 escrita por Rachelroth


Capítulo 22
Verdades


Notas iniciais do capítulo

:)



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Ravena: Costuma doer? *de bruços na maca*

Mark: *raspando as costas da empata* É uma área extensa… o meio das costas costuma doer mais, até porque você é magrinha, então…

Ravena: Você usa algum anestésico?

Mark: A gente até tem aqui no estúdio, mas sinceramente, não é muito eficiente *pega o papel vegetal* Agora vou fazer o decalque, não se mexa… *aplica o papel vegetal* Certo, agora vem aqui no espelho ver se o lugar está bom.

Ravena se levanta calada, tampa os seios com a toalha que Mark lhe ofereceu e andou até o espelho.

Mark: Tenta segurar a toalha nas axilas, pra você não ver o desenho deformado *Ravena obedece* E ai? *mostra as costas da empata com um outro espelho*

Ravena: Grande né?

Mark: Você achou? Deixei mais dois tamanhos prontos caso pensasse em diminuir.

Ravena: Não… está bom… é que grande assim, vai demorar e doer mais não?!

Mark: Acredito que a tatuagem não vá doer mais do que as brigas que você se envolve…

Ravena: *seca* Está ótimo assim.

Mark: *se senta na cadeira de rodinhas* Então pode deitar de novo e tente relaxar *coloca máscara no rosto*

Ravena: *caminha até a maca e se deita* Você trabalha com isso há muito tempo?

Mark: Ah sim… *preparando as tintas e agulhas* Quase 15 anos.

Ravena: Hum. *tentando esvaziar a mente*

Mark: Então… essa tatuagem tem alguma história? *ainda organizando a mesa*

Ravena: Sim *cruza os braços abaixo do queixo* o corvo é o animal que me representa. Nevermore é o local onde vou quando medito *resumiu*.

Mark: Foi o Mutano quem fez, não?! *testa o aparelho, fazendo o barulho das agulhas*

Ravena: Já vai começar?

Mark: Daqui a pouco…

Ravena: *tenta controlar a ansiedade* Sim, foi ele.

Mark: Ele deve te conhecer bem então *posiciona a luz para as costas da empata* Vocês são namorados?

Ravena: Não… acho que não.

Mark: *sorri* Como acha? *escora na maca* Vou começar, vou fazer primeiro um risco pra você sentir como é… e aconteça o que acontecer, não se mexa. Se precisar grite, me mande parar, mas não se mexa…

Ravena: Difícil com todo esse terrorismo… *ouve o barulho da máquina funcionando e prende a respiração*

Mark: *ele começa o risco* E então? *para*

Ravena: *solta o ar* Foi menos horrível do que imaginei… se for só isso, é tranquilo…

Mark: *sorri* Não vou tirar sua esperança… Vamos então *recomeça*

Ravena: Certo… espero que dê pra fazer tudo hoje…

Mark: Acho difícil, *não para* porque hoje vou priorizar o risco, se der a gente pinta as flores, mas é um desenho com muito sombreado…

Ravena: Ai… agora deu uma beliscada. *dá uma leve mordida no lábio*

Mark: Bem vinda ao mundo dos beliscos… Bom e porque ele não veio hoje?

Ravena: *solta a respiração* Nós discutimos… ai é mais tranquilo…

Mark: Ah sim, você vai ver que tem locais que quase não dá pra sentir, em compensação tem outros… fora que a pele vai ficando mais sensível… *pausa, molhou a agulha na tinta* Ele é um cara legal, desde que vocês vieram aqui, nós trocamos algumas mensagens…

Ravena: *fala com dentes cerrados devido a dor* Ele é estranho… Às vezes fica com raiva de mim do nada e me trata mal.

Mark: Bom, mas como assim você ACHA que não são namorados? *sorri*

Ravena: Não, não somos. Conhece o Aqualad?

Mark: Ele também é titã não?

Ravena: Sim, mas da Costa Leste.

Mark: Sim, sim…

Ravena: *gemido de dor* Então, ele é meu namorado… oficialmente desde ontem…

Mark: Ué… mas… você e o Mutano não estavam juntos?

Ravena: Como assim? *morde o dedo e segura a respiração*

Mark: Aquele dia vocês pareciam muito próximos.

Ravena: *solta o ar* Ele é um grande amigo…

Mark: Ele é gente boa… sempre vejo ele em revistas e tal… acho que vi vocês juntos uma vez, não?

Ravena: *seca* Acho que sim, tiraram umas fotos nossas no shopping…

Mark: *ri* Eu podia jurar que vocês eram namorados… ele me cobrou tanto pra marcar essa data que me surpreendi de te ver aqui sozinha…

Ravena: É… mas não somos namorados… mas ele te pressionou porque ele quis.

Mark: Ele se preocupou muito com essa tatuagem… eu até fiquei nervoso… e olha que eu trabalho muito tempo com isso e nunca me senti tão pressionado…

Ravena: *solta novamente o ar* Como assim?

Mark: Cara… ele me cobrou foto dos decalques, ele que pediu mais dois tamanhos diferentes pra você… olhou todos os mínimos detalhes… já vim ansioso, achando que ele estaria aqui me olhando trabalhar…

Ravena: *perplexa* Eu não estava sabendo disso… eu não o deixaria fazer isso…

Mark: Ele parece ser bem perfeccionista…

Ravena: *esboça um riso* Nossa… jamais…

Mark: Bom, pelo menos nos presentes dele…

Ravena: *séria* Presentes?

Mark: Sim… a tatuagem é presente…

Ravena: Não…

Mark: Bom, ele já deixou pago…

Ravena: Imagina! Como assim?

Mark: Por isso estou te dizendo que achei que vocês fossem namorados…

Ravena: *fria, séria, seca e indiferente* Olha Mark, tem doído bastante… acho melhor ficarmos em silêncio.

Mark: *sem graça* Claro, você manda.

Duas horas depois, após muitos gemidos de dor, de segurar a respiração e de morder os próprios dedos, Mark informou que a sessão estava finalizada.

Mark: *passando papel toalha com sabão* Precisamos de mais um sessão pelo menos, sua pele tá muito sensível para continuar… pelo menos já tá toda riscada.

Ravena: É normal arder?

Mark: Sim, sim… *tirando as luvas* Vamos ver o resultado?

Ravena: Claro *levanta, ainda segurando a toalha para tampar os seios*

Mark: *enquanto ela olha* Bom, o Mutano comentou que você tem poderes curativos…

Ravena: Sim.

Mark: Vou ser bem sincero. Nós não aprendemos sobre poderes curativos em tatuagens, então não sei se teria problema em você usar para cicatrizar. Minha opinião é que você deixe cicatrizar normalmente, como os reles mortais *sorri*

Ravena: É, não sei se seria uma boa ideia. *continua admirando a tatuagem pelo espelho*

Mark: Pode tanto ajudar quanto pode apagar, não sei. Eu, humano sem super poderes, não recomendaria.

Ravena: *séria* Acho que é melhor eu te ouvir.

Mark: Vem aqui pra gente cobrir *Ravena se senta na maca* Você deixa com plástico hoje, amanhã já pode tirar *passa uma pomada cicatrizante* Vou te dar um tubinho dessa tomada, passa uma camada fina pelo menos três vezes ao dia *começa a cobrir com plástico* Depois de uns três dias ela vai começar a secar e descascar, não coce porque pode falhar a tatuagem. Vamos marcar a segunda sessão pra daqui um mês, porque ai já vai ter secado e descascado direitinho. *retirando as luvas* Qualquer coisa me liga…

Ravena: Você me fornece um cartão com seu número?

Mark: *levantando* Claro… vou buscar enquanto você se troca, aconselho não usar roupas muito apertadas nessa região, como soutien ou biquíni apertado. *sai*

Ravena dá mais uma olhada pelo espelho, deixa um sorriso tímido escapar no canto da boca. Ficara satisfeita com o primeiro resultado. Colocou o top e sentiu arder na hora de encostar na tatuagem, “Nota mental: tirar isso em casa”. Vestiu a camiseta curta e larguinha e encontrou Mark na recepção. Ele lhe entregou o cartão e sorrindo lhe disse “Até a próxima, me ligue qualquer coisa”. Ravena apenas concordou com a cabeça e saiu do estúdio.

Caminhou até chegar à praia onde o amigo verde nadou e a obrigou a nadar e se sentou na areia. Estava cansada. Ficou olhando o mar, sem muitos pensamentos na cabeça. Apenas olhava a imensidão do mar, com todas as coisas que ele devia esconder dela e de todos. Tão enigmático. Tão sereno. E tão assustador. Suspirou chateada. Queria que ele estivesse ali. Ficou imaginando como o tempo teria passado mais rápido, porque ele não ficaria quieto nenhum segundo. Encheria seu saco, daria palpites, riria dela fazendo caretas de dor.

Sem ele por perto não havia silêncio, o tão nobre e desejado silêncio. Acontece que, ela sem perceber, se desacostumou com o silêncio e o mesmo passou a ser incomodo. No templo tinha Poli falando e pulando e gritando e correndo. Na torre tinha Mutano rindo e falando e brigando e fazendo mil ruídos. E agora ela só tinha a companhia do mar. Silencioso. Suspirou novamente.

Queria poder ouvi-lo chamando, gritando, histérico, vindo correndo do mar e lhe enchendo de gotas geladas. “Ah gatinha, vamos…” ele diria. “Só um mergulho Rae” e ela negaria, e ele jamais desistiria, até convencê-la que só iria se calar quando ela estivesse na água com ele. Todo molhado.

A imagem dele sem camisa fez suas bochechas aquecerem e então abraçou os joelhos e fechou os olhos apertando-os. Péssima ideia. Essa posição esticou suas costas e sentiu um ardor infeliz. Mesmo assim não a desfez. Sentia que precisava sentir dor para parar de pensar nele. Doía a força que ele a tratara. Doía muito. E então abriu os olhos e olhou o mar. Ela engoliria seu orgulho e lutaria pela amizade dele. Abriu um portal e entrou nele decidida.

Fora do portal encarou o metamorfo jogado no grande puff verde com o console na mão e com os olhos concentrados na tela da TV. Nada disse, apenas o olhou, sem camisa, de boné. Ele ficava bonito de boné.

Mutano: *sério* O que quer? Não, melhor… com autorização de quem você entrou aqui?

Ravena: *séria* Queria te mostrar como ficou a tatuagem.

Mutano: *sem parar de jogar* E quem disse que quero ver?

Ravena: Para de ser infantil.

Mutano: *pausa o jogo* Eu estou sendo infantil? *se vira para ela*

Ravena: Está!

Mutano: Por quê? Porque eu não quero mais papo com você?

Ravena: *tentando manter o tom de voz indiferente* Eu poderia saber por quê? Afinal é infantilidade virar a cara do nada, sem um motivo…

Mutano: *volta a olhar a tela da TV* Sem motivo…?! *tira do pause*

Ravena: É… eu não sei o que eu fiz… bom… mesmo assim, quero me desculpar caso você tenha ficado assim porque eu disse que você estava fazendo ceninha e por ter chamado você e o Aqualad de Gar só pra ver quem respondia… caso isso tenha te magoado.

Mutano: *pausa de novo e volta a olhar pra ela* Sério mesmo que você acha que é por isso que eu estou irritado com você?

Ravena: Se não for isso… não sei…

Mutano: *indignado* Sério?

Ravena: Não sei o que você espera que eu diga…

Mutano: *nega com a cabeça, sorrindo desacreditado* Não é possível…

Ravena: *sarcástica* Desculpa se eu não tenho toda a sua perspicácia.

Mutano: É que não dá pra acreditar… você… tão esperta… *pausa* Porque você aceitou namorar o Aqualad?

Ravena: Por quê? Não sei, a gente já estava saindo… não foi bem o que eu planejei… mas não me pareceu má ideia… mas, não, espera… você tá chateado comigo só por causa disso?

Mutano: *ri* Só? *coça a cabeça ansioso*

Ravena: Pra mim é só mesmo. Não faz sentido, eu continuo dando preferência pra você, você ainda é mais importante.

Mutano: Então porque ficou com ele?

Ravena: *ficando nervosa, ansiosa* Não sei… mas… *olha para baixo* Garfield, as coisas pra mim não são tão fáceis como pra você…

Mutano: Fáceis pra mim?

Ravena: É… do lado do Aqualad, não sei, eu controlo meus poderes, eles não saem do controle, nada flutua, nada explode… você também tem que entender meu lado. Eu não posso só pensar em mim, preciso pensar nas consequências das minhas ações e escolhas. Não é tão fácil assim. Como você pensa que é ser metade demônio? É um fardo muito pesado e muito triste. Você não sabe como é…

Mutano: *sério, anda até a empata e para de frente a ela* É?

Ravena: Poxa… é difícil conviver com isso dentro de mim. Com um demônio que só espera eu deslizar um pouco para tomar controle do universo. É como se eu nunca pudesse escolher algo por mim, pra mim. É triste, é horrível, mas eu nunca vou poder sucumbir aos meus desejos e vontades, por isso eu nem tento entendê-los de verdade, talvez pra não sofrer mais…

Mutano: *sério* Coitadinha de você. *pausa* Sua vida é realmente difícil. Vic era um garoto normal com uma vida de atleta pela frente, sofreu um acidente que teria lhe tirado a vida, mas felizmente, ou não, seu pai conseguiu transformá-lo em um robô. Agora me diz… onde você estava quando ele se sentiu inseguro de sair com a Abelha? Onde você estava quando ele se sentiu feio, estranho e com medo do que a Karen ia dizer o dia que ela o visse sem as partes de robô? Quando ele precisasse ficar só com os miúdos da carne dele a mostra? Onde você estava quando ele chorou porque na primeira noite deles, ela ficou chocada, hein, onde você estava?

Ravena: *ofegante* Eu…

Mutano: Não terminei… *pausa* Kori, quase foi morta pela irmã, foi usada como moeda de troca e veio parar em um planeta completamente diferente de sua terra natal. Sofreu para se adaptar, pra aprender, pra mudar. E onde você estava quando ela precisou de uma amiga pra descobrir com ela o que é sexo? Onde você estava quando ela se sentiu insegura por achar que Dick não poderia ficar com ela porque os dois são geneticamente diferentes? Onde, me diz, onde você *aponta para ela* estava quando ela descobriu que talvez eles nunca tenham filhos porque o sistema reprodutivo dela é diferente dos humanos?

Ravena: *sente uma lágrima escorrer* Chega… *sente o metamorfo irritado segurá-la pelos braços*

Mutano: Onde você estava quando Robin pensou que seria melhor ele seguir carreira solo, porque daqui ele é o único sem super poderes? Quando ele pensou que a fragilidade dele nos mataria? Onde você estava quando ele entrou em crise e pensou em se matar? Me diz Ravena… onde você estava? *pausa* Eu queria ter morrido naquele acidente de carro que matou meus pais. Mas eu não poderia mais morrer, porque meus instintos animais sempre, SEMPRE, vão fazer o máximo para preservar minha vida. Eu era jovem quando, na estrada, vi meus pais esmagados entre os escombros do carro. Sem nenhuma droga de celular pra chamar a polícia. Eu fiquei lá, pequeno, verde, estranho, sentado ao lado dos cadáveres que sangravam, não sei por quanto tempo. Onde você estava quando a Fera tomou conta de mim? Onde? Onde você esteve esse tempo todo? A gente sempre cheio de cuidados com você, por causa da sua vida difícil, do seu pai demoníaco e você sempre fria… sempre seca… não *fala mais alto* NÃO, você não está fazendo isso por ninguém Ravena. Você está fazendo isso por você, porque você é medrosa e egoísta. Porque você não consegue dominar o seu demônio interior, que nada, EM NADA tem a ver com seu pai. Tem a ver com você, somente com você, entenda de uma vez por todas… enquanto você não aceitar isso, você vai continuar sendo refém de você mesma.

Ravena estava paralisada. Sentia o rosto molhar, mas não sentia nada. Estava triste, envergonhada e confusa. Sentiu seu corpo sendo empurrado para o lado de fora do quarto dele.

Mutano: *faz movimento de mágica com as mãos* Pirilim… sabe o que é isso? Um feitiço que não permite que você entre mais no meu quarto. Respeite *bate a porta, irritado*

Ravena permanece parada, estática na frente da porta dele. Não consegue andar, pensar, falar. A única coisa que consegue fazer é permitir que as lágrimas seguissem rolando. Enfim, onde raios ela estava esse tempo todo que não viu?

Sentiu o sangue ferver. Sentiu as mãos fecharem em punhos. Sentiu seu olhar cerrar. O coração acelerar. A respiração ficar ofegante. Sentiu a raiva. Das palavras dele. Da ausência dela. Da arrogância dele. Da covardia dela. Covardia não. Moleque! Ele não sabia o que era carregar aquele fardo. Não era má ideia tentar manter uma relação saudável com Aqualad. Ele não merecia que ela brincando com seus sentimentos. “Pois bem” sussurrou para a porta do metamorfo e se virou em direção ao seu quarto.

Entrou naquele cômodo, já não tão sombrio, melhor decorado. O quarto de uma nova empata. De uma pessoa que havia sumido para tentar se compreender melhor e voltar mais leve. Mas será que isso havia de fato acontecido? Ou será que ela só fugiu para não ter que enfrentar os anos seguintes depois de derrotar seu pai? Ainda com o corpo tenso, caminhou até sua cama. Do que adiantava um quarto novo se a cabeça continuava a mesma? Continuava? De certo não! Ela tinha certeza que não. Ela agora sentia muitas coisas e se permitia muitas coisas, inclusive namorar.

Mas foi ao olhar a singela begônia na mesinha abaixo da janela, comprada especialmente para a flor, que o corpo tenso se desarmou. Mas foi ao olhar a singela begônia na mesinha abaixo da janela, escolhida especialmente para a flor, que se permitiu sentar na cama. E apenas ao olhar a singela begônia na mesinha abaixo da janela, arrumada especialmente para a flor, que Ravena se permitiu chorar. Chorar. E chorar.

 Era vazio.

Era incompleto.

Era triste.

Era um pedaço faltando.

Que pedaço? Será mesmo que ela teria sido tão ingênua de acreditar que largando os Titãs ela estaria os ajudando? Será mesmo que foi um ato de puro egoísmo? Ela precisava saber.

Rapidamente se levantou e foi em direção ao seu espelho de meditação. Nevermore!

Lá estava novamente. Mas tudo diferente. As cores ainda existiam, mas pareciam mais opacas. Ao tentar caminhar sentiu a perna pesada. Olhou para o chão. Seus pés pisavam em uma gosma grossa, pegajosa e grudenta, tal como piche. Estranhou. Com esforço foi andando, procurando alguma de suas emoções. Não as encontrava. Continuou a caminhar.

Após algum tempo encontrou Felicidade. Apesar de manter seu rosto alegre, Ravena a achou estranha. Diferente. Com toda a dificuldade caminhou até aquela emoção de capa rosa.

Ravena: Felicidade?

Felicidade: *olhos levemente mais arregalados* Oi Rae!

Ravena: O que é isso?

Felicidade: Não sei. *sorriso*

Ravena: O que você tem?

Felicidade: Estou completamente ótima!!! E você?

Ravena: Bom… eu est…

Felicidade: Adorei nossa tatuagem *bate palmas* Ficou maravilhosa… E Miami hein? Podíamos ir mais vezes à Las Vegas… *continua falando sem parar*

Ravena: Ok… *estranha a tamanha felicidade de sua emoção, pois não se sentia tão feliz* Bom, você viu a Sabedoria?

Felicidade: *para de falar e sorri estranhamente* Sumiu.

Ravena: Como assim?

Felicidade: Você devia pular de para quedas. É um sonho meu... sonho igual aquele que tivemos… *continua falando*

Ravena se afasta, odiando o fato de não conseguir correr. Felicidade ainda não parara de falar e acenar para ela. Sentiu-se muito estranha com aquele encontro nada feliz. Lentamente andou e acabou encontrando Conhecimento em cima de uma pedra.

Ravena: Conhecimento… o que está acontecendo?

Conhecimento: *preocupada* Odeio dizer isso… mas não sei. *observava a gosma no chão*

Ravena: Felicidade está estranha… e disse que Sabedoria sumiu…

Conhecimento: Sim. *olha para Ravena* Sabedoria desapareceu. Foi ontem, de repente esta substância viscoelástica começou a aparecer, a escorrer. Eu estava com Sabedoria e na hora em que ela viu só me disse para evitar contato e tentar estudar sobre isso e depois correu. Não a vi mais. *preocupada* Não sei o que é isso. Só sei que a cada instante aparece mais. *aponta para números riscados em ordem crescente na vertical na pedra* Está vendo, esta vendo?! Ontem não estava nem perto da pedra, hoje já está alcançando um centímetro e meio.

Ravena: *perplexa* E as outras?

Conhecimento: Não vejo ninguém desde que Sabedoria me mandou ficar aqui. Não ouso sair. *pausa* E acho que seria melhor você também ir. Não volte aqui até ter certeza que está tudo bem. Estarei tentando descobrir um meio de me locomover até meu laboratório sem pisar nisto… neste… nesta coisa.

Ravena assustada olha para os próprios pés e percebe que a gosma já sujava sua capa na altura de um dedo. Assentiu com a cabeça e caminhou lentamente até o portal que a tiraria de Nevermore.

Já em sua cama sentia-se confusa. Mais do que quando decidiu ir pra Nevermore. Olhou ao redor do quarto. Aquele quarto que já não parecia ser o seu. Respirou fundo e foi até a cozinha. Preparou uma infusão de camomila. Voltou ao quarto. Sentou-se à cama. A infusão, sua favorita, estranhamente não tinha gosto, nenhum sabor. Assim como a sua vida.

CONTINUA…


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Notas finais do capítulo

Alegria? Raiva? Indiferença?

Fala aê...



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