Ravena: *tomando um pouco do sorvete* Não sei se eu concordo, mas me parece um raciocínio bem lógico este além de ser sólido.

Aqualad: *olhar apaixonado* Você fica linda falando assim… *se estica na mesa e lhe dá um selinho*

Ravena: *olhando pra ele* Você não sabe nada de mim.

Aqualad: *sorrindo* Mas posso saber… basta me contar.

 Ravena: *sorri* Pra começar então, não gosto muito desse sabor de sorvete. Morango não está mesmo na minha lista de prediletos.

Aqualad: *bate com a mão direita na testa sem deixar de sorrir* Poxa, achei que ia te impressionar.

Ravena: É, não foi dessa vez.

Aqualad: *volta a apoiar na mesa e olha-la* E que tal ter um celular?

Ravena: Isso, outra coisa que não está na minha lista de preferências.

Aqualad: E como eu faço para falar com você?

Ravena: Como você fez hoje?

Aqualad: *sorri e abaixa a cabeça* Tá, entendi. *olha de novo pra ela* E o que você estava fazendo hoje?

Ravena: *ansiosa* Meditando.

Aqualad: Você medita muito…

Ravena: Preciso manter o controle. Sempre.

Aqualad: Pra que? Às vezes dá pra perder o controle um pouquinho não?!

Ravena: Não, porque as pessoas normais quando perdem o controle elas bebem demais, usam drogas ou transam sem camisinha, só que eu não sou uma pessoa normal… se eu perco o controle um demônio interdimensional pode dominar o universo e escravizar todos os seres vivos.

Aqualad: Mesmo falando esse monte de coisa horrível, você continua sexy…

Ravena: *cora* Sexy?

Aqualad: Desculpa.

Ravena: Não tudo bem… mas também… já deve ter passado das 23h. Preciso voltar.

Aqualad: Tudo bom, senhora Séria Sexy *faz sinal com a mão pedindo a conta*

Ravena: Esse não é o melhor apelido né?!

Aqualad: *tirando a carteira e sorri* Essa sorveteria é bem gostosa né?

Ravena: *sarcástica* Na verdade não sei… você me trouxe pra tomar o meu sabor menos favorito… *sorri* não sei se estou com uma boa impressão.

Aqualad: *olhar apaixonado* Engraçadinha, amo seu humor ácido.

Ravena: Qual o nome daqui mesmo?

Aqualad: Iceberg… legal esse nome né?! Eu não teria pensado num melhor.

Ravena: Tenho que ir… já que você já foi cavalheiro e pagou a conta.

Aqualad: Quer que eu te leve?

Ravena: É mais rápido eu levar você e voltar pra casa com meus portais do que com seu carro, não?!

Aqualad: Pode deixar que eu vou de carro… mas quero mais um beijinho antes.

Aqualad se aproxima dos lábios da empata e a beija apaixonadamente. E novamente, tudo sob controle. “Hum, acho que não gosto de beijar depois de comer… estranho.”— pensava durante o beijo. Também pensou no encontro, na forma como ele a olha, lembrou-se das conversas, da maturidade, do conhecimento que Aqualad tem. Realmente sexy. E o beijo acabou. Abriu um portal e estava na Torre novamente.

E lá estava Ravena parada no corredor. Tinha vindo de um encontro sob controle, no entanto, lá estava o descontrole de novo a assolando a alma. Poderia entrar na porta a esquerda e retomar o controle da situação, ou pelo menos tentar. Ou poderia entrar na porta a direita e ceder para seu desejo mais íntimo. Não havia prometido que iria ver o filme com ele, havia prometido que pensaria. E era isso que ela estava fazendo naquele momento. Pensando. Caminhou vagarosamente e parou exatamente entre as duas portas. Havia feito sua escolha.

Mutano ouviu os passos da empata, tinha uma audição perfeita e incrível, na verdade todos os seus sentidos eram aguçados. Queria fingir que não estava ansioso, mas estava. Quando ouviu Ravena chegar tratou de fingir para si mesmo que estava tudo bem e enfiou uma bolacha para dentro da boca. Péssima ideia. A ansiedade fazia com que não salivasse o suficiente, precisou mastigar aquela bolacha eternamente. Porque demorava tanto. Era simples. Ou batia em sua porta, ou entrava no quarto dela. E então ele ouviu. Não exatamente o que queria ouvir. Ouviu a porta dela se abrir. Ela entrou no quarto dela. Quis fingir que estava tudo bem, mas sua garganta secou. Precisou de água para descer a bolacha.

Levantou-se chateado para empurrar a TV de volta para seu lugar e de repente “Toc toc”. Pensou ter sido sua imaginação, mas “Toc toc” de novo. Caminhou até a porta. Seu coração acelerou e não conseguiu conter o sorriso, mas precisava. Queria mostrar pra ela como ele era adulto e nem ligava para ela estar ali.

Mutano: *tentando ficar sério* Achei que não vinha.

Ravena: *encosta no batente e mostra um DVD em sua mão* Bom, eu te convidei para ver um filme… nada mais lógico do que eu escolher, não?!

Mutano: *dando passagem para ela entrar* Você manda.

Ravena: *entrando* E pode sorrir, você não consegue fingir que está sério.

Mutano: *sorriso largo* Ah cara, eu tentei vai. *pega o DVD* Dogville?

Ravena: *senta na cama* Dizem ser muito bom.

Mutano: Tem cara de chato.

Ravena: Olha, você também te cara de chato, e até que tem sido legal comigo…

Mutano: *corado* Vou considerar isso um elogio.

Ravena: Onde vamos ver?

Mutano: Na cama, não? *se joga na cama* Ou você realmente vai me fazer procurar meu puff agora, meia noite?

Ravena: *indiferente* Bom, tá. Mas sua cama é de solteiro, então não se engrace.

Mutano: *belisca a coxa dela* Só uma casquinha *ri* vai?!

Ravena: *bate nele com um travesseiro* Você não seria maluco.

Então decidiram ficar sentados na cama. E o filme começa. Ambos estavam muito felizes, apesar de novamente não perceberem. O filme, extremamente parado na maior parte do tempo, foi um campo de guerra para que continuassem sentados, no entanto Ravena foi a primeira a jogar a toalha.

Ravena: Vou deitar um pouquinho, mas fique ai… *se deitando na parte do colchão que não encosta na parede*

Mutano: Ah vamos revezar então… *se ajeita sentado*.

Não foram necessários nem quinze minutos para que ambos tivessem pegado no sono. E Mutano por instinto se transformou num gato ficando encaixado a dobradura do joelho de Ravena. E novamente por instinto voltou a sua forma humana. Agora deitado na sua cama, apertada naquele momento, prensado entre a parede gelada e o corpo quentinho de Ravena. Sem acordar passou o braço direito envolta do tronco da empata, que por sua vez se aconchegou naquele braço quentinho e macio. Ainda dormindo, o metamorfo puxou o corpo da garota para mais próximo do seu. Já havia dormido com outras mulheres antes, então estava acostumado a esta proximidade tão gostosa. Já a empata nunca havia dividido a cama com alguém. Porém se deixou ser puxada, encaixando ainda mais seu corpo, formando então a famosa, conhecida e deliciosa conchinha. Mesmo dormindo, sentia-se segura, como jamais antes, como se aquele sono pudesse protegê-la de todos os males que o dia pode querer causar. Ambos dormiam muito bem, serenos e tranquilos.

Já eram 09h45 de terça feira e Mutano foi acordando, ainda atordoado de sono, mas sentia um corpo ali, no impulso fez como fez todas as vezes que dormira com uma garota… antes de abrir os olhos beijou o pescoço daquela, que ainda não lembrava ser Ravena. O beijo fez a moça se mexer e abrir os olhos lentamente. Descansada. Sem dizer nada, deixou os olhos se acostumarem com a luz do dia.

Mutano: *voz meio gemida de sono* Bom dia gatinha…

A voz de Mutano fez Ravena despertar. Sentou-se na cama bruscamente, fazendo o metamorfo abrir os olhos igualmente rápido.

Ravena: *olha pra ele, cora ao vê-lo descabelado* Eu dormi aqui.

Mutano: *olhar de encantamento com as madeixas roxas desgrenhadas dela* Pelo jeito sim… *boceja* Logo, eu acertei… o filme era chato…

Ravena: *tentando ajeitar o cabelo* Por Azar, que horas são?

Mutano: *olha o relógio de parede* Quase 10h.

Ravena: *atrapalhada* Preciso ir. *afobada* Preciso fazer alguma coisa… parecer que sai cedo… sei lá…

Mutano: *puxou a empata de volta pra cama* Ou podia ficar aqui…

Ravena: *ansiosa* Você tá doido? *ele boceja* Porque você dormiu comigo?

Mutano: *sorriso malicioso* Tecnicamente você dormiu comigo, estamos no meu quarto.

Ravena: Não seja engraçadinho. *levanta* Vou pro meu quarto, espero não ter ninguém lá.

Mutano: *senta na cama e boceja* Devo ter me transformado dormindo. Sempre faço isso. *levanta e coça o olho direito* Mas vamos fazer assim, eu saio primeiro e sondo o que eles vão falar de você, se já te procuraram sabe?

Ravena: E eu fico aqui? *senta de novo*

Mutano: Isso… Eu volto e te falo.

Ravena: Tá.

Mutano: *colocando uma camiseta e bocejando* Mas, desculpa. Se eu tivesse acordado no meio da noite, teria ido pra cama de cima.

Ravena: *atordoada* Tá… tudo bem… depois eu brigo com você sobre isso…

Mutano: *saindo do quarto, antes de passar pela porta olha a empata* Então eu dormi com você primeiro que o peixe metido?

Ravena joga um travesseiro na porta e Mutano sai rindo. Assim que fecha a porta, ainda rindo, encontra com Ciborgue.

Ciborgue: Rindo de que?

Mutano: *susto* Ah… *disfarça* Eu sempre tô rindo Bro.

Ciborgue: *desconfiado* Você viu a Ravena?

Mutano: Cara, acabei de acordar… porque teria visto a Ravena… *continua andando* Porque?

Ciborgue: *olha desconfiado para o corredor do quarto deles* Hum, sei. *acompanha o amigo* Ela não apareceu ainda.

Mutano: Estranho né?!

Ciborgue: Ela saiu com o Aqualad ontem, mas ele disse que antes da meia noite eles tinham se despedido.

Mutano: Já foi no quarto dela?

Ciborgue: Já batemos algumas vezes na porta, mas parece que ou ela não está, ou está dormindo profundamente.

Mutano: Cara, a única coisa que eu quero saber *abre a geladeira* é de comer um pouquinho…

Ciborgue: *desconfiado* Não está preocupado?

Mutano: E porque estaria? *morde um sanduíche*

Ciborgue: Não sei, estranho… ou você odeia nossa amiga… ou sabe onde ela está…

Mutano: *leve engasgada* Vou pro meu quarto de volta… comprar um console pra mim foi a melhor coisa que eu fiz… *sai da cozinha*

Ciborgue estava muito desconfiado, chamou Estelar e Robin pelo rastreador e disse que logo Ravena voltaria e que não precisariam mais procura-la pela cidade. Mutano entra em seu quarto e encontra uma Ravena aflita.

Mutano: Você queria experimentar todas as comidas não? *lhe dá metade de seu sanduíche* Melhor comer tofu.

Ravena: *pega o sanduíche* Não estou com fome.

Mutano: O Ciborgue disse que bateram na sua porta algumas vezes e o seu querido, lindo, estimado e perfeito peguete disse que você voltou antes da meia noite.

Ravena: Bom, então vou pro meu quarto e digo que estava em Nevermore.

Mutano: *morde o sanduíche* Pode ser… *pausa para mastigar* Rae desculpa de novo… mas queria dizer que foi gostoso dormir com você…

Ravena abre um portal e vai para seu quarto. Mutano a olha sumir de seu quarto e estava muito satisfeito. Fora gostoso dividir uma pequenininha dessa com ela, mesmo estando com um pouquinho de dor nas costas, que não reclamou pra ela. Já em seu quarto, Ravena troca de roupa. Cuida de sua begônia. E olha para o lanche que o metamorfo lhe deu. Senta em sua cama e morde um pedaço. Ruim, mas não horrível. Porque estava tão serena apesar do desespero? É não foi tão ruim dormir no quarto dele. Foi menos solitário do que seu próprio quarto. Precisava meditar, mas não estava muito afim…

Saiu do quarto e encontrou os outros três titãs na sala.

Estelar: *voa até a empata* Amiga… onde estava? Ficamos preocupados…

 Ravena: *senta-se no sofá* Ontem eu saí com o Aqualad e senti que hoje eu precisava ir para Nevermore.

Robin e Ciborgue fitam a amiga esperando que ela prosseguisse com o discurso.

Ravena: Mas tem algumas coisas, Estelar, que eu queria conversar em particular com você.

Estelar: Claro amiga. Vamos para meu quarto.

Elas voam para o quarto da alienígena, deixando Robin e Ciborgue muito intrigados.

Robin: Você tem a sensação de que algo esta errado?

Ciborgue: Tenho. Só não sei o que.

Robin: Tudo bem que a Ravena voltou de Azarath diferente, mas sei lá…

Ciborgue: É… isso tá muito estranho.

Ravena: Estelar, você é minha melhor amiga e quero confiar lhe dizer e perguntar coisas.

Estelar: Claro amiga! Pode confiar em mim sempre.

Ravena: Como é quando você beija o Robin?

Estelar: Como assim?

Ravena: *coçando a cabeça* Sabe? O que você pensa… como é?

Estelar: *encosta na cadeira e sorri* Nada amiga… não dá pra pensar nada.

Ravena: *perplexa* Como não?

Estelar: Amiga, beijar o Robin é glorioso, é uma mistura de sentimentos, não dá pra pensar em nada… mas porque essa pergunta?

Ravena: *envergonhada* Então acho que não sei beijar…

Estelar: Porque?

Ravena: Eu penso. Quando ele me beija eu penso. *gesticulando com as mãos* Penso no meu dia, no gosto da boca dele, no que eu tenho pra fazer…

Estelar: *flutua até a amiga que estava sentada em sua cama* Você não gosta dele não é?

Ravena: Cla-ro que gosto…

Estelar: *olhar complacente* Não gosta não.

Ravena: Como não? Como se sabe que se gosta de alguém?

Estelar: *brilho nos olhos* Eu gosto do Robin. Gosto de estar perto dele, mesmo sem a gente trocar uma palavra. Gosto de beijar ele, de me perder no tempo quando a gente se beija. *olha pra cima, lembrando* Gosto de deitar com ele, de sentir os braços dele me envolvendo. Confio meus segredos a ele. *olha para Ravena* Até aqueles que a gente não conta nem pra nossa melhor amiga. *abraça uma almofada* Gosto de saber que ele respira. De pensar no futuro. De imaginar nossos filhos. *aperta a almofada* Adoro o sorriso dele, principalmente quando o sorriso dele é pra mim. E amo vê-lo sem máscara. *volta a olhar para a empata* É por isso que eu sei que gosto dele. Porque as palavras somem, o coração acelera, minhas mãos ficam frias, parece que vou cair.

Ravena: *tímida e pensativa* Acho… acho que não gosto dele.

Estelar: *senta novamente* Porque foi pra Nevermore?

Ravena queria falar a verdade para sua amiga. Dizer que na verdade mentiu porque acabou dormindo com outro integrante do grupo. Mas como poderia dizer uma coisa dessas? Não, não podia. Mas não sabia entender porque não poderia dizer.

Ravena: *indiferente* Queria entender o que acontece nos meus sentimentos quando estou com Aqualad.

Estelar: *curiosa* E ai?

Ravena: *disfarça* E ai eu achei que eu poderia estar gostando dele. Mas você disse de um jeito que não sei.

Estelar: Não sei, vai que seu jeito de gostar é diferente do meu.

Ravena: Cansei de ser diferente. Queria sentir como os outros sentem.

Estelar: *séria* Mas o amor descontrola Ravena. Você está preparada pra se deixar descontrolar?

Ravena fica chocada com o que Estelar disse. Não encontrou resposta para a pergunta dela, simplesmente levantou, deu uma desculpa e saiu do quarto. Estava mais confusa agora do que antes. Se de fato não gostava do Aqualad porque ainda estava saindo com ele? Porque não podia aceitar que ela sente diferente dos outros? É isso, ela gosta de um jeito mais seco e frio. Mas então seu coração acelerou quando ouviu a voz do metamorfo atrás dela.

Mutano: *sussurrando* Depois passo no seu quarto. Achei algo que você vai adorar.

CONTINUA…