Weechester Collections escrita por Pat Black


Capítulo 1
Uma palavra, um sorriso, um olhar...




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Uma palavra, um sorriso, um olhar...

A lata escapou das mãos do homem e rolou em direção aos dois meninos sentados perto do velho sofá.

O garotinho loiro de cinco anos sentiu o impulso de pegá-la e correr para entregá-la ao pai, mas o pequeno Sammy já engatinhava em direção a mesma e a agarrava, brincando feliz e risonho, lhe arrancando, como sempre, um sorriso encantado. Pois seu irmão, com um pouco mais de um ano, continuava a ser a coisa mais engraçada que seus inocentes olhos verdes já tinham visto.

O menor nunca parava quieto, a menos que estivesse no colo do Dean. Ali, junto ao corpinho quente e amoroso do irmão mais velho, ele se sentia protegido como em nenhum outro lugar. E Dean estava sempre atento ao pequeno, já que o sapeca estava sempre procurando uma aventura, se enfiando em todo vão que via e, principalmente, levando tudo em que conseguia por suas mãos à boca. E aquilo, Dean sabia, era perigoso.

Olhando para cima Dean viu também na face, antes zangada e entediada do pai, um sorriso largo e brilhante. Daqueles que o pai só dava, assim despreocupado, quando seus olhos se fixavam no bebê que não sabia por que, ainda não conseguia andar.

Ao alcançar a lata, Sammy se sentou e a colocou na boca testando a força de seus novos dentes com fúria e fome.

Se agachando na frente de seu bebê, John abriu ainda mais o sorriso, se é que isso era possível, e afagando a cabeça morena puxou a lata com carinho das mãozinhas gorduchas.

“Dá, de, da, de, da”, berrou o bebê com a face vermelha, levantando os bracinhos em busca do brinquedo assim tão rapidamente arrebatado.

“Se eu te der isso meu baby, não termino o jantar”, John respondeu se erguendo e voltando para a minúscula cozinha daquele hotel barato.

Vendo seu objeto de interesse ser levado para longe, Sam se virou para o irmão com os olhos cheios de lágrimas ainda não derramadas e com voz chorosa disse a sua primeira palavra:

“Dean... Dean”

Dean, que havia se aproximado do irmão tão logo seu pai tomou a pequena lata, arregalou os olhos surpreso e feliz se deixando agarrar pelo mais novo, que enlaçando seu pescoço, apontava para o pai ainda choramingando seu nome em um monossilábico apelo.

Maravilhado e orgulhoso, Dean olhou para o pai, seu rosto exibindo toda a alegria que uma criança é capaz de sentir, para se deparar com um olhar tão duro e triste que não soube compreender, por que não conhecia a inveja e o rancor.


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