Meus olhos encheram-se de lágrimas quando a vi abrir seus braços me chamando para um abraço. Assim eu o fiz, com todo o carinho e amor que eu podia dar para ela. Cruella deu um beijo em minha testa e acariciou meu rosto enquanto chorava emocionada.

No momento em que a vi ali esqueci completamente as pessoas que estavam ali e o que haviam falado comigo. Eu só queria ficar olhando para a minha mãe enquanto eu estou com ela, e eu prometo que ficarei ao lado dela durante o máximo de tempo que eu puder estar com ela.

Emma colocou a mão em meu ombro e deu um pequeno sorriso para Cruella. Ela parecia um pouquinho desconfiada, assim como os outros, mas eu não me importei com isso.

Mamãe me levou para a casa no qual ela estava morando com Úrsula, e pela fama que Úrsula tem eu não fiquei muito feliz com a ideia. Era um apartamento próximo a delegacia. Tinha uns cinco cômodos e a decoração era muito simples comparado a mansão que eu e minha mãe morávamos antes de tudo acontecer. Sentei-me numa poltrona enquanto mamãe me preparava um chocolate-quente.

Durante quase um ano em que estivemos separados, ela ainda lembra perfeitamente o modo como eu gosto do meu chocolate.

— Se você soubesse o quanto eu te procurei, Carlos.

Beberiquei e sorri, ela se preocupava comigo.

— Acredite, se eu pudesse sair daqui eu teria ido atrás de você, mãe.

— Eu nunca imaginei que você fosse trago logo para Stobrybrooke — Ela deu um pequeno sorriso e me surpreendeu quando me abraçou. — Eu não quero nunca mais te perder, querido!

Retribui e abraço e disse:

— Também não quero te perder. Eu senti tanto a sua falta, eu cheguei a quase ficar depressivo quando não te vi aqui... comigo.

Novamente Cruella acariciou meu rosto e em seguida limpou uma lágrima que insistia em cair. Eu sorri com aquilo.

Agora que minha mãe estava de volta, iria agradecer Lucy por tudo que tinha feito por mim durante esses longos meses que se passaram. E é claro, eu sempre iria visita-la, não é só porque estou com a minha mãe que eu esquecerei a única pessoa que quis cuidar de mim.

Se um dia eu destruísse essa cidade, Lucy seria a única sobrevivente.

Voltei para “casa” com um sorriso de orelha à orelha, isso era bom!

— Carlos? — Lucy perguntou assim que entrei em casa. — O que a Emma queria com você?

Eu a abracei, e percebi que isso a assustou.

— A minha mãe finalmente está comigo, Lucy, ela está aqui — A mulher abriu a boca e deu um sorriso fraco, mas percebi algo diferente.

— Cruella? Ela está em Storybrooke?

— Sim — Assenti. — E eu agradeço de todo o coração tudo o que você tem feito por mim, Lucy. Eu te amo muito, sabia?

Lucy deu um sorriso e me abraçou forte, tão forte que quase sufoquei.

— Eu aprendi a amar você também — Riu.

Lucy parecia triste...

— Sabe que... Que agora irei passar o máximo de tempo com a minha mãe, ne? Mas não se preocupe, eu não vou esquecer você!

Baguncei os cabelos de Lucy e ela riu.

— Eu só tenho a agradecer você por ter me dado abrigo, comida e roupas limpas, sem você eu não sei onde eu estaria agora.

Enxuguei uma lágrima de Lucy e novamente a abracei.

— Não chora — Ela chorou mais ainda. — Vou vir aqui todos os dias e ainda te considerarei uma... mãe pra mim, ok? — Ela assentiu.

Pareceu que ela levou alguns segundos para entender o que eu disse.

— Mãe? — Ela perguntou e eu assenti, fazendo-a dar um sorriso largo e encantador. Sentiria falta dela me mandando fazer lição de casa.

Fomos para o meu quarto, onde eu olhei bem e já senti saudades.

Eu só iria embora na semana que vem, queria mais tempo com Lucy.

— Sabe... Não vou embora agora. Quero arrumar as minhas coisas com calma e ter mais tempo com você. Eu espero que não se importe... — Lucy riu e negou com a cabeça, disse que eu ainda podia ficar o quanto eu quisesse. Percebi uma certa tristeza sempre que mencionava o quão feliz eu estava por ter a minha mãe de volta, assim como percebia preocupação quanto ao fato dela estar na cidade.

Mal podia esperar para contar a Evie, Jay e Mal sobre a volta de minha mãe. Estava tudo voltando ao que era antes, excerto por uma coisa... antes não existia a Doce Imaginação e Diana Illéa, só existia eu e meus pensamentos sem ‘vida própria’.

Ficava pensando no que Emma disse anteriormente. Que o meu destino está aqui em Storybrooke, mas que destino era esse?

Pensava em como seriam as coisas a partir de agora. Pensava em como da noite pro dia tudo mudou, e esses pensamentos simplesmente ganharam vida, como sempre acontecia desde um tempo.

Lucy havia saído, e sem saber, me deixou sozinho com ela.

— Oi... Doce Imaginação.

Diferente de todas as vezes em que ela aparecia, Doce Imaginação não me respondeu e nem mesmo saiu do lugar no qual estava parada. Me aproximei dela para saber se ela estava bem –como se ela fosse uma pessoa– e no momento em que ousei tocar em seu cabelo cacheado ela simplesmente sumiu. Como se nunca estivesse ali.

Estranhei a sua atitude. Ela NUNCA fez isso e eu não sei o que teria acontecido para ela estar me “ignorando”. Lembro que ela começou a aparecer quando me separei de mamãe, seria isso?

Doce Imaginação estava ao meu lado sempre que eu pensava em Cruella ou quando me sentia sozinho, será que ela sumiria?

NÃO! Eu não queria que ela sumisse! Ela pode não “existir”, mas eu me apeguei tanto a ela que seria difícil dar um adeus a minha imaginação que ganhou “vida”. Ela se tornou uma parte de mim, e se ela for embora, tudo o que eu me tornei vai embora junto com ela. Meus pensamentos serão perdidos, assim como meus sentimentos.

Tentei chama-la, mas foi em vão, ela não apareceu novamente. Fui até a escrivaninha onde vi um papel no qual com letras desconhecidas estava escrito: Acho que não precisa mais de mim. Com amor, sua Doce imaginação. Não, eu ainda preciso de você!