Alice não estava equivocada. Eu só soube disso quando a teoria dela se provou estar certa. Mas que eu estava em apuros, disso eu soube desde o momento em que abri os olhos, alguns dias depois do jantar na casa dos Hale.

— Isabella, acorde! – Renée, bateu a porta com força, e eu acordei desorientada, olhando para os lados e tentando entender o que estava acontecendo.

— Surpresa! – Disse ela num fingido tom de felicidade. – É um casamento surpresa, aparente estar feliz.

— O que? – Esfreguei meus olhos e quando me foquei nela, vi que ela tinha algo grande e branco na mão. Um vestido de noiva.

— Vá tomar banho, perfume-se e vista isso. Kaure irá te ajudar com o cabelo e as malas. – Ela pendurou o vestido em um prego na parede e saiu do quarto.

            Meu estomago deu um giro em volta de se mesmo, e eu quis chorar. Minha própria mãe estava me obrigando a me casar com alguém que eu não amava e nem nunca amaria.

E o pior é que o vestido realmente era absolutamente estonteante. Era branco como nuvens de um dia ensolarado, e tinha longas mangas de cetim que acabavam em uma bonita renda que acabaria no inicio do meu polegar. Ele era todo cetim rendar. No decote em V e na barra. Ele tinha uma saia volumosa e mesmo sem minhas medidas eu sabia que caberia perfeitamente em mim. Eu me levantei e fui até ele, sentindo o tecido macio acariciar meus dedos enquanto eu analisava o que seria minha roupa para a prisão, ou casamento como ela insiste em chamar. Ele tinha botões atrás, e pareciam perolas.

A porta se abriu mais uma vez, e eu pensando ser Renée, já estava puxando o folego para gritar que ela me mandasse então para a França, eu não me casaria com Jacob. Edward me acharia em qualquer lugar do mundo, eu sabia que ele o faria. Mas era só... Senhora Whitlock, que entrou meio atrapalhada abanando as mãos no ar, ela tirou suas luvas e as jogou em minha cama.

— Eu sabia, Eu sabia! – Ela disse alto, mas então começou a sussurrar exasperada. – Isso é loucura, Rosalie disse que era, mas veja só. – Ela fez um gesto para o vestido.

— Ela quer que eu me case com Jacob... Ela disse que era um casamento surpresa... – Falei confusa, nunca havia escutado tal termo antes, mas Alice não pareceu surpresa.

— Era exatamente nisso que eu pensei no dia do jantar! – Ela olhou para o nada com uma expressão contrariada e se voltou para mim. – Edward nos contou sobre Sr. Black, e o desejo que sua mãe nutre de que se casem, e depois daquela frase que ela proferiu a Rosie, eu... Pensei nisso, mas é loucura! Como eu adivinharia que sua mãe é louca?!

— Alice, fale mais claramente, no que pensou? – Ela estava me deixando curiosa,

— Quando Rosalie e eu estávamos na Escócia, fomos convidadas para o casamento do filho de alguns amigos dos meus pais, mas em algum lugar deste mundo insano, casamento surpresa pareceu viável, e a ideia se espalhou, a noiva dele só soube na manhã do casamento, bem ao contrario de você a moça queria se casar, então foi lindo. – Ela se calou e esperou, olhando me atentamente, minha reação... e bem, eu estava chocada.

— Ela usou essa ideia como desculpa para me obrigar a me casar, Alice, agora tudo faz sentido. Ela e Jacob planejaram tudo isso, deve ter sido a semanas, talvez meses atrás! – Eu olhei diretamente para a janela, talvez esperasse que algo que me salvasse desse fim terrível voasse janela adentro e pousasse na palma da minha mão.

            Na janela eu vi o céu, e isso me trouxe dor, a mais forte que já senti, ao perceber o que perderia. Edward e eu não ficaríamos juntos.

— Não, para, espera. – Alice se pôs entre mim e a visão do céu azul. – Eu tenho um plano.

(...)

            Kaure me fez um penteado bonito, eu pude tirar minha mala de seu esconderijo, e colocar o colar da tradição.

— É a noiva mais linda que o mundo já viu. – Kaure sorriu para mim.

            Apenas uma alteração foi feita na indumentária tradicional de noiva: os sapatos, eu estava usando minhas botas para cavalgada. Saltos não são apropriados  para fugas.

            Hoje seria o dia do meu casamento, o dia em que eu me tornaria a Sra. Cullen

            Eu abracei Kaure forte, e ela jogou a corda de lençol que fizemos pela janela. A mala foi jogada em seguida, em um monte de feno estrategicamente bem colocado.

— Está tudo em ordem sim?

— Apenas aguardam meu sinal. – Ela confirmou.

— Até mais. – Falei, e ela me abraçou mais uma vez, emocionada.

— Até mais querida. – Ela então saiu, foi vigiar a porta.

            Eu com todo aquele volume no vestido, estava tão determinada que a descida não foi tão difícil. Embora a fricção dos lençóis com os meus dedos tenha os deixado vermelhos eu consegui chegar lá em baixo sem grandes problemas.

            Peguei uma pequena pedra no chão, e a atirei para a janela, esperando que acertasse algo que fizesse barulho. Logo Kaure olhou para baixo da janela, sorriu, e desapareceu da minha visão puxando rapidamente nossa corda improvisada com ela.

            Eu peguei minha mala e...

— Bella?

            Era Jacob Black.