Hanna e Jake andavam de mãos dadas pela cidade, iam rápido, tombaram com algumas pessoas e Hanna tinha que olhar para trás para pedir desculpas.

–Onde é a igreja? – ela perguntou.

–Estamos chegando.

Ele não a olhava, até que Hanna tropeçou em uma pedrinha, ela quase caiu, mas Jake a segurou, viu algumas crianças que estavam do lado de uma carriola cheia de frutas rindo, Hanna as ignorou.

–Ali – ele apontou para a igreja.

–Vamos entrar.

–Sim.

Eles foram se aproximando, quando Jake pisou no degrau da pequena escada da igreja, sua pele começou a ficar vermelha, parecia que ia pegar fogo, ele se afastou rapidamente e voltou ao normal.

–O que aconteceu? – Hanna estava assustada.

–Esqueci que não posso entrar em nenhum lugar sagrado.

–Mas por quê?

–Todos os anjos que caíram do céu são proibidos de entrar.

–E agora?

–Você pode entrar lá.

–Mas eu não faço idéia de como é essa relíquia.

–Quando entrar procure em todos os objetos preciosos que tem na igreja, estatuas, cálices, tudo, a relíquia tem um brilho e um formato diferente e sempre vai ter uma ou mais pequenas pedrinhas de diamante.

–Diamante?

–Sim, tem que prestar muita atenção.

–Ta bom, eu vou encontrar.

–Vou te esperar aqui.

Hanna assentiu e entrou na igreja, tinha algumas pessoas ajoelhadas orando, ela andou pelo longo corredor entre as cadeiras até as pequenas estatuas, ela olhou uma com o formato da bíblia, outra de uma pomba, mas não viu nada que pudesse ser a relíquia.

–Linda as estatuas não? – um idoso se aproximou, tinha a pele enrugada e poucos cabelos.

–São magníficas.

–Venho todos os dias aqui, não me canso de observá-las.

–Legal – Hanna tentava se desviar do assunto para que pudesse encontrar a relíquia.

–A estruturas delas me encantam – o homem não parava de falar.

–A mim também.

–Se me da licença – ele sorriu – irei me ajoelhar para falar com Deus.

–Claro – ela sorriu.

–Podia fazer o mesmo.

–Assim que der. – Hanna se afastou um pouco.

O homem foi até as cadeiras, ela continuou vasculhando os objetos, até que reparou em uma estatua, era a pedra com os dez mandamentos, tinha quase a altura de Hanna, era magnífica, ela passou os dedos entra as palavras e acima, sentiu um pequeno buraco, tinha um formato perfeito, mesmo que ela não soubesse como era.

–Ei – ela disse para um homem que observava a estatua ao lado – o que tinha nesse buraquinho?

–Deixe-me ver – ele se aproximou – ah sim, era uma pequena relíquia.

–Uma relíquia?

–Sim, não sei se era mesmo de ouro, mas creio que sim.

–E aonde ela esta?

–Ela foi levada para a igreja que ficava na ilha de Deus.

–Onde é a ilha de Deus?

–Atravesse o lago, só terá uma ilha, é lá.

–Ah ta – ela não tinha entendido muito bem, mas agradeceu.

Hanna saiu da igreja, Jake estava sentado em um banco a esperando.

–Não esta lá – ela chegou até ele.

–O que? – Jake se levantou – onde mais estaria?

–Na igreja da ilha de Deus.

–Ainda existe?

–Acho que sim.

–Temos que ir lá então.

Hanna assentiu, Jake pegou sua mão e eles voltaram para o barco, ele remou rapidamente, demorou uns dez minutos para que chegassem.

Eles desceram, a ilha parecia abandonada, tinha um matagal e a areia era suja.

–Não vejo nenhuma igreja aqui – Hanna suspirou.

Jake não lhe respondeu, ele olhou em volta de tudo, se aproximou da água e abriu um sorriso.

–Esta ali.

–Onde? – Hanna se aproximou.

–Ela afundou esta embaixo da água.

–E como vamos achar a relíquia?

–Nós vamos mergulhar.

–Você pode entrar?

–Não, mas vou iluminar com minhas asas para que você consiga enxergar.

–Tudo bem.

Jake tirou a blusa, Hanna o observou, o Sol iluminou seu peitoral – ela quase babou – depois tentou disfarçar.

–E eu? – ela perguntou.

–Hum... – ele sorriu – você pode nadar de lingerie, certo?

Hanna se lembrou no dia em que nadou no lago com Jake - definitivamente ela devia levar roupa de banho consigo.

Ela ficou apenas com sua lingerie – até que parecia um biquíni – era preta de renda, sua tia havia dado a ela de aniversario.

Jake pulou na água e Hanna o seguiu, eles mergulharam, ela viu Jake abrindo suas asas, que inundou a água de luz, eles avistaram a pequena igreja, Hanna olhou para Jake, que fez um sinal com as mãos para que ela entrasse. Assim Hanna fez, ele a olhou e sorriu, isso deu forças a Hanna, tinha varias estatuas quebradas e alguns objetos de ouro, mas nenhum se comparava com uma relíquia.

Ela nadava de um lado para o outro, colocando a mão em todo lugar, sentiu uma leve dor no dedo e percebeu que tinha relado em algo pontudo que fez um pequeno corte, Hanna não se importou e continuou procurando, ela se perguntava quanto tempo mais poderia segurar sua respiração.

Viu algo que brilhava, chegou perto, por um instante achou que era relíquia, mas era apenas um pequeno coração. Hanna precisava respirar, mas não queria voltar no começo, então persistiu ela se sentiu zonza por um momento, percebeu que não agüentava mais, Jake a olhou preocupado, ele a chamou, a puxou e a beijou, mas não foi exatamente um beijo, ele estava passando ar para ela.

Então Hanna voltou para a igreja, em busca da relíquia, tinha que estar lá. Ela viu um pequeno baú marrom, estava um pouco mais distante do brilho das asas de Jake, mas ela sentia que a relíquia estaria lá, foi até o baú, estava escuro, mas ela conseguia enxergar um pouco, abriu e dentro estava cheio de colares e objetos de ouro, ela olhava um por um, encontrou um objeto de ouro, tinha o formato de um dragão com paramentos em volta como se fossem chamas, os olhos do dragão eram pequenas pedrinhas de diamante, era pesado e o tamanho era quase da mão de Hanna. Aquela era a relíquia.

Ela pegou e segurou o mais forte que podia, virou-se para voltar e percebeu que o lugar estava escuro, as asas de Jake não estavam iluminando mais, Hanna tinha dificuldades para enxergar, mas prosseguiu, quando se aproximou da saída, Jake não estava mais lá, Hanna foi subir de volta para a superfície da água, mas prendeu seu pé em uma estatua quebrada, ela tentava tirar, mas não conseguia, fez mais força tomando cuidado para a relíquia não cair, já não agüentava mais segurar sua respiração, ela chutava aquela estatua com o outro pé, mas não a soltava, estava ficando zonza, Hanna olhava para todos os lados tentando encontrar Jake, mas ele não estava lá, estava perdendo as forças, até que seus olhos se fecharam e ela ficou inconsciente.

–Hanna.

Ela sentiu alguém a balançando e a beijando, abriu os olhos aos poucos e começou a tossir, cuspindo água, era Jake, ele tinha feito respiração boca a boca.

–Onde você estava? – ela se levantou.

–Desculpa, um anjo da balança estava aqui.

–Eu quase morri.

–Sinto muito.

–Ta – ela olhou para suas mãos – a relíquia.

–Tudo bem – ele apontou para a relíquia que estava perto de sua roupa – ela tinha caído encima da estatua que seu pé ficou preso.

–Que bom que pegou.

–Se vista, vamos voltar.

Hanna assentiu e se vestiu, eles foram para o barco e voltaram para a pequena cabana.

Chegando lá, ela foi direto para a mesinha, pegou o livro e começou a ler.

–Não esta cansada? – Jake acariciou seu cabelo.

–Não.

Hanna focou-se no livro, as palavras ficavam cada vez mais embaçadas, mas então conseguiu ver onde estava a próxima relíquia.

–Relíquia da morte, é um medalhão – ela começou a ler – esta no Egito escondido na pirâmide do Faraó, uma das maiores que existe.

–Temos que avisar Cam e Caleb, eles estão lá e encontrarão.