ALLY

03h01

Ally abriu a porta, que rangeu, anunciando sua chegada. Andou até o centro do quarto, onde ficavam seus “brinquedinhos”. Bateu palmas e uma pequena lâmpada se acendeu no teto, iluminando o ambiente.

Hester estava acorrentada na parede à sua frente, onde ela a tinha deixado. Ela estava dormindo. Olhou para baixo, para suas facas, que ela chamava de filhas. Tinham lâminas de diversos tamanhos.

Ally riu amargamente, enquanto escolheu uma faca com cabo preto e lâmina brilhante de mais ou menos vinte e cinco centímetros.

Segurou a faca em sua mão direita e andou até Hester. Deu-lhe um tapa no rosto.

– Acorda! Você não tem o direito de dormir!

Hester acordou sobressaltada. Olhou em volta e viu Ally. Estreitou os olhos.

– Você!

Ally riu.

– Sim, eu mesma.

A garota acorrentada pareceu finalmente perceber a faca em sua mão.

– O-o quê você vai fazer com isso?

– O quê você acha?

Ally levantou a faca e a abaixou, no ombro de Hester, cortando sua pele.

A garota gritou.

– Tá doendo é?

Ally deu uma facada no outro ombro. Fez isso repetida vezes, até Hester perder a consciência. Bateu em seu rosto novamente, acordando-a.

– Já disse que não pode dormir!

– Por que você está fazendo isso?

A sequestradora riu novamente, o som ecoando por todo o quarto,

– Simplesmente porque você não deveria existir! Você tomou o meu lugar como Chanel #4 e eu fui rejeitada!

Hester encarou-a.

– São esses os seus motivos? Não sou mais uma Chanel desde que saímos do campus! Sou Hester Ulrich!

Ally levantou a faca novamente.

– Mas eu ainda me importo com isso! Ninguém pode me rejeitar! Eu sou rica! Eu dou bonita!

Ela começou a chorar, abaixando a faca.

Hester tentou se soltar, enquanto a outra garota caía no chão e soluçava. As tentativas dela foram em vão.

Ally se recuperou e, enxugando as lágrimas, se levantou, apontando a faca para o peito de Hester.

– Alguém tem que pagar por tudo isso! Vou acabar com você e com sua amiguinha vadia!

E desceu a faca no ombro de Hester.

***

HUNTER

SAUNA

15h13

O vapor cegava Hunter.

Estava sentado em um banco de madeira, vestindo apenas uma toalha. Fechou os olhos, aproveitando a sensação de relaxamento. Pensava em Connor, seu amigo brutalmente assassinado. Pensava também em Chanel, sua irmã, também brutalmente assassinada.

O ódio percorria suas veias. Abriu os olhos e ficou encarando o nada. O vapor quente o relaxava. Levantou-se, amarrando a toalha ainda mais forte em sua cintura.

Olhou, com dificuldade, para o relógio digital em cima da porta. Ele estava Ali dentro fazia uma hora. Já estava se dirigindo em direção à porta.

Encontrou a maçaneta e a puxou, para abri-la. Mas ela não se mexeu. Tentou novamente e nada aconteceu. Tentou mais infinitas vezes, sem conseguir um avanço.

– DROGA! – ele gritou.

Esmurrou a porta.

Nada acontecera.

Voltou para o banco e sentou-se.

Tirou sua toalha e a jogou longe, ficando nu. Suas roupas estavam do seu lado. Quando alguém viesse, ele as vestiria e sairia daquele lugar. Faria uma queixa na recepção e processaria o hotel, por danos morais.

Fechou os olhos novamente e adormeceu.

***

Quando acordou, olhou o relógio. O mesmo marcava 17h00. Estava na sauna há duas horas. Aquilo não poderia fazer bem a ele. Levantou-se, fraco, e foi até a porta. Tentou abri-la, mas não teve sucesso, de novo. Falou diversos palavrões e sentou-se no chão, que estava fervendo. Ele ignorou que sua pele estava queimando. Encostou sua cabeça na porta e ficou encarando o vapor, que ficava cada vez mais pesado. Enquanto seus olhos vagavam pela sauna, ele encontrou a saída do vapor. Ficava no teto. Se levantou e foi até ela. Hunter tinha 1,84m, então, quando levantou o braço, conseguiu tocá-la. O metal estava em brasas, queimando a pele de sua mão. Com o susto, ele largou a grade e caiu no chão, batendo com a cabeça.

Gritou de dor. Decidiu ficar deitado no chão. A pele de suas costas já estava ficando irritada com o contado com o chão quente. Logo estaria queimada. O tempo passava devagar.

Hunter notou que o vapor estava se dissipando.

Alguém deve ter desligado a sauna!,pensou.

O vapor já não passava de uma leve camada em seus olhos. Estava, finalmente, sendo resgatado.

A esperança inundou seu corpo. Ainda estava deitado, com as costas queimadas. Decidiu se arrastar até suas roupas. Afinal, não queria (queria sim) que o vissem nu.

Puxou-as para o chão. As vestiria deitado mesmo.

Olhou para a saída de vapor e notou um par brilhante de olhos ali, o observando. Ele piscou e os olhos desapareceram.

Se distraiu da entrada de vapor, ignorando-a. Uma névoa preta dominou sua visão. Ele achou que fosse desmaiar.

Sentiu pontadas de dor por todo o corpo. A sala da sauna começou a girar, fazendo-o vomitar.

Tentou se levantar, mas caiu de bruços no chão. Sentiu uma facada em suas costas. E depois diversas outras.

Ele estava mesmo sendo assassinado? Ele estava sendo esfaqueado nu e preso numa sala. Que terrível fim!

O assassino puxou seus cabelos e cortou sua garganta, não dando chance de Hunter dizer ou pensar mais nada.

***

CHANEL #2

BANHEIRO DE SEU QUARTO

22h34

Chanel #2 estava na banheira, tomando banho. Pete e Gigi estavam andando pelo hotel, procurando por Hester.

Eles haviam desmaiado no quarto onde encontraram os corpos e acordaram em seus respectivos quartos.

Aquilo era muito estranho. Ela passou sabonete por seu corpo e mergulhou na água. Queria fugir daquilo tudo. Não aguentava mais. Primeiro, na universidade. Depois esse hotel. Não queria mais aquele sofrimento. Eles todos estavam vivendo um inferno!

E ela ainda estava grávida, para completar. Não queria ser mão naquela idade. Ela não podia ser mãe. Não tinha como sustentar essa criança. Não queria levar a gravidez à diante. Mas, não tinha coragem para abortar.

Levantou a cabeça da água e apoiou-a na beira da banheira, olhando para a parede branca e azul à sua frente.

Ela ia falar com Pete e Gigi e, assim que encontrassem Hester, sairiam dali.

Saiu da banheira e se enrolou em uma toalha. Foi até o grande espelho do banheiro e se encarou.

Ela tinha engordado. Parecia ter envelhecido dez anos em apenas alguns meses. Apoiou-se na bancada.

Olhava bem fundo em seus olhos, quando sua imagem mudou. Ela não se encarava mais no espelho. Encarava Chanel.

Seus cabelos loiros estavam presos em um rabo de cavalo e ela vestia sua típica roupa da Kappa Kappa Tau. Chanel #2 se assustou e recuou alguns passos.

Não acreditava no que via.

– Surpresa? – perguntou Chanel.

– Um pouco. Como...?

Chanel riu amargamente.

– Há planos maiores do que você imagina. Tudo foi só uma armadilha. O pior está por vir. O mal está mais perto do que você imagina.

Chanel #2 encarou a amiga, surpresa.

– O quê você quer dizer com isso?

– Nada. – a garota enrolou uma mecha do cabelo no dedo indicador. – Você tá gorda!
– A gente engorda quando fica grávida.

– Não acredito que você fez sexo com aquele resto de aborto, que você chama de namorado!

Chanel #2 ignorou Chanel.

– Me fala logo, o quê você veio fazer aqui?
Chanel não respondeu. Esticou o braço e, incrivelmente, atravessou o espelho e tocou o rosto de Chanel #2, dando-lhe um tapa.

Ela recuou, assustada. Aquilo não era possível.

As paredes do banheiro se transformaram em espelhos, refletindo apenas a imagem de Chanel.

Chanel #2 ainda encarava o espelho principal, que ainda tinha o braço de Chanel saindo dele.

– Não vou te machucar. Venha. – disse a garota no espelho.

A fala foi repetida por todos os reflexos de Chanel, criando um grande eco no banheiro.

Chanel #2 deu um passo à frente, contra a sua vontade.

Estava sendo controlada.

Quando chegou perto o suficiente para a mão de Chanel tocá-la novamente, ela disse:

– Sua burrice sempre foi seu ponto fraco.

– O quê?- perguntou Chanel #2.

Não obteve resposta. A mão de Chanel voou para seu pescoço. Rapidamente, a outra mão também saiu do espelho, indo em direção a seu pescoço. Chanel a estava enforcando.

Chanel #2 gritou.