(Bill)

            Aquele vôo não poderia ter sido pior, depois de atrasar horas por causa de uma tempestade, me fez dormir pouco, e no outro dia nós tínhamos muita coisa pra fazer, a começar por ir gravar um programa de televisão.

            Era a primeira vez que estávamos no Brasil, e aquilo me deixava feliz, pois iríamos ver como eram as fãs brasileiras, e tenho certeza que o Tom aprovou de imediato. No aeroporto tinham algumas, mas nem as vi direito, estava procurando o Ipod do Tom, que ele colocou na minha bolsa.

            O estranho foi que quando cheguei ao hotel, eu senti que minha bolsa estava mais cheia e quando a abri encontrei um tênis creme, meio sujo, ou talvez encardido, com bolinhas pretas, lá dentro.

            Aquilo me assusto e muito, como que tinha ido parar na minha bolsa? E ainda mais com aquele chiclete nojento em baixo, mas ao lado do chiclete eu vi um verso, estava em português, pelo que eu pude entender, ou seja, coisa nenhuma. Tive que achar um tradutor na internet pra conseguir entender o que queria dizer, foi quando percebi que a ultima palavra embaixo do verso era um nome, Giovanna.

“Minha vida não tem mais sentido,

  Eu não consigo enxergar outro destino,

  Quero me unir a você,

  E ser Feliz até morrer.”

            O verso era triste, depressivo, mas mesmo assim eu gostei, não sei se era porque eu havia me identificado com o que ele dizia, ou simplesmente porque aquelas palavras me fizeram ver que alguém pensava igual a mim, a única coisa que eu sabia, era que precisava conhecer a Giovanna.

             O único problema era como encontra-la. Resolvi procurar o Tom, talvez ele pudesse me ajudar. Fui até seu quarto com o tênis na mão, coisa que o assustou quando abriu a porta.

            - Oi maninho, o que é isso? – me olhou assustado, parecia que eu estava segurando uma bomba.

            - É uma maça, vim traze pra você porque eu tenho alergia. – Ele continuava me olhando com cara de assustado. – É um tênis não ta vendo?

            - Ta que é um tênis eu até vi, mas é seu? – Meu irmão não tem a mínima noção de tamanho mesmo, aquele tênis era pequeno, nunca que entraria no meu pé.

            - Não né Tom, olha me deixa entra e daí agente conversa ok? – e já fui atropelando ele e indo em direção ao sofá que tinha no quarto.

            - Ok, já que insiste... – e ele me seguiu e sento no sofá.

            -Ta, eu achei isso na minha bolsa, não sei como e nem quando foi para lá, só sei que é de uma menina chamada Giovanna – lhe mostrei o nome no solado – e que eu tenho que encontra-la e devolver seu tênis.

            - Você já paro pra pensa que alguma fã deu um jeito de colocá-lo na sua bolsa e escreveu o verso e o nome nele pra você? – Estranho meu irmão estava pensando, aquilo me assusto mais que o tênis na minha bolsa.

            - É você pode ter razão, mas se realmente à intenção dessa fã era me envia o verso, porque não coloco algum numero de telefone ou endereço pra eu encontrá-la? E porque me mandaria escrito no solado de seu tênis? E o que é pior, porque grudaria um chiclete junto? E se realmente fosse pra eu entender, porque escreveria em português? – pronto, mais alguns mistérios pra eu descobri.

            - Sei lá, vai entende a cabeça das fãs brasileiras, às vezes é um costume.

            - Talvez... Mas como que eu vou encontrá-la agora? Eu tenho que conhecê-la, eu adorei o verso dela, preciso saber o que ela realmente pensa, porque escreveu isso, você entende? – ou eu estava com cara de doido, ou o Tom estava constipado, porque a cara que ele fez me deu medo.

            - Já sei! – agora entendi que cara ele estava fazendo, a de pensador... – você vai mostrar o tênis no show, e vai chamar o nome da menina, daí você vai dizer pra ela procurar você no camarim pra devolver o tênis, e daí vocês se conhecem.

            - Você ta doido? Já penso em quantas gurias vão aparecer dizendo que são a Giovanna? Só pra entrar no camarim? – Idéias, o Tom nunca foi bom nisso.

            - Ah é você tem razão. Hum, então não sei. – ele se virou pra televisão, que estava ligada e voltou a assisti-la.

            - Obrigado Tom, você me ajudo muito... – eu me levantei e fui pra porta.

            Bom o Tom não tinha me ajudado muito, apenas me enchido de mais paranóias, a única coisa que eu tinha certeza era de que o tênis tinha ido para na minha bolsa quando estávamos no aeroporto.

            Já era quase de manha quando eu me dei conta de que tinha que dormir, decidi descansar e no outro dia eu pensaria em algo, talvez com a cabeça mais leve eu teria uma boa idéia.