(Bill)

            Eu achei que se perdesse o contato com Giovanna eu a esqueceria, mas estava enganado, a única semana que não tive tempo de ligar pra ela foi horrível, parecia um pesadelo e tudo o que me vinha a cabeça lembrava ela.

            Mas durante esses dois anos eu ligava direto, até mesmo mais que uma vez por dia, mas em época de composição e criação do novo CD eu mal tinha tempo de respira, às vezes ficava a noite toda no estúdio gravando e não tinha tempo nem de comer.

            Quando eu ligava, depois de ficar um tempo sem ligar sua voz parecia triste, mas ao ouvir a minha, se enchia de animo, era incrível como eu podia vê-la triste e de repente a via sorrindo. Eu nunca esqueci seu rosto, não pelo fato de eu ficar olhando pra foto dela no meu celular, mas porque não tinha uma noite que eu não sonhava com ela, desde o momento em que fui pra São Paulo até hoje eu sonho com ela, e com nosso momento juntos. A única coisa que sentia falta era do seu beijo, carinhoso, com seus lábios trêmulos de nervosismo, como ela me fazia falta.

            Dois anos, eu não agüentava mais, queria voltar pro Brasil, mas ainda estávamos terminando o novo álbum, e depois faríamos viagens promocionais, a turnê européia, e só depois a turnê americana, ou seja, demoraria muito tempo pra eu poder vê-la. Mas mesmo assim eu tentei voltar a minha rotina, fazer as coisas que eu sempre fiz, era impossível não imaginar como a Giovanna reagiria se estivesse ao meu lado, mas isso fazia parte da minha saudade.

            Na maioria das vezes que eu ligava pra ela, agente ficava uma hora no telefone, daí sempre vinha alguém me chamar, ou ela tinha que fazer algo. Era muito engraçado quando eu ligava e ela estava na casa da Any, pois o Tom me ouvia dizendo “manda oi pra Any” e já vinha correndo perguntar como ela estava, o que tinha feito, se podia conversar com ela. Meu irmão gosto muito dessa menina e eu nem sabia o porquê, ele não havia me contado, e eu nem perguntava muito.

            Durante esses dois anos, eu e os Tokio Hotel terminamos a turnê na América, e fizemos mais alguns shows, apresentações em premiações, e até desfilei mais algumas vezes, mas depois retornamos aos estúdios e começamos a gravar outro álbum, e já fazia quase um ano, ou seja, estava em fase final, voltaríamos pra Alemanha e começaríamos a divulgação por lá.

            Nas minhas composições fiz algumas músicas pra Giovanna, uma que falava de saudade e outra de destino, cantei pra ela por telefone no dia em que compus, ela chorou, pude ouvir. Eu não sabia como e nem porque, mas depois de tudo que eu já tinha vivido, aquilo estava sendo a melhor parte, poder contar com a Giovanna pra tudo. Às vezes eu ligava e ela estava dormindo, mas me atendia do mesmo jeito, uma vez ela dormiu me ouvindo cantar a musica que havia composto, mas aquilo não me chateou, eu apenas disse o quanto gostava dela e desliguei.

            Minha vida estava girando em torno de ver, querer, fazer e depois contar pra Giovanna. Não tinha mais sentido se no final eu não pudesse compartilhar com ela, era como se ela fosse um pedaço de mim, uma continuação minha em outro lugar do mundo. Era isso que mais me doía, querer ter ela perto de mim e não poder ter.

            Uma das coisas que não pude fazer foi passar meu numero de telefone pra ela, pois eu mudava constantemente, preferi então apenas ter o dela e ligar sempre. Às vezes nem tinha nada de novo pra contar, apenas ligava pra saber como ela estava, e acabava escutando tudo o que ela tinha feito, era como se eu soubesse que ela queria falar comigo.

            Uma ligação muito forte surgiu entre nós, e agora eu tinha certeza de que eu a amava, era como se meu coração gritasse isso o tempo todo em minha cabeça, mas eu apenas o mandava ficar quieto, não podia fazer nada. Eu conversava muito com o Tom a respeito disso tudo, ele sabia que eu estava feliz por estar amando, mas estava triste por não tê-la perto de mim.

            Minha vida estava monótona, sem graça, eu queria tanto poder ver a Giovanna que já estava de saco cheio de tudo que fazia, eu queria acabar logo o CD, queria voltar pra Alemanha, queria férias, queria ela.

            Quando acabamos tudo que tínhamos que gravar e produzir nos Estados Unidos, voltamos pra Alemanha, pegamos um vôo comum, seria mais fácil era apenas eu e Tom, Georg e Gustav já tinham voltado há uma semana. Pra vária o vôo atraso, outra tempestade, isso me lembrava à vez que o vôo atrasou para irmos pro Brasil, tinha uma tempestade também, e logo depois tudo o que eu sempre quis aconteceu.

            Depois de cinco horas de espera no maldito aeroporto conseguimos embarcar, Tom estava agitado, queria voltar logo pra Alemanha, ver nossa mãe, nossos cães, eu também queria, mas estava pensando em Giovanna, ela me disse, na ultima vez que liguei no dia anterior, que estava quase conseguindo ir pra Alemanha, e se ela conseguisse? Eu ia amar estar na Alemanha pra recebê-la.

            O avião pousou, o desembarque foi um pouco tumultuado, algumas fãs que estavam lá vieram nos cercar, acabamos tendo que esperar na sala de espera da empresa pra poder pegar as nossas coisas, pois eles estavam demorando pra descarregar a bagagem por causa de um problema em um dos carrinhos estranhos de descarregamento. Eu não podia acreditar naquilo, o destino agindo novamente.