Amélia escrita por Lucas Temen


Capítulo 4
Casamento




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Após algumas semanas de preparo, o casamento entre Amélia e D. Pedro II já estava organizado. O povo reconheceu Amélia como sua nova imperatriz, mas algo incomodava a morena de olhos castanhos... Ela o amava. Ela realmente o amava. E queria se desfazer da mentira que a corroia por dentro, mas ao mesmo tempo queria se casar com seu amor.

– Estou bem neste vestido? – perguntou Amélia para Ebonee que sorriu como resposta.

– Está maravilhosa. Boa sorte – a escrava disse.

Amélia se virou e deu um abraço em Ebonee, que, em poucas semanas, conseguiu conquistar a amizade de Amélia. Baina apareceu de repente.

– Amélia – ela disse.

– Sim?

– Você está encantadora – sorriu.

– Obrigada, vou ir à carruagem agora, me desejem sorte! – disse Amélia em um tom animado.

Depois de alguns minutos de viagem estavam eles, Amélia e D. Pedro II, juntos. O povo gritava alegre, alguns vaiavam por preferirem a antiga imperatriz, mas o sorriso estampado no rosto de Amélia era altamente visível.

Pedro também sorria, mas olhando sua noiva, ele estava realmente apaixonado pela morena.

Parte da família de Amélia havia sido convidada, principalmente seu marido, que, por sinal, estava chocado com a situação. Carmem encontrava-se feliz pela sobrinha, e Edmundo também. Alguns primos e primas de Amélia sentiam inveja, outros, apenas sorriam e ficavam felizes com a conquista e o nome da família estar na realeza, era um honra para alguns.

Amélia andou pelo carpete vermelho da igreja segurando rosas vermelhas como sangue em um buquê decorado. Seu vestido branco arrastava no chão e seu pai a acompanhava orgulhoso. O que foi estranho, pelo fato dele ter ficado emburrado quando Amélia se casou com Marcos.

Amélia foi entregue ao seu noivo, D. Pedro II.

– Bem vindos, imperador e... – disse o padre.

– Amélia Araripe.

– Futura imperatriz – completou D. Pedro.

– Certo. Estamos todos presentes nesse momento tão esperado por todos.

O padre começou o discurso, era algo chato para Amélia e entediante, ninguém curtia esses discursos de padre, por mais religioso que fosse... Quem ligava?

Pedro II fingia interesse, assim como mais da metade da igreja fazia. O padre mesmo fazia isto apenas por obrigação, isso que Amélia pensava. Ela estava feliz. Por mais que tudo fosse um plano, ela sem querer encontrou seu verdadeiro amor, o imperador do Brasil.

Para a surpresa de muitos, alguém batia na porta da igreja, mas os guardas impediam de entrar, prosseguindo a cerimônia.

– Amélia...

Amélia não saiu de seus devaneios.

– ...A senhorita aceita se casar com D. Pedro II?

Devaneios... Devaneios.

– Amélia? – chamou D. Pedro.

– Ah! Perdão! Eu aceito, com todo meu coração, eu aceito.

– Então, se há alguém que seja contra... – Antes que o padre continuasse, a porta foi arrombada. E nada mais nada menos que Marcos Tavares ali para acabar com todo o plano.

– Largue a minha esposa, imperador! E mande ela para a guilhotina!

Todos da igreja assustados, alguns se levantavam tentando sair da mesma, outros apenas mostravam em suas faces desespero. Amélia estava assim, seu coração estava acelerado, enquanto o de D. Pedro II, desconfiado.

– Ela! – ele gritava.

– Ela! Essa vadia! – gritou novamente e agora apontou para Amélia.

– Guardas, mandem este homem embora daqui! – gritou Amélia quase em desespero.

– Não! Quero ouvir o que ele tem a dizer! – exclamou D. Pedro II, então os guardas trouxeram o rapaz, Amélia olhava o mesmo com desdém e raiva.

– A sua noiva querida. Sua noiva amorosa, doce e meiga! – zombou Marcos.

– Vá direto ao ponto, ser tosco! – gritou D. Pedro com raiva. Falou a primeira coisa que veio a sua cabeça e “tosco” saiu perfeito. Sim, ele criou o termo.

– Olha, ela sequestrou sua esposa! Ela é minha esposa! Ela tem apenas dezesseis anos! Como pôde Amélia?! Como pôde?! – gritava Marcos tentando se soltar dos guardas.

– Mandem este louco para o manicômio da cidade, por favor! – ordenou Amélia aos guardas.

– Não! Ainda não! – exclamou D. Pedro.

Pedro II ainda estava na dúvida. Será?

– Quero provas – afirmou D. Pedro II e assim foi feito. De trás das portas da igreja, saiu ela, Theresa Cristina.

– Cretino! – gritou a imperatriz.

O rosto de Amélia e o de D. Pedro eram completas amoras de tão corados. Amélia estava espantada, cheia de medo do que havia para acontecer. Os dois entreolharam-se e lágrimas recheavam o rosto do imperador.

– Você traiu minha confiança, eu te amei, Amélia – disse ele, fazendo com que Amélia chorasse também.

– Mas eu te amo – ela disse, mas o imperador não acreditou.

– Guardas! Preparem a guilhotina e levem esta jovem! – ordenou.

Dois guardas seguraram Amélia pelos braços, a morena esperneava, gritava, e, sem saída, viu que seria seu fim.

Algumas horas depois, Amélia estava em um lugar quente de chão de terra, ela não sabia ao certo, pois estava com um saco preto em sua cabeça e amarrada nas mãos e pés.

Após se mexer, conseguiu retirar o saco da cabeça e se encontrou em uma sala de paredes de pedra. A porta se abriu.

Pedro adentrou e olhou a garota com desdém. Amélia chorava de dor. Não física, mas emocional. E afinal, estava prestes a morrer. Um guarda segurou a jovem pela mão e conduziu até a guilhotina. Muitas pessoas vaiavam a moça e jogavam frutas como tomates, por exemplo.

Ela foi posta para morrer, então antes que tudo ficasse escuro, D. Pedro II apareceu.

– Adeus, Amélia.

– Eu te amei de verdade, Pedro – ela disse chorando.

Algo tocou seu coração, o guarda já estava pronto.

Pedro tentou parar, mas foi inevitável.

A guilhotina foi acionada.

Sangue, morte, Amélia.

Tudo se acabou, inclusive a escravidão.

FLASHBACK

– O que vamos fazer depois que você virar a imperatriz? – perguntou D. Pedro II para Amélia. Ambos no quarto de D. Pedro.

– Abolirei a escravidão, é injusto Pedro.

– Não deixaria que isso acontecesse.

– Você deveria.

– Irei pensar. Se você me amar de verdade, vou abolir.

– Como assim?

– Deixa pra lá, querida, pensei alto, apenas.

E assim foi abolida a escravidão. Amélia morreu e levou consigo muitas lembranças. Seu plano não funcionou e a morte foi inevitável. A morte... Ela é inevitável, mas, com isso, a escravidão acabou.


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