Häxor escrita por one of the Dumas girls


Capítulo 7
Uma nova amiga


Notas iniciais do capítulo

OLAA pessoinhas lindas! Nesse capítulo eu vou começar a apresentar melhor Häxor e os habitantes do reino. Então vamos logo conhecê-los!!!



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–Bem vinda à Zarahä, capital de Häxor.

Eu não sabia para onde olhar, não sabia se olhava para o rosto majestoso e enrugado de Kythana, para o chão de mármore polido, para as paredes de pedra, ou então para a bela vista que se tinha pela janela. Por ela, eu conseguia ver campos até onde à vista alcançava. Cavalos livres de pelagem cor de mel corriam pelas colinas. Algumas aves de rapina absurdamente grandes voavam pelo céu, caçando pequenos animais no bosque à direita. Mulheres andavam por todo o território possível de vista. O céu era tão azul, mais azul do que em qualquer lugar para onde eu já tenha ido. Sem nuvens, límpido.

–Senhorita Rosenbloom, - a rainha recomeçou - você tem se mostrado uma bruxa admirável. Com apenas um livro em línguas que nem compreendes, efetuou diversos feitiços na noite passada.

–Me desculpe senhora, mas bruxas? Eu não sou uma bruxa, sou uma garota. – interrompi-a ligeiramente assustada, confusa - Sou apenas eu.

–Não viu o que fez na noite passada? Fogo grego brotou em seu copo de água, isso é praticamente impossível, considerando que nunca foi treinada para tal. Apenas a magia presente em sua voz foi o suficiente para isso. Minha melhor instrutora a treinará.

Kythana sorriu amavelmente, mesmo eu estando terrivelmente assustada.

–Luana, venha. Podemos começar?

–Acho que a senhora poderia começar me contando onde estou exatamente.

–Estamos em meu reino, Häxor.

A senhora se levantou da cadeira e apontou com a cabeça para a janela. Aproximando-me da janela conseguia ver maiores detalhes. Os cavalos que eu havia visto anteriormente eram na realidade unicórnios com chifres brilhantes sob a luz do sol. As aves de rapina eram águias de cabeça branca, a mesma que é símbolo dos Estados Unidos da América, no entanto seus bicos e garras reluziam nos raios solares, ofuscando-nos a visão. Um grupo de lobos brancos, uma alcateia, estava deitado na orla da floresta próxima observando todos os movimentos ao seu redor. Algumas mulheres andavam pelo espaço, ocupadas com seus afazeres. Não vi sequer um homem pela janela nem no salão atrás de mim. Isso começou a me incomodar. Onde estavam os homens?

–Majestade, não há homens por aqui?

Sua expressão fechou e seus olhos escureceram antes da rainha me responder:

–Eles não possuem magia como nós, mulheres, temos. Não existem bruxos aqui nem em lugar algum, apenas bruxas, no feminino. As bruxas se casam com homens humanos, normais, comuns. Todos os filhos homens que um casal possuir serão comuns, já as meninas herdam os poderes de sua mãe e aprendem a domá-lo durante a adolescência, assim como você.

–Espera um pouco, a senhora está dizendo que minha mãe é uma bruxa?

–É claro, Hakana já foi a melhor, mas ela perdeu tudo uns 14 anos atrás... – a senhora engoliu em seco – Ela escolheu não contar nada a você até que você estivesse pronta, até que sua magia começasse a florescer. Ela que deve te contar essa história, não eu. Venha, Heloise te aguarda.

Concordei e segui a bruxa pela segunda porta a direita por um corredor iluminado, mas úmido e mofado, quente. Viramos à esquerda, à direita e à esquerda de novo. O que a rainha havia dito sobre a minha mãe ficava retornando a minha cabeça, sua voz ribombando em minha mente. Isso estava me perturbando, eu precisava saber o que havia acontecido quatorze anos atrás.

Depois de um tempo ziguezagueando pelos corredores eu desisti de tentar entendê-los. Uma porta de pedra surgiu na parede escura, Kythana a abriu sem hesitar e a atravessou, corri em seu encalço, encontrando uma sala iluminada por uma lareira, mesmo que estivesse sol e as janelas estivessem abertas. No cômodo se encontravam cerca de quinze garotas, todas falando e se movendo com uma graça surpreendente. Ao entrarmos elas se levantaram e fizeram uma mesura à senhora. Elas me observavam e cochichavam entre elas. Enrubeci, virei o rosto intimidada, por que elas têm de olhar para mim, comentar sobre mim? Eu sei que é porque elas são garotas e garotas discutem tudo entre elas. Eu sou uma garota, eu sei como é ser uma garota, mas também sei como é ser a pessoa nova, a deslocada, sei como é desconfortável.

–Heloise?- Kythana perguntou às meninas.

Todas elas voltaram a falar, mas desta vez para a mulher, em diversas línguas diferentes. Todas apontavam na mesma direção, a porta mais afastada do centro do aposento. Kythana atravessou a porta como um trovão, eu corri silenciosamente atrás dela.

–Heloise? – ela chamou.

Uma garota ruiva de cabelos curtos e inteligentes olhos verdes virou o rosto em nossa direção, devia ser alguns anos mais velha que eu. Ela acenou com o rosto para a rainha, que logo se despediu de mim e foi embora. Observei a jovem terminar de enfaixar com bandagens as mãos de uma outra garota. Seus dedos ágeis cuidavam da menina ferida, percorriam a pele levemente bronzeada dos pulsos finos da garota de olhos amendoados e cabelos escuros. Elas conversavam.

Por elas parecerem ocupadas, tive tempo de observar o espaço, era um pequeno quarto, com duas camas de solteiro colocadas perpendicularmente à parede. Tudo era branco, as paredes, o chão, os móveis a roupa de cama, tudo. Olhei novamente para ambas, a oriental flexionava os punhos sentindo o curativo, a ruiva observava conformada e orgulhosa a outra enquanto reorganizava a caixa branca e vermelha de primeiros socorros.

–Oi – disse aproximando-me delas.

Ambas as garotas me olharam confusas, como se não me entendessem. A morena falou algo em japonês eu acho, ou talvez fosse coreano, e então a ruiva respondeu na mesma língua. Em um milésimo de segundo, seus olhos azuis arredondaram-se surpresos e ela sorriu compreensiva. Heloise murmurou algo e tocou em sua própria língua com os dedos indicador e do meio de sua mão esquerda. Ela permaneceu naquela posição com os dedos na boca por quase um minuto, antes de retirá-los cobertos de uma pasta preta e tocá-los em minha testa, deixando-a escorrer pela curva de meu nariz.

Algo formigou em minha fronte e Heloise disse:

–Olá, você deve ser Luana Rosenbloom.

–Sim – respondi no impulso tentando não e afogar na imensidão desses olhos verdes oceânicos – e quem são vocês?

–Heloise Aurillac e Dambi Byum – a ruiva ronronava ao falar. – Pode vir, Dambi será sua parceira.

Sorri para a oriental, Dambi me olhou de cima a baixo e se levantou. Temos exatamente a mesma altura, mas seu corpo é muito mais desenvolvido que o meu. Suas mãos estavam enfaixadas e manchas de sangue sujavam as bandagens. Mais curativos envolviam seus joelhos, seu olho direito estava inchado, roxo. Parece que ela havia entrado em uma briga feia. Reparei que seu rosto também estava sujo com a mesma pasta preta da boca de Heloise. Dambi esfregou a manga de sua camiseta em sua testa, limpando a tinta e logo em seguida limpando o meu rosto também. Ela sorriu para mim.

–Eu volto em um segundo meninas – disse Heloise antes de sair e fechar a porta.

–Portuguese? – perguntou Dambi em um inglês carregado com sotaque.

–Yeah – respondi – Japanese? Korean? Chinese?

–South Korea – ela sorriu novamente, estreitando os olhos – Can I? – ela disse apontando para a própria boca.

Assenti com a cabeça e Dambi realizou os mesmos movimentos de Heloise, no entanto sua pasta era de um tom roxo berinjela.

–Prontinho – disse a garota depois que o feitiço fez efeito. – Vai ficar com essas roupas mesmo? – ela perguntou apontando para o uniforme branco e azul da minha escola.

–Eu não tenho outras roupas – respondi.

–Não tem problema, - ela agarrou meu braço e me puxou até uma cômoda no canto oposto do recinto. – alguma coisa aqui deve servir em você, eu também tenho que me trocar.

Só nesse instante reparei no quanto ela estava suja, as roupas cheias de lama, galhos e folhas no cabelo e areia no rosto. Ela mancava, se apoiando na perna esquerda. Dambi estava descalça, os pés cheios de calos. Ela abriu uma por uma as gavetas, retirando diversas peças de roupa até encontrar um vestido branco longo de algodão e jogar para mim.

–Aqui, gosta desse?

–Pode ser, você pode hm... – eu não sabia como pedir isso a ela.

–Me virar? Claro.

Antes que eu sequer respondesse, Dambi retirou suas roupas e começou a caçar outra coisa no interior do móvel. Ela estava apenas de calcinha e sutiã, ambos brancos, mesmo ela não se importando em mostrar sua intimidade, eu me virei para a parede e me troquei o mais rápido possível antes que ela se voltasse na minha direção novamente.

–Você ficou linda nele, - ela disse enquanto eu ainda fechava os botões nas minhas costas – deixa que eu te ajudo.

Dambi se aproximou e fechou os últimos botões da peça. Ela parecia ser uma garota legal, vibrante, sabia que íamos nos dar muito bem.


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Notas finais do capítulo

O que acharam? Gostaram de Heloise? E de Dambi? Comentar não mata ninguém, deixem suas impressões e qualquer tipo de crítica que queiram fazer. Obrigada, até semana que vem.



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