Mário...

Depois que o almoço ficou pronto, comemos calados, não falamos sobre nada do que aconteceu na escola. Mas eu estava doido pra terminar logo para que eu pudesse sair pra passear com Rabito. E também estava querendo contar para Cirilo, como será que ele ficaria quando soubesse que agora eu tenho um companheiro para todos os dias? Seria legal né? Enfim, assim que acabamos de almoçar, meu pai saiu novamente, pois precisava voltar ao trabalho, enquanto eu decidi ir para o meu quarto descansar um pouco, não tinha nada pra fazer naquele dia, por isso decidi esperar algum tempo até arrumar o que fazer.

Estava sossegado no quarto, deitado na cama, quando Gustavo aparece na porta:

–Ei Mário, o que acha de irmos dar uma volta com o Rabito?- perguntou ele.

–Pode ir com ele Gustavo, eu vou ficar aqui, estou com muito sono.- falei, o que era verdade, estava mesmo com sono.

–Tudo bem então.

Assim que escutei a porta da frente se fechando, fechei os olhos e dormi.

Gustavo...

Confesso que eu havia adorado o Rabito também, eu por mim dava um banho nele e tal, mas acho que faria isso só depois, ou talvez no dia seguinte, mas para aproveitar logo, decidi levá-lo pra passear.

–Ei Mário, o que acha de irmos dar uma volta com o Rabito?- perguntei.

–Pode ir com ele Gustavo, eu vou ficar aqui, estou com muito sono.- respondeu ele, mas ele parecia mesmo estar com sono.

–Tudo bem então.

Estranhei ele ter recusado ter ido dar esse passeio, mas relevei, ele não parecia triste, só cansado. Então peguei as chaves de casa e saí.

Estava na minha, passeando pra lá e pra cá com o Rabito, levei ele até um parque, onde ficamos brincando de "pega e devolve", acho que é assim que se chama, mas enfim, depois que ele se cansou de brincar, ele ficou descansando em meus pés até que levantei e peguei sua coleira para voltarmos pra casa. Até que vi Ana Vitória vindo até a mim com um sorriso no rosto.

–Oi.- ela disse, sorridente.

–Oi Aninha.- respondi, sorrindo também.

–Que cachorro lindo, é seu?

–Meu e do Mário. Foi um presente do papai.

–Muito lindo mesmo. E como ele se chama?

–Rabito.

–Nome bonito também.

–E o que você faz por aqui?

–Ah, eu estava na casa de uma amiga, mas já estou voltando para a minha, aí eu vi você chegando com o Rabito e resolvi vir conhecê-lo.

A essa altura, com certeza era na casa de Marcelina que ela estava, mas até que a Aninha não parece ser igual à Marcelina, ela parece mais simpática e sorridente do que Marcelina, pelo menos por enquanto, tá parecendo.

–E você gosta de animais? - perguntei, depois de uns segundos.

–Gosto muito, pena que tenho alergia a gatos.- ela disse, séria.

–E por quê não tenta um cachorro?

–Porque meus pais são contra.

–Ah, que pena. Mas você mora em casa ou apartamento?

–Casa mesmo.

–Estranho, porque criar cachorro em apartamento até dá pra relevar, mas em casa não tem problema nenhum, não entendi essa deles.

–Nem eu, mas como eu não posso fazer nada porque são eles que mandam.

–É mesmo. Uma pena, acho que se você tivesse uma cachorrinha, nós podíamos dar um passeio com nossos mascotes por aí.

–É verdade, mas quem sabe um dia né?

–É, quem sabe?

Marcelina....

Puxa, realmente o Mário é uma pessoa bem difícil mesmo, porque o Cirilo disse que terei que fazer tantas coisas para conquistar ele. Não que seja muita coisa, mas são coisas bem difíceis, como dar presentes do gosto dele, gostar de coisas que ele gosta, enfim, pareciam coisas difíceis, pois eu nunca tive esse tipo de experiência. E o mais difícil de tudo é descobrir do que ele gosta, pois ele não quer falar comigo, então, vai ficar bem difícil de saber os gostos dele. Mas, indo devagar eu chego lá, só preciso ter paciência e não deixar que o Mário desconfie de nada.

Naquela mesma tarde, eu estava sozinha em meu quarto, lendo novamente a lista de coisas que eu precisava fazer pra reconquistar a confiança do Mário, quando escutei a porta de meu quarto bater.

–Oi amigaaa!!!- era Aninha, que veio correndo, ou melhor, pulando e gritando em minha direção até me abraçar.

–Nossa, quanta animação!- eu disse, animada.- O que aconteceu?

Ela respirou fundo, se acalmou um pouco e logo começou a falar:

–Hoje eu encontrei o Gustavo, irmão do Mário, no parque.

–Sério? Bom, pela sua animação, o encontro foi bom. Me conta, vai.

–Ai amiga, foi muito bom mesmo, o Gustavo é um fofo.

Ana Vitória...

Estava indo sozinha pra casa, quando passo pelo parque e logo à uns metros à frente, vejo Gustavo com Rabito. A princípio, fiquei um pouco nervosa, não esperava encontrar Gustavo assim, tão rapidamente, ainda mais porque não tinha feito nada que o Cirilo falou para conquistar a confiança dele, mas senti que era a chance de falar com ele. Por isso, controlei o nervosismo e fui até lá:

–Oi.- digo, ainda um pouco nervosa.

–Oi Aninha.- diz Gustavo, com um pequeno sorriso.

–Que cachorro lindo, é seu?

–Meu e do Mário. Foi um presente do papai.

–Muito lindo mesmo. E como ele se chama?

–Rabito.

–Nome bonito também.

–E o que você faz por aqui?

–Ah, eu estava na casa de uma amiga, mas já estou voltando para a minha, aí eu vi você chegando com o Rabito e resolvi vir conhecê-lo.

–E você gosta de animais?

–Gosto muito, pena que tenho alergia a gatos.

–E por quê não tenta um cachorro?

–Porque meus pais são contra.

–Ah, que pena. Mas você mora em casa ou apartamento?

–Casa mesmo.

–Estranho, porque criar cachorro em apartamento até dá pra relevar, mas em casa não tem problema nenhum, não entendi essa deles.

–Nem eu, mas como eu não posso fazer nada porque são eles que mandam.

–É mesmo. Uma pena, acho que se você tivesse uma cachorrinha, nós podíamos dar um passeio com nossos mascotes por aí.

–É verdade, mas quem sabe um dia né?

–É, quem sabe?

Ficamos quietos e meio sem jeito por um instante, mas mesmo assim, continuei brincando com Rabito, mas eu estava ficando agoniada e impaciente, minha primeira chance de falar com Gustavo não podia passar em branco, eu precisava falar algo ou então ele tinha que falar algo.

–Não quer sentar um pouquinho?- perguntou ele e eu fiquei aliviada.

–Pode ser.- respondi.

Então nos sentamos no mesmo banco que ele estava sentado antes e continuamos a conversar.

–Você e a Marcelina são amigas há muito tempo?- perguntou Gustavo.

–Sim, digamos desde que éramos crianças.- respondi.

–Que legal. É bom ter amigos assim, que conhecemos na infância e crescemos ao lado deles.

–Com certeza.

–Quer alguma coisa pra beber?

–Sim, vou querer um suco de laranja.

–Então segura um pouco o Rabito que eu já volto.

Enquanto Gustavo comprava dois sucos de laranja pra nós, eu fiquei acariciando o pelo macio do Rabito, pena que eu nunca pude ter um cachorro daquele, se eu pudesse, era justamente essa raça de cachorro que eu pediria para os meus pais. Logo depois de alguns minutos ele voltou com os sucos e bebemos. Assim que acabamos, decidimos ir pra casa.

–Gostou do suco?- perguntou ele.

–Gostei sim, tava uma delícia.- respondi.

–Você mora aonde?

–Naquela rua ali.

–Sério? Minha casa é por lá também.

–Jura? Que coincidência!

–É mesmo né? Vamos juntos então?

–Vamos, claro.

Outra coisa surpreendente de Gustavo, foi ele ter decidido me levar até minha casa. Fomos conversando pelo caminho, só paramos quando chegamos em minha casa.

–Bom, até amanhã na escola?- perguntei.

–Com certeza.- respondeu ele- Você também vai amanhã?

–Sim.

–Então tá. Tchau.

E então, Gustavo me deu um beijo no rosto, admito que fiquei surpresa com a atitude inesperada dele, mas no fundo eu senti uma animação muito grande. Mas me controlei, me despedi de Rabito também como se nada tivesse acontecido e seguimos nosso caminho. Mas quando entrei, percebi que não aguentaria esperar o dia seguinte pra contar para Marcelina, precisava contar logo, pois estava muito ansiosa. Então decidi esperar no máximo uma hora para voltar à casa da Marcelina e contar-lhe a novidade.