Gustavo...

Eu não sei o que está acontecendo ultimamente, depois que as meninas vieram passar o fim de semana todo na nossa casa, as coisas têm estado muito estranhas. A Aninha está um pouco distante de mim assim como o Mário e a Marcelina se aproximou bastante, só que eu fico confuso, o que será que eu sinto pela Marcelina? Ela é minha cunhada, mas ultimamente a nossa amizade ficou tão forte, viramos tão amigos quanto antes e parece que isso causou um pouco de ciúmes no Mário e da Aninha, porque eles têm ficado um pouco distantes de nós, isso não faz nenhum sentido, está muito estranho. 

—Calma, preciso repensar... Eu ajudei a Marcelina cuidando do pé machucado, então, acho que essa aproximação repentina deve ser apenas um modo de retribuição dela pela ajuda... Não não, ela jamais iria deixar o Mário de lado como ela deixou, além de que eu também deixei Aninha para trás, nem sequer falei com ela, o que está acontecendo comigo? - falei comigo mesmo ainda deitado na cama logo depois de acordar no dia seguinte. Mas por mais que eu tentasse chegar à uma conclusão, não conseguia entender o que estava acontecendo, Aninha nem sequer falou comigo quando ela e Marcelina foram embora de casa, enquanto que Marcelina se despediu de mim com um abraço, o mesmo que Mário fez com Aninha. Eu acho que, por algum motivo, nós quatro estamos confundindo nossos amores e deixando de dar atenção à um para dar atenção ao outro que não faz nada.

Chateado, permaneci deitado na cama e fiquei pensando em como pedir desculpas à Aninha por tê-la ignorado e praticamente a trocado pela Marcelina, pois é ela quem eu amo e a Marcelina ama muito o meu irmão, sem contar também que ele deve estar muito triste comigo por tudo que aconteceu, do jeito que ele é mais sensível e emocional, deve estar muito mal agora e com certeza não querendo me ver tão cedo, pois eu dei a entender algo que não é o certo. Mas não podia deixar isso como estava, eu precisava ir até a casa de Aninha pra esclarecer tudo e depois eu vou falar com Mário. Sim, isso mesmo, era o que faria. Então, aproveitei que Mário ainda dormia e levantei da cama, troquei de roupa e saí de casa rumo à de Marcelina para falar com Aninha e pedir desculpas. Quando cheguei na porta, toquei a campainha e esperei ela atender.

—Oi Gustavo. - disse Marcelina ao abrir a porta.

E agora? O que eu digo pra ela?

Marcelina...

Depois que meu pé finalmente melhorou, Aninha e eu decidimos ir pra casa, já que nossa mãe podia estar preocupada com a gente, mais comigo por causa do pé mesmo. Quando nos despedimos, Mário me deu um abraço tão frouxo que parecia não querer me abraçar, estranhei, mas assim que ele se separou e eu ia perguntar porquê ele não estava me abraçando do jeito que eu queria, ele foi ao encontro de Aninha e a abraçou enquanto Gustavo veio me abraçar e nos despedimos.

Quando chegamos em casa, Aninha foi direto para o banheiro e eu pro quarto, estava confusa sobre o que havia acontecido para o Mário não querer se despedir direito de mim, mas eu tenho certeza que alguma coisa eu fiz para que ele me tratasse daquele jeito porque Mário não é o tipo de garoto que fica mal à toa. Então, deito na cama e fico pensando no que pode ter sido tudo isso. Será que é ciúme por eu ter me aproximado do Gustavo tão repentinamente após ter machucado meu pé? Mas não aconteceu nada demais naquele momento, se eu tivesse abraçado, beijado ou ficado perto demais do Gustavo eu até entenderia, mas não houve nada demais, apenas uma leve aproximação, sem contar que a meu ver, não havia outra maneira de retribuir o favor que ele me fez, não havia nada demais nisso. Mas, acho que se eu conversar com o Mário, talvez eu consiga esclarecer tudo e aí as coisas vão voltar ao normal, não posso deixar tudo isso como está.

—Oi filha, como está o seu pé? - perguntou minha mãe depois de entrar no quarto.

—Está melhor mãe, agora eu posso andar sem mancar. - sorri olhando meu pé já sem curativo.

—Que bom, o Mário fez um excelente trabalho cuidando de você.

—É... fez sim. - falei meio sem graça, como contar à ela que foi o Gustavo quem havia me ajudado e agora minha situação com o Mário não estava muito boa?

—Eu vou sair pra comprar umas coisas tá filha? Mais tarde volto.

Sorri assentindo e ela me beijou na testa. Assim que a vi sair, Aninha entrou no quarto vestindo uma blusa preta e short branco.

—Mãe vai comprar umas coisas maninha. - disse para ela.

—Ok. - ela respondeu sorrindo e pegou o celular mexendo.

Mesmo estranhando a reação dela, liguei a tv e comecei a assistir algo, só que aquilo foi me deixando incomodado, afinal, não havia motivos para que ela me tratasse daquele jeito, até que ouvi a campainha tocar e resolvi atender já que Aninha pareceu não ter prestado atenção. Quando atendi pensando que era Mário, vi que era Gustavo.

—Oi Gustavo. - falei o olhando surpresa.

—Oi Marcelina, a Aninha tá aí? - perguntou ele olhando no fundo da casa.

—Está no quarto, quer que eu chame ela? 

—Sim, eu preciso conversar uma coisa com ela.

Assenti e quando me virei para chamá-la, vi que ela estava na sala, nos olhando, uns milésimos de segundo, ela continuou andando para outro cômodo da casa nos ignorando, havia algo errado naquilo.

—É sobre isso que eu queria falar, acho que estamos próximos demais e isso está incomodando os dois um pouco. - disse Gustavo.

—Dois? Mário e Aninha? - perguntei confusa.

—Exatamente, o Mário também não está falando muito comigo. 

Fiquei chocada com aquela revelação, mas ainda não entendia porquê aquilo estava acontecendo se não tinha feito nada com o Gustavo, tem algo errado e eu preciso descobrir o que é.