Marcelina...

–Hoje, quero falar com vocês sobre nosso próximo alvo de gozações.- começou Rodrigo.

–Pode falar.- disse Vinícius.

–Na próxima vez, iremos zoar os menos populares daqui. O que acham?

–Ótima ideia.- respondemos em uníssono.

–Começaremos por esses três aqui.- Rodrigo mostrou as fotos de uns meninos, uma de Gustavo, outra de Mário e outra de Cirilo. Engoli em seco.

–Eu nunca vi esses meninos andarem com ninguém a não ser com eles mesmos.- disse Lúcia.

–Claro, são anti-sociais como todos os nerds.- falou Thiago.

–Por isso que é perfeito aprontar com eles, vão passar pela maior humilhação da vida deles.- disse Vinícius

–Então vamos lá, o plano vai ser o seguinte: zoaremos com eles chamando-os de várias coisas ruins que eles com certeza não vão gostar.- disse Rodrigo.

–Você vem também Marcelina? Começaremos amanhã.- perguntou-me Thiago.

–Acho melhor não, obrigada.- respondi, controlando o nervosismo.

–Por quê não?

–É que eu tenho andado ausente das reuniões, muito ocupada com a escola, além de que pegaria mal ter ficado ausente todo esse tempo e só agora voltar.

–Sabe que eu também acho? Não tinha pensado nisso, mas agora que ela falou, percebi que ela tem razão.- disse Rodrigo.

–Sério?

–Sim.

–Tudo bem então Marcelina, você quem sabe.- disse Thiago.

–Obrigada.- respondi e saí da sala calmamente, mas na verdade, eu estava completamente eufórica, pois tinha conseguido evitar fazer algo que eu não queria, que era implicar com Mário, já que daria muito trabalho reconquistá-lo de novo depois de zoar ele como fiz na primeira vez.

Quando saí da biblioteca, estava indo em direção à sala e assim que cheguei no corredor, vi Aninha e Gustavo se beijando. Aninha estava com as costas na parede e segurava os cabelos de Gustavo, enquanto ele segurava a cintura de Aninha. Era um beijo calmo, romântico, como aqueles de novela. Mas se você se pergunta se eu interrompi, eu digo que não. Não interrompi e nem fiquei surpresa, porque do jeito que eles viviam juntos o tempo todo, estava claro que alguma hora acabaria rolando. Fiquei ali por um tempo, observando escondida, pensando se Mário já sabia do que estava rolando entre os dois, que só pararam mesmo quando o sinal do fim do recreio tocou.

Assim que eles entraram na sala, eu entrei logo em seguida. Sentei em minha carteira e coloquei meus fones pra me distrair até o início da aula. Começou a tocar "Never gonna be alone" do Nickelback. Nossa, como eu amava essa música, era difícil ficar sem ouvir essa música, pelo menos pra mim.Então, fechei os olhos e fiquei ouvindo, ouvindo. Quando estava no final da música, a professora entrou na sala com uma garota. Rapidamente desliguei a música e guardei o celular e o fone de ouvido na mochila pra prestar atenção.

Era uma menina um pouco mais baixa que eu, de cabelos castanho-claro bem longos e olhos castanhos também. Nunca vi essa garota na vida, nem na escola nem nas ruas, será que era aluna nova?

–Turma, essa é a Luana Vieira, ela será aluna de vocês a partir de hoje, deem boas-vindas à ela!- pediu a professora e nós batemos palmas e dissemos "Seja bem-vinda Luana" e ela logo se sentou e a professora começou a aula. Mas adivinha onde ela sentou? Ao lado do Mário, tomara que ele não dê atenção pra ela, senão vai tudo por água abaixo.

Mário narrando...

No dia seguinte, quando entrei na sala, ainda teria que esperar mais um pouco para entregar o trabalho, meu principal objetivo era tentar falar com Marcelina. Puxar assunto é fácil, mas o difícil seria a hora de me declarar pra ela. Tudo bem que não seria naquele dia, mas quando fosse, sem dúvida ia ser difícil, porque para quem nunca havia sequer se apaixonado antes, assim como eu, era algo bem difícil colocar tudo o que sentia em palavras.

Quando cheguei na escola no dia seguinte, percebi que cheguei antes de Marcelina, pois a carteira dela estava vazia, mas mesmo assim, eu sentei. E ela só foi chegar alguns minutos depois, quando faltava pouco pra aula começar. Mesmo assim, a chamei:

–Oi Marcelina.- eu disse, estendendo a mão pra ela e sorrindo.

–Oi Mário.- ela respondeu, também sorrindo.

–Ansiosa pra aula?

–Um pouquinho, e você?

–Também.

–Então se prepare que a professora chegou.

Fiquei assistindo a aula frustrado por não ter conseguido falar com ela antes, agora teria que esperar o recreio pra falar com ela, mas não tem importância, pelo menos eu vou conseguir falar sim. A aula passou normalmente até que chegou a hora do recreio, quando peguei o dinheiro do lanche na mochila, vi que Marcelina já havia saído da sala. Passei o recreio todo procurando por ela para tentar conversar com ela, mas não consegui.

–Tá procurando alguém Mário?- perguntou uma voz atrás de mim. Cirilo.

–Sim, a Marcelina. Queria falar uma coisa com ela, mas eu não a encontrei até agora. E o pior de tudo, é que o recreio está acabando.- lamentei.

–Eu a vi entrando na biblioteca desde o início do recreio.

–Sério? E o que ela foi fazer lá?

–Não sei, só a vi entrar.

–Eu vou até lá.

Porém, não tive tempo de ir, quando eu saí do local onde estava, para chegar à biblioteca, tinha que passar pelo corredor de nossa sala. E quando passei, ouvi o sinal do fim do recreio tocar. Eu não era um aluno pontual, que gostava de chegar sempre na hora, mas nossa próximo professora era muito brava e não admitia atrasos. Por isso, eu logo entrei na direção da sala de aula.

Quando passei pela mesa da Marcelina, ela nem me viu pois estava distraída e com fones no ouvido, eu então toquei seu ombro e ao me ver, ela sorriu pra mim em resposta. Dessa vez, eu fiquei triste, pois queria falar com ela. Alguma coisa estava errada. Depois que ela se virou pra frente para prestar atenção na aula, fui para meu lugar e me sentei, até que chegou a hora de começar a aula e percebi que a professora da primeira aula chegou com uma garota que eu nunca tinha visto na minha vida. Era uma menina mais ou menos da minha altura, de cabelos castanho-claro bem longos e olhos castanhos também. Era realmente uma garota muito bonita, mas será que era aluna nova?

–Turma, essa é a Luana Vieira, ela será aluna de vocês a partir de hoje, deem boas-vindas à ela!- pediu a professora e nós batemos palmas e dissemos "Seja bem-vinda Luana" e ela logo se sentou e a professora começou a aula.