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Contava os segundos enquanto ouvia o som de Tic Tac ecoar pelas paredes empoeiradas. Apesar das paredes empoeiradas, não sentia vontade de espirrar. Era tão estranho. Essa sensação nova... é como se você fosse apenas algo sem alma, algo que não sente nada. E por incrível que pareça, isso aumentava cada vez mais minha "dor".

Não sei a quanto tempo estou aqui, mas isso não importa, já que não vou mais crescer. Queria pelo menos um amigo aqui... Isso me faz ter lembranças.

Lembranças de quando eu podia ver seu sorriso. Aquele sorriso que raramente aparecia, e quando aparecia, iluminava até os cantos mais escuros. Como sinto sua falta. É estranho eu ter sentimentos ainda, mas as lágrimas não saírem.

Queria ter perdido a memória naquele dia, assim, acho que meu sofrimento seria menor.

Me movi. O som dos ossos esqueléticos se movendo eram como uma câmera movendo sua "cabeça" para os lados. Olhei minha mão. Aparentavam ser somente uma mão sem pele e de ossos de metal, e a outra, a direita, para ser mais preciso, só havia um gancho velho enferrujado. Devo admitir, eu estava completamente enferrujado. Meus movimentos estavam lentos, mas eu continuava a tentar. Semana passada eu consegui correr, mas um dia eu corri tão rápido que acabei matando o guarda. Não sei como fiz isso, já que as ferrugens estavam maiores aquele dia, mas fiz.

Não sinto mais fome, mas mesmo assim eu continuo comendo. Sinto vontade de chorar quando como algo na esperança de sentir o gosto da comida, mas as lágrimas não saem.

Os funcionários nem se dão ao trabalho de vir me ajudar. Tirar as ferrugens, limpar essa pele artificial que está quase mais suja que essa parede.

Sinto dor até quando ouço minha voz. Antes a voz de um garoto normal, agora minha voz está robótica e grave, como a de um verdadeiro "pirata robô".

Percebi que estava amanhecendo, porque ouvia vozes do lado de fora. Hoje não contrataram guarda noturno. Ainda bem, não gosto de ser vigiado. Sabe como é a sensação de ser viagiado 24 horas por dia? É, nem queira saber.

As vozes eram abafadas pelas paredes empoeiradas. Ouvi um barulho de chave, e então, ouvi a porta principal sendo aberta. Falando nisso, nem eu sei o porque de não poder mais dar meus shows. Não que eu gostasse de inventar histórias improvisadas para a criançada, claro. Todo o santo dia eu tinha que inventar uma história de pirata nova para poder contar, e isso era difícil. Super difícil. Disseram que simplesmente não iria mais dar meus shows. Eu só não sei porque. Eu até gostava de fazer meu trabalho, porque aí eu tinha algo pra fazer, mas agora não tenho, e isso está ficando um tédio. Claro que às vezes de madrugada, Chica ou Bonnie vem falar comigo, mas só às vezes, quando não tem guarda noturno.

Ouvi vários gritinhos e vários pezinhos correndo para dentro do estabelecimento. É, hoje será barulhento. Pensei.

Os animatronics ainda não começaram seu show. Ouvi barulho de passos subindo no palco, e logo deduzi ser Charlie Fazbear, o dono do estabelecimento.

–Olá, senhoras e senhores! - começou Charles - Como alguns sabem, eu sou Charles, o filho do chefe da empresa Fazbear Entertainment, e vim dar-lhes uma ótima notícia. - Tomara que seja boa para mim também. Pensei - Vamos reabrir o estabelecimento! Com novos animatronics e novas atrações! - disse no microfone

As crianças vibraram. Pareciam animadas.

–Bem, amanhã o estabelecimento estará aberto na rua daquele cartaz ali. - deve ter apontado para algum cartaz - Então por hoje, podem se despedir de seus queridos animatronics!

Serei substituído? Isso é ótimo! Poderei andar livremente à noite sem que ninguém me fale para fazer algo que eu realmente deva fazer!

–Ah e, uma última coisa. - chamou a atenção das crianças para si novamente - Vamos fazer os animatronics virar humanoids. Até mesmo os não usados mais.

– Humanoids? Quer dizer que... vou poder sorrir novamente? Pensei feliz. Faz um tempo que não posso sorrir, então acho que minhas bochechas iriam doer, de alguma forma, já que sou incapaz de sentir dor

~~~Quebra de Tempo~~~

O dia passou até que rápido. As crianças se divertiram, até. Os funcionários finalmente chegaram. Eles nos pegaram e nos colocaram em caixas. Nos colocaram em um caminhão e... credo! Parecia que tinha um terremoto lá dentro. Acho que estou ancioso demais, tanto que estou até tentando fazer piada. Depois de mais ou menos 1 hora de viagem, os funcionários pegaram nossas caixas e nos deixaram em um mecânico.

Ele tirou nossa pele artificial e nossa pele robótica por baixo da pele. O mesmo apenas limpou os ossos esqueléticos e tirou as ferrujens. Me sinto tão mais leve agora... O albino, que era o mecânico, que embora tinha o cabelo branco, aparentava ter 23 anos, colocou uma nova pele robótica, e depois colocou a artificial. Nossos olhos continuaram o mesmo ele apenas pintou um pouco por dentro dos olhos para os "renovar". Retirou nossa cabeça e limpou seu esqueleto robótico, também tirando a pele artificial. Ele viu corpos mortos dentro de nós, e se assustou, mas logo tirou os corpos e entregou para a polícia. Logo sabendo que as "5 crianças desaparecidas" estavam "mortas". Minha alma continua presa aqui porque só preciso do cérebro em minha cabeça para "sobreviver", e o albino não olhou por dentro do esqueleto da cabeça.

Colocou cabelo também artificial e em seguida colocou as roupas, que Charles havia mandado fazer. Eu fui o último a ser terminado, mas claro que o albino teve ajuda de assistentes, por isso terminou isso em pouco tempo.
Ao fim da tarde, o caminhão veio dos buscar e nos levaram de volta à pizzaria, e logo uma conversa se iniciou.

–Nossa, ele termina rápido mesmo. Bem que Charles falou. - ouvi uma voz feminina

–Verdade. Agora vamos, temos que colocá-los na Part/Service logo, assim depois temos menos trabalho. - disse uma vz masculina

–É, ainda bem que finalmente terminamos por hoje. - a voz feminina de novo
Então as vozes foram se aproximando. Senti pegarem minha caixa e me levarem para algum lugar. Os mesmos abriram a caixa e me fingi de morto.

Não deu tempo de fechar os olhos, então os deixei semi-cerrados. Os dois me pegaram e colocaram atrás de uma parede. Estava em uma salinha escura. A menina parecia ter entre 19 e 20 e o menino 20 e 21. Ela tinha cabelos lisos castanhos e olhos verdes, e ele tinha os cabelos do mesmo jeito, mas com os olhos castanhos também. Pareciam irmãos.

–Vamos, Isa. - disse o moreno (Autora: Meu verdadeiro nome ♥)

–Tá, Richard. - disse a morena de olhos esmeralda. Em seguida os dois saíram.

Ambos foram pegar os outros. As crianças estavam se divertindo com os novos animatronics. Aos poucos, os antigos foram chegando, um por um. Quando todos chegaram, devia ser no máximo 7 horas da noite. Já estava na hora de fechar.

–Bem, crianças, o show acabou por hoje! - disse Charles do palco, e as crianças falaram "Ahhhh...." desanimadas - Amanhã terá mais! Até a próxima! - e aos poucos todas as crianças foram indo

Os funcionários, pouco depois de limparem o estabelecimento, foram saindo também. Até que não sobrasse nenhuma alma viva.

Como já estava de olhos abertos, apenas levantei. Iria conhecer a pizzaria e os Toys. Quero ser amigo deles, não inimigos, como já tenho o Freddy.

–Onde vai, Foxy? - me perguntou Chica

–Vou explorar... - respondi. Minha voz estava um pouco menos robótica. Ainda bem, conseguiram desfarçar. Acho que não prestei atenção quando trocaram minha caixa de som

–Hum... - respondeu

–Depois eu vou também, Foxy. - disse Bonnie, sorrindo, sorri também

Freddy apenas disse um "Hunf" e virou a cara, deitando.

Saí da Parts/Service e fui explorar um pouco. O lugar agora já não era mais tão empoeirado. Era até que limpo. É, também, maior que a antiga pizzaria. À direita da Parts/Service, tinha 4 salas. As salas de festa. Logo depois, havia a sala do segurança. Ótimo, as duas salas ficavam próximas, então seria mais fácil matá-lo. Em frente à Parts/Service havia mais um corredor, que dava acesso aos banheiros. Logo depois, um salão enorme com vários jogos Arcades e mesas com chapéus de festa. Ao lado esquerdo (quando entramos no salão), havia um palco, e logo ao seu lado, a saída. Do outro lado do salão, havia um Animatronic novo segurando um balão e uma plaquinha, depois tinha outra sala, mas ao lado do novo Animatronic tinha, provavelmente, a cozinha. O "menino" virou a cabeça e olhou para mim.

–Você... quem é você? - perguntou com um sorriso (Autora: Animatronics na forma de Anime, ouviram?)

–Sou um dos antigos... - respondi hesitante

–Aqueles que foram substituídos? - perguntou alegre - Legal! Você deve ser Foxy, né? - perguntou - Vou te apresentar os outros!

Ele me puxou para aquela salinha ao lado dele.

–Essa é a Toy Foxy, sua Toy! - olhei e vi uma raposa de cabelos curtos, rosas claros, com uma roupa listrada e olhos cor-de-mel. Ela estava sentada no canto da parede. Parecia pensar em algo. O garoto correu até minha Toy e disse - Toy Foxy, aquele é o Foxy, seu Old! - disse com os olhos brilhando. Ele não tinha um Old, então deveria estar animado. Mas espera... Animatronics tem sentimentos? Será que ele... ah, esquece

–Humm... - a rosada não mostrava sentimento algum

–Vamos Toy Foxy, anime-se! É seu Old! - disse o baixinho

A rosada pareceu desistir. Olhou para mim. Não fez nada e olhou para baixo de novo.

O baixinho a olhou triste. Pareceu entender algo. Assentiu e me puxou novamente.

–Esses são Toy Bonnie, Toy Chica e Toy Freddy. - disse apontando para cada um, os três me olharam e sorriram. Sorri também. Não quero fazer inimigos, não?

–Sou Foxy. - me apresentei. Os três começaram a conversar animadamente comigo. É, eles não eram tão ruins. Bonbon e Toy Chica eram garotas super legais, e Toy Freddy é meio sério, mas um ótimo amigo

–Foxy, vimos que tentou falar com a sua Toy. - disse T. Chica

–Sim... não ligue muito para aquilo, ela é assim mesmo. - disse Bonbon

–Ela fala que ela já foi viva. Sinceramente, eu queria ser vivo também. - disse T. Freddy

Ela era... viva?... Como eu?

–Vou ver o Spring. - disse uma voz atrás de mim. Me virei e vi minha Toy indo em direção À cozinha

–Eu também queria conhecer esse tal de Spring. - disse Ballon Boy de braços cruzados e com um biquinho
Olhei minhas mão, e por algum motivo, tive a vontade de a seguir.

–Bem, eu vou descobrir. - e saí andando. Disse para Ballon Boy não me seguir, já que ele poderia fazer algum barulho. Na cozinha, tinha uma porta bem escondida, atrás de um grande armário. Comecei a espiar mina Toy que conversava com alguém

–Vamos, fale quem é você... não quero mais ficar sozinha... - disse triste

–Se eu te disser, você não vai querer mais falar comigo. - disse uma voz que desconhecia

–Tudo bem... eu não ligo...

–Não. Eu quero ficar sozinho um pouco... - fez uma pausa - pode ir agora?

–Claro. - se levantou e saiu, e eu me escondi a tempo

Mas quem era ele? Era vivo também?...