Crônicas de um Erudito escrita por Filippi Araújo


Capítulo 7
Capítulo final - Cacos de Vidro


Notas iniciais do capítulo

Bom pessoal, chegamos a conclusão dessa estória. Gostaria de agradecer a todos os meus leitores pelo apoio e por me acompanharem. Beijo ♥



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Sereena e eu estávamos no banheiro escondidos.

– Certo, o ataque começará dentro de algumas horas. Precisamos de avisar Quatro de algum jeito. – Sereena falou.

– Você vai tentar chegar até a Audácia e avisá-lo. Eu vou resgatar Olliver e sua mãe. – Respondi.

– Você não vai conseguir entrar lá sozinho. É muito protegido. – Ela questionou.

– É a nossa melhor chance. Pouquíssimos membros da Erudição estão aqui. – Justifiquei.

– E como você vai sair? – Ela perguntou.

– Avise ele rápido e volte. – Respondi. Tirei a chave de um carro do bolso da jaqueta. – Espero que saiba dirigir. Se nós não estivermos aqui quando chegar, fuja. Procure abrigo e nos espere. Prometo que resgatarei sua mãe.

– Certo. Te espero do lado de fora. – Ela pegou as chaves, me abraçou e saiu com cuidado do complexo da Erudição.

Peguei a arma com a qual Terrence tentara me matar, o mapa do complexo, uma faca e um decodificador. Fechei o zíper da jaqueta até o pescoço e saí sem fazer barulho. Embora as câmeras estivessem sob meu comando, o discurso de Jeanine deixara muitos membros nervosos e inquietos, e mesmo na madrugada, muitos ainda estavam acordados.

Quando saí da área dos dormitórios, foi mais tranquilo. Haviam menos guardas, e os poucos que me viram nocauteei com facilidade. Quando cheguei ao elevador, haviam dois guardas com armamento pesado guardando as portas. Me afastei um pouco sem que me vissem e dei um tiro para cima. Aquilo poderia atrair outros guardas, mas não me restavam muitas opções. Quando o primeiro guarda virou o corredor. Bati forte com a arma na sua nuca e ele desmaiou. O segundo percebeu a agitação e apontou a arma, atento. Saltei para o corredor e lhe atirei na mão. A arma caiu no chão, eu corri em sua direção, o agarrei e joguei contra a parede, o deixando desacordado. Percebi uma agitação no corredor por onde vira e entrei rapidamente no elevador.

Aquele elevador não chegava até os andares subterrâneos, e precisei seguir até o elevador da segurança. Quando virei o corredor, um guarda estava a minha espera. Me acertou no rosto com o corpo da arma e cambaleei para trás. Quando recuperei o equilíbrio, o guarda já se preparava para atirar. Pulei e dei um tapa na arma, forçando-o a disparar para o lado. A bala pegou de raspão na minha mão e a dor era muito forte, mas eu não podia fraquejar. Fechei a mão em volta do cabo da faca, com o couro queimando o ferimento, e faltou pouco para eu gritar de dor, mas consegui sacá-la antes que o guarda se preparasse para atirar novamente.

Enfiei a faca no seu antebraço e ele deixou a arma cair. Tentou me socar com a outra mão, mas me abaixei e lhe acertei um gancho com a mão livre. Ele foi cambaleando para trás, e antes que pudesse recuperar o equilíbrio lhe acertei um chute na cabeça, e ele caiu inconsciente no chão. Não haviam mais guardas pelo resto do corredor, e consegui chegar até o elevador.

Entrei e apertei o botão que levava ao andar onde Ollie estava. Rasguei um pedaço da camiseta que vestia por baixo da jaqueta e revesti minha mão ensanguentada. Eu observava o sangue encharcar o pano enquanto o elevador descia. “Estou chegando, Ollie.”

Quando o elevador finalmente chegou ao andar, dois guardas me esperando, junto com Kadmus. Saquei a arma, mas sabia que não adiantaria nada. Deixei a arma cair e levantei as mãos.

– Que garoto esperto. Seria mais esperto ainda se não tivesse vindo aqui. Mas fazer o que, né? – Disse Kadmus.

Um dos guardas pegou a arma no chão e me algemou. Seguimos pelo corredor. Haviam várias celas, a maioria vazias. Numa cela havia uma mulher que reconheci como Sereena. “Merda, pegaram ela.”, pensei, mas quando olhei com mais atenção, percebi que não era ela. Pela semelhança, era sua mãe. Seu olhar era vazio e triste, mas pareceu sentir um fio de esperança quando me viu.

Na última cela, havia um garoto escorado na parede. Estava muito magro e pálido, mas ainda assim o reconheci na hora.

– Olliver! – Gritei e fui em sua direção. Encostei a cabeça no vidro que o prendia. Ele olhou para mim, incrédulo.

– Scott! – Ele disse, mas antes que pudesse vir em minha direção, o guarda me agarrou pelo pescoço e me arrastou.

– Agora entendi o que veio fazer aqui. Veio resgatar seu amigo. – Kadmus disse. – Bom, já que estamos aqui, que tal fazer alguns exames.

O guarda me colocou em uma mesa. Tentei me libertar, mas antes que pudesse, ele amarrou minhas mãos e pernas e atou a mesa. Kadmus abriu o zíper da minha jaqueta, rasgou a camiseta com um bisturi, fazendo um arranhão pelo meu tórax e injetou alguns fios.

No seu computador, apareceram meus dados físicos. Quando viu o status cerebral, ficou surpreso por saber da minha divergência.

– Que interessante. Eu ia testar esse soro no seu amigo, mas já que está aqui, você vai ser minha cobaia. – Ele disse, pegando uma seringa. Comecei a mover o braço, e a corda passava freneticamente pela quina afiada da mesa. Precisava cortar aquilo antes que ele injetasse o soro.

Era tarde demais. Ele segurou meu pescoço e aplicou o soro em uma veia. Senti algo estranho sobre o soro, mas não parecia fazer aquilo que era suposto a fazer. Ainda assim, fingi estar inconsciente e prendi a respiração. Kadmus checou minha respiração, que havia parado.

– Excelente! O soro da morte funciona. Agora, deixe-nos a sós, quero estudar o cérebro do garoto. – Ele disse, e os dois guardas saíram do laboratório.

Ele voltou sua atenção a mesa de ferramentas, pegou um bisturi e começou a esteriliza-lo. Aproveitei a situação para terminar de cortar as amarras na quina da mesa. Senti as cordas que prendiam meus braços se romperem.

– Certo, vamos começar. – Ele disse, se aproximando com o bisturi.

Quando estava próximo o suficiente, abri os olhos, tirei o bisturi de sua mão e abri um corte profundo no seu pescoço com a ferramenta. Ele caiu cambaleando para trás, tentando gritar, mas o corte danificara suas cordas vocais. Seu pescoço sangrava sem parar e ele se debatia no chão enquanto eu terminava de cortar as amarras.

Consegui me libertar e peguei minha pistola, que estava na parte de trás da calça. Chequei se os guardas estavam longe o bastante e atirei no vidro que prendia Olliver. A bala fez uma pequena rachadura, ricocheteou e quase me acertou. “Certo, não vou conseguir desse jeito.”

– A chave...no bolso do cara. – Disse Olliver, apontando o dedo para o corpo de Kadmus.

Chequei o bolso do seu jaleco e peguei as chaves. Libertei Olliver e a mãe da Sereena.

Olliver me abraçou e beijou, com seu corpo ainda fraco.

– Eu te amo. Muito. – Falei.

– Eu também te amo. Muito. Não houve um dia sequer que eu passei sem pensar em você. – Ele respondeu.

Lhe dei um longo beijo, como se fosse o primeiro. Seu corpo, um pouco frio, se aquecia com o meu. Sentia seus batimentos cardíacos. Sentia seu cheiro. “Finalmente.”, pensei.

– Precisamos sair daqui. Sereena vai resgatar a gente quando estivermos de fora. Primeiro, precisamos chegar lá. – Falei.

Saímos do laboratório e seguimos em direção ao elevador. Chegamos ao saguão da segurança. O cara que eu havia nocauteado ainda estava lá. Peguei suas armas e entreguei uma a Olliver e outra a mãe de Sereena.

Quando chegamos ao saguão principal, haviam seis guardas vigiando a entrada.

– Eu vou atraí-los. Saiam e esperem Sereena embaixo da árvore. – Falei.

– Não vou te deixar sozinho, Scott. Não vou te perder. – Olliver falou.

– Ollie, assim que distraí-los, eu saio. Prometo. Eu te amo, não vou te deixar. – Respondi, e ele concordou, um pouco relutante.

Me levantei e atirei num dos guardas. Ele caiu sem vida no chão, e os outros vieram em minha direção. Fui subindo as escadas em direção aos andares de cima, e eles vieram atrás de mim.

Cheguei ao segundo andar e entrei num dos escritórios. Senti uma bala perfurando minha panturrilha. Virei a mesa, como um escudo. Os guardas atiravam, e o metal começava a ceder. Olhei pela janela e vi Olliver e a mãe de Sereena embaixo das árvores.

Voltei minha atenção aos guardas. Me esgueirei até a beirada da mesa e comecei a atirar. Fiz alguns disparos e me escondi novamente. Ouvi um grunhido de dor e um baque. “Só faltam quatro.” Pensei. Levantei um pouco por cima da mesa e disparei novamente. Outro guarda caiu, mas alguém me acertou no ombro. Pressionei a ferida e senti o sangue escorrendo, quente.

Os guardas pararam de atirar, e olhei desconfiado por um buraco na mesa. Havia uma granada no chão a alguns metros a frente.

A explosão destruiu todo o escritório e me atirou para fora da janela. Sentia meu corpo caindo. Olhei para os lados e haviam alguns cacos de vidro caindo junto comigo. Fechei os olhos.


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Notas finais do capítulo

Comentem o que acharam ^-^



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