L.A it down escrita por Julya Com Z


Capítulo 3
Capítulo 3 - Você é tão Hollywood


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem :3



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Após o ritual de iniciação mais criativo que eu já vi, passou-se um mês. Fiz vários ensaios fotográficos, conheci grande parte de Los Angeles e Max acabou se tornando meu melhor amigo nos Estados Unidos. No fim das contas, eu estava realizando um sonho que nem sabia que era meu.

Recebo ligações semanais de Brandon. Ele me conta tudo o que está acontecendo na escola, e me disse que estão se programando para o Baile de Formatura. Nós dois íamos juntos, já tínhamos tudo planejado: passaríamos o dia do baile juntos, comprando o meu vestido e o terno dele. Ele escolheria minhas flores e eu escolheria a gravata dele. O pai dele alugaria uma limusine e nós, como éramos candidatos a rei e rainha do baile, chegaríamos ao som de On top of the world, Imagine Dragons.

Mas nada disso iria acontecer, pois Camryn Grayson pegou meu lugar na limusine e minha coroa. Não que isso importasse, mas eu me senti substituída. Camryn não era minha amiga, mas nossa relação não era tão ruim. Nós duas vivíamos em uma constante e silenciosa competição para mostrar ao colégio e ao mundo quem era a melhor da equipe de torcida.

— Juliet? – a cabeça de Max apareceu dentro do meu quarto. – Estou atrapalhando?

Fechei meu notebook e o coloquei num canto da cama.

— Claro que não; pode entrar.

Ele abriu a porta, mas não entrou totalmente no quarto.

— O Ted acabou de me ligar, disse para irmos à praia. Quer ir com a gente? Jenna e Claire também vão.

— Se eu não for incomodá-los...

Ele entrou no quarto, veio até minha cama e me puxou pelo braço.

— Deixa de besteira, vamos logo!

De todos os lugares do mundo, eu nunca me imaginei andando por Venice Beach; a praia mais maravilhosa em que eu já havia pisado, sem a menor sombra de dúvida.

— O que está achando de Los Angeles, Juliet? - Ted me perguntou, limpando as lentes dos óculos escuros na camiseta. Ele era um cara alto, de olhos e pele negros, cabelo raspado e tinha cara de mau humorado, mas era um dos caras mais simpáticos da agência.

— Estou adorando, com certeza!

Ele me deu um largo sorriso.

— Espere pra ver onde vamos jantar.

Jantamos no Le Comptoir, em Hollywood. É um restaurante belíssimo, que vende escargots de entrada, o que não é muito apetitoso. Quase cuspi em cima de Max quando senti o gosto do caracol. A comida em si, era maravilhosa. Pelo menos o salmão com lentilha era excepcional. Todos eram maiores de vinte e um anos, menos eu, então todos beberam muitas Coronas e eu bebi algumas latas de refrigerante para acompanhar. A minha sobremesa foi crepe de morango e eu estava tão maravilhada com seu sabor que nem me dei ao trabalho de ver o que os outros estavam comendo.

Quando deixamos o restaurante, Ted, Jenna e Claire insistiram para que eu e Max fôssemos com eles à Playhouse Nightclub, mas eu estava exausta, queria logo voltar para casa.

— Desculpe, gente, dessa vez eu vou recusar. Quem sabe outro dia.

— Tudo bem, Juliet, dessa vez eu deixarei passar! – Ted passou um braço sobre meu ombro, chegando seu rosto perto do meu – Mas fique sabendo que o Teddy aqui não vai ser sempre bonzinho!

— Ted, você está assustando a garota! – Jenna disse rindo e puxando Ted pelo braço para que ele se afastasse. – Fique tranquila, querida. Ele tem essa cara de folgado, mas é um amor.

— Assim você estraga meus esquemas, Jenna.

Jenna e Claire caíram na gargalhada, como se Ted tivesse acabado de contar uma piada extremamente engraçada, mas eu e Max não entendemos, então acompanhamos Ted na cara de paisagem.

— Bom – Max pegou na minha cintura – Eu também estou cansado, acho melhor irmos. Vamos chamar um táxi, ok?

Quando nos despedimos, eu e Max demos as costas ao trio e eu pude ouvir Claire dizendo, provavelmente sem a intenção de soar discreta:

— Eles não formam um casal lindo?

...

Assim que entramos em casa, Max tropeçou em uma mala azul, que não estava ali quando saímos. Achei aquilo estranho, pois, além da mala, a luz do corredor do segundo andar estava acesa, e nós a havíamos apagado antes de sair de casa.

— Tem alguém aqui, Max. – segurei seu braço, entrando em pânico – A casa foi invadida!

Ele se virou de frente pra mim, assustado.

— Fique aqui fora.

Com as pernas trêmulas, dei um passo para trás, ficando do lado de fora da casa. Max olhou no fundo dos meus olhos, como se estivesse se despedindo.

— Eu preciso te dizer uma coisa antes de subir.

— O que, Max?

Ele segurou meu rosto com as duas mãos, os olhos vidrados, me transmitindo um pânico que eu nunca havia sentido. Sua boa se entreabriu para dizer algo, então, após suspirar pela última vez, ele me disse:

— É só o David.

— O quê?!

Assim que ele disse aquilo, vi um cara descendo as escadas. Max me soltou e eu percebi após um tempo que ele ria.

— É o David, meu primo! Ele também mora aqui, lembra?

— Mas... por que você...

— Eu só estava brincando com você, Juliet! Relaxe!

Eu estava meio paralisada. O susto foi tão grande que eu ainda não havia me dado conta de que era apenas uma brincadeira. 

— O que está acontecendo aqui?

O garoto veio até nós e pegou a mala pela alça, levantando-a. Ele era bonito: alto (como todos os modelos da Applause), seus olhos eram muito escuros, quase pretos, as maçãs do rosto bem definidas, boca grande e cabelos num tom claro de castanho. Seus olhos pareciam inchados e os cabelos estavam muito bagunçados, como se ele houvesse (ou não) dormido por três dias. 

— David, essa é a Juliet.

Os dois trocaram um aperto de mãos, então David me fitou, pousando a mão sobre meu ombro.

— Então... você que é a nova coelhinha do Max...?

Alternei o olhar entre Max e David, sem realmente entender o significado de coelhinha. Eu ia falar, mas Max me interrompeu.

— Ela é o novo ás do Jace.

— Aquele velho tem o rabo virado pra lua de tanta gata que encontra, mas gosta de um penduricalho. Ele deve adorar Star Wars.

Eu e Max inclinamos nossas cabeças simultaneamente, confusos com a declaração de David.

— Porque ele gosta de briga de espadas, gente! Meu Deus, que lerdos! – ele passou o dedo no meu queixo. – Você não é loira, é?

Afastei a mão dele de mim.

— Vou pro meu quarto. Com licença.

Eu não gostei desse cara.

...

Estava no banho quando ouvi um barulho no meu quarto. Alguém havia entrado. Não dei muita importância, pois a porta do banheiro estava trancada. Não que eu seja intuitiva ou vidente, mas juro que algo me disse para trancar a porta naquela noite em especial.

Terminei meu banho tranquilamente, como se não soubesse que havia um intruso no cômodo ao lado e, depois de me secar, vesti meu roupão azul claro e saí do banheiro, desfazendo o coque do cabelo.

Max estava sentado na minha cama.

— O que foi, Max? – perguntei, entrando no closet para pegar meu pijama.

— Me desculpe pelo meu primo, Juliet. Ele é um babaca.

— Tudo bem. Eu não sou obrigada a ser amiga dele só por morarmos sob o mesmo teto. Obviamente, ele também não foi com a minha cara, mas isso não me importa nem um pouco. Eu não vim aqui para atrapalhar ninguém, eu sou bem grandinha pra fingir que ele não existe.

Ele sorriu e levantou da cama.

— Você não entendeu. Eu acho que ele gostou de você. – olhei pra ele, confusa – É, ele age como um perfeito idiota quando gosta de alguma garota que acha que tá comigo.

Dei de ombros.

— Eu e você não estamos juntos. – ele ia dizer algo, mas eu o impedi – Mas deixe que ele pense que estamos, ok? Não quero problemas com ninguém.

— Você vai fingir que tá comigo por que, exatamente?

— Porque assim ele não dá em cima de mim.

Ele riu, irônico.

— Você claramente não conhece David Chabernaud.

...

Na manhã seguinte eu tinha muito trabalho a fazer: ensaios fotográficos em Hollywood!

A Hollywood Boulevard é maravilhosa, definitivamente. A calçada do teatro chinês foi fechada para nosso ensaio, que atraiu vários olhares curiosos dos turistas que passavam, mas eu já estava me acostumando à ideia de ser observada. A única coisa que me incomodava era a companhia.

— Jace, essa garota não tem muito talento.

— Fique quieto, David. E eu já disse pra parar de me chamar de Jace, eu não sou seu amigo.

Todos ali riram, mas foram repreendidos pelo olhar assustador de Marc Jacobs.

— Eu não quero tirar fotos com ela, meu brilho fica obstruído com ela.

Aquela foi a minha deixa para uma provocação.

— Então quer dizer que eu ofusco seu brilho com o meu, David? – todos riram ainda mais, e dessa vez, Marc também.

David se aproximou de mim de uma forma ameaçadora e chegou a boca perto do meu ouvido.

— Não mexa comigo, garota.

Devolvi a postura maligna ao dizer no ouvido ele:

— O mesmo para você.

Pôde-se ouvir um “uuuh” ecoando com a minha resposta, e então Marc mandou que voltássemos ao trabalho. Era óbvio que ele não gostava de David; na verdade poucos ali gostavam dele, o que me garantia alguns pontos.

...

Na hora do almoço, eu fui com Max – e David no encalço – até a Yummy Donuts/Top Burger, na Santa Monica Blvd. Nós pedimos Cheeseburguers e sucos de laranja, o que era surpreendentemente permitido, considerando nossa profissão. 

— Meu suco veio sem gelo. – reclamou Max. – Vou lá trocar.

— O meu veio sem gelo também, pode deixar que eu vou. – De jeito nenhum eu ficaria sozinha com David.

Os dois reviraram os olhos enquanto eu levantava e pegava os dois sucos de cima da mesa e caminhava até o balcão. Chamei o atendente, informei o problema e ele disse que trocaria nossos sucos, mas eu teria de esperar que fizessem outro. Aceitei e fiquei apoiada na vitrine de salgados, lendo os nomes e os preços enquanto esperava.

— Já comeu o croissant de cheddar daqui? Sou viciado nele.

Aquela voz... não me era estranha.

Virei para a pessoa que falou comigo e meu queixo desmoronou. Oh Deus, como eu posso ter tanta sorte?

— A. Bass?! – eu estava estática. – Eu... não esperava te encontrar aqui.

Ele me deu um sorriso, daqueles que me arrancavam suspiros quando via em seus vídeos.

— Reconheci você assim que te vi. Só não me lembro seu nome.

— Juliet. – disse, corando cada vez mais.

— Juliet. Anotado. – Como eu pude me esquecer? É um nome tão bonito. – mais um sorriso brilhante. – Então você mora por aqui?

— Estou trabalhando em Hollywood hoje. Vim fazer umas fotos. Na verdade eu moro em Bel Air.

Ele arregalou os olhos e sorriu, parecendo surpreso.

— Eu também moro em Bel Air! – meu estômago deu um salto. Ou foi meu coração?

— Juliet, Max perguntou por que tá demorando tanto. – David apareceu ao meu lado, com aquela cara de mau humor, me contagiando instantaneamente. – O que você faz aqui? – eles se conheciam? Por favor, diga que não.

Bass olhou para David como se ele fosse uma barata.

— Eu é que te pergunto. Não era pra você estar no Cazaquistão?

— Eu estava em Tóquio. Já vi que conheceu minha querida amiga, Juliet. – ele passou o braço pelo meu ombro, e eu dei-lhe uma cotovelada no estômago.

— Tira a mão de mim, seu nojento!

Bass riu.

— Ela deve te adorar mesmo. – ele disse, irônico. – Eu só estava convidando-a para minha próxima festa esse sábado. – dessa vez tenho certeza de que foi meu coração quem pulou. Ele olhou pra mim e sorriu – Me passa seu número, Juliet. Vou te ligar para passar meu endereço, ok?

— Ok... – eu estava cada vez mais estática, e David parecia uma mosquinha ao meu lado, eu nem o notava ali mais. Anotei meu número no celular dele e ele sorriu, ignorando a presença de David.

— Pronto. Amanhã eu te ligo, tá? – ele beijou minha bochecha, e eu me segurei para não vibrar feito uma garotinha de doze anos. Ele olhou para David com sua melhor cara de desdém. – E você, David. Tente ser menos otário.

David revirou os olhos.

— Tente ser menos Hollywood.

Eu e A. Bass rimos.

— Se queria me ofender, pode ter certeza de que não conseguiu. Ser comparado à Hollywood pra mim é um elogio. – e então ele foi até o caixa, enquanto o atendente colocava meus sucos de laranja com gelo no balcão.

Ignorando totalmente a presença do David, voltei até a mesa e coloquei um copo à frente de Max.

— Tudo bem? – ele fuzilava David.

— Encontrei meu velho amigo, Asher. – respondeu David, com cara de deboche.

— Perguntei à Juliet, idiota.

Eu dei um sorriso e tomei um gole do meu suco.

— Tudo bem, Max. Tudo está ótimo.


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