L.A it down escrita por Julya Com Z


Capítulo 2
Capítulo 2 - Ritual de iniciação


Notas iniciais do capítulo

Olaaaaaa :3 Tá aí o segundo capítulo, espero que estejam gostando da história



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A Califórnia é quente, completamente diferente de New Brunswick. É um lugar agitado, cheio de palmeiras verdes dispostas em fileiras muito bem organizadas e, enquanto Andrew dirigia por Bel Air, eu podia ouvir a música Walking on sunshine ecoando em minha mente. Esse lugar é maravilhoso.

— Preste atenção aqui, Juliet. – disse Andrew – Esse é o lugar em que você vai querer estar quando estiver morrendo de tristeza ou explodindo de alegria. Bel Air é o meu lugar preferido no mundo; e a agência fica a três quadras daqui. – pela primeira vez, vi Andrew sorrir, o que me fez perceber que ele era mais novo do que eu havia imaginado. – Eu moro logo ali. – ele apontou para uma casa enorme, com mais janelas do que eu fui capaz de contar e um belo carro preto estacionado à frente. Eu permaneci de boa aberta o tempo todo, sem conseguir emitir sequer um "oh". – Você vai morar um pouco mais à frente... – ele acelerou um pouco o carro e menos de cinco minutos depois, freou suavemente em frente à uma casa grande, não tanto quanto a dele, mas igualmente bela – Chegamos.

Ele desligou o carro e assim que ele destravou as portas do conversível branco, eu desci. Ele foi até o porta-malas e pegou minha bagagem. Me acompanhou até a porta de entrada da casa, uma linda mansão de dois andares, construída no estilo grego. Ele colocou minhas malas no chão e tocou a campainha. Depois de poucos segundos a porta foi aberta e eu vi um garoto de cabelos castanhos escuros, alto, vestindo uma camiseta polo azul e uma bermuda preta.

— Olá, Andrew. – ele disse, com um sorriso simpático. – Você deve ser a Julie. – ele disse, me olhando de cima à baixo.

— É Juliet. – eu corrigi, com a voz baixa.

— Max, essa é sua nova colega. Ela vai morar aqui até comprar a própria casa ou até se cansar de você e procurar por outra pessoa.

Max soltou um riso irônico.

— Pode ir embora, Andrew. Eu cuido dela a partir daqui. – ele pegou minhas malas e as levou para dentro da casa.

Andrew passou a mão nas minhas costas, mas não num gesto gentil. Foi uma espécie de aviso. “Cuidado com ele”, pude ler seus lábios.

Ele voltou pro carro e foi embora, ignorando meu aceno de despedida.

Max me disse para entrar, então peguei minhas malas e as arrastei para dentro, olhando em volta.

— Eu tinha certeza de que você chegaria à noite, então a casa está uma bagunça. – movi a cabeça, como se dissesse que não havia problemas - Seu quarto é a terceira porta à esquerda, lá em cima. Tem o tempo que precisar para organizá-lo como quiser. – movi a cabeça outra vez, agora em afirmativa - Aqueles móveis vieram com a casa, não fui eu quem escolheu, então não sei se você vai gostar. – concordei de novo, e ele abriu os braços, parecendo irritado - Você pode parar de mexer a cabeça e dizer alguma coisa?

— Desculpe, eu sou um pouco tímida. – ele sorriu, numa tentativa de me acalmar. – Eu... vou arrumar meu quarto.

Subi as escadas de mármore da casa e vi quatro portas abertas. A primeira era um quarto. Na porta tinha a letra D pichada em azul. A segunda porta era um banheiro grande, que parecia nunca ter sido usado, de tão limpo. A terceira porta era um quarto vazio, pintado de branco. Móveis escuros – uma cama de casal, uma escrivaninha, um sofá de couro e uma televisão gigante – faziam um belo contraste com as cortinas brancas.

À direita, na parede ao lado da janela havia duas portas: um closet e um banheiro e ver aquilo me fez respirar aliviada. Não seria legal dividir o banheiro com dois caras.

Comecei a guardar minhas coisas no closet e, assim que terminei, cerca de uma hora depois, Max apareceu à porta e eu o convidei para entrar. Ele elogiou minha decoração sutil – que se tratava apenas de alguns quadros e pôsteres que couberam na bagagem – e se sentou no sofá de couro preto.

— Então, Juliet... Já encontrou seu Romeu?

Olhei para ele com uma sobrancelha erguida.

— Você não é o primeiro que me pergunta isso, mas não. Ainda não. – terminei minha resposta com um sorriso.

Ele deu de ombros.

— Desculpe minha falta de originalidade. Eu só quis tentar quebrar o gelo, já que vamos morar juntos. Vou tentar uma abordagem melhor... – ele se aconchegou o sofá, cruzando os braços sobre o peito – Me fale sobre você. Nome completo, quantos anos tem, onde morava, como veio parar aqui...

Sentei na cama e peguei uma almofada branca, abraçando-a.

— Juliet Oliver. Dezoito anos. Sou de New Brunswick, Canadá e deixei a escola faltando dois meses para terminar o ensino médio. Eu estava fotografando os bastidores de um desfile da Armani, quando trombei com Marc Jacobs e ele praticamente implorou para que eu viesse para cá.

Ele ergueu as sobrancelhas.

— Impressionante. Marc não é do tipo que implora.

Dei de ombros.

— Sua vez. Você já sabe o procedimento.

Ele riu.

— Ok. Maximilian Chabernaud. Vinte e dois anos. Eu morava em Vancouver com meu primo e ele era modelo. Eu fui ver um ensaio dele e me chamaram para tirar fotos e então eu fui selecionado. Comecei há um ano, em Calgary. Mas vim para cá porque eu nunca gostei do Canadá. Não há caos por lá. Eu gosto do caos. Ah, e eu sou o melhor dos Chabernaud.

Sorri para ele e apoiei as mãos no colchão.

— E agora? Eu saio do quarto ou te mostro a casa? - ele perguntou, apoiando os cotovelos nos joelhos.

— Eu adoraria conhecer a casa.

A Mansão Chabe recebeu esse nome por causa dos donos, Chabernaud. A cozinha era toda decorada em estilo industrial, com eletrodomésticos em aço inoxidável, cadeiras pretas confortáveis e acima da bancada havia dois lustres arredondados.

A sala era enorme. Com sofás de couro vinho, cortinas brancas e as paredes pintadas de marrom escuro. À frente dos sofás havia uma lareira de mármore branco e logo acima havia uma televisão de pelo menos cinquenta polegadas. Um tapete branco felpudo cobria o chão inteiro.

— Aqui é simplesmente perfeito!

— Não é das melhores, mas é bonita. – ele olhou em volta, indiferente.

— Como você pode dizer isso? Essa casa é tudo o que eu sempre quis!

Ele deu de ombros e se jogou no sofá.

— Sei lá, existem muitas casas muito melhores que essa.

Sentei no sofá na frente dele, com uma expressão não muito agradável.

— Minha casa no Canadá é do tamanho da cozinha daqui.

Ele olhou para o chão, chateado.

Eu não era pobre. Nunca faltou nada na minha casa, mas meu pais sempre trabalharam duro para comprar tudo o que compraram, incluindo nossa pequena casa. Eu nunca tive condições de sair do Canadá, então quando liguei para minha mãe e contei da oferta do Marc, ela começou a arrumar minhas coisas imediatamente, dizendo-me que eu não poderia perder aquela oportunidade.

— Me desculpa, Juliet. Eu fui um pouco grosseiro.

Dei de ombros. Não achei que ele foi grosseiro comigo, pois ele não me conhece, não tinha como saber de onde eu vim.

— Quando eu vou conhecer a agência? – mudei logo o assunto, para não acabarmos em silêncio.

Ele abriu um sorriso e ligou a televisão.

— Amanhã bem cedo. E você deu sorte, pois eu sou o cara naquele lugar. – ergui uma sobrancelha – É sério, eu sou a nova aposta do Marc. Conheço todos naquela agência. E, como você é a mais nova aposta do Marc, nós dois seremos os queridinhos de lá.

— Não tenho muita certeza. – disse, cruzando os braços em frente ao peito e apoiando as costas no encosto macio do sofá – Eu nunca nem pensei em ser modelo, Max. Acho que vou ser chutada assim que chegar lá.

Ele moveu a cabeça em negativa.

— Com seu perfil, é fácil ser modelo. É só fazer o que mandarem. – ele trocou de canal e quando parou na ESPN eu olhei para a lareira apagada, preferindo prestar mais atenção nela a ter que ver aquele programa de esportes. – Você disse que ainda não acabou o colégio?

Fiz que sim com a cabeça.

— Andrew me disse que eu vou ter dois meses de aulas particulares para poder me formar adequadamente.

Ele riu, mas não havia qualquer sinal de humor em seu ato. Ele obviamente não gostava de Andrew. E a recíproca era perceptivelmente verdadeira.

— Ele mentiu, Juliet. Eles sempre dizem isso para que os pais concordem com a viagem dos filhos. Tudo o que você vai fazer é uma avaliação de trinta questões que até um macaco responderia corretamente. Então você vai conseguir seu diploma e estará livre para exercer sua carreira de modelete. – ele se espreguiçou – Vou pro meu quarto. Preciso dormir, acordei cedo demais hoje e dormi tarde demais ontem, parece que não durmo há anos!

Assim que ele saiu da sala eu peguei o controle da TV e mudei de canal até encontrar algo que me agradasse. Estava passando uma maratona de The Following, mas eu já havia assistido a todos os episódios disponíveis pelo menos três vezes. Então resolvi andar pela casa.

Atrás das enormes cortinas da sala havia uma porta de vidro, que dava para um deck incrível. Abri a porta e comecei a andar pelo chão de madeira e vi uma churrasqueira, um forno de pizza e uma geladeira vermelha com porta de vidro lotada de bebidas. A piscina era inacreditavelmente grande e limpa, rodeada de espreguiçadeiras de madeira clara e, do outro lado do deck, havia um belo balanço de madeira com assento estofado florido.

— Esqueci de te mostrar essa parte. – levei um susto quando ouvi a voz de Max atrás de mim – Eu sempre deixo as cortinas fechadas para não cair na tentação dessa piscina, senão eu passo o resto da vida aqui.

— É uma desculpa aceitável. Será que minha cama ficaria legal aqui? – ele riu – Pensei que você tivesse ido dormir.

— Eu fui, mas lembrei que não havia te mostrado isso e voltei, mas você foi mais rápida – ele bocejou -. Bom, agora eu vou dormir. Pode nadar, se quiser. Pegue qualquer coisa para beber ou comer, a cozinha está lotada. Fique à vontade, a casa também é sua agora.

Agradeci e ele entrou na casa. Tirei meu celular do bolso e, sentando-me no balanço, liguei para minha casa. Minha mãe atendeu ao telefone com uma voz eufórica, e me fez contar como havia sido minha viagem e como eu fui tratada pelos americanos.

— Até agora eu fui muito bem recebida.

— Ah, que bom! E como é seu colega de casa?

— Bonito e simpático. – pude ouvi-la sorrindo. - O nome dele é Max Chabernaud.

Eu sabia que ela estava com o computador a postos para pesquisar sobre o Max.

— Nossa, ele é bonito mesmo. Estou vendo umas fotos dele aqui e... Uau, ele teve umas mil namoradas, pelo que dá para ver. Eu preciso desligar agora, querida, Tome cuidado, ok? Tente não se envolver com esse garoto, ele vai acabar machucando o coração do meu bebezinho.

Ela desligou, sem me dar tempo de ignorar o repentino ciúme ou excesso de proteção da parte dela, mas isso pouco importou, porque meu estômago doeu de fome.

Fui até a cozinha e ao abrir a geladeira vi um monte de coisas. Doces, salgados, tortas, sucos... Peguei uma fatia de torta de frango e um copo de suco de morango. Fui até a sala e me sentei no sofá para comer. Encontrei um canal de filmes na TV e assisti até me cansar e ir pro quarto.

.

Acordamos cedo no outro dia. Andrew tocou a campainha às 8 da manhã e nós fomos para a agência Applause, que ficava no centro de Los Angeles.

Passei pelos procedimentos necessários e então eu e Max fomos encaminhados até o camarim, que ele já conhecia. Estava cheio de gente, e ele me apresentou a cada uma das pessoas, desde os modelos até os fotógrafos.

Marc Jacobs entrou na sala, vestindo jeans escuros e uma camisa branca, sob um blazer cinza, obviamente feito sob medida. Um lenço vermelho enrolado despojadamente em volta do pescoço completava o look.

— Vocês têm quarenta minutos para tomarem café da manhã e se vestirem para a primeira sessão. Depois darei os detalhes.

Então uma horda de modelos se levantou e todos foram até uma arara de roupas, infestadas de camisetas azuis. Max me orientou a procurar roupas do meu tamanho, então peguei uma camiseta que me serviu e fui me sentar em um banco afastado da multidão de modelos eufóricos.

Pouco tempo depois, vi Max caminhando em minha direção, sorrindo. Ele tem um sorriso lindo, caloroso. Todos aqui têm sorrisos lindos, mas o de Max supera todos eles juntos. Ele me lembra o Brandon de certa forma.

— Está gostando daqui? – ele se sentou ao meu lado. Ele estava segurando algo, mas não consegui identificar o que era.

— Estou. Los Angeles é incrível.

— Estou falando daqui, da agência. Está gostando?

— Ah, sim. Todos foram muito simpáticos até agora.

Dei um sorriso para ele, que sorriu de volta e deu um tapinha em minha coxa, levantando.

— Bom, nós temos uma tradição aqui na Applause. – vi que as pessoas que estavam na sala chegaram perto enquanto ele falava. – Todas as novidades, e com isso eu me refiro a você — ele me deu a mão e me puxou para que eu me levantasse -, devem passar por um ritual de iniciação.

Ele espalmou a mão em minhas costas e me guiou até uma outra sala, com uma tela branca e aparelhos fotográficos. Era um estúdio. Marc estava lá, sorrindo para mim. Ou estava apenas sorrindo e olhando para mim por uns segundos, já que eu estava à frente de todas as pessoas, ao lado do Max.

— Que ritual é esse? – todos os que se aproximaram no outro estúdio nos seguiram.

— É só uma foto. Vá até aquela tela – ele apontou para uma tela branca - e olhe para a câmera.

Fiz o que ele me pediu. Assim que parei de costas para a tela, vi que o que ele segurava era uma câmera Polaroid.

— Sorria. – abri um sorriso tímido. – Isso mesmo. Agora vire de costas e abaixe as calças.

Meu sorriso se desfez e no lugar dele surgiu uma careta confusa. Vi um flash forte e fechei os olhos, tentando entender o que estava acontecendo. Todos os modelos riam, inclusive Max.

— Mas o que...? – eu estava completamente confusa.

— Esse é o ritual de iniciação! – Max caminhou até mim e me levou até um corredor iluminado, cheio de fotos penduradas nas paredes dos dois lados. Em todas as fotos as pessoas estão vestindo camisetas coloridas, de frente para uma tela branca, fazendo caretas confusas. Com exceção de uma, em que o garoto provavelmente não se surpreendeu com o pedido, pois tudo o que dava para ver era sua bunda e suas calças arriadas. – A primeira foto a gente nunca esquece, não é? – abri um sorriso, vendo todas aquelas caretas engraçadas das pessoas que passaram pelo mesmo que eu acabei de passar. Ele caminhou até o fim do corredor e pendurou a minha foto ao lado da dele. – Seja bem-vinda à Applause, Juliet.


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