O Negative. escrita por Ritsu Maru


Capítulo 2
Shay Sofia: bancando a detetive


Notas iniciais do capítulo

Em comemoração de um ano de fic -q trago o capitulo 1 :v
ate dia 30/08/2017 ♥ amo vcs



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Eu estava tentando entender como tinha chegando nisso. Meu pai estava conversando com Thalia Grace, a mulher que seria provavelmente minha tia lésbica, não que tivesse algum tipo de preconceito, mas meu pai parecia do tipo que não aceitava. Eles pareciam estar discutindo.

Minha mãe chegou um pouco tempo depois, a esposa da Tia Thalia e minha mãe trocaram olhares bem profundo, mas Piper a ignorou por completo vindo falar comigo perguntar o porquê das coisas. Como se eu soubesse!

Depois de um tempo, meu pai suspirou e passou a mão no cabelo, ele sempre fazia isso quando cansava de discutir e resolvia abrir mão de algo para minha mãe, dessa vez, Thalia. Ele nos explicou que sua irmã iria passar o próximo mês viajando com sua esposa, Hylla, o que seria uma segunda lua de mel.

— Você e Hylla são casadas? —  perguntou minha mãe no meio da conversa.

Tia Thalia deu um sorriso maldoso e a respondeu:

— Algumas pessoas não abrem a mão de sua felicidade por uma noite.

A conversa morreu aí. Nesse momento, eu e Júpiter, o filho delas, de três anos e meio, já tínhamos virando amigos. Ele era muito fofinho. Tinha o cabelo loiro, como meu pai e seus olhos eram iguais do papai e da Tia Thalia, azuis. Que inveja!

— Jason e eu estamos nos divorciando, Thalia, Shay está na faculdade agora, não sei se seria uma boa ideia deixar ele aqui... — explicou minha mãe.

— É só 15 dias, a nossa babá oficial precisa de duas semanas para se organizar — Hylla disse pela primeira vez com minha mãe. — E não é como se fosse a favor disso, mas Thalia... — apontou para esposa — acha que esse seria o primeiro passo para o perdão e toda aquela baboseira que concordei para poder dormir e sair em uma segunda lua de mel. Ser herdeira do império do meu pai não tem sido fácil.

— Sim — concordou Jason entrando na conversa. — Eu vi no jornal. Os chineses dando trabalho novamente? — Hylla assentiu formalmente. — E sua irmã?

O silencio se fez presente, levantei meu rosto por conta disso, até Júpiter estranhou. Hylla abriu a boca para falar algo, depois soltou um suspiro.

— Está em Roma — respondeu Tia Thalia pela mulher.

Mamãe soltou um “oh...”, meu pai ficou quieto. Então, foi que uma lembrança veio na minha mente. A primeira briga pré-divórcio:

Eu estava dormindo, a faculdade tinha sido cansativa demais, além de chegar tarde dela estava terminado um trabalho bem grande, acordei com minha mãe chorando, levantei, não consegui escutar muito bem, meu pai estava de pé, parecia que tinha bebido, sua gravata estava meio desfeita.

Minha mãe chorava com algo na mão, eu pensei em perguntar o que estava acontecendo, mas minha cama chamava meu corpo. A última coisa que lembro foi meu pai pegando um papel da mão da minha mãe e jogando na lareira.

No outro dia, minha curiosidade falou mais alto, eu fui ver se tinha alguma pista, uma nota fiscal de algum motel barato, mas a única coisa que encontrei no meio das cinzas foi uma passagem de ida para Roma, não entendi, mas estava atrasada para faculdade, liguei a lareira e esperei a confirmação que aquela passagem estava totalmente apagada pelo fogo.

.

Meu lado detetive falava mais alto e eu acabei perguntando em voz alta:

— Porque eu só conheci minha tia agora? — perguntei com a maior cara de inocente. — Eu sempre quis ter um priminho.

Hylla girou um anel no seu dedo, eu já tinha visto isso, mas onde? Thalia respondeu:

— Meu irmãozinho errou feio no passado, achei melhor cortar contato com ele, senão eu iria pressa por assassinato.

Olhei assustada para ela, mas que diabos? Ela começou a rir alto.

— Thalia exagera as vezes — Piper me disse baixo.

— Pode cuidar do meu filho? — perguntou, depois de se recuperar do ataque de risos.

Meu pai ia abrir a boca para falar algo, mas eu falei primeiro.

— Eu posso! — minha mãe me olhou de forma estranha.

— E a faculdade?

— Eu tenho alguns dias de folga. Era isso que queria contar para vocês. Minha professora vai ter que se ausentar por algum tempo e, eu tirei A+ no último trabalho dela. Ela me escolheu para ser algo do tipo de professora substituta nesse período, e vou ganhar horas para meu estagio no final da faculdade!

— Meu deus, meu amor! — Minha mãe me abraçou. — Estou tão feliz por você!

— Ainda não entendi a parte que pode cuidar o Júpiter... — comentou meu pai.

— Eu tenho uma semana livre e depois, eu tenho alguns dias indo na casa da minha professora para tirar algumas dúvidas. Ou seja, eu tenho tempo para isso.

— Já faz faculdade? Onde? — perguntou Tia Thalia.

— Na NYU — respondi com orgulho, não que minha faculdade fosse a melhor do mundo, mas com certeza não era a pior.

— De quê? — Hylla perguntou curiosa.

Dei meu melhor sorriso, eu sei, meu curso não é o mais “orgulhoso” de se dizer, mas eu tinha. E era isso que importava.

— Porque essa curiosidade na minha vida da minha filha, Ramírez?

Hylla deu um pequeno sorriso, sutil.

— Sempre áspera, McLean — viu a hora em seu celular. — É Grace agora. Hylla Grace — deu uma pausa. — Devo chamar você também de Sra. Grace?

Minha mãe fechou a cara, não era nenhuma surpresa, ela não tinha o sobrenome do meu pai.

— Eu não iriei baixar ao seu nível — olhou para Hylla. — Grece.

Eu engoli seco, o que tinha acontecido no passado? Foi feio. Depois de algumas trocas carinhosas, Júpiter iria ficar comigo por uma semana.

***

Júpiter é um amor de pessoa, sério. Ele é uma graça e, se um dia eu tiver filhos, eu quero que seja igual a ele. A semana ocorreu bem, enquanto estava estudando, Júpiter estava dormindo ou vendo algum desenho na TV.

Mas foi na última noite que ele dormiu em casa que algo me chamou atenção. A Detetive Sofia estava no caso. Ele estava meio triste por suas mães que pediu para pegar uns papeis. Ele disse que tinha algumas fotos da família dele. E tinha. Três.

A primeira foto era dele com as duas mães, com um cartão de natal.

A segunda parecia a Tia Thalia e a Tia Hylla mais jovens, abraçadas de lado, Tia Hylla estava de óculos de sol, pareciam que elas estavam na praia, os olhos de Tia Thalia estavam super azuis. Novamente, inveja. Porque a biologia tem que ser tão cruel comigo?

A terceira, e última, foi que me chamou atenção. O cenário era uma piscina, tinham vários jovens e eu prestei atenção em cada um e, quando possível, Júpiter me respondia quem era quem.

A foto tinha jovens de media 20 anos, da esquerda pra direita, começava com o Tio Percy sorrindo no meio de duas garotas, Tia Annie e uma ruiva, Júpiter me chamou que era Tia Rachel. Logo em seguida vinha outro trio.

Era Thalia, Hylla e um garoto loiro, e não era meu pai. Eu perguntei para Júpiter quem era, ele não soube dizer. O garoto loiro estava abraçando Thalia, como se fosse beijá-la. Hylla estava olhando para o lado. Foi a outra turma que me chamou atenção, era meu pai, minha mãe e uma garota. Minha mãe estava sentada no colo dessa garota que a abraçava pela cintura, meu pai estava com um chapéu e cavaquinho. Perguntei para Júpiter, ele respondeu Titia.

Júpiter sorriu depois que parei de olhar a foto e gritando na cama me perguntou:

— Qui vier?! — ele não parava de me perguntar, pedi calma e respondi que sim. E tem como negar algo a ele?

Ele foi na mochila dele e pegou o celular dele, sim, até ele tem um celular. Onde tem jogos, vídeos e os telefone de suas mães, como onde ele mora e outras coisas, caso ele viesse a se perder.

Entrou na galeria e começou a procurar um vídeo, mas no meio de tantos vídeos infantil, ele não conseguiu achar e ficou triste, eu tive que ajudar ele.

— Esse? — Perguntei, a imagem congelada do vídeo mostrava um garoto, eu conhecia, era o Tio Valdez. — Posso dar play?

— Sim!

O vídeo parecia ser feito no mesmo dia da foto, Leo gritava no começo:

— Olá, pessoal! Aqui é Leo Valdez e esse é o ValdezTV! — ele virou a câmera para piscina. Nela tinha o mesmo grupo da terceira foto, só que misturado agora. A primeira pessoa que veio até Leo foi meu pai.

— E ae, Leo!

— Camarada! — meu pai estava na foto, com uma bermuda sem camisa, chapéu e o cavaquinho. — Vamos apresentar a galera? — Ele deu os ombros. — Grava?

Meu pai pegou a câmera e Leo foi para o primeiro grupo, Thalia, Annabeth, Rachel e minha mãe.

— Olá, garotas! — cumprimentou Leo.

— Ah, não... — resmungou minha mãe. — Toda festa tem isso!

— Menos, princesinha de Afrodite. Jason, vamos sua irmã — meu pai apontou pra Thalia. — Thalia Grace, responderia algumas perguntas?

— Não, Valdez, cai fora.

— Grossa. Só uma, por favor — implorou ele.

Ela revirou os olhos e bufou.

— Manda.

— É verdade que traiu Luke? Com Hylla? — eu pude ver o sorriso de Leo e o clima pesado que se formou.

— Isso não é da sua conta, Valdez. Luke e eu estamos namorando, caso não tenha percebido.

Leo deu os ombros e depois sorriu para Annabeth.

— Não, Leo, eu não!

— Vamos Annie! A pergunta é: Já transou com Percy?

Todas as garotas fizeram um “uuu”, Tia Annie ficou totalmente vermelha.

— Aceitamos isso com um sim, plateia? — Leo perguntou as meninas.

— Leo, você é muito idiota, deixa a Annie em paz — minha mãe disse. — Porque não me faz alguma pergunta? — desafiou ele.

— Você não tem graça. Eu sei tudo sobre você.

Ela sorriu.

— Nem tudo — olhou para os lados. — Pergunte a Reyna sobre o abacaxi, você vai gostar da resposta, se consegui uma.

Tio Leo olhou para câmera.

— Jason me siga!

Eles começaram a andar rápido até para perto de uma garota, aquela do trio da minha mãe da foto. Reyna.

— Reyna! — Leo a chamou.

— Leo. Oi. Hey, Jason — cumprimentou. — Vejo uma câmera e vejo que viram da direção das meninas. Devo ficar com medo?

Reyna estava mais afastada dos demais, tomando algo azul, seus olhos me acharam atenção. Eu conhecia ela. De onde?

— Me conte sobre o abacaxi — disparou Leo.

— Sim, devo ficar com medo — disse Reyna. — Piper te contou? Vou matar ela.

— Abacaxi, RA-RA — insistiu ele. E, algo na minha cabeça deu um estralo, eu conheci uma pessoa que tinha essa iniciais.

Deixei o vídeo rodando, peguei meu último trabalho. Professora Reyna Arellano. Reyna Arellano. Reyna. A Reyna do vídeo era minha professora. Meu deus, eu preciso desse vídeo, isso vai ser show na faculdade. Não que odiasse a professora Arellano, mas vai ser muito engraçado. Ela. Numa festa de jovem. Bêbada. De biquíni.

Voltei pro vídeo, tinha passando alguns minutos, pelo que entendi, Pipere e Annbeth se juntaram aos três.

— Conte qual é do abacaxi, Reyna — ouvi a voz do meu pai. — Eu não sou seu melhor amigo?

Professora Arellano riu dele.

— Não, você não é. E não vou contar. Peça para Piper.

Eles estavam namorando nessa época? Que fofo. Pensar que estão se divorciando agora. Será que se mostrar o vídeo agora, eles terão uma onda de nostalgia? Mas eles nem se amam...

Fico por alguns minutos nessa no abacaxi, será se perguntar para Professora Arellano sobre o abacaxi ela me dá um F?

Estava quase desistindo do vídeo quando um acontecimento me fez ficar de boquiaberta, pasma.

Minha mãe se aproximo da Professora Arellano.

— Isso é tudo culpa sua, McLean — reclamou.

— Não me culpe pelos seus atos, Arellano — professora Arellano abraçou minha mãe pela cintura.

— Meus? Também são seus.

— Eu não tenho nenhum problema de contar a eles, Rea... — minha mãe se aproximou do rosto dela, o quê?

Rea? Espera, elas vão se beijar? Meu deus, minha mãe e minha professora? Não, é mentira. Minha mãe é hetero. Acho.

Minha mãe se aproximou mais e elas se beijaram. Houve um falatório. Elas terminaram o beijo. Minha mãe sorria, feliz. Eu só vi ela sorrir assim uma vez em toda minha vida. Quando passei na NYU.

Professora Arellano também sorria, elas deram um selinho. E eu ainda estava em choque.

— Quer mais? — Júpiter perguntava em relação ao vídeo que tinha acabando.

— Júpiter. Preste atenção. Tem mais vídeo das duas moças? Piper e Reyna? Ou Titia? — perguntei.

Ele pensou e depois procurou, tinha dois. Um de um minuto e outro de 4 minutos. Dei play no primeiro.

Estava escuro. Apareceu Reyna na câmera.

— Grupo, eu só queria dizer que estamos muito bêbadas! Pipes?

Minha mãe apareceu na câmera, bêbada.

— Vamos casar! — gritou. — Essa idiota me pediu em casamento!

Oi? Casamento?

— Sim, vamos casar!

Minha mãe a beijou. Caralho.

Fui para o próximo vídeo. Começava com Reyna dormindo, depois era revelado que minha mãe gravava o vídeo. O vídeo era sobre minha mãe tentar acordar Reyna depois de uma noite de bebidas.

E falando que iria amá-la para sempre, mesmo depois dela ter vomitado no vaso da boate, quebrado uma mesa, puxar briga com um espelho, quebrar o espelho, ser expulsa da boate, puxar briga com um cachorro e cair várias vezes; minha mãe se xingou por não ter filmado essas partes.

E que bebidas eram proibidas para Reyna partir daquele dia. Acho justo.

Nessa hora, Júpiter já estava com sono, eu coloquei ele pra dormir. E eu precisava saber mais sobre a professora Arellano e meus pais. Eu irei perguntar amanhã.

E assim fiz.

Só que acordei um pouco mais tarde, a única pessoa em casa era meu pai, que já estava saindo para o trabalho.

 — Pai — chamei ele. — Posso te fazer uma pergunta?

— Claro, querida. Espera, não é dinheiro?

Abrir a boca para falar, que tipo de filha ele achava que eu era?

— Não. Eu queria saber quem é Reyna.

Meu pai ficou branco.

— Onde ouviu esse nome?

— Júpiter — menti meio que não mentindo.

Ele terminou de se arrumar.

— É... complicado.

— Descomplica, ué.

— Hmm, eu tenho que ir trabalhar, mas Reyna foi a primeira namorada do papai, até amanhã — e ele saiu, me deixando mais confusa ainda.

Desejei que ele perdesse um caso hoje, eu sou uma pessoa boa, e que o trânsito tivesse infernal também, continuo sendo uma boa pessoa.

De noite, só encontrei minha mãe quando me chamou para levar Júpiter para a babá de táxi, já dentro do mesmo, entrei com meu primo no carro.

— Dia corrido? — perguntei.

— Divórcio e um cantor do momento — respondeu.

— Dia corrido — afirmei. — Vou sentir saudades do Júpiter, quero ter um filho, mãe. — Minha mãe me olhou estranho. — É brincadeira, credo. Nem namorado tenho.

— Nunca foi preciso ter namorado para ter filho, Shay.

Revirei os olhos, olhei para fora, esperei dar cinco minutos e mandei a bomba.

— Mãe, quem é Reyna Arellano?

Minha mãe me olhou mais estranho do que quando falei que queria ter um filho.

— Porque quer saber? E da onde tirou esse nome?

O táxi parou. Em um prédio de luxo.

— Quem é ela? Eu vi alguns vídeos de Júpiter-

— Me vídeos! — gritou ele no meu colo.

— Isso ae, campeão!

Entramos no elevador.

— Quem é ela?

— É uma amiga da turma antigamente — respondeu.

— Eu sei disso. Papai disse que ela foi a primeira namorada dele.

Ela ficou em silêncio.

— Sim, eles foram primeiros namorados. Até ela trair ele.

— Com você? — ela me olhou estranho. — Abacaxi...? — tentei a sorte.

— Não, vejo que viu até demais. Traiu ele com a Thalia.

— Tia Thalia? — Uau. Uau! O elevador parou no andar mais alto. — Essa babá é rica?

— Sim, como a Thalia.

— Mas vocês namoraram?

— Sim.

Fiquei em silencio. É, minha mãe não era hetero.

— Como que era Reyna?

— Que tipo de pergunta é essa?

— Eu nunca vi você falando dela.

— Ninguém fala de relacionamento antigo, Shay. — Ela parou na porta. — Chega de perguntas agora — tocou a campainha.

Fiz bico.

— Eu só queria saber...

— Pare de querer saber coisas do passado, Sofia.

Me chamou do segundo nome, isso era mal. A porta abriu.

— Reyna?

— Sofia, eu já falei... — minha mãe parou de falar quando viu quem estava na porta.

— Titia! Titia! — Júpiter saiu do meu colo e foi correndo abraçar ela.

Eu tinha travado. A babá era a professora Arellano. Ex namorada da minha mãe e do meu pai. As coisas podiam piorar? Acho que não.

Mas pioram.

E feio.

Aquilo era somente a ponta do iceberg do rumo que minha vida tinha preste a se torna.

O passado não é passado quando não resolvemos as coisas dele.


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Notas finais do capítulo

Esse capitulo foi um oferecimento de @Lolitayuno (escritora de Sasuhina daqui), minha namorada, que me obrigou a escrever. E gostou de ter escrito em primeira pessoa, mesmo que foi por acidente :v
E, por ultimo, que betou esse bebezinho de um ano ♥