Ventos Opostos escrita por Unicórnio Radioativo


Capítulo 1
Capítulo 1




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Um farfalhar.

Bastou apenas o ruído de uma única folha roçando em outra para fazer o ronin ficar alerta à uma possível ameaça. Ele desembainhou sua espada e continuou a andar, dessa vez mais rápida e cautelosamente. Estava atento à qualquer barulho que incomodasse o silêncio da calma e pacífica Floresta Heiwa, localizada no sul da província de Karmeth em Ionia.

Yasuo já havia aprendido a suspeitar de qualquer coisa à qualquer momento. Desde que duelara e matara seu próprio irmão Yone, ele suspeitava até mesmo do próprio vento que controlava. Afinal, o culpado pelo seu exílio não tinha também uma espada como a sua, que lhe permitia dobrar os ventos conforme sua vontade?

Outro farfalhar. Dessa vez, Yasuo ficou inerte. Apenas o barulho de sua respiração era audível. Então, um passo em falso de seus inimigos.

O som de um galho seco se quebrando entregou a presença de cinco Rastreadores.

Antes cautelosos, agora corriam ruidosamente na direção do ronin, que permanecia inerte. Ele apenas deu um sorriso quando os Rastreadores tentaram desferir o primeiro golpe.

Yasuo pulou, fazendo os Rastreadores pararem, confusos e sem entender o que tinha acontecido. Como sempre, enquanto examinava seus inimigos, o tempo parecia parar. Eram três com espadas, como samurais normais, e dois arqueiros de longe. Os arcos deles eram feitos de uma madeira negra que Yasuo supôs ser ébano. Os melhores arcos ionianos eram feitos com aquele material e eram dados apenas para os melhores Arqueiros Rastreadores. Ele mordeu o lábio, já prevendo que a luta ia ser difícil, ao menos pela parte dos A.R.; ele cortou uma das flechas no ar inconscientemente enquanto examinava os outros Rastreadores. Usavam um ferro básico, e nenhuma runa era aparente no cabo ou armadura deles. Yasuo riu por dentro ao perceber que eram iniciantes.

Ele aterrissou, criando uma onda de choque que fez os iniciantes cambalearem e caírem.

– Ionia deve estar mesmo desesperada. - ele riu da cena, desviando de outra flecha e criando uma parede de vento em suas costas, que bloqueou uma rajada vinda do outro arqueiro. Ele correu numa velocidade desumana na direção do A.R., não dando tempo para o homem atirar ao menos mais uma flecha na direção do ronin. Yasuo fez dois cortes rápidos; um na horizontal na região do ventre, e outro vertical, abrindo ainda mais o corte. Então, o decapitou. - Fique satisfeito por ter ao menos morrido com honra. Eu não tive essa chance. - Yasuo cuspiu no corpo caído e pisou nas vísceras saltadas do homem, lamentando pelo arco de ébano não ter tido um dono que pudesse ao menos fazer bom uso de sua arma.

Um dos iniciantes correu na direção de Yasuo, com a espada erguida, e o ronin começou a rir novamente. A sua posição estava toda errada, e nunca que um samurai se portaria daquele jeito. Yasuo corrigiu-a com alguns cortes que deceparam os membros do pobre homem, que gritava cada vez que a espada banhada de sangue do ronin o tocava. A parede de vento ainda estava erguida, e o A.R. restante não percebia que não valia a pena gastar suas flechas tentando atirar em Yasuo. O homem terminou com o gasto das flechas com uma simples decapitação.

Os iniciantes restantes tentaram fugir, com medo de serem mortos, mas o vento os jogou no ar, e Yasuo, numa manobra impressionante, correu ao encontro dos corpos dos Rastreadores restantes, os cortando rapidamente. Os órgãos internos dos homens caíram no chão pesadamente enquanto Yasuo pousou leve e graciosamente.

– Meus perdões. - ele disse, se ajoelhando e sujando ainda mais a calça azul de vermelho. - Muitos homens bons seguem ordens de pessoas más, e sei que vocês não tem culpa de seus superiores estarem tão desesperados ao ponto de mandarem iniciantes ao encontro de um ronin. - Yasuo suspirou, deixando uma lágrima cair no solo escarlate. - Eles sabem que a morte é como o vento; está sempre ao meu lado. E eu não posso evitar isso.

Deixando essas palavras no ar, o ronin embainhou a espada, e jurou para a brisa que o acompanhava que faria justiça à pessoa que o obrigara a fazer aquelas atrocidades.


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Notas finais do capítulo

Explicação de alguns termos:
> Ronin: homem-onda, literalmente. É um samurai sem mestre (esqueci o termo certo), geralmente obrigado a cometer o sepukku.
> "Yasuo fez dois cortes rápidos; um na horizontal na região do ventre, e outro vertical, abrindo ainda mais o corte. Então, o decapitou." Essa técnica é conhecida como sepukku, uma espécie de suicídio que samurais praticam, e demonstra honra (por isso Yasuo fala que ele morreu com honra). Os ronin, se não forem obrigados a fazerem o sepukku quando banidos, não podem praticar o sepukku (explicando o porquê de Yasuo dizer que não teve a mesma chance). O sepukku geralmente é feito em público, como um ritual, mas apenas a decapitação é feito por um terceiro. Os dois cortes no ventre são feitos pelo samurai praticando o sepukku.
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Enfim, espero que tenham curtido! Não sejam leitores fantasmas, pls, deem reviews e/ou críticas construtivas, please :3



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