Black and White escrita por MayEverdeen


Capítulo 3
Um rosto bonito, um corpo cheio de energia.


Notas iniciais do capítulo

Yeeee! Hello! o/
Então, esse cap. era para ter sido postado ontem, porém o Nyah resolveu cortar a parte nova que eu tinha escrito. Então, eu chutei o balde e deixei para terminar hoje. No final, esse capítulo reescrito ficou melhor que o que eu tinha feito ontem. Valeu a pena, afinal de contas! :D

Espero mesmo que gostem!
Mal posso esperar para começar o próximo!
Beijos!


(Espero reviews... ;D)



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Quando Catherine abriu os olhos, seu irmão e Lysandre estavam apoiados no piano. Os dois bateram palmas para ela e a mesma fez uma pequena mesura. A tarde avançou sem que os amigos percebessem. Resolveram parar para fazer uma pausa. Castiel subiu para trazer água para os três.

–Já fazia um tempo que eu não te ouvia cantar. - disse Lysandre, sentando-se na cadeira em frente a da garota.

–Pois é... - respondeu ela, apoiando os cotovelos nos joelhos.

Era verdade. Catherine não cantava fazia um bom tempo. Ela não tinha um motivo especial para não cantar tão frequentemente quanto antes, só estivera tão ocupada nas últimas semanas que seus tempos livres tiveram que ser substituídos por tarefas e mais tarefas.

–E aí? - começou a garota - Vocês já tem algum show marcado?

–Não. Castiel e eu decidimos tirar "férias" - disse, fazendo sinal de aspas com os dedos.

Castiel e Lysandre tinham uma banda desde de que se tornaram melhores amigos. Eles haviam convidado Catherine para entrar na banda várias vezes, mas ela sempre recusava, dizendo que sentia pavor de cantar na frente de várias pessoas desconhecidas. Nenhum dos dois sabia que essa fobia não era coisa da cabeça da irmã do ruivo, e sim um medo real. Só descobriram isso quando, em um de seus shows, convidaram Catherine ao palco para receber os aplausos pela assistência com os aparelhos de som. Quando tocou seu pulso, Castiel percebeu que a garota tremia. Depois que recebeu os aplausos, ela saiu um pouco rápido demais do palco, quase correndo. Os dois pediram um intervalo e foram atrás de Catherine. Ela estava na rua, sentada no meio-fio, chorando. Foi então que perceberam que a garota não estava exagerando sobre sua fobia de estar no palco.

–Sim, claro. Vocês já fizeram muitos shows, vocês merecem. - disse, sorrindo.

Lysandre sorriu, fazendo a garota se distrair observando os contornos de seu rosto. E então, Castiel voltou com três copos de água. Catherine agradeceu internamente, senão ela simplesmente ficaria observando Lysandre como se não houvesse amanhã.

+ + +

Um bom tempo depois, Lysandre anunciou que tinha que ir embora. Catherine se ofereceu para levá-lo até a porta.

–Foi muito bom. Eu adorei o convite. Espero não ter incomodado... - disse o garoto, abrindo um sorriso.

–Ah, que nada! Você já é da família! Além do mais, foi divertido. - disse Catherine, abrindo o maior de seus sorrisos.

Chegaram à porta. Lysandre se virou e pegou uma das mãos de Catherine, suspendeu sua mão até seus lábios e a beijou. Catherine deixou escapar uma risada nervosa.

– Até amanhã, Cath! - despediu-se Lysandre.

– Até! - respondeu Catherine.

Ela fechou a porta e se recostou nela, o sorriso ainda estampado em seu rosto. E ele permaneceu lá até ela se deitar em sua cama e fechar os olhos, dormindo profundamente.

+ + +

Lysandre caminhava pelas ruas do bairro onde moravam os irmãos. Um sorriso surgiu em seu rosto repentinamente quando a lembrança da expressão nervosa de Catherine voltou à sua mente. Ele sempre procurava fazer algo que a pegasse de surpresa, pois a expressão surpresa dela era... Como descrever?
Era linda.

Ele vinha pensando muito nela ultimamente, durante as intermináveis aulas de matemática, as engraçadas aulas de história, em seus tempos livres, até mesmo quando cantava. Isso era estranho. Não entendia como, de uma hora para a outra, Catherine começou a ocupar todo e qualquer espacinho que encontrasse em sua mente. Lysandre era capaz de esquecer qualquer coisa, um endereço, um dever de casa, um compromisso, o seu companheiro bloco de notas (coisa que ele mais perdia). Mas nunca se esquecia dela.

Havia estacionado seu carro na rua transversal à da casa de Castiel e Catherine. Entrou no carro e deu a partida, seguindo em direção à sua casa.

Quando chegou, foi direto ao quarto. Não estava com fome. Foi para o banheiro e tomou um bom banho, para depois cair na cama e adormecer pensando nela. Pensando em Catherine.

+ + +

Castiel acordou como em todas as manhãs: mal-humorado. Recusou-se a levantar, e caiu no sono de novo. Permaneceu assim até sentir alguém sacudir o seu ombro.

–Cassy, levanta! - disse Catherine, praticamente esmurrando o irmão.

"Cassy" era o apelido carinhoso pelo qual sua mãe o chamava. Para ele, a única pessoa que tinha o direito de chamá-lo de "Cassy" era a sua irmã, já que sua mãe não estava mais em condições de chamá-lo de mais nada. Era um assunto delicado, no qual nenhum dos dois irmãos gostava de tocar.

A contragosto, o ruivo se levantou e vestiu-se rapidamente. Então, desceu as escadas e foi tomar café da manhã com a irmã. Terminaram em tempo recorde, pois estavam atrasados.

Catherine insistiu que iria dirigir e Castiel não ofereceu resistência. Durante todo o percurso até a escola, a garota puxava conversa com ele, numa tentativa de fazê-lo despertar. Funcionou, pois, quando chegaram, Castiel tinha uma expressão desperta no rosto.

Se separaram no portão da escola, ele foi à procura de Lysandre e ela foi até suas amigas, que estavam do outro lado do pátio.

–E aí, gente? - cumprimentou, quando se aproximou.

–Cath! - gritou Rosalya - Que saudades!

–... você só não me vê desde sexta-feira... - disse Catherine, enquanto era esmagada pelo abraço de Rosalya.

–Eu sei! É muito tempo, não acha? - disse a amiga, entusiasmada.

–E a gente? Também quero um abraço, priminha querida! - pediu Íris, estendendo os braços.

Catherine andou até a ruiva e a abraçou. E então Íris sussurrou em seu ouvido:

"Quero falar com você mais tarde."

A garota assentiu com a cabeça e soltou a prima.

Íris era a única filha de Tia Isabelle, irmã de sua mãe. Desde o acidente
que levou seus pais, Catherine e Castiel passaram a morar com ela e a prima, Íris. E foi assim até Isabelle decidir dar aos sobrinhos a liberdade de se emanciparem e morarem sozinhos, como tanto queriam. Viveram juntos desde então, mas a relação entre Isabelle e os sobrinhos anda era muito forte.

–Alguém sabe onde está o Nathaniel? - perguntou Melody, apoiando os cotovelos nos joelhos - A Diretora me pediu para falar com ele sobre uns papéis, mas não o encontro em lugar nenhum!

–Ah! Você já deveria ter se acostumado - disse Lynn - Ele circula pela escola mais do que eu, o que não é pouca coisa!

Lynn era a novata. Havia entrado no início do ano, mas já havia feito amizade com todos. Ela era muito sociável e divertida, mas era um pouco ingênua. Mas isso não fazia dela uma pessoa irrintante. Tinha um irmão chamado Kentin, um amor de pessoa. Era fofo e gentil, usava óculos fundo de garrafa e um suéter verde e vermelho. Havia saído da escola pois sofria bulliying de Ambre e seus clones, Li e Charlotte. Segundo ela, o pai havia dito que ele precisava se tornar um homem, para não ter que passar por esse tipo de humilhação novamente, por isso pôs o garoto em uma escola militar. Lynn esperava ansiosamente pela volta do irmão, pois nem mesmo ela sabia como ele estava, só se comunicavam por mensagens.

Lynn estava certa sobre Nathaniel, quem disse que ser o representante de classe era fácil? Ele vivia circulando pela escola, sempre levando papéis, sempre trazendo pastas, sempre ocupado.

–Pois é. Além do mais, ele sempre passa pelo grêmio, você devia esperá-lo lá. - completou Lynn.

–Quer ajuda para procurá-lo? - perguntou Catherine.

–Sim, eu quero! Obrigada! - respondeu Melody, um pouco feliz demais, enquanto praticamente arrastava Catherine até dentro da escola.

–Ok, que tal cada uma procurar em um andar? Eu procuro no primeiro andar. - disse Catherine.

–Tudo bem, eu fico por aqui. Obrigada, de novo. - agredeceu.

–De nada! - respondeu, indo até as escadas.

Catherine sabia muito bem que a história dos papéis e da Diretora eram falsas. Melody gostava do Nathaniel, isso não era novidade. Mas a menina não deixava o garoto em paz, sempre ajudando. Subiu as escadas e abriu a porta da sala de música no automático. Encontrou Lysandre lá dentro, tocando violão. Resolveu não perturbá-lo, e fechou a porta. Segundos depois, se arrependeu por fazer isso, pois a música que ele tocava era familiar, mas não sabia qual era. Abriu a porta da sala de ciências e lá estava Nathaniel, debruçado sobre uma das mesas, de costas para ela. Ela
fechou a porta e ele olhou para trás, assustado.

–Ah, é você... - disse para si mesmo, aliviado - Oi.

–Oi, Melody estava te procurando.

–Aposto que estava... - disse, esfregando o rosto. Estava com olheiras e parecia péssimo.

–O que houve? Você tá bem? - pergunta, apesar de a resposta ser óbvia.

–Não, estou ótimo. Só tive que ouvir esporro do meu pai a noite toda, além de ter uma insônia terrível. Fora isso, estou ótimo!

–Não precisa ficar assim... - disse, acariciando as costas do loiro. Ele se contrai e se encolhe.

O loiro abriu a boca para dizer algo, mas desistiu. Catherine percebeu sua indecisão e propôs:

–Quer que eu saia?

–N-não... Pode ficar aqui comigo? Não quero que pensem que eu estou matando o meu tempo... - respondeu o representante, um pouco tímido.

–Mas você está, querendo ou não - apontou a garota, com uma voz suave que acalmaria até um leão. - Além do mais, é um direito seu. Você não tem que estar sempre ocupado...

–Eu sei... Mas parece que é isso que o meu pai quer, quero dizer, ele está sempre me dando tarefas. Tarefas, deveres, mais tarefas e mais deveres, até eu ir à loucura! Eu não aguento mais! - desabafou Nathaniel, correndo os dedos pelo cabelo dourado.

–Entendo, Nathaniel... Mas pense bem, o boxe ajuda a aliviar isso, não?

O garoto fazia aulas de boxe para aliviar o estress de sua rotina cheia de responsabilidades e tarefas. Catherine já havia ido à academia onde ele praticava. Lutou uma vez com Nathaniel, apesar de não saber muito sobre defesa pessoal. Acertou um soco certeiro na barriga do garoto. Os dois se divertiram muito nesse dia.

–Ajuda, mas não o suficiente. Apesar de eu ter aulas três dias na semana, os dias entre elas são insuportáveis, então eu chego na aula do dia seguinte louco de estresse!

–Diga à Diretora que você precisa de um tempo. - propôs Catherine colocando a mão nos seus ombros.

Ele negou com a cabeça. É claro que não podia fazer isso. A Diretora ligaria para os pais de Nathaniel, perguntando se havia algum problema com o garoto. O pai diria que não, e isso resultaria em mais uma surra no loiro.

O pai de Nathaniel era muito severo, isso não era segredo para Catherine. Ela conhecia Nathaniel desde criança, portanto sabia que o garoto nem sempre fora um menino responsável e educado. Ele costumava ser um pestinha e sempre quebrava as bonecas de sua irmã, Ambre (como um Castiel da vida). Os seus pais começaram a excluí-lo, então o menino tomou a decisão de se transformar na figura que o pai queria que ele se tornasse, porém, as surras que o garoto já levava só aumentaram. Sua mãe apenas fingia que não via, mas sabia de tudo. Pobre Nathaniel...

–Ele quer que eu seja perfeito, mas eu não sou! EU NÃO SOU PERFEITO! - gritou, se levantando da cadeira.

–Ei, se acalma... - rebateu Catherine se levantando e abraçando o garoto. - Só lembre-se de que eu sempre vou estar do seu lado. Pode desabafar comigo sempre que quiser, ok?

–Ok... - respondeu, cedendo ao abraço reconfortante da garota. Ficaram assim por um tempo, até Catherine se soltar do abraço e ajeitar a gravata azul de Nathaniel, depois passando para a camisa, e depois para o cabelo.

–Pronto! Agora ninguém vai desconfiar que você teve um ataque! - disse, quando terminou. Os dois riram.

–Agora vou te deixar aqui sozinho - diz Catherine - espero que não se incomode...

–Não, tudo bem... - responde Nathaniel - Vou ficar aqui só mais um pouco.

Os dois se despediram e Catherine saiu da sala com um sorriso no rosto.

+++

Nathaniel admirava Catherine. Ela sempre sabia o que dizer, era inteligente, organizada e educada, além de ser a dona do par de olhos violeta mais lindos que já havia visto. Em Ville Du Kiss, era raro encontrar alguém com olhos violeta. A garota, com seus cabelos brancos e olhos brilhantes, sempre atraía olhares dos garotos e garotas do 1º ano do Ensino Médio. Para ele, ela era mais do que um rosto bonito e um corpo cheio de energia, ela era sua melhor amiga. Ela o conhecia melhor do que ninguém. Ela era o seu porto seguro.

O garoto lembrou-se do dia em que Catherine e Castiel foram com os pais até a sua casa para brincar, quando ainda eram pequenos. Estavam no quarto de Nathaniel, brincando de nave espacial quando o pai do menino entrou no quarto e trancou a porta atrás de si. Sem nenhuma palavra, aproximou-se do pequeno Nathaniel e o segurou forte pelo pequeno pulso do filho, jogando-o no chão, de joelhos. O garoto sabia o que estava por vir, mas nenhum dos irmãos fazia a menor ideia do que iria acontecer. Só então perceberam que o pai do loiro estava com um cinto enrolado no punho. Ele o desenrolou, devagar e ergueu o braço. Catherine fechou os olhos no momento exato em que a ponta do cinto estalou nas costas frágeis do loiro, arrancando um gemido do mesmo. Ouviu mais dois estalos, mais três, mais cinco. Estava com o rosto cheio de lágrimas, só de ouvir os gemidos do amigo. Castiel abraçava a irmã com força, protegendo-a, mas também tremia um pouco. Quando a raiva do adulto finalmente passou, ele se levantou, deixando o filho largado no chão, chorando, e se virou para os irmãos. "Se contarem algo para alguém, vocês serão os próximos...", disse. Ele então saiu do quarto, como se nada tivesse acontecido. Os irmãos foram até onde Nathaniel estava. Suas costas estavam repletas de marcas roxas e vermelhas, algumas tão vermelhas que sangrariam ao melhor toque. "A gente tem que contar para alguém", disse Castiel. Nathaniel negou com a cabeça, mal conseguia se mover. "Não fala nada. Acontece sempre. Por favor, não fala nada...", suplicou o pequeno, se esforçando para se sentar. A maneira como ele pediu pareceu tocar Catherine e ela concordou em ficar calada, assim como o irmão. A garota ainda se lembrava de como, quando foram embora, o pequeno Nathaniel quase não conseguia ficar ereto e tinha uma expressão de dor no rosto. Não sabia como a ameaça do pai de Nathaniel havia a atingido. Na verdade, sabia sim. Ela tinha medo de que, se contasse, isso acarretaria em mais uma surra para o garoto. Óbvio que não queria que isso acontecesse, então ficou calada.

O sinal do início das aulas tocou, tirando Nathaniel de seu torpor. Ele sacudiu a cabeça se levantou, disposto a enfrentar mais um dia de sua rotina exaustante.


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Notas finais do capítulo

Gostaram? Odiaram? Deixem as suas opiniões aqui embaixo, eu vou adorar ler todas elas!
Beijos!!