Fallen From The Sky escrita por Tia Ally Valdez


Capítulo 8
Meu "Querido" Primo Atrapalha Meu Primeiro Beijo


Notas iniciais do capítulo

OI MEUS QUERIDOSSSSS! SENTIRAM SAUDADES? :3
Pelo título do capítulo, acho que vocês já podem prever que vão querer matar o pobre Perseu Jackson. Heheheh!
Gente! Seus comentários estão cada vez melhores! Sabe o que a Tia Ally tem de presente em troca disso?
THALICO ESTÁ CHEGANDO! UHUUU! COMEMOREM! O TÃO ESPERADO BEIJO NÃO ESTÁ LONGE DE ACONTECER! *dancinha ridícula*
Bem, sobre o capítulo... Teremos muita fofura, algumas lágrimas, mais fofura e Thalico, que está começando a nascer! :3
Bem, não vou enrolar mais. Até porque não tenho mais o que dizer.
Fiquem com o cap!
P.O.V do Gostoso di Angelo!
Enjoy it! ;)



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Nico

– LUKE?! – Thalia equilibrou-se quando a van freou com força. – O comandante das tropas dos Renegados?!

– Não acredito... – Leo os encarou.

– Nem eu... – Falei. – Como é que um babaca imbecil como Luke pode ter um parentesco com caras legais como vocês?

– Primeiramente, obrigado. – Travis agradeceu. – Em segundo lugar, Luke é tão idiota assim?

– Luke é o cara que me atacou.

– Ah... – Connor compreendeu. – Então ele é um idiota.

Leo percebeu que estávamos parados no meio de uma avenida e seguiu viagem. O tempo para voltar à New York de onde estávamos era de, aproximadamente, duas horas de viagem. Isso se não parássemos para comer, o que com certeza faríamos.

– Acho melhor você descansar. – Ouvi a voz de Thalia. Ela estava no banco à minha frente. Seu rosto me encarou pela fresta entre o banco e a janela. – Ser envenenado esgota as energias. Ser curado esgota muito mais. Se não dormir, você pode desmaiar no meio de uma luta.

– Isso não seria legal. – Comentei. Thalia apenas revirou os olhos, mas sorriu quando percebeu que eu me ajeitava para dormir. – Me acorde quando chegarmos.

Thalia assentiu e voltou a olhar para frente. Apoiei minha cabeça no vidro, vendo o céu escuro da noite, e fechei os olhos.

Pela primeira vez em um mês, eu não estava em frente à porta.

Eu estava voando. Muito acima das nuvens e dos prédios. Não sabia como, mas, ao olhar para cima, reconheci um par de asas negras, como as de Isabelle, porém escuras e sombrias como as sombras.

Mergulhei em direção ao chão e fitei o que não queria.

A cidade estava destruída. Os carros parados de qualquer maneira nas ruas. Janelas quebradas. Prédios destruídos e sangue seco espalhado em vários lugares. Arquejei ao ver dois ogros puxando uma rede cheia de corpos. Pessoas mortas. Homens, mulheres e até crianças.

Procurei por Percy. Annabeth. Hazel. Leo. Travis. Connor. Katie. Isabelle. Não encontrei nenhum. Eles não estavam em lugar nenhum.

Em desespero, olhei ao redor, procurando por Thalia. Nenhum sinal de seus olhos azuis.

Engoli em seco, sentindo vontade de chorar. Os ogros nem notaram minha presença. Apenas arrastaram seu jantar para longe dali.

Voei pela cidade inteira. Não encontrei nem uma pessoa nas ruas. Entrei em desespero. O que estava acontecendo, afinal?

Ouvi o barulho de correntes e olhei para baixo, arquejando alto em seguida.

Uma fila dupla de pessoas atravessava a cidade. Todos com os pulsos e tornozelos acorrentados. Um demônio vinha à frente, puxando-os. Procurei por Umbra nos bolsos e não a encontrei. Entrei em desespero pela terceira vez. Então preparei-me para mergulhar desarmado. Era apenas um demônio.

Porém, quando alcancei a fila, passei direto por eles, como se fossem feitos de ar. Eles nem sequer notaram minha presença. Arquejei ao reconhecer Percy entre eles.

Estava prestes a seguir a multidão quando um grito cortou o som de correntes sendo arrastadas. Virei-me rapidamente e vi Thalia. O alívio percorreu meu corpo por um curto período de tempo. Ao ver que a arrastavam para seja lá onde, meu desespero voltou.

Thalia lutava ferozmente contra os Demônios e Renegados. Ela fazia de tudo para escapar, mas parecia ser em vão. Pude ver, em seus olhos, que ela já havia perdido as esperanças.

– Thalia! – Tentei chegar até ela. Tocá-la. Mas não consegui me aproximar. Algo me impedia de fazê-lo.

Com Thalia já contida, os Renegados seguiram em frente, agora levando-a pelas ruas desertas, entre os carros destruídos e abandonados. Eu seguia tudo de perto. Estava preocupado com o que fariam com Thalia.

A caminhada acabou diante de um enorme prédio. Reconheci a fachada destruída da di Angelo Company. Era a empresa do meu pai. Fazia até sentido, já que era o prédio mais alto da cidade.

Quando chegaram à entrada, as pessoas acorrentadas seguiram em frente, mas dois Renegados seguraram Thalia com força. Ela chorava baixo. Eles a forçaram a olhar para cima. Para o grande portão de aço, agora parcialmente destruído, que levava ao prédio. Thalia gritou e soluçou alto ao ver o que queriam que ela visse. E, quando segui seu olhar, não contive o meu grito.

Era eu. Meu corpo, para ser mais exato. Não usava camiseta, exibindo dezenas de ferimentos pelo corpo. Sangue seco e fuligem cobria boa parte do corpo. Havia um corte enorme em meu peito e marcas de facadas no abdômen. Várias facadas. Como conseguiram manter meu corpo conservado, eu não sabia. Mas tinha certeza de que já havia visto o suficiente.

Desviei o olhar. Era mais do que estranho fitar meu próprio corpo. Voltei a olhar para Thalia, que soluçava alto, já não lutava para fugir. Ela caiu de joelhos no chão do asfalto, soluçando e gritando meu nome.

– Pois é, querida... – Um Renegado se aproximou, saindo pelo portão. – Ele não estava preso e vivo. Nós mentimos para você.

Reconheci o rosto de Luke, agora com duas cicatrizes. Ele tinha um sorriso vitorioso e Umbra em uma das mãos. Isso explicava porque a espada não estava comigo.

– Por quê? – Thalia soluçou alto. – V-você me prometeu... Que o deixaria viver... Se eu não matasse você...

– Eu prometi, foi? – Luke se aproximou. – Não me lembro de ter prometido. Prometi que deixaria vocês dois juntos e em paz. E estou prestes a cumprir essa promessa.

– Você é um desgraçado, Luke... – Thalia soluçou. – Por que fez isso? Por que o matou?

– Deveria se sentir agradecida por eu não ter matado-o em sua frente... Seria agradável ouvir você gritar enquanto o torturávamos, mas você estava muito ocupada tentando esconder os sobreviventes... – Ele segurou seu rosto. – Eu esperei muito tempo por isso... Adeus, Thalia.

Thalia ia dizer algo, mas Luke pegou Umbra e eu gritei tão alto que senti minha garganta doer quando a lâmina negra atravessou o corpo de Thalia. Ela apenas ofegou alto, fechando os olhos com força para abri-los arregalados e marejados. Luke puxou a espada e largou Thalia ali... No chão frio do asfalto. Uma poça de sangue começou a crescer ao redor de seu corpo.

– THALIA! – Por mais que eu gritasse, ninguém ali me notou. – NÃO!

Ela não conseguiu dizer nada. Uma única lágrima desceu pelo seu rosto, enquanto o meu estava encharcado por lágrimas. Caí de joelhos, sem reação. Eu precisava acordar. Não queria mais ver aquilo

– Descanse em paz, Thalia... – Luke disse em tom de deboche. Depois jogou seu corpo inerte no chão. Os olhos de Thalia fitaram meu corpo uma última vez e um brilho de esperança passou por eles antes de se fecharem. Com um último suspiro, ela sussurrou meu nome. Solucei alto.

Luke e os Renegados riram e se afastaram. E eu consegui controlar minhas pernas e correr até Thalia. Mesmo sabendo que não a tocaria. Que a atravessaria como se fosse feita de ar.

Mas me surpreendi quando minhas mãos tocaram seu rosto, agora frio e pálido. Sem vida alguma nele. Apressei-me e segurei seu corpo em meus braços, abraçando-a com força e sentindo mais lágrimas virem à tona. Não me importei com o sangue que manchava minhas roupas.

– Não me deixe... – Implorei num sussurro. Naquele momento, tinha certeza de que o que eu sentia por Thalia era algo forte o suficiente para que eu chegasse ao ponto de implorar para que ela não me deixasse. Solucei mais alto. Ainda a abraçava com força em frente àquele prédio destruído. – Não vá embora, Thalia... Por favor...

Acorde... Um sussurro ecoou em minha mente. Eu ainda chorava conforme ele se tornava mais intenso. Nico, acorde... Era a voz de Thalia. Disso eu tinha certeza. Nico, acorde!

Acordei num pulo. Estava ofegante. Não conseguia respirar. Lágrimas borravam minha visão e eu não estava na van.

Olhei para cima e reconheci Thalia. Não contive um soluço e a abracei com força. Ela pareceu confusa, mas me abraçou de volta. Senti-a afagar meus cabelos, permitindo que eu chorasse pelo tempo que precisasse.

– Ele acordou? – Ouvi a voz de Percy. Eu o encarei.

– Por que nós não...

– Porque você explodiu a van. – Isabelle caminhou até mim e puxou meu pulso esquerdo, sorrindo ao ver apenas um borrão preto. – Umbracinese... Sabia!

– Umbra o que? – Perguntei, ainda tentando respirar.

– Você pode controlar as sombras... – Isabelle sorriu. – Que nem eu.

– Como eu...

– Cara... – Travis sentou-se ao meu lado. – Primeiro você gritou. Depois a van ficou completamente escura... E depois tudo explodiu.

– Eu machuquei alguém?

Travis ia abrir a boca, mas Thalia o antecipou.

– Não, Nico... Você não feriu ninguém.

Eu ainda estava abraçando-a. Corei ao notar e Thalia também corou quando eu, envergonhado, a soltei. Olhei em volta. Estavam todos lá. Percy, Annabeth, Leo, Isabelle, Travis, Katie, Connor e Thalia. Eles não tinham nenhum ferimento. Apenas pequenos arranhões.

– Desculpe pela van... – Encarei Leo, que tinha o rosto coberto de fuligem. Um pequeno corte do lado esquerdo do seu maxilar já parara de sangrar.

– Tudo bem, cara... O que importa é que ninguém se feriu gravemente. – Ele colocou uma das mãos em meu ombro. – Além disso, você é rico. Vai pagar outra van pra mim.

Empurrei-o, afastando-o de mim com um sorriso.

– Interesseiro.

Leo riu baixo.

– Bom, tem um hotel a alguns quilômetros daqui. É só seguir a estrada.

– Hotéis de estrada nunca são bons. Vai que é o Bates.

– Fala isso não... – Disse Leo. – Eu adoraria tomar meu banho sem ser esfaqueado no chuveiro.

Apenas Thalia e Isabelle, por não entenderem a piada, não riram. As duas se entreolharam e estranharam ao ver que mal podíamos respirar de tanto rir. Só Leo mesmo para me fazer rir numa hora daquelas, logo depois do pior pesadelo da minha vida.

Chegamos ao hotel um tempo depois. Não pude deixar de notar que Thalia ficara muito atrás do grupo, vindo lentamente.

– Tudo bem?

Thalia assentiu.

– Estou de olho caso algo tente atacar você... – Ela corou, se perdendo no que ia dizer. – Nós... Caso algo tente nos atacar.

Ri baixo e fui em frente. Isabelle foi pegar cinco chaves com a recepcionista e nos deu a nossa.

– Boa noite. Amanhã cedo nós daremos um jeito de seguir viagem.

– Teremos que ir a pé. – Disse Leo. – Não tem nenhuma parada por aqui. Estamos no meio da estrada.

– A culpa é minha... – Admiti mais para mim mesmo do que para os outros. – Se eu não tivesse dormido...

– Não estaria conseguindo andar. – Thalia tocou meu ombro. – Não se culpe, Nico.

Connor, Travis e Katie foram para seus quartos primeiro. Percy e Annabeth subiram logo depois.

– Amanhã nós daremos um jeito, Nico... – Isabelle sorriu. – Não se preocupe.

Assenti e subi com Thalia até o quarto 89. Caminhávamos em silêncio pelos corredores. E o silêncio só foi interrompido quando, logo após fechar a porta, Thalia gemeu de dor.

– Tudo bem? – Cheguei até ela mais rápido do que pensei. – Está pálida.

– Relaxe, estou... Ótima... – Thalia pressionava o abdômen com força. Segurei seu pulso, sentindo algo quente e úmido contra minha palma.

Ah, meu deus... Não...

Era mesmo sangue. Thalia tinha um enorme ferimento na região do abdômen, que sangrava muito.

Abaixei-me quase em desespero, arrancando minha camiseta para pressionar o ferimento. Thalia gemeu de dor.

– O que foi isso?

– Acho que deve ter sido um Renegado qualquer...

– Thalia, fui eu que fiz isso?

– Nico...

– Fui eu que te machuquei, Thalia?

– Nico... Não surta, por favor.

– Ah, meu deus! – Passei as mãos pelo cabelo com ignorância. Eu a havia ferido. Logo eu, que julgava todos que feriam Thalia como monstros, agora eu podia ser considerado um monstro também. – Que droga!

– Eu estou bem, Nico... – Thalia indicou minha mochila. – Eu coloquei... Um cantil... – Ela tossiu. – De néctar... Na sua mochila...

Disparei até a mochila e a virei do avesso, jogando todas as coisas dentro dela para todos os lados até encontrar o cantil de néctar. Abri a garrafa e a estendi para Thalia. Depois encharquei um pedaço de gaze e o apliquei na ferida. Thalia gemeu alto de dor. Mas mordeu o lábio inferior, tentando, ao máximo, esconder sua dor.

– Desculpe... – Pedi.

– Estou bem... – Tranquilizou-me. Sua expressão suavizou conforme o ferimento se fechava devagar.

– Como foi que aconteceu?

Thalia me encarou.

– Eu fui até o banco de trás te ajudar quando tudo ficou escuro... Daí, quando a van explodiu, fomos arremessados em todas as direções... E um pedaço de metal afiado estava vindo em sua direção...

– Ficou na minha frente?

– Tentei desviá-lo com a lança, mas a explosão me deixou desnorteada... – Thalia bebeu um último gole de néctar antes de me devolver a garrafa. – Ele desviou alguns centímetros e, ao invés de me atravessar, ele passou de raspão e fez um corte.

Suspirei. Claro que a culpa era minha. Se eu não houvesse dormido. Se eu soubesse controlar meus poderes. Talvez Thalia não tivesse se ferido.

– Desculpe... – Solucei baixo, fitando o curativo. – Desculpe, Thalia... Por favor...

Solucei mais alto dessa vez, desabando em lágrimas no colo de Thalia, que afagou meu cabelo enquanto eu soluçava alto.

– Não chore por isso, Nico... Estou bem... Não foi culpa sua...

– Foi culpa minha sim, Lia! – Eu a encarei. – Será que tem como eu parar de fazer você se ferir?

Thalia não disse mais nada. Apenas me abraçou com força.

– Você não está fazendo com que eu seja ferida, Nico... Eu estou me ferindo por escolha própria. Porque prefiro ser ferida do quer deixar que você seja ferido... – Ela corou com o que disse. Não pude evitar corar também. – Porque... Bem... Você é importante... Pra mim...

Corei mais do que antes. Thalia aproximou-se de mim e deu-me um beijo no rosto. O ponto onde ela beijou ficou instantaneamente vermelho, seguido do resto do meu rosto. Thalia corou levemente também. Depois sorriu minimamente.

– O... – Corei mais ainda. – O que foi isso?

Thalia continuava corada.

– É que... Eu sentia que precisava fazer isso... Desculpe se... Se eu fui muito... – Ela passou as mãos pelo rosto, vermelho e, agora, com os olhos marejados. – Desculpe... Eu precisava saber... – Thalia respirou fundo. – Agora eu é que preciso de um ar...

Eu continuava confuso, tentando ligar as palavras aleatórias de Thalia e tentando parar o formigamento no rosto, assim como tentava controlar meus batimentos cardíacos acelerados.

Thalia levantou-se e caminhou até a porta, saindo do quarto. Eu ainda tentava processar o que havia acontecido ali. Ela havia me beijado (ok, não foi bem o beijo que eu queria, odeio confessar) e depois saiu do quarto, pedindo desculpas com se houvesse cometido um crime.

Eu, sinceramente, deveria parar de agir como uma virgem insegura na primeira vez e agarrá-la na primeira oportunidade. Mas quem disse que eu consigo deixar de agir que nem uma virgem insegura? Tanto que eu tinha certeza de que se, por algum milagre, um beijo de verdade entre nós acontecesse, Thalia tomaria a atitude, não eu.

Que droga! Você é o que? Um homem ou uma garotinha que sempre sonha com o primeiro beijo, mas nunca dá o primeiro passo?

Ok, sou a garotinha.

Sentei-me ali, no chão, limpando os últimos vestígios de lágrimas enquanto minha mente estava num conflito interno que se resumia a: eu vou atrás dela ou espero até que ela volte?

Por fim, decidi ir procurá-la. E não levei muito tempo para encontrá-la na piscina simples que havia nos fundos do hotel. Ela estava sentada numa das espreguiçadeiras que havia lá e fitava a água. O rosto com trilhas recentes de lágrimas.

Não falei nada, apenas sentei-me na espreguiçadeira ao seu lado. Thalia nem pareceu notar minha presença. Ou, se notou, fingiu não me ver.

Ah, não! Não me ignore pelo resto da vida ou eu vou acabar me matando!

– Nico... – Murmurou baixo. Temi que ela fosse falar algo sobre o beijo, mas quase não contive o alívio quando ela me encarou e disse outra coisa. – Como é o mar?

Hein?

– O... Mar? Você não sabe como é o mar?

Thalia negou, abraçando as pernas e colando-as ao peito, apoiando o queixo nos joelhos. Ainda fitava a piscina.

– Eu nunca vi o mar... – Murmurou distantemente. – Deve ser tão lindo...

Sorri, aproximando-me dela.

– Feche os olhos... – Pedi. Thalia inclinou-se, deitando na espreguiçadeira, e fechou os olhos. – Agora... Imagine um céu azul... Sem nenhuma nuvem... – Sentei-me ao seu lado. – Agora, perto de você, imagine areia, branca e quente, devido ao sol. Imagine a brisa leve do verão batendo em seu rosto... – Um sorriso surgiu no rosto de Thalia. – Agora, a melhor parte... Imagine, desde um ponto à sua frente, nem muito perto, nem muito longe, uma longa e infinita faixa azul, que se estende até o horizonte. Imagine a espuma branca das ondas, que vão diminuindo até chegar aos seus pés como uma pequena poça... Imagine a água gelada em seus pés... – E me acrescente ao seu lado. Foi o que eu quase falei. Quase engasguei ao segurar aquelas palavras e corei ao imaginar a cena.

Thalia sorriu mais... Depois abriu os olhos.

– Ele é realmente lindo... – Comentou. Ajoelhei-me em sua frente.

– Um dia... Eu te prometo, Thalia... Vou mostrar o mar para você.

Thalia sorriu, me encarando. O silêncio absoluto era cortado apenas pelos grilos barulhentos ao nosso redor. A luz refletida nas águas da piscina dava aos olhos de Thalia um brilho diferente e lindo.

Ela se aproximou primeiro... A respiração lenta. O rosto tão próximo que eu poderia contar cada uma das sardas nele. Nem percebi que aproximava meu rosto do dela também. Os lábios escarlate praticamente brilhavam. Eu já podia sentir seu cheiro de chuva...

Estávamos muito próximos... Nossos lábios a centímetros de distância...

Então Percy emergiu das águas da piscina, fazendo com que pulássemos de susto e nos afastássemos, ambos corados. Percy riu quando percebeu o que fez.

– Atrapalho algo?

Mortos não atrapalham beijos! MUAHAHAHAHAHAHAH!

Ok, isso foi estranho.

– Não, Percy... – Forcei um sorriso, apesar de não conter o brilho de raiva nos olhos. – Não atrapalhou nada. – Só um beijo que deveria ter sido meu primeiro beijo e o mais perfeito da minha vida, seu peixe-boi duma figa! Espero que você beije a Annabeth com bafo de cebola frita do Sr. D e ela não queira te beijar por dez anos!

Thalia desviou o olhar, corada. Percy riu, nadando de costas até o outro lado da piscina.

– Isso que você disse sobre o mar, Thalia... – Comentou. – É sério mesmo? Você nunca viu o mar?

Thalia assentiu.

– Nasci nos céus, Percy... Nunca tive contato com o mar... Meu pai não me deixava sair em viagens... Ele dizia que eu deveria ser como as outras moças, que aprendem costura e artesanato e cobiçam rapazes ricos para trazer riqueza às suas famílias com o casamento. Mas, enquanto Drew Tanaka e suas amigas cobiçavam rapazes, eu treinava. Aprendi a usar espadas, adagas, arcos, lanças, machados de guerra e magia avançada. Eu treinava para lutar contra os Renegados.

– Que garota assustadoramente forte... – Comentou Percy, fazendo Thalia rir baixo. – Então esse seu treino excessivo que durou a vida toda te impediu de viajar por aí e conhecer, principalmente, o mar. – Concluiu. Thalia assentiu.

– Vamos dormir agora? – Chamei. – Já está tarde... Amanha sairemos cedo e procuraremos um carro ou um meio de transporte.

Percy assentiu, saindo da piscina e pegando sua toalha para se secar. Thalia levantou-se primeiro e caminhou até o hotel, parando na entrada do mesmo para me encarar.

– Vamos?

Assenti e levantei-me, seguindo-a até o nosso quarto. Os dois fingindo que nada havia acontecido. Ela entrou no quarto em silêncio e dirigiu-se à cama, deitando-se de um lado da mesma. Deitei-me na outra extremidade. Estávamos de costas um para o outro. Ela parecia estar mais segura para dormir agora. Será que ela ouviu o que eu disse naquela noite?

Apenas fiquei em silêncio... Não conseguia pegar no sono. Perdi a noção do tempo em que ficara acordado, mas, quando olhei as horas no pequeno relógio digital sobre a mesinha de cabeceira, vi que já eram quatro horas da manhã. E eu não havia fechado os olhos. Minha cabeça estava a mil, pensando sobre o sonho que eu tivera e o quase beijo entre eu e Thalia. Resolvi que, para não criar um clima estranho entre nós, o melhor era não mencionar nada daquele beijo.

Thalia se mexeu devagar ao meu lado, virando-se. Olhei para ela e vi que estava dormindo...

E chorando.

– Não façam isso... – Pediu, soluçando. – Não o machuquem...

Levantei-me devagar, encarando Thalia, que se mexia mais ainda na cama, agora chorava alto, agarrando o lençol com força.

– Parem... Por favor, parem...

– Thalia? – Chamei baixo. Ela não reagiu.

Quando toquei seu braço, ela gritou. Muito alto. Nunca a ouvi gritar daquela forma... O que eu mais gostaria de saber era o que estava se passando por sua mente naquele momento. Que tipo de pesadelo estava tendo?

– NÃO! – Gritou, ainda chorando e se debatendo na cama. – ME MATEM, POR FAVOR! NÃO SUPORTO MAIS! – Thalia agarrou o travesseiro com força. – Não quero mais sofrer... – Murmurou, soluçando alto.

Parei de ficar pensando e a puxei de encontro ao meu peito, abraçando-a com força. Thalia ainda gritava e chorava. Embalei-a, puxando-a para mais perto de mim. Lembro-me que, quando eu tinha pesadelos, minha mãe me abraçava forte. Ela dizia palavras tranquilizadoras. Dizia que estaria sempre ali para mim.

– Shh... – Murmurei. Thalia ainda chorava. – Está tudo bem, Lia... Eu estou aqui... – Afaguei seus cabelos. Ela já não gritava. Apenas chorava baixo e agarrava-se à minha camiseta com força. – Vai ficar tudo bem, principessa...

Thalia, aos poucos, parou de chorar. Ainda segurava minha camiseta, mas com menos força que antes.

– Nico... – Murmurou muito baixo, conforme abandonava aquele pesadelo horrível no qual deveria estar. – Não me deixe...

Apesar de saber que não era exatamente comigo que Thalia estava falando, envolvi-a com um pouco mais de força enquanto ela caminhava para um sono melhor.

– Nunca...


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Temos o pesadelo do Nico (que, apesar de trágico, foi fofo! :3), temos o segundo poder do nosso querido anjo da Terra (Isabelle vai treinar o Nico? Será que dá certo ou dá treta?), temos uma cena mais do que fofa com nossos queridos protagonistas, Thalia nunca viu o mar. Qual será o grau de fofura se o Nico sobreviver para mostrá-lo para ela? :3
E, para completar, temos Percy substituindo o Jason no quesito "cortar clima" e a suprema fofura Thalico no final! :3 :3
Espero que tenham gostado! :3
O próximo já está sendo escrito! E teremos muitas cenas lindinhas! A a partir do capítulo 10, Lizzy também terá certo destaque! :3
Okay. Fico por aqui!
Até o próximo!
Bjoks! *3*



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