Fallen From The Sky escrita por Tia Ally Valdez


Capítulo 9
Não Posso Evitar Me Apaixonar Por Você


Notas iniciais do capítulo

HEEEEEEEEEEEEEEEEEEEY AMOREEEEEEEEES!
EU SEI! Eu demorei! Mas foi por um bom/péssimo motivo: SEMANA DE PROVAS! Então tive que ficar dias estudado.
Mas, porém, todavia, entretanto... Hoje foi minha última prova e, consequentemente, MEU ÚLTIMO DIA DE AULAAAAA! TIA ALLY TÁ DE FÉRIAAAAAAAS! *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts* *tuts*
Sabe o que significa? CAPÍTULOS MAIS RÁPIDOS!!
E, amanhã, FIC NOVAAAAA! (N/Leitores Revoltados de MBC: VOCÊ DISSE QUE POSTARIA ESSA BENDITA FIC FAZ TEMPO, SUA BASTARDA MALDITA!) Eu sei que não postei no dia combinado. Mas isso tem três razões: Cast, capa e falta de coragem, porque, tipo, é a minha primeira fic que não é (SÓ) do universo PJO e a primeira fic que não tem Thalico como casal protagonista (mas ainda tem Thalico! :3) é uma fic Sanubis, meu OTP de As Cronicas dos Kane. Também vou postar uma original quando tiver o nome dela. :3
Mas não vou mais enrolar! Vamos ao capítulo, que está recheado de fofurinhas! *-*
P.O.V da Lia!
Enjoy it! ;)



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Thalia

O imenso salão de baile do palácio de Zeus nunca me pareceu tão brilhante. O teto abobadado transparente permitia que a luz da lua entrasse no ambiente. Olhei ao redor. Várias moças exibiam seus luxuosos (ou, às vezes, simples) vestidos de várias cores, cortejavam rapazes ou dançavam com os mesmos. Sorrisos, conversas e risos ecoavam pelo ambiente. Taças de cristal eram erguidas em brindes por onde eu passava. Penas nas cores branca, cinza e preta espalhavam-se pelo chão.

Olhei para baixo. Eu usava um vestido preto, com o final azul. Uma sandália preta estava em meus pés e eu usava joias prateadas com pedras de zircônio. Pelo meu reflexo em uma das taças, eu usava uma sombra escura. Um batom vermelho escuro realçava meus lábios. E eu estava com minhas asas, o que me trouxe uma sensação nostálgica de felicidade.

Continuei caminhando pelos convidados, que abriram um caminho para mim até uma escadaria, que levava a dois grandes tronos no final do salão. Sobre eles, meu pai, Zeus, e minha madrasta, Hera.

Em frente às escadas, estava Nico, vestido formalmente com uma camisa preta, calças e sapatos da mesma cor. Asas negras saíam de suas costas e Umbra já não estava na forma de um cilindro, e sim embainhada e maior, como se a espada houvesse evoluído junto com ele, estava de forma transversal em suas costas. Ele sorriu, estendendo-me sua mão.

– Dance comigo, Thalia... – Seus olhos brilharam ao pronunciar meu nome.

Não contive um sorriso, estendendo minha mão em aceitação à sua. O sorriso de Nico cresceu e ele me guiou até o centro do salão. Todos os convidados haviam parado, formando um círculo, para ver a nós dois. Uma mulher subiu ao palco, em frente aos músicos, que se retiraram, com exceção do pianista. Uma melodia começou a ecoar pelo salão e a mulher não demorou a cantar.

– Sério? – Nico sorriu. – Elvis Presley?


Homens sábios dizem
Que só os tolos se apaixonam
Mas eu não consigo evitar
Me apaixonar por você

– Acha mesmo que Elvis era um mortal comum? – Sorri quando Nico começou a me conduzir pelo enorme espaço aberto. – Onde acha que ele conseguiu aquela voz e beleza?


Eu deveria resistir?
Seria um pecado
Se eu não consigo evitar
Me apaixonar por você?

– Elvis tinha sangue de anjo? – Nico me girou uma vez antes de envolver minha cintura novamente na dança.

– Claro que tinha! – Sorri mais uma vez. Parecia que nada ao nosso redor existia. Apenas eu e Nico, dançando juntos no meio do salão. Mais próximos do que nunca. Meu coração batia a mil. O que está acontecendo?


Como um rio que corre
Certamente para o mar
Querida assim vai
Algumas coisas
São destinadas a ser

A resposta me veio como um soco segundos depois. Nico me girou mais uma vez.

Estou apaixonada.

– Thalia... – Nico aproximou seu rosto de mim. Os lábios roçaram no lóbulo da minha orelha. Arrepiei.


Pegue minha mão
Tome minha vida inteira também
Porque eu não consigo evitar
Me apaixonar por você

– Nico... – Murmurei em resposta.

– Beije-me. – Sussurrou. Arrepiei por completo. Um beijo? Era tudo o que eu queria no momento, apesar de esconder isso ao máximo.


Como um rio que corre
Certamente para o mar
Querida assim vai
Algumas coisas
São destinadas a ser

Mas não ouvi a voz da minha consciência, e sim a do meu coração. Aproximei meu rosto do seu e Nico não esperou eu me aproximar para selar nossos lábios num beijo maravilhosamente doce e apaixonado. Nada mais existia naquele lugar. Era apenas eu, Nico e a música, que ecoava pelo ambiente


Pegue minha mão
Tome minha vida inteira também
Porque eu não consigo evitar
Me apaixonar por você
.

Quando nos separamos, Nico aproximou seu rosto novamente. Minha vontade era beijá-lo outra vez.

As três palavras que saíram de seus lábios foram as melhores que ouvi em toda a minha vida.


Porque eu não consigo evitar
Me apaixonar por você

– Eu amo você.

Acordei com os primeiros raios de sol da manhã batendo em meu rosto. As vozes dos convidados ecoavam em meus ouvidos, assim como as palavras de Nico. Odiei-me profundamente por ter adorado ouvir aquelas palavras.

Tentei me mexer e percebi que estava envolvida por braços fortes e frios. Senti alguém afagar meus cabelos. Nico... Ele ainda não havia percebido que eu estava acordada. Continuava afagando meus cabelos. Cantarolava uma música qualquer em voz baixa. Percebi que era a mesma música que eu e ele dançávamos em meu sonho.

Finalmente, mexi-me devagar, fazendo-o notar que eu estava acordada. Nico me soltou devagar e me encarou. Estava corado.

– Tudo bem?

Lembrei-me de estar tendo aquele mesmo pesadelo, misturado a outro pesadelo, do qual eu não lembrava os detalhes.

Apenas assenti, sentindo meu rosto esquentar ao perceber que estava o abraçando.

– Obrigada por... Você sabe... – Corei mais ainda. – Por me ajudar...

Nico apenas sorriu, envergonhado... Como ficava lindo daquela maneira... Amaldiçoei-me por ter pensado nisso.

Nico pegou seus óculos na mesa de cabeceira e os colocou. Eu ainda o abraçava. Corei mais ainda e o soltei.

– Temos que ir... – Murmurei. Nico assentiu e se levantou primeiro, caminhando até o banheiro e tomando um longo banho. Peguei seu celular na mochila e voltei a ouvir Green Day. Deitei-me na cama novamente, apreciando a música que tocava no momento, Stray Heart. Sorri enquanto a música tocava.

Senti Nico se deitar ao meu lado e puxar um dos fones, ouvindo junto comigo. Quando a música chegou ao refrão, Nico começou a cantar junto. Sorri, apreciando sua voz. Fechei os olhos por um momento, ainda ouvindo-o cantar.

Quando a música acabou uma nova começou. Basket Case. E Nico a cantou inteira também. Ri quando Nico errou uma parte da música e ele riu junto comigo.

– Foi ele que errou! – Reclamou, rindo. – Esse Billie sempre erra nessa parte.

– Sei não, acho que foi você que errou mesmo.

Nico fingiu estar indignado e eu ri mais ainda. Ficamos rindo por um longo momento até Nico me encarar.

– Você sente cócegas?

Ergui o rosto.

– O que são cócegas?

Nico me lançou um sorriso maroto e eu me arrependi profundamente de ter perguntado.

Logo, Nico ficou por cima de mim e começou a me fazer o que eu acreditava serem cócegas.

Eu realmente me arrependi de ter perguntado. No segundo seguinte, eu ria quase que escandalosamente. Nico ria junto enquanto eu me esperneava, ainda rindo.

– P-para, Nico! – Ri novamente. – Para!

Nico riu e parou, deixando-me suada e ofegante de tanto rir.

Isso são cócegas.

Apenas ri mais uma vez. Ficamos em silêncio por um longo tempo enquanto eu recuperava meu ar.

– Preciso de um banho... – Murmurei. Nico riu baixo.

Levantei-me e caminhei até o banheiro, entrando debaixo do chuveiro quente depois que me despi. A água era simplesmente relaxante. Aquilo me ajudava a pensar em tudo o que estava acontecendo no momento, tanto em relação aos planos de Luke quanto em relação aos meus sentimentos por Nico. As palavras de Akhlys ecoaram em minha mente:

“Sabe que tanto o meu preço quanto o preço desse seu sentimento por ele serão altos, não?”

Engoli em seco, pensando, como sempre, no pior. Que preço teria? Eu sofreria novamente? Esse sentimento custaria a minha vida? Pior: Custaria a vida dele? O que sinto por ele afinal?

Óbvio que a última pergunta fora completamente desnecessária. Era óbvio que eu estava apaixonada por Nico. Eu, que jurei para mim mesma que não me envolveria mais com nenhum garoto. Que jurei a mim mesma que não me apaixonaria novamente. Eu estava apaixonada. E, para melhorar, pelo Anjo da Terra.

Que ótimo!

Saí do chuveiro, enrolando a toalha ao redor do meu corpo. Parei em frente ao espelho e passei a mão sobre sua superfície embaçada. E levei um susto.

Assim que limpei o espelho, vi, no reflexo, Octavian atrás de mim. Tinha um sorriso sádico e cruel no rosto. Virei-me, já quase gritando, quando ele veio subitamente até mim e tapou minha boca com força e ignorância.

– Shh... – Sussurrou. – Se você gritar, seu precioso anjo da Terra vai pagar o preço. – Completou com uma ameaça. Ofeguei. O que ele queria de mim (além de me matar)?

Octavian me soltou e me avaliou de cima a baixo, coberta apenas pela toalha. Meus cabelos estavam molhados, pingando água nos meus tornozelos. Ele sorriu e se aproximou, encurralando-me de encontro à parede, e tentou me beijar. Desviei o rosto, enojada. Octavian o segurou com força e tentou outra vez. E eu não pude mais ficar parada.

Pisei com força em seu pé, golpeando suas partes baixas em seguida. Octavian conteve um grito e caiu de joelhos.

– Só queria me divertir com você... – Ele sorriu cinicamente, levantando-se com dificuldade. – Não me avisaram que você se defendia tão bem, Grace...

– E não vai ouvir o aviso de que eu mato qualquer Renegado que se aproxime de mim! – Peguei a tesoura de unha que Annabeth deixara no banheiro. Era pequena, mas foi suficiente. Cravei-a no ombro esquerdo de Octavian, que gritou. Usando magia, consegui tirar o espelho da porta do pequeno armário do banheiro e o quebrei na cabeça de Octavian, que cambaleou. Cacos de vidro se espalharam rapidamente pelo chão. Minhas mãos e meus pés tinham alguns cortes. Sangue se espalhara pelo chão, deixando pegadas enquanto eu andava.

– Thalia? – Ouvi a voz de Nico. – Tudo bem aí?

– Está tudo sob controle, Nico! – Tranquilizei-o, mas ainda ouvia seus passos, que se encaminhavam para a porta. Encarei Octavian, inconsciente, e limpei os pés, tirando os cacos de vidro e o sangue. – É sério, Nico... Não precisa...

Não pude terminar. Nico entrara no banheiro e arregalou os olhos ao ver a cena: eu, agora limpando o sangue das mãos, ainda com os pés sangrando, com um Renegado apagado aos meus pés com uma tesourinha de unha cravada no ombro.

Ele corou quando viu que eu ainda estava de toalha. Apenas sorri discretamente, pensando comigo mesma o quanto Nico ficava fofo corado daquela maneira.

– O que houve aqui?

Resumi o acontecimento no banheiro enquanto terminava de tirar os cacos de vidro das mãos. Eu ia dar mais um passo, ignorando a ardência nos pés, quando Nico, inesperadamente, me segurou em seus braços.

– Nico, não preci...

– Preciso sim... Além de deixar pegadas de sangue pelo quarto, eu sei que arde quando você anda. Já pisei em cacos de vidro e não foi nem um pouco legal.

Revirei os olhos. Nico me sentou na cama e tirou seu kit de primeiros socorros da mochila. Ele pegou um rolo de gaze, uma garrafa de álcool e uma garrafa de néctar.

– Não vou mentir para você... Vai arder muito.

Assenti, vendo Nico colocar álcool na gaze e aplicá-la em meu pé. Gemi alto de dor, contendo um grito, e segurei o colchão com força.

– Só não chute meu rosto... – Pediu Nico. Ri baixo.

– Já chutou o rosto de alguém?

– Chutei o rosto do médico que cuidou do meu pé machucado. Eu tinha treze anos... Alguém jogou uma pedra na janela da minha casa e eu saí correndo do quarto descalço. Acabei pisando nos cacos de vidro.

– Fico feliz por saber que não sou a única pessoa estabanada por aqui.

Nico fingiu estar ofendido.

– Não sou estabanado!

Ri enquanto ele aplicava a gaze com o álcool no outro pé, transformando meu riso num gemido de dor.

– Continue... – Pedi enquanto Nico se livrava da gaze suja de sangue e pegava outra, agora umedecida com néctar.

– Bem... Bianca teve um surto e, como meu pai não estava e ela ficou com medo de não fazer direito, me levou ao médico. Aquele desgraçado disse que não ia doer quase nada. – Nico riu ao se lembrar. – O resultado foi meu pé enfaixado e o nariz do médico quebrado.

Ri quando Nico terminou a história e, ao mesmo tempo, de passar a gaze em meu pé. Senti os ferimentos se fechando aos poucos. Nico me encarou e corou.

– Acho... Que... Você deveria... – Ele se perdeu. Ri baixo. – Se vestir...

Corei violentamente ao notar que estava até aquele momento de toalha. Usei magia para restaurar e limpar minhas roupas e as vesti quando Nico virou-se de costas.

– Não vai espiar! – Avisei.

– Não estou espiando!

Ri baixo quando terminei de me vestir e cutuquei o ombro de Nico, que virou-se num salto, encolhendo-se.

– Tá! Eu juro que espiei! Mas foi só um pouquinho! E você já estava parcialmente vestida! Eu posso ser educado, mas ainda sou homem!

Ri enquanto Nico tentava se explicar e segurei sua mãos entre as minhas.

– Relaxa, Nico... Eu sei que você espiou.

– Você... Sabe?

Apenas sorri, fazendo-o corar quase violentamente.

– Não vou te bater, Nico... Relaxa.

Nico riu baixo. Por um momento, me esqueci de Octavian.

Octavian!

No momento seguinte, Octavian adentrou o quarto com uma adaga nas mãos. A cabeça sangrava, assim como o ombro, mas ele se mantinha de pé. E furioso. Nico colocou-se em minha frente e tirou Umbra do bolso.

– Meus assuntos, no momento, não são com você, Necromante! Saia da frente e, talvez, sua morte seja mais rápida!

– Hum... Deixe-me pensar... – Nico pareceu pensar, logo voltando à posição de ataque. – Não!

Octavian rosnou, brandindo a adaga contra Nico, que bloqueou o golpe usando Umbra. Octavian tentou golpeá-lo mais uma vez e Nico desviou, agarrando meu braço com a mão livre e colocando-me novamente, atrás dele, fazendo com que Octavian, ao tentar investir assim que Nico desviou, corresse em direção à parede, parando antes que batesse a cara na mesma.

– Opa! Olha por onde anda, cara... Seria uma pena se essa parede achatasse seu nariz.

Octavian se enfureceu naquele momento. Ele segurou a adaga com mais força e avançou sobre Nico outra vez. Fiz minha lança surgir em minha mão, mas Nico não me deixava sair de trás dele.

– Será que dá para me deixar lutar? – Reclamei. Nico virou-se para me encarar.

– É a você que ele quer! – Retrucou. – Se tentar lutar com ele, ele vai fazer algo! Disso eu tenho certeza, senão não estaria querendo lutar com você!

Bufei novamente. Nico voltou a se concentrar na luta.

– Saia daqui! – Pediu/mandou.

– Não! – Reclamei. Nico bufou alto, bloqueando outro golpe de Octavian. – Nico, você sabe que não tem força suficiente para lutar contra Octavian!

Octavian aproveitou a pequena distração de Nico e o atacou, atingindo suas costelas com um chute. Nico gemeu de dor e cambaleou. Octavian ergueu a adaga novamente e eu decidi que Nico não mandava em mim. Ninguém mandava em mim.

Avancei sobre Octavian com minha lança em mãos. Ele riu debochadamente, um riso que desapareceu quando acertei seu nariz com o cabo da lança, quebrando-o. Octavian gritou algo na língua dos anjos e centenas de demônios invadiram o quarto.

– Achou mesmo que eu viria sozinho, Thalia?! – Ele estava coberto de fúria, mas ria debochadamente. – Não seja ingênua! Tentei levar você até Luke por bem, mas agora levarei por mal!

Preparei-me, já em posição de luta. Estava pronta para avançar sobre os demônios quando Nico agarrou meu pulso, levando-me ao chão e me envolvendo com força. Fechei os olhos. Ele ia mesmo nos matar? Não ia nem lutar? Mas que idiota!

Não senti absolutamente nada. Abri os olhos devagar e vi que não estávamos mais no quarto. Estávamos na piscina do hotel, completamente molhados. A água movia-se quase com violência, como se houvéssemos caído de uma imensa altura e, pela dor que eu sentia no corpo, isso poderia ter um fundo de verdade. Se a ponta dos meus pés não tocasse o chão, deixando apenas meu rosto para fora, eu já teria me afogado.

– Nico? – Olhei em volta. Nico não havia emergido. Mergulhei por um momento, procurando-o. Voltei à superfície e entrei em desespero. Aquela piscina era gigante! – Nico!

Estava tentando nadar/andar por aquela piscina, procurando Nico. Mergulhei novamente e o encontrei, afundando. O único problema era que aquela era a parte mais funda da piscina. Meus pés já não tocavam o chão. E eu não sabia nadar.

– É como flutuar, Thalia... – Murmurei para mim mesma. – Flutuar é como voar, então nadar é como voar sem asas e sem ar. Você consegue...

Prendi a respiração e mergulhei, nadando até Nico. Não era tão simples quanto voar. Afinal, quando voava, eu não precisava mexer os braços e as pernas. Tomei impulso do chão e emergi uma última vez para respirar.

Mergulhei novamente, dessa vez determinada. Estiquei meu braço ao máximo e tentei visualizar Nico com mais clareza. Um pequeno demônio o segurava, puxando Nico, inconsciente, para o fundo. Minha lança não estava comigo. Então fiz algo que nem eu esperava...

Agarrei o braço de Nico com força e, ao invés de me impulsionar usando o chão, chutei com força o rosto daquele demônio, pegando impulso com o chute, incapacitando a criatura e levando Nico para a superfície.

Emergi tossindo. O peso de Nico complicava ainda mais o caminho. Eu nadava e afundava a cada cinco segundos, tentando alcançar a borda. Alguma coisa no corpo de Nico o deixava escorregadio. Vi sangue em seu corpo e me apressei. Respirar era quase impossível. E eu adoraria saber onde Percy, Annabeth, Leo, Izzy, Travis, Connor e Katie estavam.

Estiquei o braço em direção à borda. Não conseguia mais nadar. O hotel estava completamente vazio. Eu apostava que a atendente e os funcionários estavam longe de estar vivos ou por perto.

Engoli água no trajeto e tossi, engasgando-me. Já não suportava mais. Afundei novamente e, antes de emergir, alguém já havia segurado meu pulso com firmeza.

– Aqui! – Ouvi a voz de Travis. – Peguei! Connor, ajuda!

Ouvi mais passos e, em seguida, Nico foi tirado da água junto comigo. Tossi, deitando-me no chão e tentando respirar. Travis, Connor e Katie estavam na beira da piscina. Tinham alguns arranhões não muito graves. As lâminas das espadas estavam cobertas de sangue negro.

– O... – Tossi. – O que...

– Calma, Thalia... – Katie se abaixou ao meu lado. – Onde estava com a cabeça? Você não sabe nadar!

– Nico... – Tossi. – Estava se afogando...

Ao me lembrar de Nico, levantei-me da maneira que pude e praticamente me arrastei até ele, que estava de bruços. Com a ajuda dos Stoll, já que eu estava fraca demais para mover sequer uma pequena pedra, virei Nico, fitando o rosto pálido. Os óculos, graças à minha magia, estavam inteiros. Ele não respirava.

Não!

– Katie, me ajude! – Pedi. – Nico não está respirando!

– O que houve? – Percy chegou correndo até nós e arregalou os olhos. Solucei alto, pressionando repetidas vezes o peito de Nico, na esperança de fazê-lo voltar a respirar. – Ah, meu deus! O que aconteceu?

– Acho que Nico nos transportou pelas sombras. Caímos na piscina, mas um demônio o segurou. – Solucei mais alto. – E... Eu o vi... Ele estava... Se...

Não consegui terminar. A culpa era minha. Eu havia perdido tempo pensando em como nadaria. Não deixei meu instinto agir por mim, como sempre fazia. Eu devia ter feito isso, mas não o fiz. Não o fiz porque tive medo. Eu estava me odiando por ter medo.

– Nico... – Chamei baixo. – Respire... Por favor, respire...

Fechei os olhos com força, pensando. Não acredito que vou fazer isso!

Aproximei meu rosto do seu. Será que eu sei fazer isso certo?

Encostei meus lábios nos dele e tentei tirar a água dos seus pulmões. Acho que é respiração boca a boca que se chama.

Nico não se mexeu. Solucei e soquei com força seu peito.

– Fale alguma coisa, seu idiota! Faça uma piada! Faça um trocadilho! Uma comparação! Uma brincadeira sem graça! Apenas fale alguma coisa! – Solucei, pontuando cada pedido/ordem com um soco. – Fale... Alguma coisa...

Solucei, não notando ninguém ali. Deitei-me sobre seu peito, soluçando. Ninguém disse nada. E eu adoraria que não dissessem. Eu não podia perder Nico. Não podia deixar que ele partisse sem saber meus sentimentos. Eu teria que engolir tudo aquilo para mim? Não sabia quanto tempo ia durar se fosse esse o caso. Seria esse o preço por estar apaixonada? Perdê-lo?

Repentinamente, Nico tossiu, fazendo com que eu, assustada, levantasse subitamente.

– Alguma... – Ele tossiu, me encarando. – Coisa.

De início, fiquei sem reação, encarando-o em choque. Nico não disse nada. Apenas me encarava em silêncio.

– Alguma... – Comecei a repetir, mas ficou preso na garganta. – Você é retardado?

– Só não me bate de novo... – Nico sorriu abatido. – Você tem um punho de ferro ou o quê?

Emiti algo entre um riso baixo e um soluço e o abracei com força, soluçando de encontro ao seu peito molhado e sujo de sangue. Nico, aparentemente confuso, apenas me abraçou de volta, deslizando uma das mãos pelas minhas costas. Eu apenas o abraçava.

– Desculpe... – Pediu em voz baixa. – Não queria te preocupar tanto assim.

Eu não disse nada. Apenas continuei ali, abraçando-o com força. Por um momento, tudo ficou em silêncio. Até que Percy o quebrou, fazendo com que eu notasse que ainda o abraçava. Mas, pela primeira vez, não corei ou senti vergonha. Pelo contrário: eu queria ficar ali pelo máximo de tempo possível.

– O que aconteceu?

Nico levou um tempo para responder.

– Eu estava pensando e cheguei à conclusão de que... – Nico tossiu mais uma vez. – Se eu posso controlar as sombras e torná-las sólidas, posso viajar por elas também.

– Sério? – O tom de voz de Percy já dizia tudo: Nico só podia ser idiota. – Como você chegou a essa merda de lógica sem sentido, di Angelo?

– Não se esqueça de que você pede até hoje a minha lição de casa, Jackson.

Percy deu a língua. Eu ainda abraçava Nico, que não havia me soltado.

– Então, casal... – Leo sorriu maliciosamente, chegando até nós com alguns arranhões e as roupas chamuscadas. – Vão querer um quarto?

Corei e soltei Nico, que estava tão vermelho quanto eu.

– O que houve? – Nico encarou Percy. – Onde estão os outros?

Percy suspirou pesadamente.

– O hotel foi atacado do nada... Vários demônios e Renegados invadiram o lugar. Isabelle levou a recepcionista e o máximo possível de funcionários. Mas muitas pessoas morreram. Por sorte, éramos os únicos hóspedes lá.

– Onde está Annabeth? E a Isabelle?

– Estão procurando sobreviventes.

No mesmo momento, Isabelle e Annabeth saíram do hotel.

– Não havia mais ninguém... – Isabelle nos encarou. – Vocês estão bem?

Nico assentiu, assim como eu.

– Você está ferido... – Toquei seu peito, vendo um arranhão ali. Nico gemeu baixo.

– Nem está doendo... – Ele forçou um sorriso. Encarei-o com um olhar de desafio e pressionei com força o ferimento. – AI, THALIA! ISSO DÓI!

Nem está doendo... – Zombei. Nico revirou os olhos. – Venha... Vamos cuidar de você.

– Com vamos você quer dizer eu, certo, Thalia? – Isabelle cruzou os braços. – As ordens de seu pai foram claras. Você deve encontrar o Anjo da Terra. E Você deve cuidar dele.

– “Cuidar”... Sei... – Leo sorriu, fazendo aspas com os dedos. Nico o encarou.

– Sabia que posso ser capaz de criar uma sombra dentro de você e expandi-la até que você exploda?

Leo engoliu em seco e encarou Isabelle.

– Isso é verdade. – Ela sorriu, encarando Nico. – Obrigada pela sugestão, Nico... Já sei o que fazer quando certas pessoas me irritarem.

Leo engoliu em seco outra vez.

– Isso é amor demais por mim. – Ele se encolheu diante da mão erguida de Isabelle. – PAREI! PAREI!

Nico riu baixo, sentindo dor. Ergui minha mão e o ajudei a levantar.

– Venha... Vou cuidar de você.

Nico sorriu e aceitou minha mão, acompanhando-me até a recepção do hotel. Sentei-o numa cadeira que havia ali e usei magia para fazer sua mochila aparecer. Peguei um pedaço de gaze e uma garrafa de néctar. Dei alguns goles para Nico e molhei o pedaço de gaze com o néctar.

Nico apenas me encarava fixamente enquanto eu aplicava a gaze em seus ferimentos. Uma de suas mãos ficou sobre a minha, com a qual eu aplicava a gaze. Ergui meu rosto para encará-lo e fui surpreendida quando Nico inclinou-se e me deu um selinho.

MEU. ANJO! ELE ME DEU UM SELINHO?! É ISSO MESMO?! POR QUE MEU CORAÇÃO ESTÁ PRESTES A EXPLODIR?!

– Mas... – Corei violentamente. – Por que você fez isso?

Nico me encarou.

– Desculpe por isso...

Não se desculpe... Foi maravilhoso... Era o que eu queria dizer. Mas ficou preso na garganta. Eu estava estática.

– Nico... Eu...

– Temos que ir... – Nico levantou-se, saindo dali. Estava completamente vermelho.

Nico... Eu já não posso negar meus sentimentos para você.

Eu não conseguia acreditar no que estava acontecendo: eu estava me apaixonando. Outra vez. E tinha medo de onde esse sentimento poderia resultar. E se eu perdesse Nico? Pior: e se ele nunca soubesse o que sinto por ele? E se eu nunca encontrasse a coragem para dizer isso a ele?

Por fim, levantei-me. Eu não podia ficar em silêncio. Eu tinha que contar a Nico.

Disparei para fora do hotel e o encontrei perto da saída do mesmo. Os outros estavam já do lado de fora. Todos me esperando.

– NICO! – Chamei, correndo em sua direção e sorrindo. Ele virou-se para me olhar e sorriu de volta. Olhei atrás dele e meu sorriso desapareceu. Arregalei os olhos. – CUIDADO!

Cheguei até Nico e o empurrei. No mesmo momento em que um Renegado mergulhara rapidamente em sua direção.

No segundo seguinte, fui erguida violentamente no ar. Gritei com o susto. Nico disparou em minha direção, mas o Renegado já havia subido demais.

– THALIA! – Ouvi-o gritar. – NÃO!

Isabelle tentou voar atrás de mim, mas o Renegado a derrubou.

– IZZY! – Gritei, subindo cada vez mais. Katie levantou voo e desviou do Renegado. Estava quase me alcançando quando Octavian chegou voando ao nosso lado e a golpeou com força, levando-a violentamente para baixo. Gritei outra vez. Octavian voltou ao nosso lado e disse palavras que eu não ouvi. Uma dor infernal queimou em minha cabeça gritei uma última vez.

Aos poucos, os gritos de Nico tornaram-se inaudíveis. E tudo ao meu redor se escureceu.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Em resumo, temos o lindo sonho da Thalia (amei escrevê-lo! E amo essa música! No caso, eu peguei um cover porque ouvi essa música e pensei: vou colocar na fic! :3
Continuando, temos lindos momentos Thalico, como Nico e Thalia discutindo quem errou a letra de Basket Case: Nico ou Billie Joe Armstrong; Thalia descobrindo o que são cócegas, etc.
Claro, não podemos deixar de lado a tão famosa Viagem nas Sombras (que não podia faltar), que resultou numa cena muito fofa na piscina e, é claro, Nico nunca perdendo sua piada. Nada como achar que a pessoa que você mais ama morreu e essa pessoa acordar te dizendo "alguma coisa". Heheheh!
E AQUELE SELINHO?! O QUE VOCÊS ACHARAM? FINALMENTE NICO TOMOU ALGUMA ATITUDE E DEIXOU DE SER UMA VIRGEM INSEGURA (ok, mais ou menos).
E o final do cap? Querem me matar? Me poupem, amores! Precisava de um drama (além da morte da Bianca) nesse açúcar todo! :3
NO PRÓXIMO CAPÍTULO: SERÁ QUE TEREMOS O NOSSO TÃO ESPERADO BEIJO THALICO?! :3
Ah é... Antes de mais nada, por favor, vamos dar as boas vindas de volta para DARK TURNER! ELA VOLTOU PARA O NYAH GENTE! TÔ TÃO FELIZ QUE PODERIA VOAR!
DARK, SUA LINDA, BEM VINDA DE VOLTA! :3
É isso, pessoas! Até o próximo! :3
Bjoks! *3*