Fallen From The Sky escrita por Tia Ally Valdez


Capítulo 7
Fui Perseguido Pelo Irmão Malvado Do Shrek


Notas iniciais do capítulo

Oi, meus amores!
Gente! Nem sei o que dizer! O número de reviews sobe cada vez mais! É bom ver que estão realmente gostando da fic!
Muito obrigada pelos reviews, seus lindos! Eu amo vocês!
Bem, sobre o cap... O título já dá uma ideia de que o nosso querido Nico voltou a narrar para a nossa felicidade! :3
Adivinha quem chegou? Travis, Connor e Katie chegaram! Sorriam! :3
Nem enrolo mais!
P.O.V do Nikito! :3
Enjoy it! ;)



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Nico

Acordei com a cabeça latejando. Meu corpo doía como se eu houvesse sido atropelado por uma manada de elefantes, que apostava corrida com um bando de rinocerontes raivosos.

Resumindo, eu me sentia completamente quebrado.

Levantei-me com dificuldade. Senti minha cabeça latejar outra vez e gemi baixo de dor.

– Você está bem? – Ouvi a voz de Thalia e virei-me para encará-la. Ela estava sentada ao meu lado. Numa cadeira.

Olhei em volta rapidamente. Eu estava em um quarto escuro. As paredes eram de madeira escura. O lugar tinha cheiro de ervas e poções.

– Vou ficar bem quando me disser quanto custei.

Thalia não disse nada. Ela mordeu o lábio inferior.

– Conversamos depois.

Eu ia insistir. Mas sabia que seria inútil. Apenas desviei o olhar para a mulher parada à porta.

– Funcionou perfeitamente. – Um sorriso percorreu os lábios vermelhos. Os olhos verdes brilharam ao me ver. Ela tinha uma beleza estranha. Uma beleza perigosa.

Akhlys...

– Muito bem, Akhlys. Já te dei o que queria. Já me deu o que eu precisava. – Thalia se levantou e me ajudou a ficar de pé. Sorri quando percebi que não precisaria de apoio para andar. Ficar perto de Thalia me deixava nervoso.

– Podem ir... – Ela sorriu. – Lembre-se do que eu te disse Thalia.

Caminhamos devagar até a saída. Thalia parecia fazer de tudo para não me encarar. E, talvez, eu não quisesse que ela me encarasse. Porque saberia que eu a encarava. O tempo todo. Lembrei-me da noite em que ela me contou sobre suas lembranças. Ao ouvir aquilo, meu ódio pelos Renegados apenas aumentou. Assim como minha vontade de torturar e matar todos eles. Como alguém consegue ser capaz de ferir uma pessoa como Thalia?

– Finalmente! – Percy comemorou. Depois veio me abraçar. Annabeth e Leo sorriram e se uniram ao abraço coletivo. Não contive meu sorriso. Eles eram tudo o que eu tinha. Minha família estava ali. – Cara, não acredito que você voltou!

– Nem eu... – Comentei.

– Vamos para o Hotel. – Thalia sorria vendo a cena. – Amanhã depois do café nós partiremos para encontrar Dionísio.

Assentimos e fizemos o caminho de volta.

– O que fizeram no tempo em que fiquei fora?

– Leo consertou o carro. Isabelle conjurou alguns pneus reserva e consertou a van. – Percy sorriu, passando um braço pelos meus ombros, dando alguns tapinhas em meu braço. – Cara, você é de ferro!

– Sou imortal, Jackson! – Sorri de maneira convencida. Annabeth revirou os olhos e Thalia riu baixo.

Saímos da reserva e fomos até a van de Leo, cujo teto estava reparado, como se nada houvesse acontecido. Os pneus estavam reparados e a lataria consertada.

– Belo trabalho... – Assoviei.

– Modéstia à parte... – Leo sorriu enquanto entrava no banco da frente. – Sou demais.

Isabelle revirou os olhos e entrou no banco da frente. Percy me encarou.

– Aqui... – Guardei seus óculos.

Sorri de canto. Depois coloquei os óculos.

– Claro que guardou, Jackson. Você ama meus óculos.

Percy revirou os olhos e voltou a se sentar.

– Idiota.

Apenas ri enquanto a van de Leo seguia em frente. Todos pareciam mais aliviados, como se o fato de eu estar curado fosse como se livrar de um fardo.

É assim que eles me veem? Como um fardo? Será que Thalia me vê como um também?

Assim que chegamos ao hotel, subimos as escadas até nossos quartos. Ver o número 505 sobre a porta me fez sorrir.

– Agora que estamos a sós... – Falei depois que Thalia entrou. Fechei a porta e tranquei. – Qual foi o preço?

Thalia me encarou.

– Você não precisa saber, Nico...

– Sim, eu preciso. – Cortei-a. – O que você deu à Akhlys pela cura?

– Nada de importante, Nico. – Thalia sentou-se. Percebi que era, sim, algo importante. Estava em seu olhar.

– Thalia... – Sentei-me em sua frente. – O que você fez?

– Nada com que se preocupar, Nico... – Ela sorriu. Aquilo já estava me irritando.

– Já chega! – Levantei-me. – Thalia, o que você fez para me salvar?

– Nico, relaxa.

– Não dá para relaxar! Eu disse que se fosse um preço muito alto não valeria à pena!

– Qualquer preço vale à pena pela sua vida, Nico! Você é valioso demais para morrer assim!

– Ah! Então é por isso? Eu sou uma arma muito valiosa, não é?! Assim que a merda da guerra acabar, eu já não vou valer o que valia antes!

– Nico, pare com isso!

Caminhei até a porta. Thalia segurou meu braço.

– Não vou deixar você sair.

Desvencilhei-me dela.

– Preciso de um ar.

Fiz questão de bater a porta com força e desci as escadas até a saída. O sol estava se pondo no horizonte. E eu não conhecia muito daquela parte da cidade. Simplesmente comecei a andar pelas ruas. Eu tinha boa memória. Saberia voltar. Fiz meu caminho até um prédio vazio.

Entrei no edifício. Adorava lugares vazios e abandonados. As pessoas os evitavam. Era só contar uma lenda urbana besta que ninguém chegava perto. Mas eu adorava me aventurar por ali. Descobrir andares abandonados ou inacabados. Imaginar como seria se aquele prédio estivesse inteiro. Era divertido.

Pelo menos para mim. Pensei enquanto subia as escadas, já que não tinha elevador. O prédio tinha, pelos lances de escadas que eu subia enquanto minha mente viajava em pensamentos, doze ou treze andares, contando com o térreo. Cheguei ao último andar e caminhei até uma porta aberta, que dava para o que viria a ser um lindo apartamento se fosse terminado. Pelo buraco na janela, pude ver a noite caindo sobre a cidade. Sentei-me ali e aproveitei a brisa que batia em meu rosto, imaginando uma razão para Thalia pagar qualquer preço pela minha salvação que não fosse o fato de eu ser uma arma.

Se aquilo doía? Claro que doía! Eu sabia que estava começando a sentir algo por Thalia. Sentimento que eu ainda não havia identificado. Então imaginar que ela me via apenas como um objeto doeu. E doeu mais do que qualquer coisa.

Meus pensamentos foram interrompidos quando ouvi passos, seguidos de vozes masculinas. Corri até o que poderia ter sido um balcão, que, com certeza, separaria a sala e a cozinha de um apartamento simples, mas sofisticado, e me escondi ali atrás.

– Senhor... – A primeira voz falou. Completa submissão em seu tom.

– Espero que sejam boas notícias, Octavian. – A segunda voz era a voz de Luke. Engoli em seco e prendi a respiração.

– O-o... – Octavian engoliu em seco. – O anjo da Terra... Sobreviveu.

Luke ficou em silêncio por um longo tempo. Pude ouvi-lo inspirar profundamente.

– Então... Alectó falhou em atrasá-los.

– Sim, ela falhou.

Pelo som, Luke socara a parte de cima do balcão, logo acima de onde eu estava. Estremeci.

– Foi uma tarefa tão simples! Nem era necessário matar alguém! Era só retardá-los por alguns minutos! Ele estava envenenado! E fraco! Agora que está curado, só terão mais trabalho do que antes!

– D-desculpe, senhor! Não irá se repetir!

Luke rosnou.

– Não! Não vai se repetir! Eu irei atrás dele e de Thalia! E vou matá-los!

Que ótimo!

– Sim, senhor.

– Estamos em guerra Octavian. E meu senhor precisa que tanto Thalia quanto Nicholas estejam mortos! Para que sua vitória seja inevitável!

Senhor? Então Luke não é o “poderoso chefão” do exército? O que pode ser pior do que esse cara?

Com as novas informações, virei-me para engatinhar de lá e encostei em algo duro. Estremeci. Algo segurou minha camiseta e, no segundo seguinte, fui arremessado contra a parede oposta ao balcão. Antes de bater com força, pude ter o leve vislumbre de uma criatura enorme e grotesca. Talvez um ogro ou um troll.

Tossi, gemendo baixo de dor, quando atingi o chão. O monstro rugiu, mas Luke já havia desviado a atenção para mim.

Merda!

– Olha só o que temos aqui... – Ele riu. – Eu aqui pensando em várias formas de te matar e você me aparece. O destino realmente sorriu para mim! –Ele se aproximou. – Estava espionando o que não devia, não é?

– Na verdade... – Comecei ironicamente, utilizando a força acumulada em Umbra para me levantar. – Eu sou engenheiro e vim aqui para terminar de construir esse prédio. O que você acha? Posso dar um apartamento para você, se quiser...

Luke rosnou, agarrando minha garganta, erguendo-me.

– Será que vai manter esse sorriso no rosto depois que eu acabar com você?

Fingi pensar, apesar de estar sufocando.

– Não sei não... Vai que faça cócegas.

Ele rosnou de novo em me jogou no chão.

– Ora, como ousa? – Ele tirou sua espada de nome ridículo da bainha. – Quer provar outra dose de veneno?

Tossi, levantando-me fracamente.

– Não, obrigado. Quer provar uma dose de morte? – Sorri e saltei sobre ele, golpeando-o com Umbra. Luke riu, apreciando a luta, e devolveu o golpe. Eu nunca mais deixaria que a lâmina de Mordecostas tocasse minha pele.

Luke girou a espada ferozmente, quase me acertando feio. Bloqueei o golpe usando Umbra e fiz um corte em sua palma. Luke gritou.

– Muito bem, Nicholas... Numa luta justa, você teria vencido... – Ele estalou os dedos. – Pena que isso não é uma luta justa, não?

O mesmo monstro que me atirara contra a parede disparou rugindo em minha direção. Desviei no último momento e quase atingi sua panturrilha.

– Você sabia que ogros são muito estúpidos, mas adoram carne humana? Principalmente anjos da Terra.

– Ah, modéstia à parte... Sei que sou gostoso. – Sorri. Luke rosnou. Adorava fazer isso. Irritar pessoas era meu forte. Irritar pessoas que odeio é um hobbie.

O ogro (sabia que era alguma coisa grotesca do tipo. E não pense que é uma coisinha engraçadinha tipo Shrek. Era um bicho enorme, grotesco, barrigudo, com a pele cheia de verrugas e verde. Além disso, ele tinha cabelo. Cabelos longos e tão oleosos que temi que pingasse óleo dali) veio em minha direção novamente. Rolei para o lado e disparei até uma porta, gritando de surpresa quando quase caí pelo poço do elevador.

Cazzo! – Disparei até a porta da frente no momento em que o ogro baixou a clava de madeira com espinhos de metal, atingindo o lugar onde eu estava segundos antes, quase me transformando em patê.

Saí do apartamento, descendo as escadas, por que diabos eu fui resolver ficar no último andar?!

O ogro ainda me seguia. Ouvi vozes de policiais do lado de fora e passei pela porta rapidamente.

– Opa, rapaz! – Um policial agarrou meu braço. Desesperei-me. – O que estava fazendo lá dentro?

– Estava fugindo de um ogro! – Exclamei, exaltado. – Cara, me larga! Ele está vindo!

Os policiais assumiram uma expressão mais séria.

– Está de brincadeira comigo?

– Ele devia estar usando drogas ilícitas lá dentro. – O segundo policial segurou meu outro braço. – Vamos ver o que seus pais acham disso, rapaz! Você vem com a gente!

– Não! Vocês não entendem, droga! Eu preciso...

No momento seguinte, enquanto eu ainda tentava fugir dos policiais, o ogro destruiu a entrada do prédio, agarrando minha camiseta com força e lançando-me contra outro prédio. Senti dor quando meu corpo atravessou uma janela de vidro. Cortes se formaram em meu rosto e braços.

– Mas o que é isso? – Uma garota exclamou, exaltada. Tinha cabelos castanhos e olhos verdes. Ela estava saindo do banheiro e correu de volta para lá no momento em que saí. – Travis! Um louco entrou aqui! – Sua expressão mudou totalmente quando pareceu ter um leve vislumbre do punho de Umbra e ela disparou para o banheiro.

– Cadê? – Um garoto entrou. Segurava um taco de baseball. Ele tinha feições quase élficas. Os cabelos eram castanhos, assim como os olhos, cuja expressão carregava malícia e travessura, e cacheados. – Qual é a sua, doido?! Queria espiar minha namorada?

– EU FUI ARREMESSADO CONTRA A DROGA DA JANELA!

Ouvi gritos vindos do lado de fora e a mão enorme e grotesca do ogro invadiu o quarto, procurando sua refeição (no caso, eu, Gostoso di Angelo).

– O QUE É ISSO?! – O garoto, Travis, exclamou. A garota saiu do banheiro, usando uma regata verde clara e shorts jeans simples. O cabelo preso num rabo de cavalo.

– Travis, se esconda! – Pediu. Depois me encarou. – Você sabe usar bem a sua espada?

Quê?

– S-sei! – Eu estava confuso agora. – Você...

– Se estou vendo? Pelos anjos! Claro que estou!

– Como assim, vendo, Katie? – Travis surgiu de trás da cama. – Explica isso aí direito!

– Travis! Tem um ogro lá fora! Quando eu acabar com ele, juro que explico tudo!

Corri até o buraco na janela e saltei, pousando no ombro do ogro, que rugiu quando Umbra atravessou seu ombro. Depois agarrou minha camiseta e me arremessou de encontro ao chão. Tossi com o impacto. Depois toquei o chão com as palmas voltadas para baixo.

Por favor, funcione!

– Sirvam-me! – Ordenei.

Por um instante nada aconteceu. Os únicos movimentos eram as pessoas correndo e gritando em desespero e o ogro rugindo e destruindo tudo ao seu alcance. Estremeci quando ele ENGOLIU um homem inteiro. O olhar que o ogro me dirigiu enquanto caminhava até mim dizia claramente: você é o próximo! Estremeci. Se fosse para acontecer algo, tinha que acontecer naquele momento.

Então aconteceu. O chão sacudiu. Uma fenda estendeu-se até os pés do ogro. Mãos esqueléticas agarravam o ar devagar conforme guerreiros-esqueleto se erguiam da fenda, colocando-se em posição de batalha. Os olhares vazios voltaram-se para mim.

– Ajudem-me a destruir o ogro! Coloquem-se em posição de defesa! – Indiquei, pelo menos, dez esqueletos. – Tirem os civis daqui! Levem-nos para uma área segura.

Os esqueletos obedeceram no mesmo instante. Os dez que indiquei correram para as ruas e prédios, escoltando crianças, adultos, idosos e até animais em direção a áreas seguras, bem longe da carnificina.

Os esqueletos restantes colocaram-se em posição de defesa, servindo-me de proteção contra os ataques do ogro enquanto eu investia. A garota, Katie, assistia a tudo chocada, sem reação. Quando o ogro rugiu, ela saiu de seu estado de choque e saltou também.

Saltei sobre a mão do ogro, subindo pelo seu braço até o ombro novamente. Ele ia erguer o braço para me tirar de lá, mas vinhas verdes enroscaram-se em seu braço direito. Olhei para baixo e vi uma tatuagem no pulso de Katie brilhar em verde. Era um trevo de quatro folhas. Mais vinhas enroscaram-se no outro braço do ogro e sua clava caiu, esmagando um dos guerreiros-esqueleto que estava ali.

Ela é um anjo também?

Minha pergunta foi respondida quando, das costas de Katie, surgiram asas brancas. Ela levantou voo e pousou no outro ombro. Os esqueletos jogavam correntes negras ao redor dos tornozelos do monstro. Encarei Katie.

– Nós vamos cair! – Avisei. – Segure-se!

Ela assentiu e preparou-se. Assim que os esqueletos puxaram as correntes, o ogro tropeçou para frente. Katie e eu nos posicionamos atrás dos ombros do ogro. Cravei Umbra ali, segurando-me para não cair. Katie não precisou fazer o mesmo. Assim que o corpo do ogro tombou para frente, ela levantou voo. O monstro se dissolveu em cinzas, graças a Umbra, pouco antes de atingir o chão, resultando num Nico rolando pelo asfalto cheio de pedregulhos e estilhaços de vidro.

Três esqueletos me ajudaram a levantar. Um quarto me ofereceu néctar.

– Obrigado... – Aceitei a bebida e apoiei-me na parede para me equilibrar. – Voltem a descansar. Estão dispensados.

Os esqueletos marcharam obedientemente à fenda e de dissolveram em poeira negra, que cobriu toda a fenda, fechando-a e tornando-a sólida, como o asfalto.

Tossi, sentando-me. Perdi muita energia naquela luta. Katie pousou ao meu lado enquanto Travis e um garoto extremamente parecido com ele desciam as escadas do prédio.

– Como encontrou Umbra? – Ela me encarou. Ergui o braço e mostrei a marca de Necromancia em meu pulso. Ela arregalou os olhos, compreendendo. – Por que não voou quando o ogro caiu?

– Talvez porque não tenho asas.

– Não as ganhou ou estão escondidas.

Dei de ombros.

– Não faço ideia.

Ela estendeu a mão depois de um longo silêncio.

– Katie Gardner. Controlo a flora em geral.

Apertei sua mão.

– Nicholas di Angelo. Necromante e anjo da Terra no tempo livre.

Ela arregalou os olhos.

– É... Você? O Anjo da Terra?

Assenti, confuso enquanto Katie me rondava, examinando-me como se eu fosse o esqueleto da sala de biologia, que toda criança gostava de bisbilhotar.

– Pensei que você fosse maior. – Ela se aproximou mais, vendo meu rosto. – Mas os boatos eram verdadeiros. Você está vivo.

Assenti. Travis e o garoto correram até nós.

– Katie! – Exclamou. – Me diz o que diabos aconteceu lá! Você tinha asas! E controlava plantinhas! E tinha uma espada! E esse esquisito sinistro chamou uns esqueletos! O que aconteceu?

Katie suspirou, encarando os dois rapazes.

– Travis... É melhor você e seu irmão se sentarem.

O irmão de Travis tentou falar, mas ele o calou.

– Connor. Melhor sentarmos mesmo.

Katie explicou tudo para os garotos enquanto eu vigiava as ruas. O que foi uma grande burrice, já que, se eu estivesse procurando um Renegado que quer me matar, deveria olhar para cima.

Bem no momento em que Katie terminou de explicar tudo, fui erguido violentamente para cima. Gritei quando fui arremessado para o chão logo depois. Ouvi um crec e gemi de dor. Não era a primeira vez que me quebrava lutando. Mas era a primeira que eu experimentava a terrível sensação de estar na descida de uma montanha-russa sem cinto.

Não me surpreendi ao reconhecer Luke acima de mim, rosnando de ódio e desembainhando uma adaga ao invés da Mordecostas-Que-Não-Tem-Dentes-Para-Morder.

O golpe quase me atingiu no estômago, mas consegui desviar no último momento e a adaga só conseguiu um pedaço da minha camiseta.

– Esta aqui não é envenenada, se quiser saber, Anjo da Terra. – Luke ergueu a adaga. Katie tentou se aproximar, mas Renegados surgiram, bloqueando o caminho entre ela e eu. – Então terei o prazer de te ver morrer, sem precisar esperar o efeito do veneno!

O segundo golpe atingiu minha perna direita. A adaga cravou-se na mesma até o limite. Gritei de dor. Meu grito saiu mais alto quando Luke torceu a adaga e puxou-a com ignorância.

Ele ergueu a adaga novamente e a nova vítima foi meu braço esquerdo, no qual Luke fez um corte profundo que ia do ombro até o cotovelo. Gemi alto de dor e arrastei-me para sair de lá. Luke riu e pegou Umbra, que ainda estava na forma de espada, e a usou para atravessar minha perna direita, cravando a lâmina no chão. Gritei mais alto do que antes. Era terrível a sensação de se estar num jogo de tênis, onde Umbra sugava boa parte da minha essência e a passava de volta para mim. Tossi. A dor era a pior.

– Ah... – Luke riu. – Sempre quis ver qual seria o efeito de se atravessar o proprietário de Umbra usando a própria espada! – Ele se abaixou, apoiando-se no cabo e fazendo com que Umbra afundasse mais em minha perna. Gemi alto de dor, fazendo de tudo para não me mover. – Não se preocupe... Vou deixar seu corpo aqui para que saibam que nem mesmo o Anjo da Terra foi páreo para mim!

Luke ergueu a adaga, pronto para me matar. Respirei fundo, por mais que aceitasse que não haveria jeito, eu não queria morrer. Não naquela hora. Não daquele jeito. Já podia ter um vislumbre da lâmina sendo baixada quando um vulto o empurrou para longe de mim. Thalia...

Luke rosnou, tentando acertar Thalia com a adaga. Ela agarrou seu pulso e o torceu, fazendo-o gritar. Depois tomou a adaga de sua mão.

– Não. Toque. Nele! – Avisou, atravessando a perna direita de Luke com a adaga, da mesma forma que ele atravessou a minha. Depois fez um corte imenso em seu braço esquerdo e, em seguida, tomou Mordecostas-Que-Não-Morde-As-Costas-De-Ninguém de sua mão e atravessou a perna direita de Luke com a lâmina, cravando-a no chão. Os gritos de dor dele eram quase semelhantes aos meus, se tirarmos o fato de que Thalia fazia tudo lentamente. – É bom, Luke? É bom experimentar a sensação? É bom sentir a dor que causa nas suas vítimas?

Luke tentou se levantar.

– Vadia...

Thalia ergueu o pé e acertou seu rosto com força fazendo Luke bater a cabeça no asfalto e apagar. Os Renegados voltaram-se para ela.

– É uma escolha simples, Renegados! Ou vocês vêm me atacar, ou salvem seu comandante! – Ela sorriu de canto, colocando-se em minha frente. – Vocês é que sabem!

Os Renegados rosnaram, encarando Thalia com puro ódio enquanto retiravam Mordecostas da perna de Luke e o carregavam para longe. Thalia virou-se para mim e retirou Umbra da minha perna, o que me fez gemer alto de dor. Ela encaixou a espada em minha mão para que eu recuperasse minha energia vital e se abaixou ao meu lado.

Tossi, sentindo tontura com a perda de sangue. Assim como a dor, que fazia minha perna e meu braço quase explodirem. Gemi baixo quando tentei me mover.

– Nico... – Ouvi a voz de Thalia. – Não posso dar as costas por cinco minutos e você me apronta uma dessas! – Ela encarou Katie e um sorriso fraco surgiu em seu rosto. – Katie! Não sabia que te encontraria aqui!

– Nem eu, Thalia! – Katie sorriu, caminhando até Thalia e ajudando-a a me levantar. – Aqueles são Travis, meu namorado, e Connor, meu cunhado.

Connor e Travis sorriram, acenando simpaticamente, um gesto que Thalia retribuiu com um aceno da cabeça. Ela passou um dos meus braços pelos seus ombros com cuidado enquanto Katie passava meu outro braço, o que não estava ferido, pelos seus.

– A culpa é minha... – Thalia me encarou. – Se eu tivesse falado a verdade pra você, você não teria saído. – Ela soluçou baixo, mas conteve as lágrimas. – Não teria se ferido assim.

Apenas a encarei quando chegamos à tão conhecida van. Os outros ainda não haviam chegado. Katie ajudou Thalia a me acomodar num dos bancos e voltou para Travis. Thalia disse algo que não entendi e minha mochila surgiu em suas mãos. Era revirou seu interior, procurando um kit de primeiros socorros.

– Não se culpe... – Murmurei. – Eu quis sair. Eu fiz birra porque achava que...

– Que eu via você apenas como um objeto. – Thalia suspirou enquanto limpava meus ferimentos. – Está enganado, Nico. Eu vejo você como alguém importante pra mim.

Alguém importante pra mim...

Alguém importante pra mim...

Alguém importante pra mim...

A frase ecoava em minha cabeça enquanto eu processava aquelas palavras. Eu era importante para Thalia? Seria apenas porque sou o Anjo da Terra? Seria porque eu a resgatei da cratera e cuidei de seus ferimentos? Talvez eu nunca soubesse ao certo.

– Eu sou tão importante a ponto de fazer você pagar qualquer coisa para Akhlys me salvar?

Thalia olhou para baixo e assentiu.

– Pelo menos para mim... Você é.

Suspirei, encarando-a com um esboço de sorriso. Thalia sorriu da mesma forma e enfaixou os ferimentos em minha perna e meu braço. Ela usou o pano úmido para limpar os ferimentos causados pelos estilhaços no rosto. Próximos demais! Pensei ao sentir seu cheiro de chuva tão de perto. Sorri distantemente.

– Tudo bem? – Thalia me encarou e percebeu que eu sorria. Depois corou. Corei também e desviei o olhar.

– Desculpe... É que... – Encarei seus olhos azuis. – Você tem cheiro de chuva... É bom...

Thalia sorriu envergonhada. Não pude evitar perceber que ficava linda daquela maneira. Corei com o pensamento.

– Você tem cheiro de menta... – Thalia corou. – É bom também...

Ri baixo por um momento. Thalia me encarou quando terminou de enfaixar os ferimentos.

– Pronto... Tendo sangue de anjo, você consegue se curar rápido. – Ela guardou o kit na mochila e a entregou para mim. – É só não se mexer muito e evitar fazer muito esforço.

Assenti, indo devagar até o último banco da van. Adorava ficar lá, despercebido.

Thalia desceu da van e caminhou até Katie. Elas trocaram algumas palavras entre si e, em seguida, com os garotos, que assentiram e subiram as escadas, voltando com três mochilas, sendo a terceira mochila a de Katie, que agradeceu o namorado, dando-lhe um selinho. Corei ao me imaginar com Thalia no lugar dos dois.

– Bem, espero que não se importe se te acompanharmos, Anjo da Terra. – Katie sorriu.

– Pode me chamar de Nico. Anjo da Terra faz eu me sentir esquisito.

Katie riu e sentou-se do outro lado do banco de trás.

– Ok então, Nico.

Travis e Connor entraram no banco de trás entre Katie e eu. Travis ao lado de Katie e Connor ao lado de Travis.

– Não fomos devidamente apresentados. – Travis sorriu. – Sou Travis Stoll, namorado da garota de asas. – Ele indicou Connor. – Esse é meu irmão mais novo, Connor Stoll.

Sorri, cumprimentando-os.

– Nicholas di Angelo. Mas prefiro ser chamado de Nico.

Katie sorriu, sendo imitada pelo namorado e o cunhado.

– O que estão fazendo sozinhos por aqui? – Questionei. – Digo... Vocês têm a nossa idade.

Travis suspirou.

– Katie nos arrastava para tudo quanto é lugar. Pelo que ela nos disse, nosso pai é um anjo. E ele nos escondeu na Terra para que não tivéssemos o mesmo destino que nosso meio-irmão.

– Minha mãe me mandou para protegê-los um tempo depois... Quando a mãe deles morreu num acidente. Então começamos a fugir de alguns Renegados. E eu fazia o máximo para não deixar que eles soubessem de mim.

As expressões de Travis e Connor vacilaram.

– Entendo... – Murmurei. – Minha mãe morreu quando eu tinha seis anos e minha irmã mais velha foi morta por um maldito Renegado.

– Nem consigo imaginar a dor de perder um irmão. – Connor encarou Travis. – Sou um ano mais novo que Travis. E não consigo me imaginar sem ele.

– E, às vezes, Connor age como o mais velho. – Brincou Katie, fazendo Travis dar-lhe a língua.

– Posso fazer uma pergunta? – Questionei, constrangido. Os dois assentiram. – Quantas pessoas já confundiram vocês com gêmeos?

Os Stoll me encararam, fazendo com que eu repensasse a pergunta. Não pude evitar uma leve sensação de medo de levar um soco na cara. Os dois se entreolharam por um tempo e depois voltaram a me encarar.

Travis e Connor riram alto no segundo seguinte, fazendo com que eu ficasse mais constrangido ainda.

– Relaxa, cara. – Travis ainda ria. – Você não foi o primeiro...

– E não será o último... – Connor completou, também rindo. Katie revirou os olhos.

Suspirei aliviado. Sentia medo de ficar parecendo um idiota por ter confundido dois irmãos com gêmeos. Eu já havia confundido Mark e James com gêmeos pela aparência dos dois (olhos e cabelos castanhos. E, é claro, o porte de um armário) e isso me rendeu uma bela dose de socos e um dia inteiro preso no meu próprio armário. Se Travis e Connor agissem como os dois, tive medo de onde estaria: numa vala, no porta-malas ou simplesmente arrebentado.

– Relaxa, Nico. – Katie sorriu. – Você fala como se esperasse por um soco... Por quê?

– Ele sofria bullying na escola. – Percy entrou na van, acompanhado de Annabeth. – A propósito, quem são vocês?

Revirei os olhos.

– Estes são Travis e Connor. E a namorada de Travis, Katie. Não, eles não são gêmeos. Travis é um ano mais velho. – Respirei fundo quando acabei de falar. – E eu não sofria bullying!

– Não, imagine! – Zombou Percy. – James, Mark e Sherman apenas brincavam de Mortal Kombat na vida real com você.

Revirei os olhos.

– Jura que você sofria bullying de um cara chamado Sherman? – Travis me encarou. – Ele que deveria sofrer bullying com esse nome esquisito. Nome de marica.

Não contive o riso com o comentário de Travis. Percy sorriu ao me ver rindo e acompanhou quando Connor, Thalia, Annabeth e Katie começaram a rir também.

– Qual foi a piada? – Leo entrou na van e assumiu uma expressão confusa ao ver Connor, Travis e Katie. – Ué... Podia jurar que tinha entrado na minha van. – Ele desceu e conferiu a placa, levando um tabefe de Isabelle, seguido de explicações por parte de Thalia.

Leo subiu no banco do motorista, com Isabelle ao seu lado no banco da frente, e ligou o veículo.

– Próxima parada... – Começou enquanto guiava a van vermelha para longe dos destroços da luta. – Sr. D!

– Sr. D? – Thalia nos encarou.

– É o nome da lanchonete onde Dionísio trabalha.

– Ah... – Ela voltou a encostar-se no banco à frente do banco onde Connor, Travis, Katie e eu estávamos. – A propósito, Travis e Connor... Se não se importam... – Ela os encarou. – Quem é esse irmão mais velho do qual seu pai quer escondê-los?

– Não sabemos... – Disse Connor. – Nunca o conhecemos. Só sabemos o nome dele, que nossa mãe deixou escapar um dia.

– E qual é? – Thalia os encarava com curiosidade. Quase não contive a surpresa ao ver o quanto ela se parecia comigo no quesito curiosidade.

Connor encarou Travis, que assentiu e proferiu a palavra que fez com que Leo quase batesse a van.

– Luke. O nome dele é Luke.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostaram? Acham que Thalico está enrolando até demais? Pois ainda vai enrolar! :3 Tá bem na cara que esses dois se amam profundamente! Só eles não notaram!
Nico brigando com a Thalia por ser fofo e achar que não vale tanto! Tem como ser menos fofo? :3
HÁ! Acharam que eu não daria um jeito de trazer meus maninhos queridos para a festa? :3 Aproveitei e trouxe a Katie de brinde! :3
Pois é gente! Me digam o que acharam! Será que a Thalia vai acabar confessando pro Nico? Será que Travis e Connor tem mais a ver com a história toda do que parece? Será que vai dar certo colocar um povo que não sabe perder a piada (Nico, Travis, Connor, Percy e Leo) em um lugar só?
Até o próximo cap!
Bjoks! *3*



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