Fallen From The Sky escrita por Tia Ally Valdez


Capítulo 2
Sou Atacado Pela Minha Professora De Matemática


Notas iniciais do capítulo

Oi, gente! :3
AI MEU CORE! 17 REVIEWS E UMA RECOMENDAÇÃO EM UM ÚNICO CAPÍTULO?! SOCORRO!
MUITÍSSIMO OBRIGADA SENHORITADIANGELOS2!
Bem, sobre o cap... Levei um tempão para escrevê-lo e ficou o melhor que pude! :3
Espero que gostem!
P.O.V do Nico!
Enjoy it! ;)



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Nico

Uma garota?

Se havia algo que eu adoraria que me explicassem (além de física, que é um saco) era como uma simples garota da minha idade caiu do céu, fez uma linda cratera na grama do jardim do vizinho (que, com certeza, arranjaria um jeito de jogar a culpa em mim. Tipo: “olhe só! Seu filho atraiu um meteoro para o meu jardim!”) e ainda estava viva, como se estivesse dormindo e caiu da cama.

Deslizei pela cratera até o centro, onde a menina estava. Ela tinha longos cabelos negros, que emolduravam perfeitamente a pele clara, pontilhada por sardas no nariz. Estava descalça e não usava nada além de um longo vestido branco sem alças e (não pude evitar corar) levemente transparente, de modo que, apesar do vestido, eu pudesse enxergar as curvas perfeitas de seu corpo.

Sem pensar duas vezes, abaixei-me e peguei a garota em meus braços. Ela estava inconsciente, mas, no momento em que toquei sua pele, uma corrente elétrica percorreu meu corpo e não pude evitar corar pela segunda vez.

Com a menina nos braços, subi a cratera de volta. Depois fui até minha casa, meio caminhando, meio correndo. A garota tinha alguns poucos arranhões e duas grandes linhas brancas nas costas, o que fez com que eu me perguntasse o que causaria uma cicatriz daquelas.

Subi até meu quarto e deitei-a em minha cama, tirando o que sobrara do meu skate e do meu livro. Depois corri até o banheiro e peguei um kit de primeiros socorros, procurando, desesperadamente, por algodão e gaze.

Desci até a cozinha e coloquei uma jarra d’ água no fogão. Peguei alguns panos no armário e os coloquei na água morna. Corri de volta para o quarto e coloquei um pano, morno e úmido, em sua testa. Limpei seus poucos ferimentos com um algodão molhado e usei a gaze para cobrir os piores arranhões. No restante, apenas passei um pouco de algodão com álcool.

Fui até meu guarda roupa e peguei uma troca de roupa e, um lençol e outro travesseiro, os três para mim. Cobri a garota com o lençol em minha cama e desci as escadas até a sala.

Arrumei o sofá com o travesseiro. Caminhei até o banheiro do quarto de Bianca e tomei um banho. Saí do banheiro, secando o chão e apaguei qualquer vestígio de que estive lá.

Deitei-me no sofá e me cobri, esperando cair no sono rapidamente.

[...]

— Nico? – Assustei-me ao ouvir a voz de Percy e abri os olhos. – O que está fazendo no sofá?

Levantei-me, sentindo uma leve dor nas costas. Não estava acostumado a dormir no sofá.

— Bom dia... – Murmurei. – Estou atrasado?

— São nove da noite ainda, di Angelo. – Percy sentou-se no sofá ao meu lado, assim que me levantei. – Por que estava dormindo no sofá?

Bocejei.

— Acho que estava muito cansado e peguei no sono...

— Sei... – Percy cruzou os braços. – E pra que você precisou de álcool e panos úmidos?

Travei na hora, buscando uma desculpa qualquer. Mas Percy me antecipou.

— Deve ter sido por causa da “pedra” – Ele fez aspas com os dedos e eu, em desespero, assenti.

— Sim, sim, é claro! Foi aquela maldita pedra! Minha testa ainda tá doendo e eu acho que peguei um resfriado com aquela chuva! – Forcei uma tosse. Percy revirou os olhos.

— Ok... O que você está escondendo no seu quarto?

— N-nada!

Percy revirou os olhos.

— Ok, Nico... Se não vai me contar, não vou te obrigar! Vou sair com a Annabeth!

— Mas são nove horas!

— Eu sei... Não me espere acordado, priminho!

Revirei os olhos quando Percy saiu pela porta da frente, fechando-a.

Subi até meu quarto e abri a porta devagar.

E o susto foi maior do que qualquer coisa quando o vi vazio.

Será que ela fugiu pela janela?

Caminhei até a janela e a vi travada. Não havia como ela fugir por lá. Desci as escadas novamente até a cozinha e passei a mão pelos cabelos, frustrado. Senti meus óculos deslizarem e os arrumei, olhando para frente a tempo de ver um vulto jogar-se contra mim.

A garota ficou por cima de mim num movimento muito rápido. Estava com uma faca de cozinha na mão, o que poderia parecer muito estranho, mas, nas mãos dela, parecia um objeto de destruição. Tinha certeza de que ela podia me matar em questão de segundos, então tentei manter a calma.

Sem sucesso.

Eu estava ofegante, fitando o par de olhos azuis mais lindo de toda a minha vida. Eram de um azul tão elétrico que pareciam ter raios dentro.

— Quem é você?! – Ela pressionou a faca contra a minha garganta. E eu rezei para que Percy não entrasse em casa naquele momento. – Por que me trouxe aqui?! Está me mantendo em cativeiro?! Está agindo sob as ordens de quem?!

— Ei, ei, ei, garota! – Tentei me mover. Ela era forte demais. Talvez mais forte do que eu (ok, não era difícil encontrar pessoas mais fortes do que eu. Mas todas as garotas que conheci, exceto Annabeth e minhas irmãs, eram frágeis e fracas. Aquela garota tinha um olhar que dizia claramente “eu vou te matar!”). – Eu não estou te mantendo em cativeiro, eu te encontrei naquela cratera e te trouxe pra cá!

— Como vou saber se é verdade?! – Ela pressionou a faca com mais força. Se havia algo que eu realmente não queria que acontecesse era morrer no meu aniversário de 16, no tapete da minha casa.

— A porta está aberta, garota! È só sair! – Tentei me mover outra vez. Ela aproximou-se do meu rosto. Cheirava a chuva. – Olha, você caiu do céu e eu encontrei você por acaso!

Ela não se moveu. Seus olhos faiscantes me fitaram por um longo momento antes que ela me soltasse e, com um arremesso perfeito, colocasse a faca de volta no lugar.

— Muito bem... – Ela estendeu sua mão e me ajudou a levantar. – Obrigada pela ajuda. Meu nome é Thalia Grace.

— Nicholas di Angelo. E não precisa agradecer... – Encarei suas íris faiscantes. – Não faz o meu tipo largar uma pessoa ferida sozinha numa cratera gigante. – Não pude conter minha ironia.

— Nem sei como conseguiu reduzir a dor na minha... – Ela olhou atrás de si e seu olhar virou um de choque. – Minhas asas... – Murmurou, me encarando. – O que você fez?

Oh droga! Vou morrer!

— Asas? – Ergui uma sobrancelha. – Acho que bateu a cabeça com muita força, garota. – Sorri de canto. Um sorriso que não durou muito quando vi seu olhar assassino.

— O que você fez com as minhas asas?

Agora cabia a mim decidir responder de maneira séria ou irônica.

Diante daquele olhar, escolhi a séria.

— Eu não vi asa nenhuma! Quando te encontrei você era... – Eu ia dizer “normal”, mas o que tem de normal numa garota que despencou do céu e abriu uma cratera? – Como uma pessoa comum.

Ela levou as mãos ao rosto. Depois me encarou. Os olhos pareciam marejados. Ela virou-se e disparou para fora de casa. Tentei segui-la, mas, pelo jeito, além de força sobrenatural, Thalia corria mais do que Leo quando encontrava uma ex que o queria de volta. Só consegui percorrer poucos metros antes de perdê-la completamente de vista.

Confuso, voltei para casa. Talvez ela voltasse apenas para agradecer. Talvez ela nunca mais voltasse e eu me lembraria dela como uma das coisas estranhas que ocorreu em minha vida.

Porém, antes que eu fechasse a porta, alguém surgiu em meu campo de visão, bem em frente à porta.

— Sra. Dodds? – Perguntei, confuso, quando vi minha “querida” professora com cara enrugada de morcego. Ela usava aquele típico casaquinho esquisito de couro.

— Boa noite, Nicholas... – Um sorriso assustador percorreu seu rosto. Ela ergueu uma mão, com dedos longos e curvos com garras afiadíssimas nas pontas e desferiu um golpe.

Antes que eu gritasse, fui arremessado contra a parede oposta à porta. Minha visão ficou turva por um momento e algo se estilhaçou sob minhas costas. Meus óculos saltaram de meu rosto e uma das lentes caiu fora ao atingir o chão.

Gemi de dor quando atingi o chão. Minhas costas arderam. Tateei meu ombro até encontrar um objeto curvo e afiado. Puxei-o a tempo de fitar um estilhaço de vidro. Eu bati contra um armário com portas de vidro e vários livros dentro.

— O q... – Antes que eu terminasse de falar, a Sra. Dodds chegou até mim numa velocidade surpreendente e agarrou minha garganta, jogando-me em direção à porta, porém, ao invés de atingir o gramado, atingi dois corpos enormes.

Eram dois homens. Com os rostos cobertos de cicatrizes. Tinham, aproximadamente, dois metros de altura. Os cabelos eram oleosos e pretos. Os olhos eram vermelhos e cruéis.

Quando sorriram, mostraram dentes afiados e assustadores, como dentes de tubarão. Usavam roupas pretas de couro.

O primeiro deles me ergueu com força e ignorância. Depois me arremessou no chão novamente. A Sra. Dodds caminhou até mim.

— Eu deveria ter notado antes... Todos aqueles acidentes sobrenaturais quando você elevava sua voz. – Sua mão, coberta de garras, segurou meu rosto. – Eu procurava por você durante todo esse tempo. E estava bem em frente aos meus olhos...

— Do que está falando? – Gemi de dor quando suas garras deslizaram pelo meu rosto.

Maravilhoso! Primeiro eu explodo as luzes da sala. Depois apago três valentões mais fortes que eu. Depois uma garota (muito linda, por sinal) cai do céu no quintal do vizinho e, agora, minha professora diabólica de matemática invade minha casa e diz que estava me procurando “todo esse tempo”.

— Mas hoje... Hoje foi o dia em que você explodiu, não é? Geralmente é aos dezesseis que acontece... – Ela riu. – A última esperança dos anjos... O Anjo da Terra estava bem debaixo dos meus olhos e eu nunca notei.

Tentei rir. Saiu um riso sufocado.

— Olha... Eu sei que todo mundo gosta de fazer piada com meu sobrenome, mas essa é nova.

A Sra. Dodds rosnou alto e eu acompanhei, com horror, suas vestes serem substituídas por uma pele coriácea. As mangas de seu casaco viraram asas e sua cara enrugada agora estava mais enrugada ainda, com uma grande boca cheia de dentes afiadíssimos.

— Para onde ela foi? – A Sra. Dodds encarou os dois brutamontes. Depois voou sobre mim e seus pés enormes, curvos e cobertos de garras agarraram meus ombros e me seguraram de joelhos.

Os dois armários se modificaram, transformando-se em seres assustadoramente altos, com as costas curvas e a espinha se destacando sob elas. Os dentes continuavam afiados. Os olhos tornaram-se inteiramente negros e esfumaçados. A pele ficou mais branca do que a minha. De seus dedos, tão longos quanto os da minha suposta professora de matemática, cresceram grandes garras negras.

— Eu não sei do que você está falando. – Menti. A criatura com garras atrás de mim rasgou minha camisa. – Olha... Não temos uma maneira mais civilizada de resolver isso?

A Sra. Dodds riu.

— Peguem o atiçador de brasas.

Arregalei os olhos e tentei me debater.

— Atiçador? Não acha isso muito medieval e desnecessário?! – Olhei para trás para ver um dos monstros puxar, não sei de onde, um longo cabo metálico e soprar a ponta, que se acendeu, incandescente. Engoli em seco. – Isso não é certo!

— É só falar onde a garota está, Nico... – Ela riu. – Ou farei uma linda marca em sua pele.

— Eu não sei onde ela está!

Estremeci e tentei me debater outra vez quando senti o calor da superfície em brasa do atiçador. Fechei os olhos com força, sentindo o suor frio escorrer devagar pelo meu rosto.

Porém, antes que alguma coisa acontecesse, Thalia passou em alta velocidade pela porta e lançou-se contra o monstro, arrancando o atiçador de sua mão e pressionando a superfície incandescente contra seu olho esquerdo. A criatura guinchou e tentou golpeá-la. A Sra. Dodds emitiu um som estranho e dois garotos invadiram a casa. Um deles tinha uma lança e o outro levava uma espada.

O que tinha a lança possuía cabelos escuros. Os olhos, antes aparentemente verdes, eram agora inteiramente negros. Dos dedos cresceram garras. O que levava a espada era loiro cujos olhos, antes de se tornarem inteiramente negros, eram castanhos.

— Renegados! – Thalia sorriu desafiadoramente. – Que bom! Achei que só dois demônios inferiores não teriam muita graça.

A Sra. Dodds rosnou e me atirou no chão. Os dois Renegados (como Thalia dissera) sorriram cruelmente e se colocaram em posição de luta.

— A Herdeira dos Céus! – Sibilou a minha professora de matemática. – Matem-na! Eu cuido do garoto!

— Cuidar de mim? – Zombei, me arrastando até a cozinha. – Vai fazer o que? Aplicar Pitágoras em mim? Aproveite minhas costas à mostra e desenhe um triângulo aqui e procuraremos o valor da hipotenusa!

Ela rosnou e tentou me atacar. Desviei no último momento e puxei uma faca do balcão. Se Deus quisesse, minhas aulas de arremesso no acampamento de férias teriam valido à pena.

Arremessei a faca, que atingiu o pé direito da Sra. Dodds. Ela gritou de dor e conseguiu me chutar com o pé saudável. Senti meu corpo ser arremessado para trás por uma curta fração de tempo antes que minha cabeça batesse na quina arredondada da pia.

Num movimento muito rápido, Thalia saltou sobre a Sra. Dodds e tirou a faca de seu pé, cravando-a em seu peito. Ela guinchou e explodiu numa nuvem de poeira.

— Você está bem? – Ela me encarou e se aproximou. Sorri de canto.

— Acho que estamos quites.

Ela revirou os olhos, apesar de sorrir.

— Está muito machucado?

— Relaxa, eu só quebrei todos os ossos do meu corpo. Estou ótimo.

— Como você consegue ser irônico?

Sorri conforme a encarava. Ela desviou o olhar e correu até o primeiro Renegado, arrancando a espada de sua mão e usando-a para atravessar-lhe o estômago. Antes que seus pés atingissem novamente o chão, Thalia atravessou a garganta do monstro que ela dissera ser um demônio inferior. Depois pousou com a graciosidade de um elfo no chão, o que me deu inveja, pois, sempre que eu saltava, pousava com a graciosidade de um mamute.

O segundo demônio, que estava com o olho direito carbonizado, disparou em minha direção e, antes que eu alcançasse a faca no balcão, sua mão enorme fechou-se em minha garganta, me sufocando. Thalia lutava com o último Renegado, tirando a lança de suas mãos, porém o Renegado foi mais rápido que o primeiro: ele pegou do chão a espada que o outro usara. Uma grande espada de lâmina negra.

Tossi quase em desespero e me debati para me livrar do monstro acima de mim. Ele era forte demais. Podia quebrar meu pescoço e me matar de uma vez, mas preferiu que eu sufocasse até a morte. Pude ver, apesar de estar sem óculos e com a visão escurecendo aos poucos, o Renegado saltar sobre Thalia e atacá-la antes que ela viesse me ajudar.

Comecei a me desesperar mais. O demônio acima de mim riu. Um riso gélido e assustador. O cheiro de cadáver que ele emanava não me ajudava a ficar acordado o máximo de tempo que eu podia. Mesmo sabendo que eu não teria nenhuma chance.

Eu estava prestes a fechar os olhos quando uma imagem me surpreendeu. A imagem desfocada de Annabeth gritando em desespero e golpeando a cabeça do demônio acima de mim com uma pá. Ela continuou golpeando-o (e gritando desesperadamente) mesmo depois que ele me soltou. Tossi e me levantei conforme recuperava o ar aos poucos. Thalia rosnou alto de ódio para o Renegado por cima dela e o chutou com força, pegando sua lança e atravessando-lhe o peito.

Procurei pelo demônio que Annabeth golpeara e o encontrei com a cabeça assustadoramente deformada. A pá estava jogada ao seu lado, coberta de sangue negro. Senti enjoo.

Tossi outra vez, sentindo só naquele momento a dor nas costelas. Com certeza ser jogado na parede me custou uma ou duas costelas fraturadas. O ponto em que bati na quina estava latejando. Toquei ali e senti algo quente e molhado contra meus dedos. Sangue.

— Nico! – Percy surgiu em meu campo de visão. – O que aconteceu aqui? O que aconteceu com você?

Thalia caminhou até nós.

— Os Renegados o encontraram. – Ela se ajoelhou ao meu lado e tocou a área das costelas fraturadas. – Beba isso. – Thalia me estendeu um pequeno frasco, feito de cristal. O conteúdo dentro dele era dourado.

Senti o cheiro doce da bebida. Depois bebi um gole. Era doce. Não muito doce e nem pouco doce. Era muito bom. Thalia sorriu e pegou o frasco de volta.

— E suas costelas?

Toquei aquele ponto e não senti nada. Apenas minhas costelas inteiras. Minha mão foi para o ponto que bati na quina e eu não sentira nem mesmo sangue. Sorri e a encarei.

— Essa bebida é milagrosa.

— Se chama Néctar. É uma bebida de anjo. – Ela me encarou. – Então você deve ser mesmo o Anjo da Terra. Para não ter sido incinerado quando bebeu o Néctar.

Cuspi quase metade do segundo gole na camiseta de Percy.

— O QUÊ? ESSE NEGÓCIO MATA?! – Arregalei os olhos.

— Mata se for ingerido em grandes quantidades por um mortal saudável. Se for ingerida uma pequena quantidade por um mortal ferido, seus ferimentos se curam, mas eles sentem tontura, enjoo e dores de cabeça.

— Poderia ter avisado antes que eu bebesse!

Ela apenas revirou os olhos. Depois foi se sentar num canto do sofá. Parecia pensativa. Talvez seja por causa de suas asas. Se eu fosse um anjo e perdesse minhas asas, ficaria desolado. Como um pássaro numa gaiola.

Reconheci meus óculos no chão e encaixei a lente na armação. Depois os coloquei.

— Nunca mais vou perguntar o que você esconde no quarto... – Percy sentou-se. Annabeth sentou-se ao seu lado, mas, pelo jeito como os dois evitavam se olhar, alguma coisa havia acontecido naquele cinema. Sorri de canto e desviei completamente do assunto:

— Mas fala aí, Percy... Que hora foi?

Ele me encarou confuso.

— Que hora foi o que?

— O beijo de vocês dois... Que hora foi?

Percy ficou completamente vermelho na mesma hora. Annabeth corou mais ainda e mordeu o lábio inferior, respondendo antes que meu primo o fizesse.

— Foi depois do filme... Minha mãe levou a ocasião a sério demais e eu tive que fazer o impossível para ela não me colocar um vestido de noite... Mas ela insistiu teimosamente nos saltos. Estávamos saindo do cinema e eu quase caí, mas Percy me segurou pela cintura. Estávamos muito próximos e... – Ela voltou a ficar vermelha e parou de falar. Sorri. – Mas como você sabia?

— Fala sério, Annabeth... Se eu fosse tão tímido quanto vocês para me assumir e desse meu primeiro beijo numa garota por quem eu estivesse apaixonado, não conseguiria olhar na cara dela. Não por vergonha, mas por medo de que aquele beijo se torne um vício e eu a beije novamente.

Percebi um pequeno sorriso de canto se formar nos lábios de Thalia. Ela ficou em silêncio por mais um tempo antes de se levantar e nos encarar.

— Aqui não é mais um lugar seguro, Nicholas...

— Deixe disso, me chame de Nico.

Ela revirou os olhos, mas assentiu.

— Ok, Nico. – Ela disse meu nome de forma provocativa. Revirei os olhos. – Aqui não é mais um lugar seguro para você... Temos que ir.

— E para onde vamos?

— Preciso das minhas asas novamente. Meus poderes não possuem muito efeito aqui. E preciso saber o que fazer com você. Se é tão poderoso como dizem, com certeza seus poderes estão bloqueados.

— O que você consegue fazer aqui com seus poderes?

— Apenas pequenas alterações climáticas e magias simples. – Ela pegou meus óculos e passou a mão sobre as lentes. Quando me devolveu, não havia um único arranhão nelas. – Deixei-as mais resistentes também... Vai precisar de lentes resistentes para sair e enfrentar o exército que está atrás de você.

— Exército?

Thalia virou-se e encarou a nós três.

— Descansem... Amanhã vocês irão para a escola e darão uma boa desculpa para sumirem. Eu vou proteger a casa. Consigo fazer um feitiço simples, porém útil de proteção. Desde que ninguém saia da casa, nenhum monstro ou Renegado pode entrar.

Assentimos. Annabeth pegou seu celular e ligou para sua mãe, dizendo que ia dormir em minha casa porque presenciara um assalto na rua que levava para sua casa e estava assustada. Seu tom de voz assustado e quase carregado de lágrimas quase me convenceu. Ela disse para a mãe que dormiria no quarto de Hazel e que não teria nenhum “garoto tarado” com ela. Não pude evitar rir quando notei que Athena Chase se referia a Percy.

Annabeth arrumou os longos cabelos louros e cacheados num coque simples. Depois limpou as falsas lágrimas que faziam os olhos cinza-tempestade brilharem.

— Bem... Deu certo. – Ela sorriu.

— Nico! Cheg... – Hazel e Bianca pararam, chocadas, ao ver a situação da casa e os demônios inferiores, junto aos dois Renegados, estirados no chão sem vida nenhuma.

Hazel foi a primeira a gritar. Bianca gritou logo depois e me encarou.

— O QUE É ISSO?

— São coisas que vieram aqui para me matar. – Resumi. Thalia me encarou e depois explicou tudo. Bianca sentou-se, sem reação. Hazel estava de pé. A incredulidade maior do que qualquer outra coisa.

Bianca levantou-se, ainda sem reação e me encarou.

— Bem que o papai avisou... – Murmurou baixo. Depois me encarou. – Se não fosse eu, seria você.

O que?

Eu a encarei, mais confuso do que quando encontrei Thalia naquela cratera.

— O que você quer dizer com isso?

Bianca me encarou e suspirou. Uma expressão de tristeza surgiu em seu rosto.

— Papai já havia me contado, Nico. E pediu para que eu não te contasse nada até que chegasse a hora.

— Você sabia? – Hazel a encarou. – E porque não me contou também?

— Papai não queria envolver ninguém que não fosse da família di Angelo.

Hazel bufou e sentou-se de novo.

— Não acredito... Só porque não sou filha da mãe de vocês! – Resmungou. Bianca revirou os olhos. Depois me encarou.

Tudo aquilo era demais para mim para um dia só. Estourar as luzes da sala. Derrubar três garotos que eram armários. Encontrar uma garota que caiu do céu. Ver a professora de matemática virar um monstro e te atacar. Ser chamado de Anjo da Terra e Última Esperança dos Anjos. Descobrir que meu pai sabia tudo e nunca me contou. Tudo veio numa intensidade tão grande que eu senti meus joelhos cederem. Percy e Bianca chegaram ao meu lado rapidamente, tentando me amparar.

Tudo ainda girava em minha mente conforme eu absorvia as informações. Era demais para mim. Ouvi os passos de Thalia, Hazel e Annabeth vindo em minha direção.

E, aos poucos, tudo foi se tornando claro em minha mente à medida que tudo se tornava escuro em minha visão.


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Notas finais do capítulo

E aí? O que acharam? Muita informação para um cap só? Pois a gente só começou!
E deem graças aos deuses por eu não enrolar para revelar o que o Nico é. Só demorarei um pouquinho no desenrolar da história dele!
Bem, fico por aqui!
Até o próximo cap!
Bjoks! *3*



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