Fallen From The Sky escrita por Tia Ally Valdez


Capítulo 3
Umbra


Notas iniciais do capítulo

OEEEEEEEEEEEEEE! POVO LINDO DA TIA ALLY!
POVO LINDO QUE VAI QUERER ME MATAR COM ESSE FINAAAAL!
Que coisa. A fic nem começou e eu já tenho que ir pro meu abrigo anti-leitores revoltados 3000
Nem vou enrolar. Vou juntar minhas malas e adeus!
Enjoy it! ;)



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Nico

Acordei em minha cama. Os raios de sol invadiam as frestas das cortinas e batiam em meu rosto. Esfreguei bem os olhos antes de abri-los totalmente. Por um mísero instante, tudo me pareceu um sonho.

Mas eu soube que não era um sonho quando uma explosão sacudiu o andar de baixo.

Levantei-me num pulo, encontrando uma mochila preta arrumada aos meus pés. Abri-a e encontrei três trocas de roupa, um cantil, dinheiro e um cilindro metálico, um pouco maior que uma caneta, de cor preta.

Gemi baixo de dor ao sentir meu pulso direito arder. Olhei para ele e vi apenas uma mancha vermelha. Resolvi ignorar aquilo por enquanto.

Desci as escadas apressadamente, jogando a mochila por cima do ombro e pegando os óculos sobre a mesa de cabeceira.

As cortinas da sala estavam em chamas. O fogo já começara a se espalhar por alguns móveis da sala. A parede esquerda da sala não existia mais.

Olhei pelo buraco imenso e arregalei os olhos ao ver um imenso dragão cor de sangue atacando a minha casa com fogo. Muito fogo. O fogo só não havia incinerado a casa porque Thalia repetia dezenas de palavras numa língua que eu não reconheci e o fogo se dissipava.

Ou parte dele, já que uma pequena chama conseguira penetrar a casa, incendiando o sofá.

Entre uma rajada de fogo e outra, Thalia rosnava alto de ódio e atacava o monstro com a lança do Renegado que ela matou na noite anterior.

– Nico! – Bianca veio em minha direção. Segurava a espada de lâmina negra do segundo Renegado. – O cilindro! Na sua mochila!

Cilindro?

Fiquei tanto tempo parado que quase fui atingido por um pedaço do teto. Antes que acontecesse, fui empurrado com força para trás. Para variar, meus óculos caíram de novo.

Não foi difícil encontrá-los. Difícil foi encarar os olhos raivosos de Thalia na minha frente.

– Você é idiota?! Não fique parado que nem uma múmia! Os dragões não são parcialmente cegos! Possuem ótima visão e matam tudo o que respira!

– Desculpe, garota! Mas não encontro dragões nas ruas todos os dias! Aliás, acho que faltei na aula de biologia que explicaria sobre eles!

Ela revirou os olhos e voltou-se para o dragão.

Lembrei-me do cilindro ao qual Bianca se referiu e abri a mochila, encontrando-o no mesmo lugar de antes.

Assim que minha mão se fechou sobre o metal frio do cilindro, levantei-o sem a menor dificuldade, apesar de parecer ser pesado. Li uma palavra escrita na lateral do objeto.

Umbra?

– É Sombra em latim! – Informou Thalia, eletrizando a ponta da lança e cravando-a no corpo do bicho, porém a lança bateu contra as escamas e não causou nenhum dano, como se as escamas fossem feitas de diamante. – MALDITA ARMADURA!

– Tem um botão, Nico! Na base do cilindro! – Bianca repeliu uma coluna de chamas com a lâmina da espada.

Encontrei um botão negro numa das bases do cilindro e o apertei. Da base oposta, surgiu a ponta de uma lâmina negra. O cilindro cresceu até atingir, aproximadamente, 90 centímetros de altura, transformando-se numa espada de lâmina negra.

Umbra... – Thalia arregalou os olhos. – Não sabia que era a original.

– O que tem de mais? É uma espada não?

– Golpeie o dragão! – Instruiu Bianca.

Com a espada em mãos, avancei sobre o dragão com tanta facilidade que me surpreendi.

Quando a lâmina tocou as escamas, o dragão rugiu e tentou me atacar. Senti uma força descomunal ser passada do dragão para a espada e da espada para mim.

O dragão rugiu e ergueu a pata coberta de garras. Não consegui recuar. Ergui um dos braços em frente ao meu rosto e não senti absolutamente nada.

As garras do dragão não causaram nenhum dano. Assim como a lança de Thalia não causara dano em suas escamas.

Arregalei os olhos. A espada sugou a resistência das escamas do dragão?

Comprovando o que eu disse, Thalia saltou alto e pousou sobre a cabeçorra do dragão, cravando a lança, que atravessou suas escamas como se fossem feitas de manteiga.

Sangue quente como água fervente jorrou do ponto que a lança atingira. O dragão rugiu novamente e usou sua pata imensa para lançar Thalia contra a parede oposta.

Ergui Umbra novamente e, assim como Thalia, saltei sobre a cabeça do dragão, enfiando a lâmina onde antes estivera a lança de Thalia.

No mesmo instante, o dragão rugiu de dor. A quantidade de força que a lâmina sugava era quase infinita. E tudo fluiu direto para mim. Cravei a lâmina o máximo que pude e o dragão rugiu uma última vez antes de explodir numa nuvem de cinzas.

Tossi com a fumaça. O que sobrara da casa estava em chamas. Percy e Annabeth desceram as escadas, arregalando os olhos ao verem a cena. Hazel surgiu de trás do balcão da cozinha.

– O que aconteceu?

Umbra... – Murmurou Thalia. – Esse tempo todo desaparecida. Nunca imaginei que seu pai a tivesse guardado.

– O que essa espada tem de tão especial? – Perguntei, sentindo-me tonto.

– Passe parte do poder que coletou para a espada. Pode precisar dele depois.

– Como eu faço isso?

Thalia me encarou.

– Apenas segure-a e pense, como se falasse com a espada. Mas lembre-se de não passar sua essência por engano.

Assenti, segurando a espada com firmeza e pensando em toda a força que eu coletei sendo passada para a lâmina negra.

Como se fosse mágica, senti a essência que coletei do dragão fluir completamente para a lâmina. Concentrei-me e cortei a ligação no momento em que senti, de certa forma, minha essência sendo puxada.

Thalia sorriu quando a encarei.

– Não imaginei que conseguiria de primeira.

– Poderia me dizer agora o que esta espada tem de tão especial?

Thalia sentou-se.

– Falta quanto tempo para vocês irem?

Olhei para a parede da cozinha, aliviado por ver o relógio funcionando perfeitamente. 6h35min.

– Uns quinze minutos.

Ela assentiu e respirou fundo.

Umbra é uma espada lendária. Que vem de uma família poderosa de anjos, cujo sobrenome eu não consigo lembrar. – Ela suspirou. – Os proprietários dessa espada fizeram grandes conquistas com ela. Venceram guerras. Salvaram vidas... – Thalia ficou em silêncio. – Um dia... A espada sumiu. O último proprietário dela fugiu e a levou consigo. – Ela me encarou. – É tudo o que eu sei.

– É o suficiente.

Thalia assentiu e me encarou.

– Vocês precisam ir para a escola. Deem uma desculpa qualquer. Digam que vão viajar ou sei lá. Apenas inventem algo. Não vão ver aquele lugar por um bom tempo. – Ela baixou o olhar até meu pulso direito e arregalou os olhos. – Quando isso apareceu?

Segui seus olhos até ver, onde antes havia uma mancha vermelha, uma espécie de borrão preto.

– A Marca. – Bianca pegou meu pulso. – Qual será que vai ser?

Thalia a encarou.

– Aposto minha adaga que vai ser Terra.

Bianca sorriu.

– Aposto minha espada que será Água.

– Apostado.

– Estão apostando qual vai ser minha tatuagem?

As duas deram de ombros e continuaram fitando meu pulso até que uma marca se formasse. Um crânio.

Thalia arregalou os olhos. Bianca fez o mesmo e as duas me encararam.

– Necromancia?

Eu as encarei. Thalia estava completamente branca. Bianca nem respirava.

– O que tem de errado?

– Os necromantes estão quase extintos, Nico. Você deve ser o último.

– Que ótimo. – Bufei. – Última Esperança dos Anjos. O Anjo Da Terra. O Último Necromante. O que mais falta?

– A Ruína dos Renegados. – Concluiu Thalia. Eu a encarei e dei-lhe a língua. – Melhor irem para a escola. Estarei esperando vocês em frente à sua casa.

Assentimos e saímos. Hazel foi esperar Frank e Bianca foi para seu trabalho como ajudante de nosso pai na di Angelo Company, uma empresa mineradora. Ela o deixaria avisado do que estava acontecendo.

– Nico! – Chamou Thalia. Virei-me para encará-la. – Fiz o máximo que pude.

Thalia me estendeu meu skate, agora consertado. Não contive um grande sorriso. Nem a imensa vontade de abraçá-la.

– Obrigado... – Murmurei. – Ele é muito importante para mim.

Thalia ficou imóvel por um tempo, mas me abraçou de volta.

– Eu imagino.

Quando nos separamos, subi no skate e fui em direção à escola.

[...]

– Uma viagem de última hora? – A diretora me encarou. – Você tem sorte porque as provas acabaram anteontem, Nicholas...

– Pois é... Meu pai é meio estranho. Vamos para a Itália rever a famiglia.

A diretora sorriu e apertou minha mão.

– Faça uma boa viagem, Nicholas.

Assenti e me encaminhei para a porta, mas pude ouvi-la dizer algo que me fez estremecer.

– Guarde bem Umbra, Nicholas... Vai precisar dela em sua viagem.

Eu a encarei e assenti, apesar do nervosismo.

– Obrigada, diretora.

Saí da diretoria e optei por caminhar até a saída daquela vez.

Mas fui surpreendido por um soco no maxilar.

Tombei feio no chão, mas os óculos não caíram naquela vez. Levantei-me a tempo de reconhecer os três armários que infernizavam a minha vida. Estava tentado a usar Umbra e matá-los. Mas não me rebaixaria ao nível de um assassino covarde.

– Olá, diAbo... – James sorriu cruelmente. – Você saiu com tanta pressa ontem que nem tivemos tempo de nos despedir! – Ele desferiu um chute em meu estômago. Perdi o fôlego. James agarrou a gola da minha camiseta. – Vai me pagar caro por ontem.

– Você é que deveria me pagar! – Retruquei com ódio. – Pagar um par de óculos, pagar um livro e um skate novos. – Empurrei James, afastando-o. – Covarde. É isso o que você é. Não tem coragem para nada e tem que pedir pra mamãe trocar sua fralda. Então desconta sua raiva nos fracos para se sentir melhor. Tenho pena de você!

Virei-me para sair, mas Mark e Sherman bloquearam meu caminho.

– Eu agora vou ter pena do que vai te acontecer.

– Quer que o acontecimento de ontem se repita? Quer voltar pra casa chorando pra mamãe de novo?

James rosnou e agarrou minha camiseta por trás, jogando-me no chão.

– AGORA VOCÊ MORRE!

O segundo golpe atingiu meu rosto com força. Gemi de dor e tentei me levantar. James pisou sobre minhas costas com força, empurrando-me de encontro ao chão. Rolei antes que outro soco me atingisse e Mark e Sherman abaixaram-se, agarrando meus braços e segurando-me para que James, covarde como sempre, pudesse me bater.

Engoli em seco e ofeguei de dor quando um segundo soco atingiu meu estômago. James riu e socou meu rosto duas vezes seguidas. Senti meu sangue escorrer do nariz até a boca, pingando do queixo para o chão.

Fiz meu máximo para não derramar nenhuma lágrima. Tentei não demonstrar minha dor ao máximo. Ele socou meu maxilar e eu senti gosto de sangue.

Minha visão já começava a ficar turva com a imagem de James erguendo o punho novamente. Ergui minha perna direita e chutei seu estômago com força. Ele cambaleou e tossiu. Depois rosnou, caminhando até mim, e empurrou Mark para fora do caminho. Sherman, que quis evitar ser empurrado, me soltou e James agarrou minha garganta, batendo minha cabeça contra a parede.

Engasguei e perdi o ar. James não me soltou. Estava completamente fora de si.

– James... – Mark segurou seu ombro. – Você vai matá-lo!

– É o que eu quero... – Um sorriso louco passou pelo rosto de James. Minha visão ficou mais turva, mas pude ver seus olhos totalmente negros.

Um Renegado ou um demônio?

– Não é o que você quer... – Murmurei. – É o que o outro quer... Você sempre se contentou em apenas me intimidar...

– CALE A BOCA!

Já estava desistindo. Soltei seu braço aos poucos, desistindo conforme tudo ficava escuro e os sons ficavam difíceis de diferenciar.

– James, pare! – A voz de Sherman ecoou. Ele e Mark agarraram os ombros de James e o puxaram. Mas talvez o demônio que o possuía fosse mais forte. James nem sequer saiu do lugar.

Então um vulto passou em frente aos meus olhos, atingindo o rosto de James com tanta força que ele tombou.

Reconheci Thalia quando ergui o olhar depois de tossir diversas vezes e deixar meu corpo tombar. Ela encarou Mark e Sherman.

– Saiam. Agora.

Mark e Sherman fizeram o que ela ordenou e correram. Thalia me olhou por um curto período de tempo. Depois fez surgir em sua mão a lança.

– Faz tempo que vocês não brincam com a mente das pessoas, Luke.

James riu.

– Olá, Thalia... Como me reconheceu?

– Você brincava de entrar na mente das pessoas quando éramos amigos. Foi uma das razões de eu não me arrepender de ter te dado uma linda cicatriz.

Ele riu outra vez. Aquela voz não era de James. Aquele não era James. Era o tal de Luke.

– Muito esperta. Acho que não fica muito forte sem suas asas, não é?

Thalia hesitou por um momento. Tempo suficiente para que James/Luke a atacasse. Ela desviou do golpe no último momento e James/Luke ganhou garras, usando-as para golpeá-la.

Thalia gemeu baixo de dor quando as garras rasgaram um ponto acima de sua cintura. Depois, com a outra extremidade da lança, acertou com força a cabeça de James, que tombou. Ela agarrou seus cabelos e bateu sua cabeça com força na parede.

– DEIXE-O EM PAZ, LUKE! SE FOR ME ENFRENTAR, ME ENFRENTE DE VERDADE, COVARDE!

Depois que Thalia disse isso, James tombou para frente e uma aura negra saiu de seu corpo. Ou, pelo menos, era o que eu achava. Minha visão ainda estava turva.

Thalia se ajoelhou ao meu lado. Senti o sabor doce do Néctar invadir minha boca conforme ela pingava algumas gotas.

– Você está bem? – Perguntou, ajudando-me a sentar.

– Vou melhorar... – Olhei para o ponto que James, possuído por Luke, arranhara. O vestido branco de Thalia estava coberto de sangue. – Você é que está machucada.

– Isso não foi nada.

– O soco que levei é que não foi nada. – Abri a mochila, encontrando um rolo de gaze. Agradeci mentalmente à Bianca, por pensar em tudo e enfaixei o ferimento. Thalia revirou os olhos, apesar de sorrir de canto. – Você realmente precisa trocar essas roupas e cortar um pouco desse cabelo.

Thalia ergueu as sobrancelhas.

– Qual o problema com o meu cabelo?

– Ele é enorme. E pode chamar atenção demais. Quer parecer mesmo um anjo que caiu do céu por um motivo que não entendo ou quer parecer uma de nós?

Thalia revirou os olhos e nós dois nos levantamos.

– Que droga.

Sorri de canto e verifiquei se estava com tudo. Peguei meu skate no chão e caminhamos até a saída.

– Próxima parada... – Suspirei. – Nunca pense que diria isso, mas... Shopping.

[...]

– Então... – Começou Thalia de dentro do trocador. – Por que se incomodou em dizer que iríamos ao shopping?

– Bem... Shopping geralmente é coisa de menina. Elas gostam de vir aqui ficar andando e parando de loja em loja para admirar as roupas, joias e maquiagem. Os meninos vêm poucas vezes. Geralmente um garoto vem apenas para ir ao cinema sozinho, com os amigos ou com a namorada.

– Como é que namorados ficam no cinema? – O rosto curioso dela me fitou por cima da porta enquanto terminava de se vestir.

– Bem... Geralmente nós pagamos a pipoca e o ingresso para sermos gentis. E deixamos a namorada escolher ou chegamos a um acordo juntos. Ficamos no escuro e... – Suspirei. – Bem, eu acho que é isso. Nunca tive uma namorada e nunca levei uma garota ao cinema.

Thalia apenas fez um som de compreensão.

– Acabei.

Ergui o olhar e me senti completamente paralisado ao ver Thalia vestida daquele jeito. Usava uma camiseta cinza-escura com uma caveira no centro, acompanhada de calças de um tecido que parecia couro e botas. Tudo preto. A camiseta era coberta por uma jaqueta de couro preta. Annabeth fizera um ótimo trabalho cortando os cabelos de Thalia, que agora caíam até a metade das costas. Usava colar e brincos de caveira da cor preta. Os olhos não tinham maquiagem, mas os lábios ainda estavam vermelhos e, agora, brilhantes.

– Está... Linda. – Corei no mesmo instante com o que havia acabado de falar. – Quero dizer, está muito parecida com um de nós agora.

Thalia riu da minha confusão e caminhamos até o caixa. Depois de muita insistência por parte de Thalia, guardei o vestido dela na mochila.

– Bem... – A assistente sorriu. – Deu 430 dólares e vinte centavos.

É O QUÊ?!

– Se eu não fosse filho de um dos empresários mais ricos do país, eu juro que estaria ferrado.

Thalia riu conforme eu tirava o cartão do meu pai da carteira.

– Por quê? Não era só devolver? – Thalia me encarou conforme eu digitava a senha.

– Não. Eu não ia privar você dessas roupas. Até porque não ficariam melhores em ninguém além de você. – Merda, di Angelo! Corei mais uma vez. Merecia o Oscar por corar mais do que qualquer pessoa na vida.

A atendente sorriu e encarou Thalia.

– Seu namorado é um fofo! – Ela sorriu. Thalia corou violentamente e sorriu envergonhada. E eu corei mais do que antes.

Nenhum de nós quis contrariar a atendente.

– Voltem sempre. – Ela sorriu, acenando.

Thalia me encarou conforme caminhávamos até a saída do shopping.

– Por que você não disse que não somos namorados?

– Ela estava feliz demais. Não queria estragar isso.

Thalia apenas sorriu de canto e descemos as escadas até o estacionamento, mas meu caminho foi barrado por alguém, que caiu para trás no momento em que trombou comigo.

Olhei para o estranho e me surpreendi.

– Valdez? – Eu o ajudei a levantar. – O que está fazendo aqui?

– Estou buscando respostas. Você tem uma namorada e nem me falou?

– Não somos namorados. – Cortou Thalia.

Leo sorriu galanteador.

– Então significa que a señorita está solteira? – Ele caminhou até Thalia. Um monstro cresceu dentro de mim. E queria, com todas as forças, esganar Leo até a morte.

Ciúmes?

Thalia se afastou.

– Significa também que, se você chegar a meio metro de mim, eu vou atravessar seu crânio com uma lança.

Leo arregalou os olhos e deu um passo para trás, batendo, por acidente, num homem de chapéu que saía de lá.

– Desculpe. – Leo deu espaço para o homem passar, mas ele ficou me encarando.

Merda!

Thalia deve ter pensado o mesmo, porque puxou sua lança não sei de onde. Peguei Umbra no bolso dos jeans.

O chapéu do homem caiu, revelando um único olho, enorme e vermelho, no meio de sua testa. Leo deixou escapar um grito agudo e correu para trás de mim. O homem cresceu de tamanho até ficar enorme e rugiu alto.

– MAS EU PEDI DESCULPA, MOÇO! – Gritou Leo, se escondendo atrás de mim.

– Um ciclope? – Encarei Thalia. Ela assentiu.

– Um monstro muito comum, na verdade! Mas são muito fortes! Você...

Antes que ela terminasse, o ciclope a golpeara com a mão enorme. Thalia voou até bater contra a vitrine de uma loja, atravessando-a. Pessoas começaram a se desesperar. Leo não saíra do lugar.

– Thalia!

Antes que eu fosse até lá, o ciclope me barrou. Ergui Umbra e o golpeei com força. O monstro urrou de dor. Porém, conseguiu se livrar de mim antes que eu o matasse.

Ele correu em minha direção, pronto para me esmagar ou qualquer outra coisa, quando Leo jogou um dos pedaços da parede contra a qual a mão enorme do ciclope bateu. O pedaço acertou em cheio a cabeça do ciclope. Ele voltou seu único olho para Leo, que se virou para correr.

Num movimento muito rápido, Thalia saltou dos destroços da vitrine e lançou-se contra o monstro, cravando a lança em seu enorme olho. O ciclope urrou de dor e explodiu numa nuvem de cinzas.

– Você precisa... – Ela tossiu, cambaleando. – Atingir o olho dele. – Thalia olhou em volta. – Cadê aquele seu amigo?

– Aqui! – Gritou Leo do andar de cima. – FOI MUITO LOUCO! – Ele sorriu. – ONDE VOCÊS ANDARAM TREINANDO?! CARA! FOI MUITO LOUCO! E EU SEI QUE JÁ DISSE ISSO!

Thalia revirou os olhos e eu não contive um riso baixo. Leo desceu as escadas pelo corrimão.

– Temos que ir. Os seguranças vão nos fazer perguntas.

– Claro. Não é todo dia que se vê um ciclope.

Thalia me encarou.

– Eles não viram um ciclope. Existe um véu muito fino, que os faz ver coisas diferentes da realidade. Apenas anjos ou qualquer mortal que tenha um parentesco com um anjo podem ver.

Leo chegou ao nosso lado, rindo.

– Olha gente, eu sei que minha mãe é muito linda e tudo mais, mas eu não tenho parentesco com anjos. Seja lá do que você estiver falando. – Ele olhou meu pulso. – UOU, CARA! Onde você fez uma tatuagem? Doeu muito?

Olhei para baixo e fitei o crânio em meu pulso. Eu tinha que achar um jeito de cobrir aquilo, já que não ia ficar de jaqueta para sempre.

Tirei os óculos e limpei a poeira. Depois encarei Leo.

– É um tipo de marca. É muita coisa para te explicar... – Eu ia continuar falando quando ouvimos as vozes dos seguranças e da polícia. Thalia agarrou meu pulso com uma mão e o braço de Leo com a outra.

– Você vem com a gente!

– Ei! – Protestou Leo. – Isso é sequestro, cara!

– Cale a boca, Valdez!

Ele ergueu as mãos em sinal de rendição.

– Ok então. Podemos ir na minha van. Creio que é mais rápido do que ir de skate ou a pé.

– Nós viemos a pé. – Disse Thalia.

– E vão voltar de van. – Leo entrou no banco do motorista e ligou a van. Abri a porta de trás e eu e Thalia nos sentamos.

A van de Leo era vermelha. Era uma van porque ele sempre saía com amigos ou com algum experimento estranho no banco de trás. Só para ir para a escola que ele não a usava. Usava uma “humilde” Harley Davidson vermelha.

– Sorte de vocês que eu vim de van. Se não iam se espremer na moto. – Leo riu enquanto dirigia. Revirei os olhos e observei a paisagem até chegarmos em casa.

Mas a visão que eu tive fora a pior de todas. Arregalei os olhos e não esperei a van parar para sair correndo dela. Corri até a frente da casa, agora destruída.

– Meu deus... – Leo saiu do carro em choque. Thalia levou as mãos à boca.

Não havia mais casa naquele lugar.

Apenas uma pilha de destroços, iluminada pela luz da lua cheia, com um Renegado cuja espada estava cheia de sangue e uma Bianca completamente ensanguentada em seus últimos minutos de vida.


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Notas finais do capítulo

*Via abrigo anti-leitores revoltados 3000* E aí? O que acharam? Mereço morrer ou vocês me amam demais para isso?
No próximo capítulo teremos uma personagem nova que chegará divando! :3
Mas e então povo? O que acharam? A espada. A marca do Nico (necromancia não é pros fracos!). As lutas. Leo arrasando hearts aparecendo para encher nossos olhos de alegria. James possuído por Luke (que ainda vai causar muitos problemas para nós). Bianca morrendo (MUAHAHAHAHAHAHAHAH!)
Então fico por aqui! Digam o que acharam!
Bjoks! *3*