Filha do medo escrita por Evil Maknae


Capítulo 3
O medo da Iluminada


Notas iniciais do capítulo

Olá (õ(

Tudo bem? Espero que sim...

Então, saiu meio tarde, mas é isso que Shingeki no Kyojin faz contigo, se esquecer da vida... :v

Boa leitura.



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Diversos reparos haviam sido feitos e desfeitos no Alarme, mas nada parecia eficiente.

De Iluminada, eu havia passado a ser o objeto para o teste do funcionamento do aparelho, e consequentemente, eu havia também perdido todos os meus treinos hoje. Já estava começando a me sentir menos perspicaz, se eu entrasse em uma luta, ia acabar sendo devorada.

Então, certa de que ia enganar o tempo e o tédio, comecei a pensar em lembranças aleatórias, enquanto os profissionais em toda essa tecnologia tentavam desvendar o mistério do Alarme.

Lembrei de uma vez em que assustei minha mãe. Aquilo me deixara culpada até os dias de hoje, a Iluminada mais poderosa durante uma década se assustar com uma simples brincadeira infantil... A brincadeira que tirou a própria essência dela. Depois daquilo, nunca mais fora a mesma.

Lembro-me de ter cinco anos, uma idade um tanto quanto perturbada, ainda mais se quiser enfiar na cabeça da jovem as principais regras dos Iluminados (o treinamento começa cedo). Ela fora buscar o lanche depois de duas longas horas de estudo, e durante esse intervalo, decidi, por algum motivo ainda desconhecido, deitar-me no chão e fechar os olhos, ainda acordada. Minha mente inocente me permitia pensar que a morte era apenas um sono engraçado, mas a corrompida dos adultos era bem diferente. Mamãe voltou e logo que me viu, deu um grito bem alto. Logo, levantei percebendo lágrimas escorrendo dos olhos castanhos dela. Aquela situação parecera deveras engraçada na época, mas depois que entendi a vida, percebi que aquele medo que eu havia passado á ela fora influente até demais na perda de seu “emprego”. Mamãe lutara contra o medo que havia criado forma (tínhamos uma árvore daquelas em casa, para estudos). Não pareceu fácil, eu fiquei escondida durante a batalha toda. Ela não havia morrido, mas ao mesmo tempo sim. Ela não pronunciava mais que cinco palavras quando eram direcionadas a mim.

Nunca me perdoei.

Porque naquele dia eu soube que até um Iluminado sentia medo e testei essas condições até o extremo. Não devíamos sentir nada além de um susto.

Descobri que mamãe não era de aço. Ela sentia medo da morte.

­­­­________ // ________

Depois de mais alguns testes e do desconhecimento de todos os profissionais, percebemos que um humano havia invadido a Base novamente.

Como eu era a única ali que não possuía algum ofício importante, fui encarregada – forçada – a tirá-lo daqui, afinal, segundo o Diretor da Base, eu havia feito um ótimo trabalho na última situação.

Peguei um gládio qualquer e fui até onde o humano curioso se encontrava.

–- Ei garoto! Saia já... Ei, espera, eu já te vi antes! – Interrompi-me ao perceber que eu o conhecia e havia o carregado até a cidade. Ele era o garoto louro da invasão anterior! Maldito humano.

–- Eu sabia! Isso não é só uma fazenda! Estava escuro demais, eu não conseguia ver quase nada! Espera, os monstros também são reais?

Como ele se lembrou de tudo?!

–- Não sei do que está falando.

–- É você de novo? Senti um deja vu...

–- Sinta isso fora daqui! Não quero te carregar de novo!

–- Você quem me carregou?

–- Não, meu amigo, foi o Batman. – Falei com o maior tom de ironia possível.

–- Você é só uma garota, qual é!

–- Uma garota que pode te estrangular em cinco segundos. Creio que não irá querer ficar para provar. Adeus. Não volte mais. Não conte a ninguém, caso contrário, considere-se morto.

–- O que é aqui? Um exército? Campo de experiência de mutantes? Esconderijo de criminosos?

–- Seu local de morte se não sair até minha contagem. Um, dois, três...

–- Ah, mas...

–- Eu estou no número quatro, vai querer ficar para confirmar tudo que eu disse?

–- Espere, eu só queria saber se foi real.

–- O quê, exatamente?

–- Eu estava em um desafio... Meus amigos fizeram com que eu atravessasse a floresta toda à noite, mas eu acabei ficando perdido. Um tempo depois percebi que algo... Surreal estava me perseguindo.

–- Pode, hum, descrever essa “coisa”? – Perguntei sutilmente, apenas com a curiosidade em saber o pavor daquele garoto, afinal, eu só via sombras. Os Iluminados só viam sombras. Só quem sentia o medo sabia como era a forma materializada.

–- Era... Bem grande. Azul escuro, algumas formas parecendo corais preenchiam seu corpo largo. Tinha olhos arrepiantes; não haviam pupilas. Obviamente, não devia enxergar bem, mas por outro lado, seus outros sentidos pareciam funcionar muito perfeitamente. Seus braços... Eram tentáculos, assim como as pernas. Na testa, havia uma pequena antena que emitia uma luminosidade forte na ponta, como um daqueles peixes abissais. – Como a forma variava, logo descobri a fobia do garoto.

–- Você tem medo de mar. – Disse a mim mesma, mas acabou saindo mais alto que o desejado.

–- Como sabe?

–- Digo pela sua ilusão. – Menti – Se tinha tantas características do fundo do mar, obviamente é porque você deve sentir algum pavor de mar.

–- Isso é um pensamento inteligente, mas... Por que eu vi aquilo?

–- Sono, talvez. Nunca se sabe. Miragens são reais...

–- Mas pareceu tão real...

–- Nem tudo é o que parece. Tchau. – Eu estava prestes a dar outra pancada na cabeça do garoto, mas ele me impediu, desviando do golpe dessa vez.

–- Nem pense nisso até me responder tudo.

–- O que...? – Tentei machuca-lo de novo, mas ele desviou do ataque novamente. Ele estava definitivamente pedindo para morrer.

Séria, eu fui até ele, e com violência, puxei seus braços por trás e o joguei no chão, ainda mantendo sua posição. Sentei-me encima dele, assim então, o imobilizando.

–- Não vou responder nada. – Eu falei tranquilamente enquanto o garoto embaixo de mim se debatia.

–- Por favor! Juro que depois vou sair de boa vontade, se é tão importante para você... – Ele pediu gentilmente, quase me persuadindo.

–- Não. Só vai doer um pouco... – Preparei-me mais uma vez para golpeá-lo com o cabo do gládio. – Espere, qual é seu nome?

–- Philip. – Ele respondeu com receio.

–- Espero não ter que fazer isso mais uma vez, Philip.

–- Pode ter certeza de que vai – Ele sorriu, talvez achando graça da situação.

Então, finalmente o atingi.

________ // ________

–- Eu estou dizendo, Diretor Fuier! Temos que dar algum jeito de esconder mais a Base! – Argumentei, tentando convence-lo por causa da segunda invasão de Philip.

–- Não são uma ameaça para nós. No momento estou mais preocupado com o Alarme.

–- Mas ele disse que ia voltar!

–- Você pode ir até lá e tira-lo, não é? Estamos bem assim.

–- Não acho isso certo.

–- Clarisse Shadows, quem tem que achar algo certo ou errado sou eu. Se não quiser concordar, escolha a área da direção quando for se graduar. Estamos entendidos?

–-... Sim. – Me dei por vencida finalmente, sabendo que não era uma boa ideia deixar a base a mercê da floresta, mas era uma ideia pior ainda discutir com o Diretor da Base.

Otto Fuier. O pior e melhor Iluminado que existe. Em algumas atitudes ele aparenta ser sábio, mas em outras... Não consigo aceitar que é ele quem fala.

No entanto, foi sábio o bastante para se tornar Diretor dessa Base.

Quando os Iluminados completam vinte anos, são graduados do treinamento avançado (o qual é alcançado ao completar dez) e devem escolher uma área para servir. Existem diversos tipos;

Os Diretores das Bases, básica e obviamente dirigem as Bases. Se quiserem – e conseguirem –, também podem funda-las, basta ser sábio o bastante.

Os Guerreiros de Campo são lutadores que se especializam em viajar pelo país e às vezes pelo mundo, defendendo locais em que as Bases não podem alcançar.

Cientistas Iluminados são responsáveis pelo estudo e anatomia da Árvore do Medo, pelos Alarmes e suas propriedades e alguns são professores de técnicas de luta. Mamãe estudava a Árvore, por esse motivo tínhamos uma em casa.

Defensores cuidam da defesa e certas vezes, do ataque dentro da própria Base. Caso algum Medo apareça, eles têm de elimina-los e deixar o menor número de feridos possível. A maioria leva isso como um jogo, apesar de eu pensar que a morte não é um assunto divertido.

E eis o meu favorito: os peritos. São mandados para missões especiais – que na maioria das vezes só eles conseguem realizar – como exterminar um Medo maior, ficar de vigia perto da Árvore do Medo (o que é deveras perigoso) ou até mesmo resolver mistérios. Consequentemente, por exigir mais profissionalismo, leva mais tempo de treinamento, em média dois anos de treinamento em um Campo especializado em transformar Iluminados e peritos.

Eu desejava entrar em missões, sentir toda a adrenalina existente e assim, ser importante, para então ascender o nome da minha família das cinzas.

Tudo por culpa minha.


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Notas finais do capítulo

E aí? Gostou? Odiou? Críticas construtivas e dúvidas são bem-vindas...

E mais uma coisa; Philip será importante para a história, não achem que foi só uma aparição aleatória :v

Obrigada por ler e até o próximo...

And dream with Californication :*



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