Filha do medo escrita por Evil Maknae


Capítulo 2
Eu, definitivamente com toda a certeza, não sinto medo.


Notas iniciais do capítulo

Eaê?

Rápido demais? Sim, mas é curto.

Boa leitura.



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Não tinha ideia do que faria para aquele maldito alarme parar de tocar! Provavelmente estaria quebrado, eu não me lembro de ter sentido nenhum Medo.

Com uma pontinha de esperança de estar com algum defeito, chamei o Iluminado mais próximo, Trevor, para me ajudar a solucionar o defeito do aparelho.

–- O que diabos está acontecendo com o Alarme? – Trevor logo perguntou, estranhando igualmente as atitudes do aparelho. Ele devia saber, tem um conhecimento imenso sobre máquinas.

–- Se eu soubesse não teria te chamado. Ele está apitando, mas quando eu saio da frente dele... – Saí para demonstrar – Ele para!

Ele arregalou os olhos, provavelmente pensando que eu sentia Medo.

–- Não sinto Medo algum, se é o que você está pensando. Juro, Trevor. Estou sendo mais verdadeira que seu nome. – Justifiquei rapidamente, antes que ele chamasse alguém para dedurar algo que não era real.

–- Então por que está apitando assim?! – Perguntou de forma retórica.

–- Eu não faço ideia! Trevor, por favor, veja se há algo de errado. – Ele torceu o nariz fino ao receber o pedido.

–- Só porque não acredito que uma criatura grossa como você sinta Medo! – Ele me tirou do caminho com um empurrão. Perfeita educação.

Ele examinou o interior da máquina; tirou os fios loiros dos olhos; observou mais um pouco e depois se virou para mim.

–- Nada está errado.

–- Você é um inútil! Eu mesma declaro que isso é um defeito. Não preciso mais de sua ajuda se é assim! Zarpe da minha frente. – Mandei, já irritada.

–- Tudo bem, como quiser. Mas se eu fosse você, revia seus conceitos, aposto que sente Medo. – Ele saiu finalmente, me deixando sozinha com a paranoia de que eu estava sentindo Medo sem ter ideia desse sentimento.

Eu me recusava a ter esse sentimento repugnante! Eu dizia para mim mesma palavras de reforço mental, para garantir que eu não ficasse louca.

–- Ok. Está tudo perfeito. Vou treinar, como alguém que não sente medo, até porque eu não sinto.

_______ // ________

Eu espetava com uma espada bonecos de palha encapados com um tecido forte, inicialmente com a ideia de evitar esquartejamentos dos espantalhos, mas não tinha sido uma boa proposta; Bob, como maioria dos Iluminados o chamavam, já esteve em dias melhores.

Conforme um veterano do campo executava os golpes, tínhamos que copia-los, no mínimo dez vezes. Ninguém aqui tolerava falhas, afinal, uma delas poderia ser fatal.

Treinávamos no centro da Base, cada Iluminado com algum tipo diferente de arma, e depois revezávamos, nos ensinaram que não era aconselhável ser experiente em um só tipo de artifício.

O chefe da Base chegou, interrompendo a seção. Apontou para minha direção e pediu permissão ao instrutor para me retirar um tempinho da aula.

–- Clarisse Shadows venha comigo, por favor. – Eu obedeci, cravando a espada em Bob, passando direto por outros bonecos e seguindo o Diretor até a sala de reuniões.

–-... Juro que não fiz nada. – Disparei ao lembrar-me do pequeno incidente envolvendo a mim e uma árvore derrubada, que acontecera semana passada.

–- Se está se referindo á árvore, eu sei que foi você, mas felizmente não houve grandes danos. Tome cuidado com suas espadas da próxima vez; E não, não era sobre isso. Trevor Millman me contou algo um tanto quanto preocupante.

–- Sobre o alarme?

–- Sim, sobre o alarme. Ele toca quando sua pessoa passa por ele, certo?

–- Sim, mas... Eu não sinto Medo algum.

–- Sabe como é sentir Medo, Shadows?

–- Não, mas... Não. Eu nunca senti para descobrir.

–- Exatamente. Então como saberá se sente ou não? – Ele perguntou, como se a resposta fosse obvia – Não saberá. Devemos te submeter em testes para saber se há algum defeito no alarme ou... Em você. – Ele se virou dramaticamente para mim.

–- Testes? Como eles funcionam?

–- Nada de mais. Deverá ir até a árvore da qual os Medos nascem, ficar em frente á ela e ver se algo sairá. Tem alguma objeção sobre o assunto?

Neguei com a cabeça.

–- Ótimo. Pode ir. Leve alguma arma só para garantir sua segurança, mesmo que não ajude muito em casos extremos, quer dizer, se é você mesmo em que o medo se aloja faz tanto tempo, morrerás rapidamente. Boa sorte.

_______ // ________

Andei uns bons dois quilômetros de floresta até a tal árvore. Ela basicamente detectava o Medo, o materializava de forma que seria mais medonha para o possuinte do pavor, mas para nós, Iluminados, era apenas uma sombra sólida, com certa semelhança de demônio.

Fiquei bem próxima da árvore, que era mais escura que as outras. Sua atmosfera era sombria e gelada, não me fazia ficar confortável.

Um dia havia perguntado á minha mãe, quando eu tinha seis anos, se não seria melhor corta-la. Ninguém sentiria medo com isso, e então a humanidade estaria livre. Ela apenas me deu um sorriso, daqueles que os adultos dão para fingir que alguma coisa dita por você fez sentido, mas na verdade não fez. Até hoje, treze anos após a pergunta, eu não entendia; se eram apenas madeira e folhas que tornava tudo mais difícil, não seria melhor cortar o mal pela raiz?

Esperei em sua frente por um bom tempo, com a mão pronta para sacar a espada, só por garantia.

...

...

Nada acontecia.

–- Eu estava certa. Não sinto medo. Bando de idiotas.

Preparei-me para voltar á Base.

Mas... Se eu não estou sentindo medo... O que causara o disparo do alarme todas as vezes em que chegava perto dele?


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Notas finais do capítulo

Obrigada por ler...

Algum erro meu? Tem criticas construtivas? É só me falar e-e

Beijos e até o próximo.



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